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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os bons e os bonzinhos

Existem os bons, e existem os bonzinhos. Isto é, aqueles que são realmente bons e fazem algo de concreto para ajudar os outros, e aqueles que apenas gostam de pavonear a sua suposta bondade, sem no entanto ter que se esforçar muito.

É esta segunda possibilidade, a meu ver, o que mais explica o sucesso da esquerda, especialmente entre os jovens. É difícil ser bom; é fácil ser bonzinho e usar uma camiseta a favor dos miseráveis ou votar no PT e PSOL e achar que fez sua parte.

Como informa a Ann Coulter, ao menos no que se refere aos EUA, são os conservadores cristãos os que mais ajudam os pobres ou mais necessitados. Os esquerdistas gostam de falar e falar, ou de fazer passeata, ou de forçar os outros a pagarem mais impostos, mas jamais tiram o dinheiro do próprio bolso. Eles também são a favor de ajudar pretos, pobres e nordestinos, mas, atenção, nada de morar perto dessa ralé, é claro. Tudo tem limites.

Por que isso ocorre? Acho que é simples. Todos temos empatia com o sofrimento alheio. Nos incomoda. Não queremos ver crianças dormindo embaixo de pontes ou deficientes pedindo esmola. Não queremos saber de opressão e violência. Por outro lado, tampouco queremos passar a noite levando cobertores para os mendigos, ou indo ao Sudão para ajudar na luta contra a fome e as doenças. As únicas pessoas que conheci que realmente faziam essas coisas, arriscando a própria vida, eram cristãos motivados por um sentimento superior. Os outros, ajudam quando podem e olhe lá. Ei, sou o primeiro a admitir, raramente faço caridade e nem mesmo faço voluntariado. Sou um egoísta safado, preocupado mais com o meu bem-estar e o daqueles mais próximos de mim. Fazer o quê?

Outro fenômeno que ocorre é que a prosperidade talvez excessiva do mundo ocidental levou-nos a uma visão distorcida do mundo. Como atualmente uma pequena parte do mundo vive em situação de prosperidade material jamais vista antes, passamos a crer que essa prosperidade, de algum modo, tenha se tornado um "direito universal". No entanto, ainda é válido o que dizia o sábio Milton Friedman: a situação natural da humanidade é a tirania e a miséria. Vivemos em um período de exceção (e tudo isso em grande parte graças ao capitalismo tão execrado pelos esquerdistas). Mesmo que quiséssemos, jamais poderíamos ajudar toda a humanidade. Há no mundo três bilhões de pessoas que vivem com menos de 2 dólares por dia.(*) E aí? Vai encarar?

No entanto, viver em prosperidade frente a um mar de miséria causa desconforto e culpa, ainda que a culpa nem seja nossa (e não o é). Por outro lado, precisamos viver a nossa vida e trabalhar, pois temos os nossos próprios problemas. Se a culpa não vai embora mesmo assim, muitos encontram solução para esse dilema psicológico no "apoio" da esquerda aos "pobres e oprimidos". O problema, claro, é que esse "apoio" da esquerda na realidade é contraproducente. Como explica o próprio Friedman no vídeo acima, soluções como o welfare-state só aumentam a desgraça da população, gerando uma classe dependente e, finalmente, a quebra e crise econômica que leva todos - igualmente, isso sim - à pobreza.

A esquerda ainda desobriga o sujeito de fazer algo útil, ou mesmo de pensar formas eficientes de resolver o problema que ele mesmo critica. Causa preguiça mental e moral. Vejam o blog do Sakanoto. O malandro passa tanto tempo levantando a bandeira de pobres e oprimidos, que nem se dá ao trabalho de, nem digo ajudar concretamente os pobres com ações de caridade, mas de tentar entender a realidade. Esquerda boa, direita má, brancos maus, minorias boas, ricos e classe média maus, pobres bons. É de um primarismo atroz. 

Segundo o filme "Os Suspeitos", o grande truque do Diabo foi convencer o mundo que ele não existe. Pois eu acho que ele tem um truque ainda maior: convencer o mundo de que ele é o Bem. Foi isso que a esquerda e o progressismo conseguiram, ao obter o monopólio da bondade.

A esquerda política, na realidade, é exatamente o oposto do que prega: ela alimenta a miséria, e se alimenta da miséria. Quanto mais miséria e fome, do ponto de vista da esquerda, melhor. A esquerda é quem mais lucra com a "ajuda" a todos esses miseráveis: os políticos, com a obtenção de votos, os funcionários públicos e de ONGs, com o emprego em burocracias que se perpetuam na "luta contra a fome, a miséria e pelos direitos humanos"; os demais, com a satisfação do ego ao se ver como "bonzinho". 

Ser genuinamente bom, isso é mais difícil.


(*) A conta, como todas as feitas pelos progressistas (os dados são da Unesco), é meio trambiqueira, mas não tenho tempo de discutir isso agora.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Se Deus não existe, tudo é permitido?

"Se Deus não existe, tudo é permitido."

A frase, que não foi escrita por Dostoevsky, embora seja mais ou menos o que Ivan Karamázov diz no famoso livro, ainda que de modo mais extenso e rebuscado. "Não existe virtude sem imortalidade", conclui Ivan. Para ele, sem a crença dos homens na imortalidade da alma e na existência de Deus, não haveria motivo para nenhuma moral e tudo seria permitido, "até o canibalismo".

Será mesmo?

Fábio Marton discorda. Mas de onde vem a moral? É algo biológico? Inato? Cultural? Ou vem mesmo de Deus, exista ele ou não?

Como Dostoyevsky cita canibalismo, lembrei-me do caso que li sobre o horrível General Butt Naked (ou General Peladão), soldado mercenário da guerra civil da Libéria, que liderava um batalhão de soldados que andavam nus por acreditar que isso o protegia das balas (vídeo documentário aqui - alerta para imagens fortes). Ele dizia ser um seguidor do Diabo, de quem afirmava ter recebido um telefonema quando criança. Confessou ter matado milhares de pessoas, inclusive crianças (sacrificava uma antes de cada operação militar), praticava canibalismo (comia o coração de algumas crianças e prisioneiros) e jogava futebol com as cabeças de soldados inimigos. Hoje é um pastor evangélico. Conversão real ou mera fuga da justiça? Digam o que quiserem, desde então não comeu mais nenhuma criancinha.

Deus e o Diabo podem não existir, mas a crença neles existe, e tal crença é responsável por diversos atos, dos mais nobres aos mais cruéis. Os conceitos de Bem e de Mal vêm diretamente da religião e da filosofia, não de qualquer medida científica. Mas só o que a ciência mede existe?

E será que os religiosos realmente agem virtuosamente apenas por medo do Inferno e/ou esperança do Céu? Não existe virtude sem imortalidade da alma?

E os ateus, tem uma moral própria? Podem ter? Qual moral pode-se criar a partir do mero materialismo, a não ser uma moral utilitária, "o maior bem para o maior número de pessoas". Mas, qual é o "maior bem"?

O Claudio Avolio observa como a mesma "moral" secular bananeiro-esquerdista que proíbe revistas com dicas para heterossexuais festeiros, subsidia revistas com dicas para gays festeiros. Uma revista é proibida em nome ao suposto respeito ao direito das minorias, a outra é apoiada financeiramente em respeito ao direito das minorias. Uma moral algo contraditória, para dizer o mínimo.

Por outro lado, também é verdade que, não obstante todo seu ódio pela religião e pelos religiosos, ao contrário dos anarquistas espanhóis, Dawkins nunca matou nenhum padre. O ateísmo, por si só, jamais poderia fazer mal a uma mosca. Assim como a religião. O problema são os homens. Os homens matam e morrem em nome de idéias - políticas, sociais e, por que não, religiosas. Mas acreditar que a religião é o grande mal da humanidade é uma besteira. De acordo com o psicólogo evolucionista Satoshi Nakazawa, pode-se matar também em nome da ciência. Aliás, ele também acredita que Deus foi criado pela evolução.

Já eu às vezes acho que Deus existe, e o Inferno é aqui mesmo.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Maniqueísmo ou morte

A esquerda é uma doença mental. Um de seus sintomas é a incapacidade de perceber óbvias contradições. Leiam por exemplo este horrendo site esquerdista que comemora a liberação de Cesare Battisti, celebrando sua luta ao mesmo tempo em que afirma que ele era inocente. O assassino condenado e membro de um grupo chamado Proletários Armados pelo Comunismo vira um mero "escritor e ativista" que "não quis participar luta armada". Hã? Se não queria participar da luta armada, porque ingressou em um grupo que tinha Armados no nome?!?

A mesma coisa se vê no apoio dos ignóbeis esquerdistas ao Hamas. Por um lado os esquerdistas dizem que eles podem atirar foguetes e realizar atentados, afinal trata-se de uma resistência legítima. Por outro lado, afirmam que são apenas foguetinhos caseiros, "meros rojões", e que de qualquer modo quem quebrou o cessar-fogo primeiro foi Israel. Percebem? É a mesma técnica, por um lado estimulam a luta armada, pelo outro repetem que apenas estão interessados na paz. (Nem um pio agora sobre o fato que Hamas está torturando e matando dezenas de palestinos).

E, no entanto, a esquerda venceu. A esquerda, espécie de atrofiamento do cérebro que mantém seu portador em estado de perpétua adolescência, é a ideologia em voga, e ninguém a segura. A esquerda viceja nas redações e nas universidades. A esquerda está no poder na América Latina e, hoje, de certa forma, até na América do Norte com Obama, muito embora ele vá decepcionar seus mais radicais admiradores esquerdistas (Obama não é burro e sabe que é furada dar uma de revolucionário sendo o presidente americano). Mas o problema não é Obama, são os seus eleitores, é a mídia que o elegeu, é o zeitgeist. A esquerda está no ar.

Um dos mantras da esquerda é que "não podemos julgar ninguém". Insistem com a suposta imparcialidade. Falsa, é claro: defendem sempre que podem terroristas, guerrilheiros, criminosos, minorias, imigrantes, países estrangeiros - todos aqueles não associados com a cultura predominante branca-greco-judaico-cristã que, na boa, já nem é tão mais predominante assim.

Ainda assim, mantém o discurso da imparcialidade. Não é mais que isso, discurso - é claro que eles estão do lado dos Battistis, do Hamas, das FARC. Mas os não-esquerdistas, acreditando que tal imparcialidade seja sincera, passam a repetir as suas nulidades. Hesitam em escolher um lado. Dizem que é preciso acabar com o "ciclo de violência". Que é preciso que "cessem as hostilidades de ambos os lados". Que Hamas e Israel, que FARC e governo colombiano devem negociar de igual para igual. Que Irã e EUA têm o mesmo direito a armas nucleares e que devem dialogar de igual para igual. Que a cultura islâmica é igual à cultura ocidental e deve ser igualmente aceita. Que - nas palavras de Obama - os EUA são um país igualmente "cristão e muçulmano, judeu e hindu e ateu". Que todas as culturas são iguais, que todos os países, inimigos ou não, são irmãos.

Não. Lamentavelmente, não é assim. É hora de escolher lados, não fingir uma imparcialidade inexistente. É Esquerda contra Direita. Hamas contra Israel. FARC contra Colômbia. Terroristas contra Soldados. Fundamentalistas islâmicos contra Ocidente. Al-Qaeda contra EUA. Revolucionários contra Estado de Direito. Totalitários contra Libertários. Yin contra Yang. O Mal contra o Bem.

E você de que lado está?


quinta-feira, 17 de julho de 2008

O problema do mal

O mal existe?

Se Deus é bom, por que existe o mal?

Se não existisse o mal, existiria o bem?

O que significa exatamente ser mau?

Poderia o próprio conceito de "mal" causar mais mal do que bem?

Temos todos uma parte boa e uma parte má?

As pessoas malvadas podem ser recuperadas e tornar-se boas?

O bem sempre vence o mal?

O grande articulista e médico inglês Theodore Dalrymple pesa algumas dessas questões, aqui.


Clipe do desenho "Thundercats". A ótima dublagem do Munn-Ra era do Silvio Navas, que pode ser visto em ação aqui.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Podem ateus e religiosos ser igualmente bons?

Os ateus militantes sempre dizem que um ateu pode ser tão ou mais moral do que um religioso. Dizem, ainda (citando ótima frase de Bernard Shaw que não lembro agora), que se comportar bem só por acreditar no Céu (como prêmio) ou no Inferno (como castigo) até diminuiria o valor das boas ações. E, portanto, o ateu que faz o bem por convicção é mais moral que o cristão que faz o bem por medo de, digamos, queimar em uma fogueira.

Pode ser verdade. De fato, nada impede que um ateu seja tão ou mais bom do que qualquer cristão.

Porém, como argumenta Mary Eberstadt, o que a realidade mostra na prática é que a grande maioria das obras de caridade ou de ajuda ao próximo são ligadas a entidades religiosas. Pesquisas indicam que mesmo as pessoas que doam dinheiro aos pobres ou realizam voluntariado individualmente, de sua própria iniciativa, são também, em sua maior parte, pessoas que seguem alguma religião (o estudo, baseado nos EUA, refere-se principalmente ao cristianismo, embora imagino que possa ser verdadeiro para outras religiões, ainda que eu tenha as minhas dúvidas sobre o islã, a umbanda e a cientologia).

Há freiras e padres que arriscam a vida em regiões inóspitas para ajudar os outros. Deve haver ateus também, mas certamente são em menor número. Eu, agnóstico e portanto em cima do muro, sei que dificilmente seria convencido a viver por anos a fio no meio dos casebres insalubres da África apenas para ajudar alguém que nem conheço. (Sim, eu sei, fazer o bem faz você mesmo se sentir bem. Mas a África fica longe e eu tenho contas a pagar).

De qualquer modo, a tendência indica que pessoas religiosas se preocupam mais com aquelas menos afortunadas, e as pessoas não-religiosas estão mais preocupadas consigo mesmas e com sua vida. Não há nada de errado nisso, é claro. É só uma constatação. Que, de certo modo, vai contra o argumento de que ateus podem ser tão bons quanto cristãos. Podem, sim. Mas poucos o são. Ser bom não é fácil.

Mas será então - usando um argumento darwiniano, ou até dawkinsiano - que a religião não surgiu e "evoluiu" justamente para que os seres humanos pudessem tratar algo melhor os seus próximos, ou com um pouco menos de egoísmo?

É uma pergunta, não uma afirmação. Tampouco sei. Sei só que os mendigos costumam concentrar-se na frente das igrejas, e não na frente do prédio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.