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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Império Multicultural contra a China Eugênica

Não tenho tempo para posts mais longos, afinal estou muito ocupado assistindo às Olimpíadas, mas queria fazer um breve comentário. Está sendo bem interessante assistir a estes Jogos Olímpicos!  A cerimônia de abertura, uma celebração meio brega da medicina socializada e do multiculturalismo, com direito a casal de negro e mulata representando a Inglaterra (são apenas 3% da população do país), deixou claro que já nem dá pra se fazer uma cerimônia em país ocidental que não contenha ao menos alguma mensagem progressista -- perdi, mas parece que teve beijo lésbico também. Esses esquerdistas estragam tudo! Não lembro que em 2008 os chineses tenham perdido tempo com isso...

Bom, mas eu gostei de assistir à ginástica feminina. O time americano é aliás bem multicultural: uma judia, uma escocesa, uma que parece meio latina (ou asiática?), uma de origem libanesa, uma negra. Uma das treinadoras é asiática também. Reflexo do Império Multicultural que o EUA viraram, e que por bem ou por mal parecem querem impor como exemplo ao resto do mundo. Bom, de qualquer modo, as moças fizeram tudo muito bem! Venceram com justiça as atrapalhadas russinhas, todas monocromaticamente loiras. Afinal, não era concurso de Miss!

Eu vivo espinafrando o multiculturalismo e o multiracialismo, mas eles certamente têm as suas vantagens. Por exemplo, no esporte. Afinal, é sabido que certos grupos étnicos têm maior vantagem genética em certas atividades físicas. Por exemplo, os melhores corredores de 100 metros rasos são quase sempre negros, e os melhores maratonistas são quase todos etíopes, egípcios ou somalis. Por outro lado, devido à sua massa corporal, negros não são tão bons na natação (embora haja um nadador negro no time americano que não é ruim). E assim por diante.

Tendo grande disponibilidade de atletas de todas as origens étnicas, bem como tradição, infra-estrutura e muito dinheiro para treinar os melhores, os EUA podem vencer em praticamente qualquer categoria esportiva!

Já a China tem uma proposta diversa. Uma das nadadoras, a jovem Ye Shiwen de apenas 16 anos, em uma de suas participações nadou mais rápido até do que alguns nadadores masculinos. Portanto, foi acusada de doping. Será mesmo? Não duvido, afinal não seria a primeira vez que a China é pega usando drogas ilegais em seus atletas, mas acho que talvez o furo seja mais embaixo. Penso que a China poderia estar utilizando a seleção artificial e até mesmo a engenharia genética para criar atletas mais perfeitos!

OK, pode ser que não aconteceu ainda agora, e a chinesinha certamente tem talento, mas acho que em breve vai acontecer. Pense um pouco: além da vocação e do treino, Michael Phelps tem certas características físicas que o tornam um bom nadador. Tais características poderiam ser facilmente repetidas através da inseminação artificial seletiva, como se faz com os cães, ou mesmo com a clonagem e a manipulação de genes. Que isso acontecesse em uma sociedade democrática, é difícil de imaginar. Mas, em uma sociedade autoritária como a chinesa, haveria bem menos problemas éticos. Aliás, ninguém nem precisaria saber! O estudioso Richard Lynn acredita que a China em breve se dedicará à eugenia através da engenharia genética. Bem, eu não acho que isso se utilize na população como um todo, por razões práticas, financeiras e quem sabe éticas, mas um programa neo-eugênico para desenvolver os melhores nadadores, corredores ou ginastas, não estaria fora do alcance. Nas próximas décadas, é bem provável que seja isso mesmo o que acontecerá.

Por enquanto, a luta nestes jogos é entre o Império multicultural e a China bombada. Quem vencerá?


domingo, 1 de abril de 2012

Imigração, ou: O Dilúvio, ou: Salve-se quem puder

Leio uma história abjeta sobre imigração no LA Times (Conte com este jornal para as mais lacrimejantes histórias sobre pobres imigrantes mexicanos ilegais oprimidos pelo sistema). Resumindo, é o seguinte: um imigrante ilegal morou vários anos nos EUA. Encontrou uma drogada branca white trash que já tinha 4 filhos com pais diferentes. Teve mais três filhos com ela enquanto dedicava-se a pequenos trabalhos, recebia assistência social do governo (como, se seu status era de ilegal? mistério) e dirigia sem carteira. Preso, foi deportado. Pouco depois a mãe drogada perdeu a custódia das crianças, por incapacidade. Felipe (ou Pedro, não lembro) quer que as crianças venham com ele para o México. Mas, vejam só a ironia do destino, os assistentes sociais não querem. Preferem que as crianças fiquem nos EUA e sejam adotadas. Um dos motivos alegados é que as condições de vida no México não são boas para uma criança... Pedro (ou José) não quer ser afastado de seus filhos, e garante que cruzará a fronteira de novo ilegalmente.

Tenho uma visão ambígua sobre a imigração. Sou um imigrante e às vezes acharia bom que fosse possível para qualquer um (ou bem, qualquer um com diploma e bons antecedentes) se estabelecer e trabalhar nos EUA, no Canadá, na Austrália, na França ou na Itália ou, vá lá, até no México se fosse o caso. Às vezes imagino um mundo de fronteiras abertas, sem vistos ou complicados processos de imigração, e penso que facilitaria muito a minha vida. Por outro lado, o problema com essa teoria é a lei da oferta e demanda. Há muito mais pessoas querendo morar nos EUA e na França do que no México ou na Zâmbia. E se o requisito passa a ser apenas que "as condições de vida no Terceiro Mundo não são boas", bem, isso justificaria a mudança de 90% da população do planeta para os poucos países de Primeiro Mundo ainda existentes.

O problema é o seguinte. Imigração massiva de terceiromundistas transforma onde quer que eles vão em Terceiro Mundo. Ilude-se quem acha que basta cruzar a fronteira para transformar-se num cidadão de bem e cumpridor das leis. O México é o México por alguma razão. A lógica dos imigrantes e dos esquerdistas é que os imigrantes têm direito a buscar uma vida melhor. Certo, mas o que na verdade acontece é que muitos deles tornam a vida pior para os nativos do Primeiro Mundo, incluídos aí os esquerdistas. Não é que os mexicanos nos EUA ou os muçulmanos na Europa irão transformar-se em americanos ou europeus da gema por mágica da geografia, mas o contrário, que transformarão seus novos habitats em reflexo de sua própria cultura.

Que tantas pessoas não consigam entender esse fato elementar é um dos grandes mistérios  da era moderna.

Quem ganha com a imigração massiva do Terceiro Mundo para o Primeiro? Muito fala-se sobre as tais elites globalistas, que às vezes é eufemismo para outro grupo Inominável, mas custo a ver como ganhariam com um mundo que fosse todo ele como uma África, uma América Latina ou um Oriente Médio. Um mundo assim, em que a Europa e EUA se indiferenciassem da América Latina seria pior para os americanos, para os europeus, e até mesmo, em última análise, para os mexicanos e zambianos, que não mais poderiam receber qualquer tipo de ajuda. Seria ruim para brancos, negros, amarelos, judeus, muçulmanos e budistas. Para gregos e troianos. Enfim, seria um desastre! Não haveria nem mesmo para onde emigrar, fora quem sabe algum outro planeta.

Qual a solução? Uma delas seria a de privilegiar a entrada de imigrantes mais qualificados, e limitar a de imigrantes-problema. O Canadá parece ter uma política imigratória melhor do que a dos EUA (onde a vinda de imigrantes qualificados é dificultada e a permanência de ilegais é privilegiada). Exige-se um certo número de anos de estudo, bem como várias outras qualificações. Por outro lado, mesmo as grandes cidades do Canadá hoje transbordam com refugiados muçulmanos, e prevê-se que o seu número aumentará. Qual será o ponto-limite após o qual um país muda sua cultura irreversivelmente?

A imigração, naturalmente, é só a porta de entrada. As novas gerações já não são mais de estrangeiros, mas de cidadãos legítimos que nem podem ser deportados. Os simpáticos jovens da "Guns and Shanks Gang", que tanto contribuem para o futuro da Inglaterra, são, segundo as leis, britânicos da gema.

Bem, como disse certa vez Luís XV (ou talvez sua amante a Madame de Pompadour), "depois de mim, o dilúvio". A mentalidade de muitos imigrantes (inclusive, provavelmente, a minha) é apenas a de melhorar a própria vida, não a de se preocupar com o futuro das nações ou do planeta.

O Primeiro Mundo, isto é, este pequeno grupo de países privilegiados pelo QI de sua população, pela sua cultura, pelas suas leis e pelos seus séculos de desenvolvimento civilizatório, talvez tenha sido uma aberração histórica. Penso que no futuro os Estados-Nação se desmantelarão, e voltaremos a uma espécie de feudalismo, com pequenos grupos de pessoas mais ricas e espertas encasteladas em fortalezas e, lá fora, rugindo, as hordas de bárbaros.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Bioética da Morte

Quando ouço falar em "bioética", logo corro para pegar a minha espingarda. Certamente coisa boa não vem aí. Um dos mais conhecidos "bioéticos", o Peter Singer, acha que transar com macacos é natural e recomenda o infanticídio de "bebês defeituosos". Michael Tooley tem idéias parecidas. Agora os italianos Francesca Minerva e Alberto Giublini trazem uma nova teoria: o "aborto pós-nascimento".

No entender deles, um ser só atinge o estágio de "pessoa" quando tem consciência e capacidade de realizar planos de vida. Se não tem, como um bebê ou um velhinho com Alzheimer, "não são pessoas", e portanto podem ser terminados sem conflito ético. Não seria assassinato, seria apenas "aborto pós-nascimento", entendem?

O paper causou tanto escândalo que foi retirado de circulação, e a autora chegou a sofrer ameaças. Mas ela não se arrependeu. Eis aqui um trecho do que ela diz:

Não podemos dizer que um recém-nascido tenha objetivos, pois o futuro que imaginamos para isto [ela usa "it" para a criança] é apenas uma projeção de nossas mentes sobre suas vidas potenciais. Por outro lado, não apenas objetivos mas planos bem concretos são conceitos que certamente se aplicam às pessoas (pais, parentes, sociedade) que poderiam ser positivamente ou negativamente afetados pelo nascimento dessa criança. Portanto, os direitos e interesses das pessoas reais [bebê não é uma "pessoa real"] envolvidas deveriam representar a consideração primordial em uma decisão sobre aborto e aborto pós-nascimento

Já outra estudiosa de bioética, Anna Smajdor, apareceu dizendo que a gravidez é "barbárica" e uma "injustiça", e recomenda a ectogênese como solução para equalizar os sexos. Ectogênese é o ato de gerar uma criança fora do ventre. O conceito não é tão absurdo quanto parece, pois segundo os cientistas uma "barriga artificial" está atualmente em estudos. De novo, é o argumento feminista de que a gravidez, em vez de ser um fenômeno natural, seria uma crueldade impingida às mulheres, que as impede de serem iguais aos homens... Poxa, se as mulheres fossem iguais aos homens, seriam assim. Vai encarar?

Bem, eu acho que temas polêmicos devam ser discutidos, e como os novos conhecimentos de biologia e genética atualmente em estudos permitirão uma série de tecnologias antes impensadas, isto deve ser mesmo levado em conta. Posso até ver que temas como eugenia ou clonagem humana possam ser discutidos seriamente em um futuro não muito distante. Mas por que é que quase sempre tantos "bioeticistas" parecem ter essa obsessão mórbida em assassinar bebês e velhinhos, em acabar com as diferenças sexuais ou em relativizar/eliminar o conceito de "vida humana"?

Se é verdade que "nada existe na política de um país que antes não exista na sua literatura", é bem possível que estes artigos sejam apenas a preparação do terreno para algo que virá nas próximas décadas.

Cada vez mais a nossa sociedade vai se parecendo à do "Admirável Mundo Novo" de Huxley, com sua divisão da humanidade em castas genéticas, sua sociedade sem pais nem mães, sua sexualidade totalmente liberada, suas drogas gratuitas e pacificadoras para todo mundo. Quem ainda não leu, leia: é o futuro.

domingo, 9 de outubro de 2011

A World Without Jobs

O título deste texto era pra ser "Um mundo sem empregos", mas ficou em inglês porque não resisti a fazer um trocadilho infame. Dito isso, são dois fatos incontestáveis: Steve Jobs se foi, e os empregos do mundo estão sumindo. 

Steve Jobs está sendo chorado como poucas figuras da história recente, e como quase nenhum empresário jamais foi (empresários são quase sempre universalmente execrados). Por quê? Talvez por ter criado os aparelhos mais representativos da era atual: os iPhones e iPads, que nada mais são do que brinquedos para gente grande. Mas há algo mais aí: Steve Jobs, filho de um imigrante sírio, abandonado enquanto bebê, adotado por um casal de classe média-baixa sem curso superior, abandonando os estudos, virando hippie vagabundo de férias na Índia e mesmo assim no fim das contas chegando ao topo do topo, ele representa a máxima afirmação do "sonho americano", a "terra da liberdade" onde qualquer um pode chegar lá. E digamos a verdade: se Jobs tivesse crescido na Síria, será que teria qualquer possibilidade de jamais chegar a ser o que foi? 

Mas casos como o de Jobs são cada vez mais exceções. Sim, ainda há muitos jovens milionários e histórias de sucesso, a América ainda é a América, mas tudo está mudando cada vez mais.

A Europa, em crise econômica e sem empregos, está virando um parque temático. Sua função, se o crescimento populacional muçulmano por lá não impedir, será a de conservar seus monumentos em pé para que possam ser visitados por turistas de todo o mundo. O mundo muçulmano está se reduzindo à sua própria insignificância. China ainda cresce -- mas até quando? E mesmo os EUA estão com taxas de desemprego que parecem apenas aumentar. (Obama já é menos popular do que o vírus da febre suína). Enquanto isso, jovens americanos "ocupam Wall Street" e querem -- o quê? Provavelmente achar algum culpado fácil para tudo.

Em um de seus últimos posts, o marxista Sakamoto mostra mais uma vez que, como 99%, tá bom, 100% dos blogueiros de esquerda, não entende nada de economia. Ele quer que as empresas reduzam a jornada de trabalho sem reduzir o salário. Quer que o açougueiro, o padeiro e o cervejeiro trabalhem, não por interesse próprio, mas por benevolência. Leia Adam Smith, rapaz! Na verdade, tais trabalhadores devem agradecer aos céus que o desemprego no Brasil está baixo e que o mercado de trabalho ainda está em expansão.

Afinal, o grande problema do mundo moderno é que a globalização e a automação tornaram e ainda estão tornando grande parte das pessoas inúteis. O imenso número necessário de pessoas que eram necessárias para plantar, colher e transportar alimentos reduziu-se muito com a mecanização da agricultura. Paradoxalmente, hoje produz-se bem mais alimentos. Salvo algumas regiões da África e do Oriente Médio, os pobres hoje tem maior problema com obesidade do que com fome.

Bem, mas é claro que o fim do trabalho agrícola não significou o fim do trabalho. Muitos migraram para as cidades onde trabalhavam em fábricas, que logo passaram também pelo mesmo processo de automação. Robôs cada vez mais podem fazer o trabalho de humanos, e com muito maior eficiência, e sem reclamar. Sim, ainda há muitas fábricas com pessoas trabalhando, mas elas estão na China ou na Índia, e também ali eles trabalham sem reclamar.

Então então essas pessoas que saíram do campo para trabalhar nas fábricas agora trabalham nas cidades na indústria de serviços, ou então em alguma repartição pública. Não produzem nada, mas realizam serviços para aqueles que produzem, e portanto ajudam a fazer com que estes últimos produzam mais. Mas mesmo muitos desses empregos hoje em dia estão acabando graças à tecnologia. As grandes redes de livrarias americanas desapareceram graças à Amazon; as indústrias locais foram engolidas pela China, que tem muita gente e pode fabricar tudo mais barato (e não eram e são os iPods e iPads fabricados por lá?); os robôs no Japão já podem até cozinhar pratos simples; até alguns empregos que antes exigiam diploma hoje podem ser substituídos por um software. Até o fim deste século, que outros empregos desaparecerão? Talvez motorista: a Google já está experimentando com carros que se dirigem a si mesmos

Tudo isso é deveras maravilhoso, mas o que fazer com os milhões de pessoas tornadas redundantes na era da automatização, da globalização e da Internet?

A visão romântica é que viveríamos em um mundo de lazer e de crescimento espiritual. Num mundo sem empregos, as pessoas se dedicariam às atividades artísticas, intelectuais e de supervisão e gerência do mundo robotizado. Mas isso é fantasia. O fato é que, contrariamente ao que sustenta a teoria da tabula rasa, nem todas as pessoas têm as mesmas capacidades, físicas, mentais ou psicológicas. Dito de outra forma, em um mundo supertecnológico no qual o QI e o conhecimento técnico são os valores mais importantes, grande parte das pessoas não estão e jamais estarão qualificadas para trabalhar naquilo que realmente importa, nas poucas atividades realmente produtivas. E mesmo pra criar arte seriam inúteis, pois tampouco são todos os que tem talento.

Nesse admirável mundo novo, seria o welfare a solução mais moral, ou a mais imoral? Sustentar os incompetentes, ou deixar que eles morram de fome? É possível também que, sem trabalho, algumas pessoas se dedicassem mais ao crime, ou ao menos essa é a desculpa dos esquerdistas para manter o sistema. Porém, como o welfare (isto é, ser pago apenas por existir) é socialmente e moralmente nocivo para o indivíduo, estimulando a preguiça, o ócio e os maus costumes, é preciso que exista um outro caminho.

Seria a solução então manter um tipo de welfare light, no qual empregos desnecessários são mantidos apenas devido à sua função social? O trabalho enobrece, já diziam os antigos. Penso por exemplo nos ascensoristas que ainda tem tal emprego em tantas repartições públicas no Brasil, quando são já de todo desnecessários, e talvez sempre tenham sido. Penso nos frentistas de posto de gasolina, que hoje já quase não existem mais nos EUA, mas que são mantidos na maioria de países latinoamericanos e europeus.

Não acho que a automação seja de todo boa. Por exemplo, detesto os números de telefone com gravações. Acho preferível quando há outra pessoa do outro lado da linha. Precisamos de interação com outros humanos; mesmo que seja possível, e até já existam, supermercados totalmente automatizados, não é melhor que exista alguém real recebendo o dinheiro e colocando os produtos nos pacotes?

Será então que os empregos serão mantidos apenas para que não morramos de solidão? Os robôs humanóides não tem dado muito certo, apesar de alguns estarem melhorando de aparência. Há certas coisas que os seres humanos ainda fazem melhor. O trabalho braçal tampouco está de todo extinto, e provavelmente não o estará enquanto um ser humano for mais barato (e mais eficiente) do que um robô.

Bem, quem pode dizer o que ocorrerá no futuro? Ninguém previu a Revolução Industrial, ninguém previu a Revolução da Informática, ninguém previu sequer o iPad - ou o teria inventado antes. Como dizia Daniel Defoe, só há duas coisas certas nesta vida, a morte e os impostos. Steve Jobs escapou de um, mas não do outro. Adeus, Steve Jobs, adeus. 

O futuro da automação.
O blogueiro Sakamoto em Wall Street.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Os macacos somos nós

Não sei se alguém aí assistiu ao "Planeta dos Macacos: A Origem". Não se preocupem, não vou contar o final. O filme é bom, ao menos bastante mais interessante do que eu esperava, mas talvez apenas porque eu esperava muito pouco. Porém, uma coisa chama a atenção no filme, especialmente em contraposição ao filme original com Charlton Heston: nesta história, o personagem principal, e herói do filme, é um macaco.

Os atores humanos pouco se destacam. Alguns, como a namorada do cientista (a bela atriz indiana, Freida Pinto, pelo nome, de origem portuguesa), fazem pouco mais do que figuração. A grande personagem do filme, seja em termos narrativos, seja no aspecto técnico (o ator Andy Serkis filmado com a técnica de motion capture e recoberto com alguns dos melhores efeitos especiais já realizados), é certamente o chimpanzé inteligente, César. Por mais que o principal personagem humano tenha o drama com o pai com Alzheimer e um conflito ético sobre experimentos científicos, etc. tudo isso mal chega a nos tocar. Simpatizamos e preocupamo-nos é com o macaco.  

Assim, enquanto no filme original a degradação dos humanos era vista como algo terrível, e torcíamos por Charlton Heston, neste filme a destruição da humanidade é vista como algo, se não positivo, ou ao menos neutro. Os humanos não parecem nem mesmo lá muito inteligentes; os símios, mesmo antes de tomarem a droga mágica que aumenta o QI, parecem superá-los ou ao menos igualá-los em inteligência: enfrentam policiais incompetentes, cientistas trapalhões, cuidadores de animais sádicos e imbecis, e mesmo o suposto cientista herói da história é meio panaca: até a namorada o macaco é que precisa arranjar para ele.

No filme, os macacos estão certos em vingar-se dos humanos; e a narrativa é construída de tal forma que torcemos por eles. Nesse aspecto, é um pouco similar ao bom District-9, em que os repulsivos alienígenas terminam virando os verdadeiros heróis da história, ou ao ruim Avatar, com seus nobres selvagens azuis.

Poderia ser uma metáfora sobre a imigração, sobre o capitalismo, sobre o fim da civilização Ocidental? Alguns blogueiros americanos meio primários estão realizando a básica comparação entre a história do filme e conflitos raciais. Mais de um comparou o quebra-quebra final dos macacos no filme com os distúrbios londrinos. A comparação, embora tentadora, é equivocada. O filme original, realizado não por acaso em 1968, tinha muito maior ênfase no aspecto racial, evocado até mesmo pela divisão entre os próprios símios. A versão recente ignora o aspecto quase que totalmente, e até coloca um afro-americano como um dos principais vilões (um capitalista apenas interessado no lucro, é claro). Chefe negro, namorada indiana: o mundo que está sendo destruído já é o mundo multicultural. 

Sim, o tema anticapitalista está presente, mas está longe de ser o pecado original que leva à perdição. A ciência sem ética tampouco parece ser a culpada da desgraça, e o cientista não é nenhum Dr. Frankenstein. Ele tem um motivo nobre: curar o Alzheimer e salvar o seu pai. Poderia haver melhores intenções?

Não, o recente filme é apenas mais um na longa lista que retrata a humanidade em geral como uma corja de parasitas que não merece sequer viver no planeta -- talvez o ápice dessa tendência misantrópica e fatalista possa ser vista no documentário "A vida após as pessoas", que celebra um mundo desprovido de seres humanos. 

Por sinal, ao contrário do filme original com sua impactante cena final, neste filme a vitória dos símios e mesmo a possibilidade de extinção humana são retratadas sem qualquer tipo de pathos, como se se tratasse de alguma outra espécie que não a nossa: assistindo ao filme, viramos macacos; estamos do lado deles. Os macacos somos nós.

O paradoxal é que é justamente o elemento o que nos faz ter empatia com César são as suas características humanas ou quase-humanas. Simpatizamos com o macaco porque ele tem sentimentos humanos -- e por isso apoiamos sua luta que fatalmente terminará com a submissão dos humanos aos orangotangos e chimpanzés.

É esse aspecto paradoxal o que torna o filme mais interessante do que uma mera fábula sobre a "libertação animal": é, afinal de contas, a história de um macaco que vira humano (e nesse sentido é um pouco parecido com o conto de Kafka "Informe a uma Academia"); e é pelos macacos serem "humanos" ou ao menos "quase-humanos" que o seu tratamento e seu desejo de rebeldia se tornam mais ambíguos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O problema são os mexicanos

No outro dia conversei com um taxista. Simpático. Era negro, vinha da Somália. Muçulmano. Morava nos EUA desde os 10 anos de idade. Falou sobre a cidade, sobre o emprego, e finalmente perguntei sobre a sua família.

Resposta: era casado e tinha sete filhos. Todos nascidos nos EUA e, portanto, cidadãos legítimos do país.

Como ele parecia relativamente jovem, é possível que pudesse ter ainda mais sete. Considerando que os americanos nativos tem em média dois filhos (os europeus tem 1), acho que é perdoável o primeiro pensamento que me passou pela cabeça: "America is fucked".


Bem, outro pensamento poderia ser de alívio: "não faltarão taxistas na América", ou algo assim.

Maldade minha. É possivel que algum de seus filhos estude muito e vire físico nuclear, ou ao menos presidente dos EUA. De qualquer modo, casos como esse mostram que a imigração seguida da reprodução bem mais rápida do que a dos nativos poderá ser um problema bastante grave nos países ocidentais nas próximas décadas. (A Europa está no mesmo barco).

Porém, devemos também ver as coisas com clareza. A maioria dos blogueiros autodenominados "racialistas" são obcecados pela raça negra. Vivem postando notícias sobre as disfunções e problemas dessa comunidade. Mais afro-obcecados do que eles, só o Olodum.

Mas a verdade é que a população afro-americana permanece estável, tendo até diminuído proporcionalmente. E os seus elementos perigosos estão cada vez mais na cadeia (um em quatro jovens homens negros está na cadeia nos EUA; aliás, os afro-americanos que estão na prisão vivem mais tempo do que os que estão fora dela). Por isso, black flash mobs à parte, o crime violento diminuiu nos bairros negros, tanto que muitos estão se gentrificando.

Portanto, o problema mesmo para os EUA serão os mexicanos. Esses sim estão lentamente substituindo a população caucasiana, já sendo maioria em alguns estados. Provavelmente tornar-se-ão maioria da população total dos EUA em algumas décadas, e transformarão o país totalmente, de forma irreversível. Se a razão pelas diferenças é cultural ou genética, já nem importa: os EUA se mexicanizarão.

Arriba, arriba! Faz algum tempo passei uns dias no México, em Tijuana. O contraste entre esta cidade e a vizinha San Diego do outro lado da fronteira é imenso. Tijuana é pobre, feia e perigosa. San Diego, apesar de uma quantidade grande de homeless, é uma cidade com um centro bonito e locais repletos de turistas.

No entanto, indo para os subúrbios próximos a San Diego, já se nota a mexicanização. É como se eu ainda estivesse em Tijuana.

Mas o que me preocupa sobre a invasão mexicana não é que grande parte deles sejam violentos, perdendo apenas para os afro-americanos. Não é que muitos de seus jovens participem de gangues extremamente violentas, e matem pesoas a esmo.

Tampouco preocupa tanto que nos dados policiais eles sejam chamados de "brancos", confundindo as estatísticas -- este homem que matou uma criança de dois anos, de acordo com a polícia, é um homem branco

Também não é tão preocupante assim que, do mesmo modo que há uma diferença nos resultados escolares de brancos e afro-americanos, haja uma diferença inexplicável, ainda que menor, entre os resultados dos brancos e asiáticos com os dos hispânicos.  

Não importa que os hispânicos tenham aprendido bem a lição do vitimismo, e acusem a sociedade americana de maltratá-los, explorá-los ou não dar oportunidade aos "sin papeles", quando eles não querem voltar ao México de jeito nenhum e até garantem que as terras do sul dos EUA lhes pertencem.

E muito menos me preocupa o fato de que muitos dos membros dos cartéis mexicanos vivam cruzando a fronteira, e que mesmo este jovem decapitador de 14 anos treinado a matar desde criança pelos traficantes seja um cidadão americano legítimo.

Não, nada disso importa. Meu problema mesmo com essa invasão é o seguinte: as mexicanas são feias! Desculpem, não quero ser preconceituoso (peço perdão se há algum leitor mexicano aqui). Há algumas bonitas. A recepcionista do hotel em que fiquei (mestiça, acho que com traços não só indígenas como africanos) certamente era. Não teria me importado se ela tivesse me dado bola. Mas, em geral, o que dizer de um país cujo maior sex symbol é a Frida Kahlo? É claro que isso tem a ver com o gosto pessoal. Gosto de loiras nórdicas, de eslavas esguias ou então de mediterrâneas curvilíneas. Até acho algumas africanas e mulatas atraentes; mas as mexicanas, na minha opinião, são raras as bonitas. (Antes que alguém mencione Salma Hayek, observo que ela é de origem libanesa).

Bem, o fato é que isto vai ser um grave problema para os Estados Unidos no futuro, quando eles quiserem repor suas equipes de cheerleaders.

domingo, 17 de julho de 2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Elóis e Morlocks

* Atenção: Talvez eu deva explicar que não sou a favor da eugenia e que o post abaixo é mera especulação futurística, e não muito realista, diga-se, mas fantasia mesmo. Tem um bom conto do G. K. Chesterton que ironiza toda a questão da eugenia, e pode ser lido em português aqui. É verdade que alguns post ultimamente tem tratado sobre assuntos relacionados à genética e às diferenças entre os grupos humanos, mas, embora eu ache tudo isso interessante, minha posição a respeito deles é bem ambígua. Não acredito que o QI seja uma medida do valor humano, nem tenho aqui interesse em promover a aplicação de princípios darwinistas à sociedade humana, pois já vimos onde isso vai dar. Não somos bichos, feliz ou infelizmente. Por outro lado, tenho interesse em questões científicas e filosóficas, e estudos sobre a constituição genética do homem, bem como a própria questão da manipulação genética de seres humanos são temas bem atuais, queiramos ou não.  *


sexta-feira, 23 de julho de 2010

O fim da democracia?

Churchill famosamente observou que a democracia era a pior forma de governo, com exceção de todas as outras. Ele tinha razão. Porém, no momento em que vivemos, há muita raiva, aqui e ali, contra a classe política, que talvez termine se traduzindo em raiva contra todo o sistema democrático.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Imagens do futuro

Enquanto, nos EUA, uma estudante muçulmana confirmava a David Horowitz que apóia o genocídio de judeus, o cartunista Lars Vilk era atacado na Suécia por maometanos ferozes durante uma conferência sobre "liberdade de expressão" na Universidade de Uppsala. A Universidade, amedrontada, posteriormente afirmou que não mais convidará o polêmico artista, que tinha desenhado Maomé como um cachorro.

Observem que os policiais suecos são formados em grande parte por mulheres loiras (prendam-me, por favor), armadas apenas com spray de pimenta. Parece-me que os suecos estão muito pouco preparados para o que está por vir (A cidade de Malmö é hoje 25% muçulmana; amanhã será 50%).

Que pena. Sempre gostei dos filmes de Ingmar Bergman.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Eu, Robô

Às vezes acho que eu deveria falar menos sobre política e fazer um blog só sobre ciência, tecnologia e comportamento. O texto sobre os seres alienígenas, afinal, foi o que terminou suscitando maior discussão ultimamente. Além disso, agora que o Mídia Sem Máscara passou a reproduzir alguns artigos daqui, confesso que, apesar de honrado e agradecido, começo a me sentir algo preocupado.

Jamais passou pela minha cabeça ser uma espécie de "porta-voz" do conservadorismo, da direita, ou qualquer coisa no estilo. A verdade é que, ao contrário de outros articulistas que já escrevem com certezas prontas, eu tenho cada vez menos certezas. Não sei nem mesmo mais qual é a minha ideologia. É por isso que, não sei se perceberam, grande parte dos títulos dos artigos aqui terminam com pontos de interrogação. São perguntas, não afirmações. Não sei de nada, e não tenho intenção de fazer propaganda ou de "conscientizar" ninguém de coisa alguma. Vejo-me, modestamente, mais como um simples observador atônito da loucura mundial, escrevendo para tentar entender.

Portanto -- robôs.

A ficção científica falou muito sobre eles, mas, hoje, eles são uma realidade. Ainda não são os andróides de "Blade Runner" ou de "O Exterminador do Futuro", mas pouco a pouco há avanços bastante impressionantes.

É no Japão, onde o envelhecimento populacional e a crise demográfica são um fato cada vez mais marcante, que os robôs apresentam maiores avanços. Eles se dão em dois tipos: os robôs "humanóides" e os robôs funcionais.

Já há restaurantes de fast-food no Japão em que robôs conseguem preparar o prato sozinhos. Imagine se essa moda chegasse nos EUA: não sobraria um único mexicano. A verdade é que, não tendo muitos imigrantes (legais ou ilegais), o Japão se arranja com tecnologia.

Mais fascinantes ainda são os robôs "atores", ou actróides. Robôs com características faciais humanas, projetados para se relacionar com o público. Já fiz um post, tempos atrás, sobre eles. Aqui um link para um desses vídeos, de uma andróide bastante sexy.

Finalmente, os japoneses também estão experimentando com o desenvolvimento da capacidade de aprendizado em robôs. Eis um vídeo bastante perturbador de um "bebê robô" que, em teoria, teria a inteligência de um menino de um ano e a capacidade de aprender.

Mas nem todos os avanços vêm do Japão. Dos EUA e de Israel vêm vários protótipos de robôs militares, prontos a ingressar no campo de batalha: o robô-cachorro, o Petman ou robô-caminhador, e o robô-cobra. Some-se a isso os UAVs (Unmaned Aerial Vehicles) controlados por controle remoto, e temos a possibilidade de atacar e destruir completamente um acampamento inimigo sem colocar em risco a vida de um único soldado humano.

Será que a existência de robôs cada vez mais sofisticados não vai trazer problemas também? É bem possível. Por um lado, reduzindo a oferta de emprego manual e mesmo na indústria de serviços, que cada vez mais será realizado por máquinas. Pelo outro, causando uma séria dependência tecnológica nas pessoas.

Afinal, já vivemos em um mundo em que dependemos massivamente de aparelhos eletrônicos. A nossa interação com a inteligência artificial, ainda que limitada, já existe, na forma de sistemas telefônicos automatizados ou de diversos tipos de software. Neste curioso mundo de hoje, muitas vezes, o virtual importa mais do que o real. Vejam por exemplo este triste caso de um jovem casal coreano: por terem ficado viciados em cuidar de um bebê virtual, terminaram negligenciando seu bebê real, que morreu de inanição.

Ainda estamos longe do tempo em que os robôs precisarão ser inculcados com o respeito às três leis da robótica. Mas talvez não tão longe assim.





Atualização: Não me entendam mal. Eu gosto do Mídia sem Máscara. Acho que eles realizam um serviço essencial, dar voz a uma causa que quase não tem voz no Brasil atual. E não sou necessariamente tão libertário, não tanto quanto já fui. Aceito grande parte do pensamento conservador, embora tenha algumas dúvidas. Talvez seja só modéstia, é só que eu não me vejo como um articulista "sério", não tenho formação em Filosofia ou História e muito do que escrevo aqui são "chutes", meras observações desde este país chamado USA. Mas gosto de escrever sobre qualquer coisa, sejam robôs, alienígenas ou política internacional, não sempre artigos que tenham a ver com o MSM ou sob uma ótica necessariamente conservadora. De qualquer modo, não é como se a MSM estivesse me pautando, afinal eles escolhem os artigos que mais tenham a ver com seu site, e eu continuo aqui escrevendo sobre tudo um pouco. Portanto, agradeço ao pessoal da MSM pela divulgação. É isso.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Copa do Mundo explosiva

Como estou longe do Brasil há algum tempo, não sei muito como vai a seleção do Dunga. Será que eles têm alguma chance?

Bom, mas o que eu ia falar é que esta Copa do Mundo vai acontecer em um país em ebulição. Embora as notícias sobre a África do Sul que chegam à mídia internacional sejam poucas desde o final do apartheid, o fato é que o país enfrenta sérios problemas e está muito longe da utopia racial que foi prometida após o fim do sistema de separação.

No último dia 4 de abril, foi assassinado o militante separatista branco Eugene Terreblanche. Não sei se ele tinha esse nome ridículo de nascença (significa "terra branca" em francês) ou era uma espécie de pseudônimo. O fato é que o homem de 69 anos, líder de um grupo que desejava a separação dos brancos, foi morto a golpes de facão. E tudo isso poucas semanas depois de um funcionário do partido do governo ANC cantar uma música conclamando os negros a "matar os Boers" (fazendeiros brancos).

Alguns ficarão felizes com a morte de um racista, pois ele de fato o era. Mas o fato é que racismo, embora tenha virado crime em alguns países incluindo o Brasil, que eu saiba ainda não é punido com a pena de morte.

Se fosse apenas Terreblanche, seria um caso isolado. Mas, desde o fim do apartheid, mais de 3100 fazendeiros brancos (de um total de 40.000) foram assassinados, em crimes muitas vezes horríveis e extremamente sadísticos e brutais. Sem motivo. Ou, melhor, por um motivo específico: racismo. Por parte dos negros.

(É verdade que a maior parte das vítimas de crime no país são negros, que afinal representam mais de 80% da população, mostrando que os marginais não discriminam ninguém. O país está hoje entre os dez mais violentos do mundo, e é o campeão absoluto em estupros. Mas os chamados "crimes rurais" são um caso específico, motivado mais por violência do que por ganância, já que em muitos casos pouco ou nada é roubado.)

Se parte da população negra ainda sente desejos de vingança pelos anos de injustiça e sofrimento, a minoria branca sente-se acuada e procura se armar. Pelo menos 2 milhões já fugiram para outros países. Restam hoje apenas 4 milhões de brancos no país. Há quem tema que o governo atual da África do Sul tente repetir a triste história do Zimbabwe, confiscando terras e indústrias dos brancos.

O problema é que, com a expulsão dos brancos do Zimbabwe, quem mais acabou perdendo, paradoxalmente, foram os negros: hoje milhões de refugiados de um apocalíptico Zimbabwe tentam imigrar ilegalmente para... a África do Sul. Sendo recebidos muitas vezes com violência por seus irmãos negros, que não querem esses intrusos que roubam seus empregos. Alguns já têm saudades do colonialismo, e até mesmo do apartheid, quando havia injustiça e humilhação mas também, aparentemente, mais emprego e menos crime.

É também preciso observar que a divisão na África do Sul não é apenas entre brancos e pretos: no país há Zulus, Xhosa, Khoisan, brancos Afrikaaners, brancos descendentes dos ingleses, indianos, asiáticos e os coloured (como são chamados os mestiços). Um caldeirão. Que, na realidade, até que convive relativamente em paz, se você considerar como é a situação na maior parte da África.

É provável que eles façam como o Rio e coloquem batalhões de Polícia em todas as cidades por um mês. Todos poderão assistir à vitória do Brasil na Copa do Mundo em paz. Mas, e depois? Se os diversos grupos não encontrarem um jeito de conviver, e os problemas de crime e corrupção não forem resolvidos, a coisa pode ir piorando cada vez mais.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Bye bye Miss American pie



O Obamacare passou, ao menos no voto inicial. Os Democratas celebram, mas mal sabem eles (ou sabem e não se importam) que estão praticamente assegurando o fim dos EUA como superpotência mundial. It's over, è finito, c'est fini.

O país está à beira da bancarrota, e este trambolho que acaba de passar vai custar mais alguns trilhões. Não haverá dinheiro para inovação em tecnologia médica, e muitas companhias de seguro médico irão falir, deixando o caminho livre para o futuro monopólio estatal, que encherá o bolso de alguns políticos, mas custará mais para todos os outros a uma qualidade cada vez pior.

Naturalmente, a saúde "gratuita" beneficiará prioritariamente aqueles que vivem no welfare, os que recebem pouco e não pagam imposto de renda, e os ilegais. A saúde de todos estes grupos será paga pela classe média que trabalha, graças a um fenomenal aumento de impostos. O aumento de impostos gerará mais desemprego, o que colocará mais pessoas no welfare, o que gerará maiores impostos, etc.

Depoi de ferrar com a saúde, o próximo passo de Obama será aprovar o plano "antiaquecimento global", que vai ferrar com a economia, e o plano de "reforma de imigração", permitindo a legalização imediata de vinte milhões de ilegais no país - o que, em tempos de desemprego, também não vai ser muito bem recebido pela classe média. O que não importa, já que os agradecidos novos legalizados votarão nos Democratas, e a fraude fará o resto.

Os EUA se tornarão um país de minoria branca, com uma maioria formada por uma maioria desunida de todos os credos e cores. E, assim, ao desemprego se juntará o ressentimento étnico e racial. Aos altos impostos se juntarão a inflação e a desvalorização da moeda, garantindo a pobreza de milhões. Os EUA deixarão de investir em tecnologia militar e limitarão enormemente os gastos com a defesa, deixando o país à mercê de ataques, que, cedo ou tarde, acontecerão, causando ainda maior caos e crise econômica. A China cobrará suas dívidas e tomará o lugar anteriormente ocupado pelo colosso americano, ou talvez o controle passe para a tal Nova Ordem Global.

Depois disso, é possível até mesmo uma guerra civil e a secessão do país em diversos novos Estados, como sugeriu há algum tempo um maluco russo que já não parece tão maluco assim.

Naturalmente, tudo isso não acontecerá imediatamente, mas aos poucos, ao longo de várias décadas. Mas é o caminho que foi escolhido pelos Democratas.

Há mais de dois mil anos atrás, Marco Túlio Cícero advertia os romanos:
O orçamento nacional deve ser equilibrado. As dívidas devem ser reduzidas. A arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos estrangeiros devem ser reduzidos se a nação não quiser ir à falência. As pessoas devem, novamente, aprender a trabalhar, em vez de viver da assistência pública.
Roma não ouvi os conselhos, e caiu. Seguirão os EUA pelo mesmo caminho?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O futuro já passou

Um curioso artigo do contra afirma que o progresso científico é um mito. Ele diz que a grande era das invenções foi de 1880 a 1959 e que, nos últimos 50 anos, não houveram reais inovações, isto é, inovações radicais que tenham mudado o mundo. Segundo ele, em 1959 já havia computador, televisão, avião, telefone, etc. Tudo o que ocorreu desde então foram meros aperfeiçoamentos das mesmas tecnologias. Algumas chegaram mesmo a regredir, como a tecnologia nuclear ou de viagens ao espaço.

Teríamos chegado a um platô tecnológico? Foi inventado tudo o que há para inventar? Pessoalmente, discordo, mas é possível que tenha havido uma desaceleração do progresso científico. Seja como for, quem imaginava nos anos 50 que "no ano 2000" andaríamos em carros voadores e passaríamos o fim de semana na Lua, enganou-se redondamente.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Off the grid - Fugindo do sistema

O título deste post parece de um filme de ficção científica (com tradução à moda brasileira), e talvez seja mesmo.

Vivemos em um mundo em que a liberdade - econômica, social, política - é cada vez menor. Governos socialistas ou liberais progressistas (dá na mesma) aumentam cada vez mais seu poder e avançam sobre quase todas as áreas do planeta, impondo cada vez mais regulamentos, impostos, taxas, obrigações, burocracias, controles, e obrigando o cidadão de bem a sustentar toda uma corja de políticos bem como massas de votantes "excluídos" que não pagam imposto.

Para onde fugir?

Europa? Tá tudo dominado. EUA? Obama é apenas a última pá sobre o caixão da suposta "land of the free". Latinoamérica? Não brinquemos com coisas sérias.

Não, há hoje apenas três fronteiras possíveis. Uma, a autonomia total em algum canto rural esquecido. Novas comunidades poderiam se isolar o máximo possível do governo. Como quakers ultratecnológicos, essa nova geração de pioneiros produziria sua própria eletricidade com minireatores nucleares, não dependendo da rede de eletricidade pública. Poderia naturalmente produzir seus próprios vegetais, e até mesmo seus próprios produtos industriais através do revolucionário conceito nanotecnológico de desktop manufacturing.

A segunda alternativa é o espaço sideral. A tecnologia ainda é demasiado cara e não é ainda possível chegar tão longe. Mas a iniciativa privada está avançando onde a NASA já não quer se arriscar. A colonização da Lua é uma possibilidade concreta para o futuro.

A terceira opção de fuga é o chamado seasteading. Isto é, a criação de comunidades autônomas no meio do oceano, que não obedeceriam a qualquer jurisdição senão a própria e seriam independentes de qualquer governo. Pati Friedman (não por acaso neto de Milton Friedman) é o fundador e diretor executivo do Seasteading Institute, e o primeiro financiador é Peter Thiel, a mente por trás de fenômenos da Internet como PayPal e Facebook, e um defensor da autonomia total.

Utopia? Delírio libertário? Talvez. Mas, em um momento em que o governo Obama tenta impor por bem ou por mal um sistema de saúde público altamente impopular que custará trilhões, e no Brasil qualquer juiz de quinta categoria tem direito de censurar o que bem entender, são idéias inspiradoras.

domingo, 2 de agosto de 2009

Poema do domingo

El futuro

Y sé muy bien que no estarás.
No estarás en la calle, en el murmullo que brota de noche
de los postes de alumbrado, ni en el gesto
de elegir el menú, ni en la sonrisa
que alivia los completos en los subtes,
ni en los libros prestados ni en el hasta mañana.

No estarás en mis sueños,
en el destino original de mis palabras,
ni en una cifra telefónica estarás
o en el color de un par de guantes o una blusa.
Me enojaré, amor mío, sin que sea por ti,
y compraré bombones pero no para ti,
me pararé en la esquina a la que no vendrás,
y diré las palabras que se dicen
y comeré las cosas que se comen
y soñaré los sueños que se sueñan
y sé muy bien que no estarás,
ni aquí adentro, la cárcel donde aún te retengo,
ni allí fuera, este río de calles y de puentes.
No estarás para nada, no serás ni recuerdo,
y cuando piense en ti pensaré un pensamiento
que oscuramente trata de acordarse de ti.

Julio Cortázar (1914-1984)

sábado, 1 de agosto de 2009

"1984" versus "Brave New World"

George Orwell ou Aldous Huxley, quem acertou mais? (clique na figura para ampliar.) Ou, para uma comparação mais elaborada entre as duas obras e seus acertos e erros, leia o artigo do Theo a respeito.

domingo, 22 de março de 2009

Poema do domingo

Idealização da humanidade futura

Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos séculos futuros
-- Homens que a herança de ímpetos impuros
Tomara etnicamente irracionais!

Não sei que livro, em letras garrafais,
Meus olhos liam! No húmus dos monturos,
Realizavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animais!

Como quem esmigalha protozoários
Meti todos os dedos mercenários
Na consciência daquela multidão...

E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefação!

Augusto dos Anjos (1884-1914)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O primeiro dia do resto de nossas vidas

Já estão todos os suspeitos usuais acusando o Bush de ter sido o "pior presidente americano da História". Duvido que muitos saibam o nome de qualquer presidente americano anterior a Clinton, quanto mais as besteiras que fizeram no cargo. Não importa: George W. Bush é o "pior".

Não vou entrar no mérito ou não, até porque eu assumo que pouco sei sobre a história dos presidentes americanos e não teria como fazer uma comparação justa. Já disse aqui que Bush foi o melhor presidente que o Iraque já teve, mas para os EUA foi apenas medíocre e, de certa forma, bastante nocivo para os republicanos: não era um real conservador. Foi, com certeza, o presidente mais criticado ha História americana, mas é uma coisa diferente do que ser o pior. Em oito anos não houve um único atentado terrorista nos EUA: quem poderia imaginar isso nos meses seguintes a setembro de 2001? Foi mera sorte, ou mérito ao menos parcial de Bush? Achei interessante o artigo do João Pereira Coutinho, que o considera uma figura trágica, e conclui:

Na próxima terça-feira, o mundo despede-se de Bush. Com um suspiro de alívio. Mas o mundo que não se iluda. Os problemas não começaram com Bush e não terminarão com Bush. É por isso que, na hora do adeus, eu acredito que o maior suspiro será o dele.

Os mais "sofisticados" acreditam que com Obama tudo mudará como da água para o vinho, mas é mera ilusão. Os terroristas islâmicos continuam aí. O Irã continua produzindo sua bomba. A crise econômica mundial também vai continuar. E, assim como o 9/11, outras surpresas inesperadas acontecerão no meio do caminho. (Descobriu-se, por exemplo, que terroristas islâmicos na Argélia estavam testando armas biológicas).

Mas na política tudo é principalmente questão de percepção: o que realmente mudou de ontem para hoje na vida do americano médio? Se Obama repetisse tintim por tintim as políticas de Bush, será que os mesmos que hoje as criticam, não as celebrariam se viessem de Obama? E o que dizer então dos outros povos, nós latinoamericanos por exemplo? O que fez de tão terrível assim para nós Bush? O fato de deixar a América Latina ser tomada por bufões como Chávez e Morales sem bombardeá-la? Realmente, não consigo lembrar de um outro presidente americano que tenha se importado tão pouco com a América Latina. E no entanto mesmo no Brasil celebram o fim da era Bush como se fosse a queda do pior dos ditadores.

Obama não é burro, é claro. Certamente não vai começar fazedo loucuras. Sua equipe por ora, longe de ser formada por radicais ou imbecis, tem mais clintonistas do que a própria presidência Clinton - e até um bushista. Dizem que ele fez um bom discurso, patriótico e tudo mais. Tem até fã do Reinaldo Azevedo elogiando.

Sei lá, talvez seja apenas eu que sou pessimista por não poder participar de toda essa orgia de "esperança". Não é nada pessoal com o Obama: simplesmente já passei da idade de me emocionar com políticos. É como uma festa na qual todo mundo está tendo barato com a nova droga do momento, e só você está de fora, sem sentir barato nenhum. Parafraseando Cole Porter, I get no kick from Obama.

Esperemos que ele seja um bom presidente. De qualquer modo, por pura precaução, eu aguardaria alguns meses antes de decretar a presidência de Bush a "pior da História". Sabe como é: não há nada tão ruim que não possa piorar.

"Bem-vindo": Manifestantes no Irã queimam foto de Obama (dica: C. Avolio)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Algumas previsões

Algumas previsões sobre o governo Obama, de melhor a pior:

1) De acordo com Pedro Doria e Arnaldo Jabor, o governo Obama marcará o início de uma Nova Era de Paz e Amor na Terra. Ele "superará o bipartidarismo numa busca de “entente cordiale”, contra os “lobbies”, contra a tirania do petróleo, contra o efeito estufa." Jabor, que como articulista quase dá saudade dos seus tempos de cineasta, ainda acredita que "teremos a felicidade de não ver mais as famílias gordinhas dos boçais da direita, os psicopatas sorridentes de dogmas, seus hambúrgueres malditos, seus churrascos nos jardins." (Obama proibirá até o consumo de hambúrgueres?!?)

2) Já para o blogueiro Steve Den Beste, não é o fim do mundo. A eleição de Obama foi como uma bebedeira descomunal: uma sensação de euforia que, naturalmente, não poderá durar em confronto com a realidade. Com o exercício do poder virá a ressaca e, logo, o amadurecimento. Muitos se desiludirão, outros se darão conta de ter comprado gato por lebre. Lamentavelmente, para Steve, algumas das possíveis conseqüências desse processo serão "uma guerra nuclear entre Irã e Israel, a derrota militar americana no Afeganistão e ao menos um novo atentado em território americano."

3) Para outro blogueiro, "Obama se limitará a aplicar o que podemos chamar "síndrome de Harvard" - conversas sem fim com a idéia de que conflitos no mundo real podem ser resolvidos como discussões de sala de aula em Harvard. Obama ainda encontrará inimigos que são determinados, irresolutos e tem um sistema de valores e objetivos completamente opostos aos seus." Tal síndrome, naturalmente, apenas estimulará a agressão de inimigos.

4) Para o nacionalista russo Vladimir Zhirinovsky, "Obama será o Gorbachev americano; destruirá os Estados Unidos e não haverá volta".

5) "Tudo o que pode dar errado, dará" (Murphy).

E as suas previsões, caro leitor, quais são?