sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Poema do Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Imigração e QI: uma discussão perigosa!

Eis, como presente de fim de ano, o post mais polêmico já publicado neste blog. A imigração e o que fazer com ela é a grande questão do mundo moderno. Quem acha que isso é só problema dos países ricos está enganado: recentemente, na Argentina, tumultos com imigrantes bolivianos levaram a conflitos na rua e à morte de três pessoas.

O mundo não é mais o que era. A globalização econômica é uma realidade, e a evolução dos transportes permitiu um movimento massivo de pessoas pelo planeta que antes não era possível. 

Nem todos sentem-se à vontade com esse novo mundo, e preferem manter as suas fronteiras fechadas. A Suiça agora aprovou medidas mais duras contra os imigrantes. Talvez outros países sigam pelo mesmo caminho. 

Seria fácil acusar esses países de xenofobia, mas o fato é que os imigrantes também trazem seus problemas. Alguns dizem que o problema seja cultural, de assimilação. E, de fato, diferentes culturas têm modos diversos de viver que nem sempre se acomodam com o país hóspede, causando conflitos. 

Mas também há alguns que avançam um outro argumento, mais problemático. É o caso do alemão Thilo Sarrazin, que escreveu um polêmico livro sobre o tema que virou best-seller, com mais de um milhão de cópias vendidas. Segundo Sarrazin, que não é nenhum "nazista de almanaque" mas um ameno Social-Democrata, além do problema do fundamentalismo islâmico, os imigrantes de baixo QI de países muçulmanos estariam tornando a Alemanha mais burra.  

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os bons e os bonzinhos

Existem os bons, e existem os bonzinhos. Isto é, aqueles que são realmente bons e fazem algo de concreto para ajudar os outros, e aqueles que apenas gostam de pavonear a sua suposta bondade, sem no entanto ter que se esforçar muito.

É esta segunda possibilidade, a meu ver, o que mais explica o sucesso da esquerda, especialmente entre os jovens. É difícil ser bom; é fácil ser bonzinho e usar uma camiseta a favor dos miseráveis ou votar no PT e PSOL e achar que fez sua parte.

Como informa a Ann Coulter, ao menos no que se refere aos EUA, são os conservadores cristãos os que mais ajudam os pobres ou mais necessitados. Os esquerdistas gostam de falar e falar, ou de fazer passeata, ou de forçar os outros a pagarem mais impostos, mas jamais tiram o dinheiro do próprio bolso. Eles também são a favor de ajudar pretos, pobres e nordestinos, mas, atenção, nada de morar perto dessa ralé, é claro. Tudo tem limites.

Por que isso ocorre? Acho que é simples. Todos temos empatia com o sofrimento alheio. Nos incomoda. Não queremos ver crianças dormindo embaixo de pontes ou deficientes pedindo esmola. Não queremos saber de opressão e violência. Por outro lado, tampouco queremos passar a noite levando cobertores para os mendigos, ou indo ao Sudão para ajudar na luta contra a fome e as doenças. As únicas pessoas que conheci que realmente faziam essas coisas, arriscando a própria vida, eram cristãos motivados por um sentimento superior. Os outros, ajudam quando podem e olhe lá. Ei, sou o primeiro a admitir, raramente faço caridade e nem mesmo faço voluntariado. Sou um egoísta safado, preocupado mais com o meu bem-estar e o daqueles mais próximos de mim. Fazer o quê?

Outro fenômeno que ocorre é que a prosperidade talvez excessiva do mundo ocidental levou-nos a uma visão distorcida do mundo. Como atualmente uma pequena parte do mundo vive em situação de prosperidade material jamais vista antes, passamos a crer que essa prosperidade, de algum modo, tenha se tornado um "direito universal". No entanto, ainda é válido o que dizia o sábio Milton Friedman: a situação natural da humanidade é a tirania e a miséria. Vivemos em um período de exceção (e tudo isso em grande parte graças ao capitalismo tão execrado pelos esquerdistas). Mesmo que quiséssemos, jamais poderíamos ajudar toda a humanidade. Há no mundo três bilhões de pessoas que vivem com menos de 2 dólares por dia.(*) E aí? Vai encarar?

No entanto, viver em prosperidade frente a um mar de miséria causa desconforto e culpa, ainda que a culpa nem seja nossa (e não o é). Por outro lado, precisamos viver a nossa vida e trabalhar, pois temos os nossos próprios problemas. Se a culpa não vai embora mesmo assim, muitos encontram solução para esse dilema psicológico no "apoio" da esquerda aos "pobres e oprimidos". O problema, claro, é que esse "apoio" da esquerda na realidade é contraproducente. Como explica o próprio Friedman no vídeo acima, soluções como o welfare-state só aumentam a desgraça da população, gerando uma classe dependente e, finalmente, a quebra e crise econômica que leva todos - igualmente, isso sim - à pobreza.

A esquerda ainda desobriga o sujeito de fazer algo útil, ou mesmo de pensar formas eficientes de resolver o problema que ele mesmo critica. Causa preguiça mental e moral. Vejam o blog do Sakanoto. O malandro passa tanto tempo levantando a bandeira de pobres e oprimidos, que nem se dá ao trabalho de, nem digo ajudar concretamente os pobres com ações de caridade, mas de tentar entender a realidade. Esquerda boa, direita má, brancos maus, minorias boas, ricos e classe média maus, pobres bons. É de um primarismo atroz. 

Segundo o filme "Os Suspeitos", o grande truque do Diabo foi convencer o mundo que ele não existe. Pois eu acho que ele tem um truque ainda maior: convencer o mundo de que ele é o Bem. Foi isso que a esquerda e o progressismo conseguiram, ao obter o monopólio da bondade.

A esquerda política, na realidade, é exatamente o oposto do que prega: ela alimenta a miséria, e se alimenta da miséria. Quanto mais miséria e fome, do ponto de vista da esquerda, melhor. A esquerda é quem mais lucra com a "ajuda" a todos esses miseráveis: os políticos, com a obtenção de votos, os funcionários públicos e de ONGs, com o emprego em burocracias que se perpetuam na "luta contra a fome, a miséria e pelos direitos humanos"; os demais, com a satisfação do ego ao se ver como "bonzinho". 

Ser genuinamente bom, isso é mais difícil.


(*) A conta, como todas as feitas pelos progressistas (os dados são da Unesco), é meio trambiqueira, mas não tenho tempo de discutir isso agora.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Três anos de blog

Agradeço aos leitores, velhos e novos: já temos três anos de blog. Três anos podem ser muito tempo e chegam mesmo a cansar. Por ora, resistimos: mas até quando?

Já falamos sobre quase todos os temas possíveis, de política a robôs; algumas vezes até de forma repetitiva ou enfática. 

Tivemos três tristes trolls, um comunista, um antisemita e agora um simpático positivista. Curiosamente, os três jamais apareceram juntos no mesmo post.

O blog evoluiu ao longo do tempo, ou, ao menos, mudou, não sei se para pior ou para melhor. Começou como libertário, mais tarde teria passado para o lado do conservadorismo social, e mais recentemente até mesmo pareceria, segundo um par de leitores pouco atentos, ter flertado com o movimento "white power". Tudo ilusão. O blog não tem uma linha política definida, e repele a maioria dos extremismos. Seu autor é um libertário moderado (ou desiludido?) que acredita em alguns princípios conservadores e, bem mais raramente, religiosos ou místicos. É contrário ao politicamente correto e a grande parte das crenças modernas, o que não quer dizer necessariamente que apóie as antigas. Tem nostalgia de um passado melhor que nunca existiu.


Agora que chegamos a 2011, o blog encontra-se em uma encruzilhada. Ir em frente ou parar?

Francamente, estou pensando seriamente em terminar o blog. Talvez o meio já tenha dado o pouco que tinha que dar. Atenção, isso não quer dizer que eu pararei de escrever, é claro. Quer dizer apenas que talvez aposente o personagem do "Mr X" e o troque por outro autor, quem sabe algum que escreva mais sobre robôs e poemas e menos sobre política. Ou, quem sabe, talvez eu assine alguma coluna em algum outro meio com meu nome verdadeiro, em troca de um vultuoso pagamento (interessados, contatar-me no orbister@gmail). 

Sabe-se lá. Isso é coisa para as resoluções de Ano Novo, aquelas mesmas que jamais são cumpridas. Por ora, desejo a todos um Feliz Natal.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O mundo do contrário

Quando eu era criança, existia uma canção chamada "O mundo do contrário", sobre um mundo em que tudo estava virado de pernas para o ar. É mais ou menos o que está acontecendo hoje em dia, embora nem todos percebam.

Antes, gays eram perseguidos, e nem mesmo figuras importantes como Alan Turing e Oscar Wilde escapavam de duras punições. Agora, há gays no exército americano, gays recebendo dinheiro público para realizar paradas na rua, gays casando e adotando filhos, gays escrevendo os novos livros infantis. O que era impensável há poucas décadas atrás hoje virou o novo normal.

Nem estou fazendo um juízo de valor aqui (afinal não sou a favor da perseguição sistemática a gays), mas apenas observando como os padrões do comportamento moral, do que era considerado certo e errado, praticamente se inverteram.

O problema é que isso é só o começo, é claro. Se você ainda se consegue escandalizar com o homossexualismo, é porque não sabe que já existe um movimento que está legalizando e promovendo o incesto: afinal, se os dois forem maiores de idade é sexo entre duas pessoas adultas, e ninguém tem nada com isso, certo? É o que argumenta um professor universitário que teve sexo consensual com sua filha durante três anos. E não esqueçamos da pedofilia, agora transformada em aspecto cultural.

Enquanto isso, cristãos são punidos por meramente existirem, ou por promoverem o seu "ódio" contra gays, lésbicas e incestuosos. Soldados heterossexuais são proibidos de tomar banho em um chuveiro separado dos gays, afinal não se abaixar para pegar o sabonete poderia ser considerado discriminação. 

O Richard Fernandez, do Belmont Club, tem um excelente post sobre o tema: ele observa que não é que a moral tenha acabado, é simplemente que substituiu-se a antiga moral baseada na virtude cristã por uma nova moral baseada no Politicamente Correto e nas teorias esquerdistas de igualdade forçada.

O problema é que a antiga moral, ao contrário da nova, tinha uma lógica baseada na experiência e no bom senso. Mesmo se deixarmos de lado o aspecto religioso, podemos observar que existem comportamentos que são mais negativos e comportamentos que são mais positivos, seja para o indivíduo ou para a sociedade.

O homossexualismo, por exemplo, pode até ser divertido para seus praticantes (?), mas tem o inconveniente de não propagar a espécie e causar potencialmente maiores problemas de saúde. O incesto, nem preciso dizer: causa filhos com deformações genéticas e mentais, além de ter repercussões negativas na estrutura social, baseada na criação de alianças entre diferentes famílias. E assim por diante: tomar drogas tem repercussões negativas para a saúde física e mental, a dependência estatal leva à preguiça e à acomodação, et cetera.

Mas vivemos em um momento em que a grande virtude -- talvez a única virtude - é considerada a Igualdade. Todos precisam ser iguais a todos, por bem ou por mal. Os gays precisam entrar no exército e casar entre si -- por quê? Simplesmente porque o contrário seria "discriminar". Todos os cidadãos de bem devem ser igualmente revistados até as cuecas no aeroporto, mesmo que 99% dos terroristas sejam muçulmanos. Por quê? Porque o contrário seria "discriminar". Indivíduos de certas etnias e classes sociais devem ter direito privilegiado a freqüentar uma universidade, ainda que tenham notas mais baixas, por quê? Porque... Bem, acho que você já pegou a idéia.

O grande problema com isso tudo é que essa Nova Moral nada tem de compatível com o Mundo Real. Todas essas mudanças (ou deveríamos dizer experimentos sociais) têm conseqüências, que se farão sentir mais cedo ou mais tarde. Assim como as teorias progreçistas que vêem o criminoso como uma "vítima do sistema" estão certamente por trás do terrível aumento do crime em todo o mundo nas últimas décadas, e as teorias iguali-otárias de Paulo Freire estão certamente por trás do desastre na educação atual, certamente as novas propostas de reengenharia sexual terão seu resultado daqui a alguns anos, e eu não quero nem saber qual será.

Vejam bem, amiguinhos. Não sou nenhum paladino da moral e dos bons costumes, nenhum pregador de moral de calça curta. Acredito que salvo intervenção genética ou divina o homossexualismo sempre existirá, ainda que restrito a um máximo de 10% da população. E o mesmo com outros comportamentos como o incesto, a pedofilia, a poligamia, etc. O desejo humano tem razões que a própria razão desconhece.

Porém, observo que os comportamentos marginais mais excessivos, que antes eram mantidos no seu canto, agora estão sendo transformados na norma de conduta, e seus praticantes transformados em uma classe protegida, a qual não pode sequer ser criticada. Somado a isso, vemos uma moral que inverte vício e virtude (em seus conceitos tradicionais), e que privilegia comportamentos contrários à unidade familiar, e, portanto, contrários à harmonia social. Isso não pode dar certo.  

De minha parte, rezo apenas para que homossexualismo e incesto não se tornem obrigatórios, pois do jeito que vai a coisa, não duvido que venha a ocorrer...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Homem, branco, heterossexual, cristão: espécie em extinção?

Tem lei que protege negro, tem lei que protege índio, tem lei que protege gay, tem lei que protege mulher, e tem lei que protege o mico-leão dourado. Existe uma única categoria que, hoje em dia, não tem direito a qualquer proteção especial. É o homem branco heterossexual e cristão.

Se fazem uma propaganda que  estereotipa os negros (ou os docinhos de chocolate, mas aparentemente é a mesma coisa), todos reclamam. Se fazem uma propaganda tirando sarro do homem branco, não há a quem reclamar.

Eis uma foto triste: uma índia que mais parece versão carnavalesca de uma filha da tribo navajo entregando o prêmio "motosserra dourada" à deputada Kátia Abreu. Coisa de ONG internacional que nem sabe como são os índios locais. A foto tenta requentar o velho mito de que os índios preservariam a Natureza melhor do que o homem branco. Mentira. Os índios antigos foram os que inventaram a queimada e colocaram animais em extinção, eram nômades porque ficavam em um pedaço de terra até exaurir todos os seus recursos naturais, e uma vez esgotados, se mandavam para outro canto da floresta. Já os índios de hoje terceirizam: preferem alugar ou vender ilegalmente suas terras ao homem branco para que este possa cortar a madeira.

O fato é que a civilização ocidental foi criada em sua maior parte por homens, brancos, heterossexuais e cristãos. Sim, houve muitas mulheres que contribuíram para o avanço da sociedade, da tecnologia, da cultura e das artes, e certamente muito homossexuais também. Houve judeus e muçulmanos que tiveram contribuições inestimáveis e invejáveis, e não falemos das milenares civilizações asiáticas e hindus, que também influenciaram o Ocidente. Mas, convenhamos, a maior contribuição é mesmo a de dead white men como Shakespeare e Newton.

Porém, hoje vivemos em uma época em que esse tal Ocidente é visto com desprezo pela grande maioria dos próprios ocidentais. O HBHC não só não tem proteção, como é visto como o culpado por tudo. Mas quem mais odeia o Ocidente são os próprios ocidentais: é um forma de suicídio. Eis uma frase do marxista e pós-modernista (mas me repito) francês Guy Debord: "Meu otimismo se baseia na idéia de que esta civilização cedo ou tarde desmoronará".

Ora, se a civilização realmente desmoronar, o que virá a seguir não é o paraíso socialista, mas o caos, o terror, a violência, a miséria, a morte e a fome. Não dá para entender o entusiasmo desse pessoal. Será que eles acham que continuarão tendo a sua coluninha de jornal quando tudo for para o brejo?

As coisas (perdão pelo trocadilho infame) estão pretas. A raça branca ou caucasiana constitui apenas 10% da população terrestre e parece diminuir cada vez mais devido à sua baixa taxa de natalidade, somada à alta taxa de natalidade de imigrantes de outras extrações. O número de heterossexuais, embora maioria, vive acuado por leis cada vez mais restritivas contra quem ousa criticar o homossexualismo. E os cristãos são violentamente perseguidos em dezenas de países e, mesmo nos países ainda nominalmente cristãos, também estão acuados pelo secularismo, encontrando-se atualmente em plena decadência.

Segundo alguns estudos, o cristianismo será superado pelo islamismo na Europa em 2050, e o homem branco será minoria nos EUA em 2024. E os gays? Bem, segundo recentes pesquisas (quero crer que falsas ou exageradas), já quase 20% dos homens no Rio de Janeiro são viados (e depois falam dos gaúchos...) e há uma troca de sexo a cada 12 dias no Brasil.

A coisa está dura (com o perdão novamente pelo trocadilho infame). Este blog vai terminar lançando um Movimento pela Preservação do Homem Branco Hetero Cristão! Salvem as baleias, e a nós também...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quem está por trás de Assange?

Estou no Brasil, de visita. Durante a viagem, tive a oportunidade de observar a eficiência dos procedimentos de segurança dos aeroportos americanos. Foi tudo surpreendentemente tranqüilo: não fui submetido nem ao scanner pornográfico nem à revista intensiva. Só implicaram com um chaveiro que consideraram perigoso, e não permitiram levar na bagagem de mão. Curiosamente, mesmo após dois exames de Raios X, não viram que havia uma faca, bastante pontuda, dentro da mesma mochila. Sim, amigos: viajei com uma faca na bagagem de bordo. Poderia ter ameaçado o piloto e seqüestrado o avião. Só não o fiz porque acabei me entretendo com o filme e não queria interrompê-lo.

Bem, fora isso, percebo que ainda não falei sobre o polêmico tema do momento, o fenômeno WikiLeaks. Não o fiz por ainda não ter muitas informações sobre o caso, toda a coisa me parece um pouco confusa. Em primeiro lugar, teria primeiro de dar uma olhada nos documentos vazados, que por ora não parecem mostrar nada de muito revolucionário. Em segundo lugar, não sei qual é a do Assange. Mais do que um paladino pela luta da "liberdade de informação", parece um tradicional esquerdinha antiamericano. São suas próprias palavras: "não queremos um mundo com mais transparência, queremos um mundo com mais justiça social."

Seu narcisismo e megalomania também causam antipatia, e o sujeito parece o garoto-propaganda exemplar do que o leitor Chesterton costuma chamar de "subjetivismo epistemológico." Eis o que ele escreveu no seu blog:

The truth is not found on the page, but is a wayward sprite that bursts forth from the readers mind for reasons of its own. I once thought that the Truth was a set comprised of all the things that were true, and the big truth could be obtained by taking all its component propositions and evaluating them until nothing remained. I would approach my rhetorical battles as a logical reductionist, tearing down, atomizing, proving, disproving, discarding falsehoods and reassembling truths until the Truth was pure, golden and unarguable. But then, when truth matters most, when truth is the agent of freedom, I stood before Justice and with truth, lost freedom. Here was something fantastical, unbelievable and impossible, you could prove that (A => B) and (B => C) and (C => D) and (D => F) Justice would nod its head and agree, but then, when you turned to claim your coup de grace, A => F irrevocably, Justice would demur and revoke the axiom of transitivity, for Justice will not be told when F stands for freedom. Transitivity is evoked...
(Traduzindo pro português: a verdade é relativa BLABLABLÁ.)

Ele também foi acusado de estupro e abuso sexual na Suécia, o que causou agora sua prisão, mas isso também é muito estranho, e preocupante por outros motivos bem diversos. Aparentemente, na ultrafeminista Suécia, fazer sexo sem camisinha já é considerado estupro... (E meu sonho que era conhecer as escandinavas... Acho que vai ficar para outra encarnação.) 

Porém, a principal dúvida em relação ao WikiLeaks é: quem está por trás disso? Como bem observou um blogueiro, os custos de armazenamento de dados, as viagens do Assange, e todos os demais gastos associados ao vazamento podem ser bastante altos, na ordem de milhares de dólares por mês. Estaria alguém mais poderoso por trás de Assange? Bem, aí as respostas possíveis são muitas. Alguns dizem que seria a China. Outros afirmam que George Soros é quem está por trás de Assange e mandando ver. Outros, como os líderes dos países muçulmanos, acreditam que seja Israel, afinal para eles Israel está por trás de tudo. E há também quem ache que seja um esquema da própria CIA para enganar seus inimigos e difundir falsa informação.

Seja como for, está tudo um pouco confuso, e ainda estou sob efeito do jet lag. Postarei mais depois. Até.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Poema do Domingo

Basta pensar em sentir 
Para sentir em pensar. 
Meu coração faz sorrir 
Meu coração a chorar. 
Depois de  parar de andar, 
Depois de ficar e ir,  
Hei de ser quem vai chegar 
Para ser quem quer partir. 

 
Viver é não conseguir.  

Fernando Pessoa  (1888-1935)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Federalismo ou separação?

Nunca fiz parte desse pessoal que acha que uma parte do Brasil (Sul e Sudeste) deveria se separar da outra (Norte e Nordeste). No Brasil não existem regiões com una identidade cultural única que seja tão diferente assim do resto do país, e tampouco do ponto de vista econômico a coisa faria muito sentido.

Porém, agora que inicia o governo Dilma, eleito em grande parte graças ao voto do Nordeste, talvez seja uma boa hora para discutir, se não a separação, ao menos um federalismo mais efetivo. Afinal, a grande promessa do governo Dilma é a de "acabar com a pobreza". Mas não pense que isso significa aumentar o emprego, a qualidade educação, desburocratizar a economia para permitir o aumento do comércio e a indústria, combater o crime e a corrupção e melhorar a infraestrutura do país. Não, para essa gente "acabar com a pobreza" significa expandir o sistema de bolsa-família, de modo a que o Sudeste pague pela manutenção de um grande número de pobres no Norte e Nordeste, eternamente ou enquanto durar o estoque.

O que isso significa para o Sul e Sudeste? Vamos aos números (tirado da Internet):