Este talvez seja o post mais complexo, denso, polêmico e terrível que jamais escrevi. Envolve tantos assuntos díspares que depois dele provavelmente terei que ficar algumas semanas, meses ou anos sem postar, para que todos possam ler e compreender a sua magnitude.
Ok, exagero. Três pessoas vão ler e duas vão comentar. Mesmo assim. É longo. É chato. Eu avisei.
O título faz referência a um conto de Kafka, embora nada a tenha a ver com este.
Ou talvez sim.
É uma situação "kafkiana" a que se vive hoje na Europa, nos EUA e no mundo.
Além disso, Kafka era sionista e teve a intenção de emigrar para a Palestina (morreu antes). As irmãs de Kafka morreram todas em campos de concentração.
Kafka (poucos sabem) também inventou o capacete de segurança para os operários da construção civil (ou, se não o inventou propriamente, foi o primeiro a aconselhar seu uso massivo, salvando milhares de vidas).
Mas divago. O que eu queria era falar dos árabes. E dos chacais. Como Carlos, o Chacal.
Carlos, o Chacal, famoso terrorista marxista dos anos 70, converteu-se ao Islã. Não é de hoje: faz já algum tempo. Ele até escreveu na cadeia (está preso desde 1994) um livro chamado "Islã Revolucionário". Afirmando que o marxismo e o islamismo estão ligados. Que hoje o Islã é o caminho para a Revolução.
George Galloway, ouro esquerdista radical britânico, que não chega a ser terrorista mas os apóia e recebeu dinheiro de Saddam Hussein, também converteu-se ao islamismo.
São apenas alguns nomes. O fato de que vários radicais de esquerda, ateus (?), tenham se convertido ao islamismo, mostra que os islamistas e os ex-comunistas estão juntos na jogada.
Mas há mais, há mais. Fossem só os radicais, tudo bem. Também os moderados.
Mark Steyn está sendo processado no Canadá por criticar o Islã. Brigitte Bardot foi obrigada a pagar uma multa de 15 mil euros por falar mal do Islã.
Ninguém processa os imams radicais que, na Europa e no Canadá, falam todo dia contra cristãos e judeus.
Quem processa Steyn e Brigitte? Esquerdistas.
De novo, a mesma coisa. Consciente ou inconscientemente, não sei, a esquerda faz o jogo do Islã. A esquerda "secularista" e "ateísta", consciente ou inconscientemente, ajuda os fanáticos do Islã.
Não sei até que ponto é intencional ou não. Parte é o clássico vitimismo de esquerda, que defende os "oprimidos" e odeia os "poderosos" EUA e Israel, que se tornaram os inimigos comuns do mundo árabe-islâmico e dos esquerdistas. Parte é o ódio à "civilização branca ocidental judaico cristã protestante patriarcal de direita". E parte é que o islamismo e o marxismo são utopias globalizantes, que planejam obter o poder em toda e qualquer sociedade na qual se façam presentes. O revolucionário Che Guevara não é parecido com o revolucionário palestino atual? De fato, não eram e não são tanto um como outros guerrilheiros e assassinos? Mudou o objeto da romantização, mas esta continua.
Na verdade, os russos foram em grande parte responsáveis pelo mito da guerrilha palestina. Arafat foi cria da KGB. Mas hoje o fenômeno virou outra coisa.
É curioso como a imagem dos árabes e muçulmanos mudou. Antes as imagens que tínhamos era de romantismo, exotismo. Dançarinas de véu, nobres guerreiros, caravanas no deserto, camelos, sheiks. Hoje as dançarinas de véu viraram mulheres de burca, os nobres guerreiros são os homens-bomba, as caravanas no deserto são os campos de refugiados palestinos e o sheik é o Bin Laden. Bom, na verdade, não mudou muito. Só ficou mais próximo de nós, perdendo seu exotismo inocente.
De qualquer modo, a Europa está numa encruzilhada. De um lado, o perigo do islamismo radical. Do outro, a morte progressiva da população nativa. Do outro ainda, o crescimento da Ásia e a perda cada vez maior de sua influência e prestígio.
Os EUA estão em crise também. Os candidados Obama e McCain, que são problemáticos para ambos os partidos Democrata e Republicano, exemplificam isso. O país não sabe para onde vai ou quer ir.
O Islã também está em crise. Muitos séculos após o fim de sua "Era Dourada", os países islâmicos faliram miseravelmente. Sociedades atrasadas, culpam no entanto o minúsculo país de Israel por todos os seus males. Ou então os EUA. Ou, tudo falhando, o Diabo. Buscam a solução em mais Islã, ou em um Islã cada vez mais radical e onipresente. Mas a teocracia, conforme aplicada no Irã, revelou-se triste e cinzenta. A maioria dos iranianos não gostam dos mulás. A economia do país vai mal.
Todas as utopias funcionam até que viram realidade.
O perigo maior, hoje, é que tudo isto termine em bombas nucleares explodindo aqui e ali. O Irã as quer. Os esquerdistas acham que ele as deveria ter, muito embora passaria a ameaçar diretamente, além de Israel, os países árabes sunitas e mesmo a Europa (o Irã já tem mísseis de longo alcance). Para não destruir o mundo, eles poderiam pedir um milhão de dólares. Bom, um bilhão. Ou que todo mundo use burca.
Não sabemos o que vai acontecer. E esse é o medo maior. Termino como comecei, com Kafka:
Nós, com nossos olhos cheios de terra, nos encontramos na situação de um grupo de viajantes de trem que sofreram um acidente em um túnel, precisamente em um ponto no qual já não se vê a luz da entrada, e quanto à saída, parece tão minúscula que a vista deve buscá-la continuamente, sem saber ao certo se se trata da entrada ou da saída do túnel. Enquanto isso, ao nosso redor, na desordem de nossos sentidos ou na sua hipersensibilidade, vemos uma multidão de monstros e uma espécie de jogo caleidoscópico fascinante ou fatigante, segundo o humor ou as feridas de cada um. "O que devo fazer?" ou "Por que devo fazê-lo?" não são perguntas que se meditem ali dentro.