segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ditocracias e demoduras

Uma coisa estranha está acontecendo na América Latina. Os ex-revolucionários esquerdistas estão utilizando elementos da "democracia" (referendos, compra de votos, fraude, decisões judiciais, etc.) para modificar a constituição de seus países e aumentar seus poderes ou permanecer mais tempo no poder ou realizar políticas transformativas inéditas. Do outro lado, um presidente é deposto por militares por desrespeitar a Constituição do país. Quem é ditador, quem é democrata?

Argumento que existem - ou deveriam existir - valores que devem permanecer invariáveis às modas ou desejos do momento. Se El Presidente organiza um referendo de forma anti-constitucional, deve naturalmente ser impedido, tenha ou não apoio popular. Como pergunta o leitor Chesterton, pode um presidente fazer um plebiscito para eliminar a propriedade privada? Bem, poder, pode. A questão é se deve.

Além disso, a democracia é importante, mas não é tudo. Afinal, mesmo mantendo-se dentro dos limites democráticos, um líder pode muito bem fazer grandes estragos em um país. Nossa história que o diga.

Dito isso, tecnicamente o que ocorreu em Honduras tampouco foi exatamente democrático, afinal encerrou precocemente o mandato de um presidente antes do seu término legal. Foi um golpe ou não? Há margem para dúvidas. Não estou muito por dentro do panorama hondurenho, mas, se a descrição do Wall Street Journal estiver correta, não me parece haver tanto motivo para escândalo.

Enquanto isso, Obama, na contramão do povo hondurenho que apoiou em maioria a decisão, criticou bastante o golpe e disse que "não foi legal". Curiosamente, o mesmo presidente albino parece ter criticado Álvaro Uribe por pensar em uma extensão de mandato. Ué. Mas não é o mesmo que o Zelaya queria, de modo muito mais explícito, e contando ainda com perigosa influência externa (chavista)?

Toda a opinião da tal "comunidade internacional", isto é, na verdade, um seleto grupo de políticos palpiteiros na União Européia e nos EUA e na AL, parece ser contrária à demissão do ex-mandachuva hondurenho, o que pode indicar a volta de Zelaya. Mas será mesmo que ele poderia voltar?

É um pouco bizarro que tantos se metam nas decisões da Suprema Corte e o Congresso de Honduras, quando os mesmos tanto hesitaram em criticar algo bem mais nefasto que ocorria no Irã. Pareceria que o ocorrido em Honduras incomoda bastante os progressistas internacionais. Pergunto-me por quê.

Honduras no tempo da democracia Maia.

As velhas abertas da América Latina

Presidente removido em Honduras. Golpe, ou, ao contrário, defesa da Constituição contra atos ilegais? A melhor explicação dos eventos. A resposta de Chávez: cão que late não morde? Obama, aparentemente contrário à remoção do presidente, insiste no diálogo. Enquanto isso, na Argentina, o casal K - amiguíssimo de Chávez - leva pau nas eleições legislativas. Estamos vivendo uma repetição de velhos temas, ou algo novo?

Open thread sobre a América Latina.

Zelaya pede dicas de democracia ao amigo Fidel.

Os gays e o fim da amizade

Li um artigo bem interessante que afirma que o casamento gay é um equívoco e um sintoma da decadência ocidental, quando leis e direitos submetem-se a caprichos da hora. O autor faz uma comparação com a decadente Roma antiga, quando imperadores como Nero e Elagábalus casaram-se com seus escravos. Para o autor, o problema não são as relações homossexuais, que sempre existiram e sempre existirão, mas a destruição do conceito tradicional de casamento em nome de uma fictícia "igualdade". Não sei se concordo, mas o artigo faz refletir.

Mas mais interessante ainda foi a teoria que encontrei em meu passeio diurno pelos lugares mais recônditos da blogosfera, e quem a afirma é justamente uma leitora lésbica: segundo ela, a aceitação do homossexualismo acabou com a amizade masculina. Hein? Explico.

Em "Dom Casmurro" de Machado de Assis, há várias páginas em que o personagem Bentinho comenta a sua grande amizade por Escobar. Hoje já há críticos que vêem aí uma suposta atração sexual, e há mesmo teses de Doutorado sobre o tema, como esta:

Resumo: A partir de uma perspectiva queer desenvolvo uma análise do romance Dom Casmurro centrada no triângulo amoroso Bento-Capitu-Escobar. A ênfase é na homossociabilidade masculina em que o elo entre Bento e Escobar permite compreender as relações nas quais se assentava o patriarcalismo brasileiro da segunda metade do século XIX. A relação triangular permite explorar os limites que marcavam a compreensão das identidades de gênero masculina e feminina e, sobretudo, o temor e a recusa violenta da transgressão da ordem patriarcal da época, quer por uma mulher supostamente adúltera quer por um homem enamorado do provável amante de sua esposa. O vértice do triângulo é sempre um/a Outro/a e por mais que o identifiquemos com uma personagem ela é apenas o simulacro do que sua época e sociedade rejeitavam como desestabilizador da ordem vigente das relações amorosas.
(Esse deve ter tirado 10 só por ter usado a palavra "simulacro". Mas continuemos.)

Montaigne, em seus famosos ensaios, escreveu muitas páginas sobre grande sua amizade com Étienne de la Boetie, em frases tão exaltadas que também há hoje quem o considere um autor gay, não obstante fosse Montaigne conhecido em sua época por ser um mulherengo de marca maior.

Eram tais autores ou personagens realmente homossexuais? É claro que não. É que hoje, a amizade masculina tornou-se problemática. "Aí tem", pensam as pessoas ao ver dois homens que andam sempre juntos. A inocência acabou.

Mas acredito que a leitora lésbica não esteja de todo correta, pois o problema não se restringe à questão homossexual, mas encompassa todas as relações da vida moderna. Tudo é visto como sexual, mesmo o que não é.

Por exemplo, antigamente era natural que um adulto acariciasse a cabeça ou o rosto de crianças estranhas em sinal de afeto. Hoje, se alguém faz isso em um parque e não é o pai da criança, é bem capaz de ser visto como um maníaco sexual.

A liberação sexual, paradoxalmente, transformou tudo em sexo, mesmo o que não era, e assim envenenou as relações não-sexuais entre as pessoas. Ai de você se elogiar sua secretária ou sorrir para sua aluna: é assédio sexual. Nos Estados Unidos, ao menos, chegou-se a um nível de paranóia tal que qualquer olhar ou toque pode ser motivo de processo.

Acredito que o Brasil vai pelo mesmo caminho, embora em sentido inverso: por exemplo, dois juízes, em casos diferentes, já decretaram que um adulto que transa com crianças de doze anos, seja a garota sua "namorada" ou uma prostituta infantil, não é crime. Essa aceitação da pedofilia gera, paradoxalmente, uma paranóia cada vez maior com as relações não-sexuais: qual o pai que em sã consciência vai deixar um adulto estranho chegar perto de seu filho ou filha, sabendo que hoje no Brasil tá tudo liberado?

Batman e Robin: só amizade?

Atualização: o post ficou meio confuso; não tinha um ponto específico, mais citar várias idéias e artigos lidos recentemente sobre a sexualidade na sociedade contemporânea e as mudanças que estão ocorrendo, mas terminou misturando alhos com bugalhos. Aqui o Victor Davis Hanson fala sobre uma questão parecida. Quanto ao casamento gay, parece-me que não é uma questão de "igualdade", esse é apenas o discurso, o que se busca é alavancar minorias com direitos superiores aos demais e destruir os alicerces da sociedade tradicional. Outros se perguntam: será que depois dos direitos dos gays, virão os direitos dos pedófilos, como as notícias linkadas dão a entender? Ou o dos polígamos? Esse é o argumento da "slippery slope". Aqui a La Shawn Barber explica. Links, links, links. E afinal, Batman e Robin são gays?

Alienígenas controlam a Terra

Às vezes penso que é tudo um plano maligno. Que uma raça alienígena substituiu os líderes dos países mais poderosos da Terra por completos imbecis, com o intuito de enfraquecer mortalmente a humanidade, de modo a que não ofereça resistência quando a invasão chegar. É a única explicação possível.

Por exemplo, esse pensamento mágico que todos hoje parecem depositar no "diálogo", mesmo nos momentos mais esdrúxulos.

O Javier Solana, presidente da União Européia, no mesmo dia em que os iranianos acabam de seqüestrar embaixadores britânicos, continua dizendo que "não vai interromper o diálogo". Como pode alguém ser tão burro? O que o Irã precisaria fazer para que o tal diálogo fosse interrompido? Estuprar sua mulher? Imaginemos por um momento que os mulás radicalizassem ainda mais e cortassem as cabeças dos diplomatas ingleses. Quais terríveis medidas os europeus poderiam impor? Ahmadinejad sabe que estão blefando, por isso deita e rola.

Lamentavelmente, hoje os "dialoguistas" não estão só na Europa. Eis aqui o que diz o panaca maligno Axelrod, assessor e mentor de Obama:

"We are not looking to reward Iran. We are looking to ... sit down and talk to the Iranians and offer them two paths. And one brings them back into the community of nations, and the other has some very stark consequences,"

De qual "comunidade de nações" esse idiota está falando? Ela inclui Sudão, Coréia do Norte, Arábia Saudita e Rússia? E quais serão as "dramáticas conseqüências" que se seguirão se o Ahmadinejad continuar espancando o próprio povo e insultando os EUA? Mais outro discurso amoroso de Obama?

Não que eu ache que o diálogo com nações inimigas seja de todo impossível, mas isto é ridículo.

domingo, 28 de junho de 2009

Poema do domingo

[De Safo a uma jovem inculta que não aprecia a poesia]

E morta jazerás: de ti não restará lembrança alguma, em tempo algum,
e nem mesmo compaixão despertarás:
nas rosas de Piéria não tiveste parte. Desconhecida até na casa de Hades
errante esvoaçarás em meio a obscuros mortos.

Safo de Lesbos (612 b.C. ? - 570 b.C.?)

sábado, 27 de junho de 2009

A grande farsa farra do aquecimento global

A mentira precisa continuar.

Enquanto a mídia só falava em Wacko Jacko, o Congresso Americano aprovou o American Clean Energy and Security Act, que entre outras coisas determina o corte da emissão de CO2 em 17% até 2020 e em 83% até 2050. Quais as conseqüências dessa imensa bobagem? Redução do CO2? Energia renovável? Um planeta mais verde e mais feliz? Nada disso. Como bem explica este artigo, as conseqüências reais serão:

1. Transferimento das indústrias "poluentes" para a China, onde a mão de obra é mais barata e não há controle algum do CO2 emitido.
2. Aumento das contas de gás, eletricidade, etc. do consumidor final de classe média, que é quem realmente - como sempre - vai pagar a conta do engodo.
3. Enriquecimento de políticos e de empresários do ramo da "energia verde", que só conseguem competir artificialmente, limitando os outros meios de produção de energia.
4. Piora da crise econômica com menor produção, mais impostos, e perda de milhares de empregos (transferidos para a China).

Por outro lado, alguns espertos vão enriquecer e os restantes otários vão poder sentir-se bem ecológicos.

Uma ecologista feliz.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ready for his close-up

Michael Jackson morreu há poucas quadras do meu atual apartamento. Ontem, helicópteros, carros e multidões faziam um barulho insuportável, e perguntei-me o que estava acontecendo. Só então descobri que o autor de "Thriller" havia morrido no hospital da UCLA.

Foi estranho ligar a televisão e ouvir centenas de personalidades e jornalistas falando sobre as grandes qualidades de Michael Jackson, sobre o seu incrível talento para a dança e a música. Está certo que é justo respeitar os mortos e a tradição é só falar bem deles, mas no caso de Michael Jackson soou um pouco falso. O sujeito, afinal, mesmo para os parâmetros da stardomship americana, tinha se tornado uma lamentável e grotesca figura de circo. A Norma Desmond da música pop.

Talvez a morte de Michael Jackson represente o fim de uma era. Hoje, afinal, não há mais superstars, ou se os há eles duram apenas um par de anos, logo sendo ofuscados pelas novas estrelas do momento. Pense nas maiores estrelas de cinema há meros cinco anos atrás, e tente saber onde elas estão hoje. A segmentação de público gerada pelas novas tecnologias também está acabando com a longevidade e ubiquidade das stars. Curiosamente, foi a própria Internet (o site de fofocas TMZ) que deu a exclusiva sobre a morte, com 45 minutos de antecedência sobre a grande mídia. Mais um "fim de uma era" aí.

Mas será que Michael Jackson não é, no fundo, a vítima dessas mesmas mudanças que ocorreram? Incapaz de manter-se no estrelato apenas com a sua música (para a qual de fato tinha inegável talento), apelava para transformações e comportamentos cada vez mais radicais. Isso sem falar no bizarro aspecto de sua relação com as crianças, nunca definitivamente explicado. Pedófilo ou Peter Pan freak?

Sou daqueles que acompanharam o fenômeno ao longo de suas várias transformações: quando eu estava na escola, Michael, ainda negro, era uma figura cool que fazia sucesso com "Bad" e "Thriller", e todos queriam imitar os seus passos. Quem poderia imaginar naquele momento que tudo terminaria tão mal?

O dinheiro não traz felicidade, diz o ditado, mas não sei se é bem isso. Acho que é o seguinte: o dinheiro (e a fama) aumentam a infelicidade dos infelizes, pois estes procuram compensar com bens materiais aquilo que não podem ter. Sei de um sujeito que, ao ganhar uma insuspeitada herança, abandonou a mulher (namorada desde a adolescência) e os filhos, foi morar com uma garota de 16 anos, entupiu-se de cocaína, comprou dezenas de carros e motos, foi fazendo gastos cada vez mais estrambóticos até acabar com todo o dinheiro, foi finalmente abandonado pela adolescente e terminou suicidando-se. Se Michael Jackson não tivesse todos esses milhões para realizar todo e qualquer capricho, não teria se transformando na figura bizarra que se tornou. Talvez fosse igualmente infeliz, mas não de modo tão público e grotesco. Que a terra lhe seja leve.

You know it's thriller, thriller night.

Atualização: Pronto. Tinha que acontecer: já saíram as piadinhas cretinas sobre a morte de Michael.

Atualização 2: RW lembra da morte de Farrah Fawcet, que ocorreu no mesmo dia, poucas horas antes.


Um tosco blog esquerdista às sextas

Por Marcelo Augusto

O blog tosco da semana é de alguém que, se fosse concorrer na categoria principal, isto é, dos blogões de fato, ganharia todas. Diria que o blog principal dele é hours concours em termos de tosquice blogueana.

Assim dito eis o tosco microblog esquerdista da semana. Não procurem por tags como #Iran, #ElectionsInIran, #Ahmadinejad_Is_A_Murder, #I_Hate_Tyranny ou coisas do gênero. O camarada, no sentido soviético do termo, responsável pelo microblog habita uma dimensão onde, atualmente, nada de errado ocorre no Irã e prefere escrever diatribes sobre o Wilson Simonal e mostrar solidariedade por um blogueiro processado. Atitudes estranhas vindas de um trostkyísta, até pelo fato de essa ideologia gostar de repressão, como ditaduras e perseguições a pensadores independentes. Vai entender esse povo!!

Tags:

#I_LOVE_Ahmadinejad
#FuckDemocracy
#FuckChrist
#FuckMrX
#FuckYou!
#Iran_Is_A_Democracy
#CachacinhaComAhmadinejad
#FuckIran
#LeonTrotskyBeMyGuide
#IdelberSpeak
#MilitanteIslamoNacionalistaMilitar (#terrorista)
#JudeuLegal (#JudeuContraIsrael, #NaomiKlein,
#NormanFinkelstein)
#RevisionismoDaDitabranda (só vale revisionismo de esquerda, claro!)
#USP_Sob_Ataque! (#BaderneirosNãoDeixamOsAlunosEstudarem)
#AnáliseFreudiana (#ComoUsoUmTextoToscoParaExpressarFrustrações)
#U_Iran_Continua_LiNdU!!
#RepúblicaMorumbiLeblon (#DiatribeDeClasse, #QueriaSerComoEles,
#EsquerdismoDeBoutique)
#TerrorismoNoSentidoEstrito (#FuckSderot!, #FuckIsrael, #Embromation)
#Organização_Militante_Assistencialista_Islamo-Nacionalista-Palestino-Militar
(#Hamas)
#Rojões (#SderotFucker, #FuckSderot, #Vergeltungswaffe)
#DireitaAnaeróbica (#QualquerUmQueDiscordeDeMim, #MrX)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A alma do negócio



Dois anúncios publicitários locais chamaram a minha atenção ultimamente. O anúncio acima é uma campanha do novo sanduíche "compridão" do Burger King. Eu poderia, a partir dessa imagem, escrever uma longa análise sobre a sexualização de tudo no mundo moderno, observando ainda que a garota mais parece uma boneca inflável, talvez o único tipo de mulher conhecida pelos nerds publicitários que criaram o comercial. Porém, não vem ao caso. Minha única dúvida é: será que essa propaganda funciona? Afinal, para quem está sendo vendido o sanduíche? Mulheres e crianças não comem hambúrguer?

Outro comercial bastante curioso é o vídeo "viral" abaixo para uma marca de fones bluetooth para celular. No comercial, um homem branco que faz insinuações racistas em uma loja asiática é torturado, espancado e morto, para gáudio dos espectadores. Eu poderia observar como, hoje em dia, o racismo tornou-se o único crime inafiançável e imperdoável, e ser racista é pior do que ser um pedófilo (o que já não é mais crime no Brasil), estuprador ou assassino, mas deixa pra lá. Pergunto apenas: será que o comercial funciona? A quem é dirigido, considerando que a maioria dos compradores de tecnologia são homens brancos entre 25 e 40 anos?


terça-feira, 23 de junho de 2009

Paz, só a dos cemitérios

Enquanto os basijis iranianos davam pau na garotada, Obama só fez tímidos pronunciamentos e disse que não queria se intrometer nos assuntos internos do Irã, país soberano e tal. No entanto, o mesmo presidente mete-se toda hora nos assuntos internos de Israel. Agora afirma que os israelenses não podem mais construir casas para judeus em Jerusalém. Hein?

Mas é isso mesmo. É por essas e outras que segundo recente pesquisa, apenas 6% dos israelenses acreditam que Obama seja pró-Israel. É o nível mais baixo em qualquer administração americana na História do Universo.

Enquanto isso, mesmo depois da morte de Neda e dezenas de outros estudantes nas mãos dos aiatolás, Obama manteve o convite para diplomatas do tirânico regime iraniano assistirem aos desfiles de 4 de julho em embaixadas americanas, pela primeira vez em 30 anos. (Não esqueçamos que os iranianos já aprontaram poucas e boas em uma certa embaixada americana.)

O que Obama espera obter?

Qual o sentido de comprar uma inimizade com Israel, sem ganhar em troca qualquer amizade com os países árabes e o Irã? Afinal, o Ahmadinejad já afirmou que não vai aceitar os EUA no seu "círculo de amizades"; os americanos continuam sendo odiados na maioria do mundo árabe, e mesmo os palestinos têm uma visão negativa do país. Não há como contentar esse pessoal. Ressentidos nunca agradecem.

Talvez seja o momento de esclarecer alguns mitos, isto é, de repetir obviedades.

1) Israel é um país minúsculo, menor do que o Sergipe (menor estado brasileiro), e cercado de inimigos vinte vezes maiores. Não representa qualquer ameaça à "paz mundial". Quando luta, é para sobreviver.

2) Muitos - inclusive muitos israelenses, e grande parte dos judeus americanos - acreditam que a paz entre Israel e palestinos seja uma espécie de "Holy Grail" que vai trazer a resolução total de todos os conflitos entre Ocidente e Islã, entre países árabes e resto do mundo. Lamento afirmar, mas é bullshit. A questão palestina é irrelevante, irresolvível e inútil. Mesmo que se crie um "Estado Palestino", não vai trazer paz para o mundo, não vai trazer paz entre países islâmicos e Ocidente, e não vai nem mesmo trazer paz entre o tal "Estado Palestino" e Israel. Aliás, vai ser mesmo contraproducente, só vai aumentar ainda mais os conflitos. É como disse algum sábio cujo nome não lembro, se não existe paz nem mesmo entre árabes e árabes, como esperar que haja paz entre árabes e judeus? Nunca vai haver. Não neste milênio, ao menos. Desculpem o pessimismo, mas é isso mesmo. Paz no Oriente Médio, só a dos cemitérios.

3) No entanto, como a crise econômica é um problema tão irresolvível quanto, todo presidente americano que quer desviar a atenção do povo para problemas externos termina metendo-se de uma forma ou outra no conflito. E claro, todo presidente americano, de Carter a Bush, acredita que vai ser O Cara que finalmente vai trazer a Paz entre Israel e palestinos, para sua grande glória de estadista. Obama não é diferente: já prometeu que a criação do Estado Palestino ocorrerá em um ano. Vamos aguardar sentados deitados, pois de pé cansa.

4) Mas por que tanta ênfase contra Israel e tão pouca contra o Irã? Uma das explicações possíveis é que Obama, sendo um esquerdista criado no colo de Frank Marshall Davis e Saul Alinski, como todo esquerdista admira a violência e a repressão dos tiranos. E isso explica também porque a esquerda admira o Islã. Como bem explica aqui Lee Smith, não é que o gay comunista Foucault estivesse "equivocado" ao apoiar a Revolução Islâmica de Khomeini que iria matar tantos comunistas e tantos gays: ao contrário, apoiou Khomeini porque esquerdista tem fascinação por violência e tirania, especialmente se for antiocidental. É a mesma razão, aliás, pela qual Idelber e cia adoram os homens-bomba palestinos, e os fanáticos religiosos do Hamas que odeiam gays. Tudo o que é violentamente antiocidental, é bom. É o "grito dos excluídos".

5) A outra explicação, é claro, é que Obama seja um muçulmano enrustido, que prefira o Irã dos aiatolás ao Israel dos judeus, e queira mesmo assistir de camarote à destruição do maldito estado sionista.

1979. Da esquerda para a direita:
Lula, Obama, Ahmadinejad, Idelber e Sarkozy.

Um bicho às terças


Quase não mais faço os bichos às terças, um pouco por preguiça e um pouco por não encontrar bichos realmente diferentes ultimamente. Mas não daria para deixar de fazer um post sobre o narval (Monodon monoceros).

Também conhecido como "unicórnio dos mares", o narval é um cetáceo, isto é, um mamífero parente dos golfinhos e das baleias (aliás é considerado um tipo de baleia), com a diferença que tem uma espécie de chifre em forma de parafuso.

Não se sabe bem para que serve o tal chifre, que na verdade é um dente, e que raramente é usado para lutas ou para obter alimento. Alguns cientistas acreditam que tenha uma função ligada à hierarquia sexual. Um símbolo fálico, se quiserem.

O narval é o mamífero marinho que mais fundo consegue submergir, chegando a profundezas de 1500 metros, e permanecendo por mais de 25 minutos sem respirar. Alimenta-se de peixes e frutos do mar.

Os narvais vivem em uma região geográfica limitada do Ártico, entre Groenlândia e Canadá. São animais sociais que vivem em grupos de 5 a 10 indivíduos. No verão, costumam reunir-se em grupos ainda maiores e esfregar os "chifres" de uns contra os outros. De novo, a explicação de alguns cientistas é que seria para manter a hierarquia. Isto é, medir o tamanho do instrumento de cada um.

domingo, 21 de junho de 2009

The Revolution will not be Twitterized?




Enquanto a obrigatoriedade de diploma para jornalistas é apenas agora abolida no Brasil, no resto do mundo a preocupação nem é se jornalistas devem ou não ter diploma - mas sim, jornalistas são ainda necessários?

O regime iraniano proibiu a cobertura jornalística, mas isso não impediu que o mundo tivesse acesso a vídeos e informações através do Twitter, Facebook, Blogger, Youtube.

Uma narrativa desconjuntada, é verdade, mas talvez por isso mesmo mais real.

Nem todos concordam, é claro. Eu pessoalmente, embora veja a sua utilidade, considero o Twitter (que não utilizo) algo dispersivo e confuso, com mais rumores e spam do que informação verdadeira.

Já um interessante artigo do Times of India diz que os Twitteiros, apesar das boas intenções, são irrelevantes na desigual luta contra o regime: nada vai mudar. A Revolução não será twitterizada. Ou será? Mas é uma Revolução, ou é o quê?
(Uma das poucas coisas indiscutíveis que pode-se concluir por enquanto é que as mulheres iranianas estão entre as mais bonitas do mundo. Não dá para entender porque os malditos mulás as querem cobrir da cabeça aos pés.)

Algumas das melhores informações e comentários sobre o assunto vêm dos blogs, mesmo na mídia brasileira. O do Pedro Doria (que é jornalista), mas também blogs de não-jornalistas como Bruno (não o personagem do Sacha Baron Cohen, mas o blogueiro do Milliway's Lounge), que afirma:
No Irã, os protestos já há muito trancenderam a disputa politica entre duas vertentes do regime. Há uma proto-revolução no ar (os revolucionarios não sabem ainda que são revolucionarios). Ela não é secular, mas é antitotalitaria. A principio, tudo sugere que está fadada ao fracasso; mas após a votação tudo sugeria que os protestos seriam limitados ao relativamente abastado norte de Teerã; que não durariam mais que um ou dois dias; que seriam esquecidos pelo mundo quando a imprensa internacional fosse impedida de transmiti-los pela televisão; e que seriam superados pelo poder de mobilização da mídia e logística estatais. Mas apesar de tudo, os iranianos continuam marchando. Os protestos continuam, e o regime dá mostras de nervosismo.

De qualquer maneira, tais imponderáveis não importam no cálculo moral. Quando, dia após dia, milhares de pessoas saem às ruas pacificamente para para exigir o direito de escolher seus governantes, correndo os riscos inerentes ao enfrentamene com um regime autoritário, elas merecem apoio, seja sua causa quixotesca ou não.

Por outro lado, um outro blogueiro europeu que descobri agora, mais pessimista, compara os protestos atuais com outras situações históricas como Hungria, Romênia, República Tcheca, e prevê que Ahmadinejad e Khamenei vão vencer a parada, por um motivo muito simples: têm as armas na mão.

A conferir ainda o sempre interessante Spengler bem como o Richard Fernandez do Belmont Club.

De qualquer modo, é fato que o modo de transmitir informações mudou radicalmente, e deve mudar ainda mais. O jornalista tradicional é uma figura tão arcaica quanto o escriba após a invenção de Gutenberg.

Morte à tirania!

A imagem de Neda Soltani corre o mundo. O pior é que a moça nem ao menos participava ativamente dos protestos: apenas assistia, ao lado do pai. Foi alvejada por um basij.

Só há uma resposta possível a isso. Morte a Khamenei. Morte à tirania dos aiatolás. Pela liberdade do povo iraniano!

Obama condenou a violência, mas do seu modo neutro, calculador. Falou em "comunidade internacional". Você já ouviu algum outro presidente americano que fale tanto em "comunidade internacional"? Preste atenção. Ele raramente fala em nome dos EUA ou da América. Fala em nome de si mesmo ou da "comunidade internacional". Como se fosse presidente do mundo. Observe ainda que seus pronunciamentos foram todos feitos de acordo com as notícias que iam chegando. Primeiro celebrou o "robusto debate" da eleição. Mesmo quando a fraude já era óbvia, ainda assim falou que estaria disposto a dialogar com o vencedor. Somente quando a brutalidade da repressão começou a ficar óbvia demais é que fez um pronunciamento contrário à violência, mas, mesmo assim, um pronunciamento morno, que nem ao menos foi lido pessoalmente. Um presidente com princípios teria agido de modo diferente, mas Obama tem princípios? Acredita na democracia? Acredita nos EUA? Francamente, não sei.

Amahdinejad, de qualquer modo, respondeu com desprezo. Criticou EUA e Inglaterra (?) e falou que quem critica o Irã não será incluído no seu "círculo de amizade". Como se alguém quisesse amizade com um assassino de adolescentes.

Enquanto espanca o próprio povo, a corja no poder do Irã planeja um exercício militar ousado a partir de segunda-feira, com os olhos voltados para Israel. Como se nada estivesse acontecendo no próprio país.

Os protestos continuam. A filha de Rafsanjani foi presa. A população continua sento atacada a tiros e gás. Mais jovens foram mortos hoje.

Só há uma resposta a isso. Não é o "diálogo" com assassinos. Não é a "paz" com torturadores. Não é a "amizade" com canalhas.

Pelo fim do regime islâmico no Irã! Morte à tirania! Morte a Khamenei e Ahmadinejad! Liberdade para o povo persa!

Poema do domingo

Revolution is the Pod
Systems rattle from
When the Winds of Will are stirred
Excellent is Bloom

But except its Russet Base
Every Summer be
The Entomber of itself,
So of Liberty --

Left inactive on the Stalk
All its Purple fled
Revolution shakes it for
Test if it be dead.

Emily Dickinson

sábado, 20 de junho de 2009

O Irã é aqui

Aiatolá Idelber Khamenei? ;-)

(ainda estou esperando algum post lá sobre a crise iraniana)

Paraíso ou campo de concentração?

Tramandai? Capão da Canoa? Xangri-lá? Floripa? Leblon? Santa Monica Beach?




Nada disso. As fotos acima mostram o fim de semana em Gaza. Sim, o mesmo lugar que os pró-palestinos afirmam que é um "campo de concentração a céu aberto" onde as criancinhas morrem de fome devido ao "bloqueio" e os adultos sofrem tanto com a "ocupação" que não têm mais remédio do que se explodir em uma pizzaria cheia de civis...

Na foto abaixo talvez dê pra perceber a localização com maior clareza (são as moças da ala feminina do Hamas construindo um castelo-bomba de areia, observem os túneis para contrabando de explosivos). ;-)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A esquerda e o Irã



Mousavi é de esquerda e Ahamadinejad é de direita, ou é o contrário? Khamenei é "conservador" e o pessoal que protesta é "liberal"? Por que a esquerda em peso apóia Ahmadinejad, que segundo a mídia seria "conservador" e "de direita"? Por que Chávez e Lula foram enfáticos ao apoiar o regime vigente e afirmar que "não houve fraude", e por que os comentaristas de esquerda apoiam em peso a soturna figura de Ahmadinejad?

A resposta é simples, mas exige uma compreensão do que realmente significa "ser de esquerda", pois mesmo muitos esquerdistas não tem essa compreensão. Consideram-se "de esquerda" sem saber exatamente a que carroça estão atrelados.

A esquerda quer a destruição do Ocidente tradicional e seus valores, simples assim. Esse é e sempre foi seu objetivo, ontem através da luta de classes, hoje através do ressentimento racial, ontem através da luta armada, hoje através da infiltração gramsciana, mas o objetivo é o mesmo sempre - destruir o odiado Ocidente tradicional e suas patéticas tradições "burguesas", "imperialistas", "racistas" e "patriarcais".

Desse modo, Ahmadinejad e Khamenei são "conservadores", mas conservadores do sistema teocrático islâmico e, portanto, inimigos declarados do Ocidente. O que eles querem "conservar" não é de modo algum o que os conservadores ocidentais querem conservar.

Isso explica por que a esquerda apóia os mulás mais radicais - simplesmente porque são os que tem o discurso mais agressivo contra o Ocidente.

Como diz um comentarista lá no blog do PD:
Pedro Dória, o lider iraniano é a esquerda nacionalista. Acorda, camarada! A cãodidato derrotado pelo Islã e pelos que entendem a necessidade manter o satatu quo, são a direita porque estão atrelados ao jogo do capital sem pátria. É muito simples. Estamos em guerra, Pedro!
Quer saber? Ele tem razão.

Um tosco blog esquerdista às sextas

Por Marcelo Augusto

[Mr X: Segundo post da série, contribuição do colega Marcelo Augusto. Divirtam-se!]

O blog tosco da semana tem ares cinematográficos de faroeste macarrônico. Por favor, DJ do Blog do Mr. X, trilha sonora de Enio Morricone. Atenção leitores e leitoras, preparem-se para o aterrorizante... ¡Viva Chávez, Viva! Talvez isso seja uma referência direta ao icônico e caudilhesco filme ¡Viva Zapata!. Pelo menos ambos possuem alguma semelhança, eis uma sinopse tosca do filme:

Zapata é parte de uma delegação enviada para reclamar das injustiças junto ao Presidente Porfírio Díaz, mas Díaz não liga muito para as reclamações. Como resultado, Zapata é levado a rebelar-se abertamente, juntamente com seu irmão, Eufemio. Ele encontra-se no sul e Pancho Villa ao norte une-se sob a liderança do ingênuo reformador Francisco Madero.
Qualquer semelhança com a última década da América Latina, é mera coincidência.

O post que mais impressiona é intitulado de Revolução Quilombolivariana, um crossover entre um movimento de pessoas a favor de criar uma classe de privilegiados seguindo critérios raciais e o que de mais bizarro já saiu das mentes latino-americanas depois do "livro" As Veias Abertas da América Latina (América Latinha, seria mais apropriado). Tanto um quanto outro (e o livro também) não passam de vitimismo barato criado nas mentes desocupadas de parte da classe média esquerdófila-latino-americana-terceiro-mundista-suburbana.

Geralmente, esses mentores intelectuais por trás desses movimentos querem mudar o mundo e a lei da gravidade, porém a maioria mal consegue tirar a barba e/ou tomar um banho corretamente. Entrem em uma sala de DCE de uma típica federal brasileira e vocês terão melhor noção do que estou falando. Parece que a revolução bolivariana começará sem sabonete. Até prevejo como os bolivarianos irão reagir (perante a "burguesia") caso venham a triunfar: "A República Socialo-Comuno-Bananista-Bolivariana não precisa de sabonetes! Não nos entregamos a essas práticas pequeno-burguesas que é tomar banho, escovar os dentes e usar shampoo! "E viva o socialismo bolivariano do Século 21! Viva! E viva a Palestina! Viva! Viva Zapata! Viva o Blog do Mr. X, esse direitista anaeróbico!!!". No vídeo anterior, Pancho Villa fala ao vivo e em cores sobre a destruição do Estado de Israel e a solidariedade aos terrorist... quero dizer, ao povo palestino. Coitado do professor de origem judaica que se pronunciou antes... Tsc, tsc, tsc...

Mas... vamos à revolução quilombolivariana. Que se iniciem as diatribes!

Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano[...]
[Mr X: percebo com alarme que não há um único ponto final em todo o trecho, trata-se de uma única frase, e incompleta aliás. Estranho.]

É estranho como o ódio tem um papel crucial na estrutura mental esquerdista. É um ódio que os esquerdistas mais sofisticados considerariam como ódio do bem (parente não muito distante da famosa corrupção do bem -- cortesia do PT e mensaleiros), uma idéia nada bizarra para essa estrutura mental que quer combater, por exemplo, o racismo com mais racismo e coisas tais. Esse suposto alinhamento esquerdista aos negros, índios, mulatos, marrons-bombom, browns e qualquer cor que não a branca não passa de desfaçatez para tocar adiante a máquina de vitimismos da esquerda. Não é uma questão de trazer essas pessoas à uma condição de cidadania mais digna, porém de convertê-las em militantes de causas impossíveis.

Eternos militantes desumanizados e convertidos em meros números que lutarão para todo o sempre por uma causa que jamais sairá do futuro do pretérito. Isso esconde uma crueldade bastante sutil e, ao mesmo tempo, brutal: Esses mentores intelectuais, por trás desses movimentos, preferem, bem mais, manter e aprofundar uma condição indigna para um nosso concidadão a tomar medidas mais simples e pragmáticas que poderiam, de fato, surtir efeitos mais compatíveis com a realidade. Não esperem nada de produtivo proveniente de cabeças que incriminam os méritos individuais e a geração de riqueza através dessas habilidades.

Oh! A sociedade capitalista euro-americana. Mas não é exatamente essa sociedade que é tão execrada e atacada por gente da estirpe dos bolivarianos? Ao menos uma coisa eles admitem: Essa sociedade produz benefícios. Então, que tal adotar valores semelhantes e deixar de lado os caudilhos junto com todo o ideário bananeiro?

Outro trecho:

[...] que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina [...]

[Mr X: Aqui também não tem ponto final nem a frase termina.]

Eita! Mais um pouco e o autor disso vai para uma universidade norte-americana dar aulas. Imaginem os bolivarianos no poder mundial, os valores que eles iriam propalar seriam quais? Pelo menos no mundo capitalista o indivíduo tem liberdade de, por exemplo, comprar papel higiẽnico por conta própria, sem ter que ficar em uma fila quilométrica para ganhar do governo um pedaço de papel para toda a família.

[...] tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada a elite mundial, é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo [...]

[Mr X: Uau! Um parágrafo-frase de dez linhas. Influência de James Joyce, ou tosquice mesmo?]

Esse pessoal tomou o kool-aid! A culpa sempre é dos outros. No que vai acima, há uma mescla de ódio pela ditadura militar (algo compreensível, sobretudo para um partidário da democracia, coisa que essa gente não é), pelo governo FHC (o governo que fez os avanços mais significativos nos últimos 25 anos do Brasil, vide Plano Real) e por refugiados do nazismo, como judeus (anti-semitismo?). No fundo, o trecho acima é apenas ódio e inveja sublimados em uma ideologia que, se tiver a
chance de ser posta em prática, será das mais mortíferas.

Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história do nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Oswaldão líder da Guerrilha do Araguaia.

[Mr X: Uau! Um parágrafo-frase de nada menos que onze linhas e quase sem vírgulas. Agora fica claro que o tosco autor certamente foi influenciado por Joyce, até pela criação de brilhantes neologismos como "quilombolivariana" (genial!) e o jogo de palavras "construí dor" (entenderam?)]

Qual seria o problema de a revolução quilombolivariana lutar por melhores condições para todos aqueles que se encontram sem semelhante condição socio-econômica? Seria mais cívico e democrático. Os quilombos/mocambos do Brasil colonial tinham um senso, ainda que inconsciente, de democracia bem maior do que esses movimentos raciais atuais, pois acolhiam no seu seio pessoas das mais diversas cores, brancos, negros, mulatos, índios e etc. que se encontrassem em situação difícil. É que nessa época passada, havia uma grande diferença: Não havia uma esquerda tosca para sequestrar as demandas das minorias e convertê-las em causas impossíveis.

Pobre Simón Bolívar! Era um homem liberal no sentido iluminista do termo, mas, hoje, tem seu nome deturpado por meia dúzia de caudilhos bananeiros. Che Guevara, sem comentário! Um homem que ajudou a escravizar uma ilha inteira em nome da revolução socialista. Bah... a guerrilha do Araguaia, por acaso, queria democracia ou uma ditadura comunista?
Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma, não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que nos discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares.
Hehehehehe!! Isso é muito tosco! Digam-me: Chávez e Morales querem jogar dentro da democracia, respeitando o livre mercado e as liberdades individuais? Ou o que eles querem é arruinar a frágil democracia de seus respectivos países ao ponto de apenas uma pequena casta de privilegiados posder pagar por coisas como água potável e papel higiênico?

¡Viva Zapata! Viva!

[Mr X: Viva!]


quinta-feira, 18 de junho de 2009

A culpa é das facas

Primeiro o governo britânico acabou com a possibilidade dos civis ingleses terem armas de fogo em casa. Curiosamente, a violência não diminuiu. Ao contrário. Nos últimos anos vem ocorrendo uma série de ataques de gangues e homicídios e ataques violentos com facas. A reação do governo inglês? Culpar as facas, é claro.

Depois de várias medidas fracassadas tentando proibir a posse de canivetes e similares, agora os ingleses estão lançando a "faca anti-esfaqueamento". Isso mesmo. Uma faca de ponta redonda que, se os inventores conseguirem seu desejo, será obrigatória em toda cozinha inglesa.

Segundo a reportagem, o "revolucionário" design levou quatro anos (!) para ser desenvolvido. Quatro anos para inventar uma faca de ponta redonda? Curiosamente, embora não possa esfaquear, pode perfeitamente ser usada para degolas, mas isso poderá ser resolvido com a futura revolucionária invenção de uma faca sem fio.

(Ah: há boatos de que, como medida auxiliar, o governo inglês também está pensando em oferecer descontos no preço da faca para membros de gangues ou psicopatas... Como diria o Garrincha, a idéia da faca não-letal até que é boa, mas faltou combinar com Jack the Ripper.)

É um pouco deprimente observar a insanidade que tem tomado conta das elites políticas ocidentais. Observem que, entre os recentes assassinatos por motivo fútil ocorridos na Inglaterra, dois dos mais chocantes não envolveram facas: em um caso, um garoto de 16 anos foi morto com uma bandeja de vidro; em outro, um homem foi morto por adolescentes a meros pontapés. Deveria o governo proibir bandejas e coturnos? (Ah, em ambos os casos os assassinos eram imigrantes ou descendentes de imigrantes, mas ninguém vai sugerir proibir a imigração, isso não. Tampouco a impunidade e a leniência cada vez maior com os crimes violentos tem algo a ver. É tudo culpa das malditas facas.)

Em notícia aparentemente não relacionada, mas que tem tudo a ver, informa-se que a polícia inglesa está parando e revistando brancos sem motivo algum, ou melhor, com um motivo preciso: tornar mais politicamente corretas as estatísticas, para que ninguém pense que esse negócio de terrorismo tem a ver só com muçulmanos.

O aumento do progressismo a nível mundial coincide com o aumento do crime a nível mundial. Será mera coincidência?

Quando a realidade não confirma a delirante visão de mundo do progressista, não é que ele mude a sua visão de mundo: ao contrário, tenta desesperadamente mudar a realidade. Mas com esse exercício inútil só consegue torná-la ainda pior.

A incrível faca anti-esfaqueamento.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Professores de suicídio

Imagine que um professor português viesse ensinar no Brasil e disesse em suas aulas que os brasileiros são todos travestis ou viados, que o Carnaval é uma pouca vergonha, que a coisa mais avançada da cultura nacional é o funk carioca, e que os portugueses brancos é que são os legítimos donos do país, mas perderam a possse da terra à qual tinham direito com a famigerada independência do Brasil.

Ridículo? Impossível? Talvez. No entanto isso ocorre toda hora nos Estados Unidos.

Em uma universidade não muito distante, há um professor mexicano que, na sua aula de História, afirma que os americanos são genocidas, que sua cultura não presta, que eles exterminaram os índios, que as próprias reservas indígenas e os direitos que deram posteriormente a eles foi apenas uma forma de humilhá-los ainda mais, que a Califórnia pertence ao México e foi "roubada" pelos americanos, que os mexicanos são vítimas do imperialismo, colonialismo, que tudo é culpa da propaganda capitalista que pinta os mexicanos como "preguiçosos" e "vagabundos" e blablablá.

O próprio Idelber, também professor estrangeiro nos EUA, vive espinafrando o país. Não tanto quanto espinafra Israel, mas enfim, já falou até no peru de Thanksgiving como símbolo de genocídio.

São apenas alguns exemplos entre milhares. Com efeito, é difícil é encontrar um professor que não seja esquerdista. Os mesmos que reclamaram por anos da "tirania" de Bush ficam silenciosos em frente ao que está acontencendo em uma tirania muito mais real, seja no Irã, no Sudão ou em Burma.

Sei que tal postura tem a ver mais com ideologia do que com nacionalidade ou cultura - afinal, há professores americanos que criticam violentamente os EUA, há professores judeus que criticam incessantemente Israel. Mas uma coisa é o sujeito fazer propaganda antiamericana em um cursinho pré-vestibular em Mogi das Cruzes. Agora, quando um sujeito desanca injustamente com calúnias o país estrangeiro no qual ganha seu dinheiro e que lhe deu a oportunidade de trabalhar e progredir, parece-me, além da questão ideológica, no mínimo uma falta de educação intolerável.

Ou estou errado?

Enfim, cada um tem seu gosto.

O problema disso tudo é que um dia no futuro os alunos vão ficar com o cérebro tão lavado pela propaganda esquerdista que terminarão por eleger para a presidência do próprio país um queniano de origem muçulmana formado em Harvard que vai implantar políticas socialistas no país, levando a economia para o ralo...

Talvez os esquerdistas locais acreditem que, uma vez que os Estados Unidos não forem mais os fortões prepotentes do mundo, as pessoas vão amá-los mais. Mas não acredito nisso de jeito nenhum. Vejam que, mesmo com Obama no comando, o Irã continua gritando "morte à América", e os ditos países emergentes apostam contra o dólar, na esperança de ferrar com a economia americana ainda mais.

Quando a cow americana for para o swamp, ninguém vai ter peninha dos EUA não. Vai todo mundo passar por cima, e ainda dizer bem-feito, seus imperialistas safados.

Quão livre é uma nação?

Como medir o nível de liberdade de uma nação? Afinal, o fato de ter ou não eleições nem sempre é o melhor guia. Há eleições no Irã, há eleições em Cuba, há referendos na Venezuela, e no entanto não são os países mais livres do mundo, de modo algum.

Theodore Dalrymple uma vez observou que sentia-se mais livre nas ditaduras latinoamericanas dos anos 70 do que na Inglaterra de hoje. Certo, ele não podia gritar "Abajo el dictador!" nas ruas, mas fora isso, poderia seguir a vida sem ser importunado. Acredito que no Brasil, durante a "ditabranda", ocorria um fenômeno similar. Bastava o sujeito não se meter (muito) com política, e podia ter uma vida tranqüila, sem que o regime fizesse grande diferença na sua vida. Hoje a esquerda fala do período ditatorial de 1964-85 no Brasil como se tivesse sido o inferno na Terra, e talvez tenha sido - mas apenas para eles. Para o resto das pessoas, não foi muito pior nem melhor do que outros tempos. Afinal, nem foi a primeira nem a mais violenta das ditaduras brasileiras, certamente foi a menos violenta das ditaduras latinoamericanas do período, e, em termos de insegurança ou de corrupção, os dias de hoje são bastante mais negros.

Mas voltemos à pergunta inicial: como medir a real liberdade de uma nação? Acho que pelos entraves que coloca ao indivíduo. No Irã, por exemplo, não pode-se dançar na rua, não pode-se beber álcool, o governo controla o modo em que você se veste, com quem sai, com quem fala, o que escreve nos blogs, etc. Na Alemanha Oriental, bem, quem assistiu "A Vida dos Outros" pode ter uma idéia do nível de vigilância que ocorria ali sobre o indivíduo.

Mas mesmo em países desenvolvidos ocidentais atuais como Inglaterra, França e EUA, o Estado controla cada vez mais o que o indivíduo faz ou diz - claro, em nome de coisas supostamente boas como a "ecologia", o "direito das minorias", a "diversidade", o "racismo", etc. Mas que há controle, há. Nos EUA, além da intervenção absurda que está fazendo na economia, Obama tem planos até de impor legislação contra o "hate speech", o que iria contra a total liberdade de expressão até agora existente na América graças ao "first amendment".

Mas talvez haja um outro modo de medir a liberdade de uma nação: pela possibilidade ou não de realizar piadas em público sobre aqueles que governam. Não é possível fazer piada com os presidentes do Irã ou do Egito (em ambos países há blogueiros presos por textos satirizando ou ridicularizando seus mandantes).

Nos EUA, felizmente, ainda é possível fazer piada com Obama. Seguem algumas para descontrair.

* * *

Entra Obama em um bar com um papagaio no ombro. O barman pergunta, "onde você descolou isso?" "Quênia," responde o papagaio.

Qual a diferença entre Obama e Deus? Deus só exige ser reverenciado um dia por semana.

Qual a semelhança entre Obama e Deus? Nenhum dos dois tem um certificado de nascimento.

Por que Obama se candidatou pelo Partido Democrata? Porque o Partido Comunista já tinha candidato.

As melhores coisas da vida são de graça, mas o governo Obama está estudando um jeito de cobrar imposto.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Teorias sobre o Irã

O que está realmente acontecendo no Irã? Algumas teorias.

1) Uma disputa interna entre duas facções de mulás pelo poder, cujo resultado é irrelevante para o público em geral. Mousavi, afinal, não é nenhum revolucionário, nem mesmo o "reformista" vendido pela mídia, é "um antigo primeiro-ministro de Kohmeini, responsável pela execução maciça de opositores políticos na década de 80 (20 mil? 30 mil?)", ou seja, é tão parte do sistema quanto Amadinehjad. Trata-se apenas de uma briga pelas benesses e dinheiro que o poder político trazem. Nessa hipótese, os protestos da população urbana, cansada do regime, são apenas um efeito colateral indesejado.

2) Um truque ilusionista de proporções mundiais: na verdade, a idéia dos mulás é colocar no poder Mousavi. A fraude e os conseqüentes protestos foram orquestrados pelos próprios mulás, de modo a garantir a Mousavi sua imagem de "herói do povo" e líder popular contrário ao "truculento" Amahdinejad. Após uma falsa recontagem de votos, Mousavi assumiria o poder, visto como um candidato reformista provado nas ruas, mas que na realidade representa a continuidade do mesmo regime, com mudanças meramente cosméticas. Esta teoria, no entanto, suporia que os mulás tem pleno controle sobre todas as suas facções, o que não é de modo algum certo.

3) Uma luta real entre "reformistas" e "conservadores", como nos informa o Pedro Doria. Parece-me a menos provável das hipóteses. O grande problema da imprensa ocidental é que tende a enxergar tudo sob olhos ocidentais, como se as eleições em Teerã fossem como as de Washington ou São Paulo. Não são, não. O regime é que decide quem pode se candidatar e quem não; o Líder Supremo em teoria pode até ignorar o resultado dos votos e nomear quem ele achar melhor; e os próprios conceitos do que significa "conservador" ou "reformista" por lá não são os mesmos dos nossos. Segundo notícias, vários próprios jovens que protestam "contra o regime" levam fotos de Khomeini e gritam "Alá Ackbar". Ou seja, com Mousavi ou Amadinehjad, vai continuar a mesma droga, ao menos até o caráter "islâmico" do regime não ser destruído.

4) (Atualização) Faltou uma teoria: "tudo é culpa de Israel."® Na verdade, não houve fraude alguma, trata-se apenas de um maquiavélico plano Sionista de utilizar o Twitter para desestabilizar o Irã. Sério.

Democracia iraniana

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Irã e a Internet

Os protestos continuam no Irã, já com ao menos um morto, ou, segundo outras fontes, com dezenas. Fotos dos protestos ao vivo de Teerã aqui. O Bruno Mota tem dois excelentes artigos sobre o tema, em "Nunca compre uma rifa de um Aiatolá". De qualquer modo, a prova mais coerente para a existência de fraude me parece a seguinte - cadê os manifestantes pró-Amahdinejad celebrando nas ruas a "vitória"? Só se vê a polícia e o governo contra os manifestantes.

Que houve fraude ou algum outro tipo de manipulação é bastante claro. A grande dúvida é por que os mulás determinaram - ao custo de conflito interno e repercussão negativa externa - a vitória do polêmico Ahmadinejad, quando um falso moderado como Mousavi poderia tornar mais fácil o falso diálogo com Washington e a aquisição de armas nucleares e, por extensão, a permanência eterna do regime? Alguns acreditam que se trate de uma disputa interna entre dois grupos de mulás, ou entre os mulás tradicionais e os "neo-mulás", isto e, entre as lideranças religiosas tradicionais e a Guarda Revolucionária. Spengler tem outra teoria, que relaciona os eventos em Teerã com os eventos em Islamabad e no grande contexto de sunitas versus xiitas no mundo islâmico.

Idiolber, enquanto isso, fala sobre... música popular. O único momento em que menciona o Irã é com um link, "A reeleição de Amahdinejad e a hipocrisia de Israel". Não li, mas o título basta. É impressionante! Esse pessoal não consegue criticar os fanáticos islâmicos e/ou Amahdinejad. Não só isso, como ainda aproveita o evento para criticar Bush, Israel, o "capitalismo", etc. E depois ainda têm coragem de criticar a ditadura brasileira e exigir bolsa...

As declarações de Lula de que "É uma votação muito grande para a gente imaginar que possa ter havido fraude”, então, são de doer. Poucas vezes um presidente de qualquer país do mundo disse tanta besteira junta. Obama chegou perto: mas, depois de celebrar o "robusto debate" das eleições iranianas, preferiu ficar calado. Por ora, não saiu uma única crítica do seu governo à violenta repressão dos mulás.

Surpreende - ou não - a grande participação das mulheres nos protestos.

Do meu modesto ponto de vista, de certa forma, quanto pior melhor. Mesmo que os protestos terminem nos próximos dias, a disputa interna enfraquece o regime dos aiatolás e apressa o seu fim.

domingo, 14 de junho de 2009

Poema do domingo

Acorda... e olha como o sol em seu regresso
vai apagando as estrelas do campo da noite;
do mesmo modo ele vai desvanecer
as grandes luzes da soberba torre do Sultão.


Omar Khayyam (1048-1123)

sábado, 13 de junho de 2009

Eleições no Irã e a "vontade do povo"

Amadinehjad foi "reeleito", quase certamente com a ajuda de uma pequena fraude, e o Irã está literalmente pegando fogo.

A administração Obama está num dilema. Queria negociar com o Irã. Porém, com censura e estudantes levando pancada na rua, fica mais difícil fingir que o sujeito é "moderado" e só quer "dialogar". Obama vai ter que endurecer, ou passar por otário. Talvez prefira passar por otário, mas o resto do mundo não vai acompanhar - nem mesmo os países árabes sunitas, que estão cada vez mais preocupados com a beligerância persa xiita.

Ao contrário do que poderia parecer, talvez a situação seja melhor para Israel também. Um falso moderado (não existem reformistas reais no Irã, já que quem manda mesmo é o Ali Khamenei e seus 40 aiatolás) deixaria o mundo menos preocupado com os iranianos e suas bombas nucleares. Do jeito que está, com a ditadura escancarada mesmo para o mais ardente esquerdista, justifica-se cada vez mais um ataque preventivo às instalações nucleares ou, quem sabe, ao próprio governo dos aiatolás (não custa sonhar).

Outra opção seria uma revolução popular no Irã, mas é pouco possível que esta funcione. Quem detém as armas detém o poder (e é por essa razão que uma das primeiras coisas que os ditadores fazem ao tomar o poder é tirar as armas da população). Além disso, a maioria dos descontentes são o pessoal que mora na cidade (e por isso todo o conflito centra-se em Teerã), mas nas zonas rurais miseráveis o regime ainda tem apoio (faz lembrar um outro longínquo país...).

O que é espantoso, mesmo, é o apoio irrestrito que Amadinehjad tem entre os esquerdistas. Só com esse público Amadinehjad é unânime. Fico impressionado. Prova de que tem gente que gosta mesmo é de um ditador, seja de que tipo for.

Agora, uma coisa que é preciso dizer é o seguinte: mesmo que não tivesse havido fraude, e a vitória de Amadinehjad representasse a real "vontade do povo", isso não mudaria tanto as coisas. Muitas pessoas acreditam que democracia significa apenas respeitar a vontade da maioria, independentemente do que esta vontade significar. Assim, segundo estes "esclarecidos", se a maioria do povo iraniano quiser apedrejar suas mulheres, ou enforcar suas crianças, ou tirar o dinheiro de uma minoria e escravizá-la, ou matar judeus, ou detonar uma bomba atômica em Tel Aviv, tudo bem, "devemos respeitar".

Errado. Ditadura (ou imoralidade) da maioria continua sendo ditadura (ou imoralidade).

Um tosco blog esquerdista às sextas

Por Marcelo Augusto (*)

[Mr. X: Segue um guest-post do amigo comentarista Marcelo Augusto. Ah, sei que já é sábado, mas "às sextas" soa melhor.]

O blog tosco esquerdista da semana possui um nome bem sugestivo: Palestina do Espetáculo Triunfante.

[Mr X.: Caramba... Qual espetáculo? É tipo o "espetáculo do crescimento"?]

A moça blogueira, que se classifica como uma simples palestininha comedora de amendoins, é considerada por alguns como a inteligência mais fulminante que já blogou em língua portuguesa. Se ingerir comida de zoológico, não blogue!

Um conjunto de posts que encarna perfeitamente o esquerdismo de boutique é sobre as cotas raciais. Comecemos por esse aqui: Sim às cotas raciais. O texto inicia com uma diatribe sobre um suposto preconceito racial que a blogueira sofreu. Peço aos colegas de blog que me digam onde enxergam racismo no excerto abaixo:
[...] Fiquei escutando o mulherio emitir sons e palavras. Perguntaram quem eu era. De onde era, com esse sotaque? "Ah, mas nem parece, né?". Racismo é isto: a violência terceirizada a priori. A violência que se transmite e se aprende sem o mais elementar rastro de racionalidade no que concerne ao que é dito, apontado. A razão dessa transmissão é bem outra: dominar, julgar-se superior, oprimir, violar. [...]

Eita! Pois então, caros leitores, jamais perguntem ao esquerdista de onde ele é, sobretudo se estiverem no Rio Grande do Sul!

[Mr. X: E afinal, de onde ela é?!?]

É estranho que a blogueira tenha censurado a superioridade que sente um racista
para, logo depois, escrever isso aqui (os grifos são meus):
Eu olhei com uma mistura de desprezo e solenidade para as mocinhas da licenciatura – um dia alguém que também repudie as pedagogias, plis, me diga para quê serve esse lixo de licenciatura!
Olhei e ri – por dentro, pensei: eu vou humilhar essa cretina e
ela nem vai notar.
Epa! Mas soberba não é coisa de racista?!?

A diatribe prossegue com mais uma tolice:

Sabem por que sinonimizar empregada doméstica com “negra” é comum em famílias classe média ou altas? Ah, você não sabia que essa sinonimização é promovida? Nunca ouviu nem viu essa identificação misteriosa?
Esse é um dos raros exemplos em que o esquerdismo jurássico se mistura com o esquerdismo contemporâneo: No primeiro, os esquerdistas incitavam que os empregados odiassem seus patrões. No atual, incitam o ódio racial (e as cotas raciais são apenas o prelúdio de algo muito pior). No trecho acima, há uma mescla de ambos.

[Mr. X: E depois, não é verdade que todas as empregadas sejam negras. A lá de casa, por exemplo, era índia. :-P]

No segundo post, Pelas Cotas Raciais, a moça carimba:

Vou então apresentar a razão pela qual a UFRGS deve apoiar as cotas raciais. [...] Eu sou só uma Palestininha, comendo amendoim e amando e vivendo e buscando a verdade. Na taça, um bom vinho. Eu sou índia com europeu.
[Mr X: Até vejo amendoim com cerveja, mas com vinho? Eca. E os europeus não eram todos colonizadores racistas?]

Hehehe! Deve ser muito agradável escrever diatribes pró-cotas raciais do aconchego de um confortável lounge e degustando o que há de melhor das vinicultura gaúcha. Vinho, aliás, provavelmente produzido em alguma daquelas colônias que a blogueira utilizou como personagem de sua soberba no trecho mais acima.

Preparem-se para o que vai abaixo:

Cotas é uma medida anti-racista. E não é que eu separe rigorosamente o racismo do atual estado da barbárie capitalista, at all!
Então, quer dizer que cotas, que levam em consideração a (suposta) raça da pessoa, é uma medida anti-racista?! Não há exemplo melhor de duplipensar do que isso. Essa assombrosa capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e aceitá-las ambas.

Quanto ao "estado de barbárie capitalista", a nossa realidade seria muito pior sem ele. O mundo socialista que o diga.

[Mr. X: Sempre rio (para não chorar) quando o pessoal fala em "barbárie capitalista". Hã?? Claro, é para dizer que eles, no poder, poderão resolver esse "caos capitalistas". Que, uma vez que o pessoal certo estiver no poder, todos serão mais felizes, mais iguais, mais humanos. É como um adolescente pedindo as chaves do carro e prometendo que não vai beber e vai voltar na hora certa, você acredita?]

Oh, céus! Chegou o trecho mais tosco! Preparem-se! Ei-lo:
Quero ter colegas negros. Quero e penso ser humanista, se algum humanismo é possível nesta joça capitalista desta precária quadra histórica em que nos encontramos, que os negros ocupem estatísticas de universitários, que se sentem em sala de aula e não somente nos bancos das lanchonetes universitárias, lá dentro, no descanso depois do almoço, enquanto o próximo branco não pede, de sobremesa, uma torta de limão e um capuccino.
Eu, também, adoraria ter colegas negras na minha antiga turma de engenharia. Até imagino elas vindo até mim: "Ah, Marcelo Augusto, me ensina como se usa ponteiros em C++?!?!?!" E eu: "Claro, gata! Vamos lá em casa...".

[Mr X: Ei, eu tive colegas negros na universidade. Não muitos, mas alguns. Inclusive uma mulata (hoje mulato é "negro") para lá de linda, pena que não rolou.]

No entanto, qualquer pessoa, independente da cor da pele, deve se submeter, de forma isonômica, ao teste de seleção do vestibular se quiser entrar em uma universidade. As cotas raciais representam algo bem mais pernicioso do que esse humanismo democraticamente disfarçado: São o passo inicial para a criação de uma classe de privilegiados perante a lei, sem dizer que possuem o potencial latente de expandirem, pouco a pouco, esse privilégio ao ponto de eliminar os direitos cívicos daqueles que se opõem a essas práticas. Extrapolando um pouco mais, teríamos essa classe de privilegiados ocupando o lugar das próprias leis.

E vejam o quanto a mocinha expressa a própria frustração no trecho final do excerto acima: Onde alguém enxergaria um trabalho honesto e produtivo, ela vê ódio racial. No fundo, certas mentes por trás do movimento pró-cotas gostariam não de isonomia perante a lei, mas de poder retaliar os seus supostos opressores. No fundo, no fundo, essa gente deve possuir uma vontade adormecida de submeter as pessoas brancas à escravidão, pois, finalmente, estariam recebendo a tão sonhada (e anacrônica) "compensação histórica".

Caramba, Mr. X! Não sabia que o bandejão da UFRGS era tão chic! Servem até capuccino e torta de limão! Bandejão burguês!

[Mr X: O pior é que servem mesmo, mas só pros brancos... Valeu, M.A.!]

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O curioso filoislamismo dos progressistas

O Fábio Marton tem um excelente post sobre a decadência ocidental, no qual observa alguns possíveis consolos nas horas de maior pessimismo. Creio que concordo com ele: como escrevi na caixa de comentários de lá, o Ocidente, mais do que uma região, é um modo de pensar. Pode regredir, mas não desaparecer completamente. Se for escorraçado da Europa e até dos EUA, talvez sobreviva na Ásia, é o que parecem indicar algumas tendências (os asiáticos estão copiando as coisas boas do Ocidente e dispensando com as negativas). Na América Latina não levo muita fé, não: macaquinhos imitadores que somos, sempre seguimos tendências, raramente as criamos. Além disso, algo me diz que, quando a coisa pegar fogo, é quase certo que apostaremos no cavalo errado.

Chavez e Lula, por exemplo, já estão lambendo o saco dos aiatolás, dos russos e dos chineses, sonhando com um novo império islamocomunista. Porém, nada indica que os nossos novos overlords serão muito melhores do que os "imperialistas americanos". Não creio que sejam demasiado clementes conosco.

De fato, uma coisa que me surpreende muito é o filoislamismo da esquerda, em especial dos esquerdistas ateus. Os sujeitos - a começar pelo próprio Obama - elogiam sem parar o Islã, falam de sua incrível tolerância, dos grandes inventos que criaram para nós ocidentais, e de como foram os únicos responsáveis pelo ressurgimento do Ocidente das "trevas da Idade Média". Tudo lorota, é claro, como qualquer estudante competente de História (não é o caso de Obama) pode informar.

Mas, mesmo que fosse verdade: a esquerda não odeia o Ocidente, e não está sempre a criticá-lo como fonte de todo mal na Terra? Por esse ponto de vista esquerdopata, o melhor favor que o Islã podia ter-nos feito era mesmo eliminar-nos sob o fio da espada lá por 1300...

Ao mesmo tempo, os esquerdistas odeiam a religião cristã, e aquilo que enxergam como seu "atraso": seu antiabortismo, antihomossexualismo, antipornografia, antieutanásia, etc. Porém, nesse aspecto social, fora a cor local e uma diferença cá e lá, os radicais islâmicos defendem muitas das mesmas coisas que os "fundamentalistas" cristãos, apenas sob um signo religioso diferente (e com maior violência). Se os cristãos estão "atrasados", os islâmicos não saíram da idade da pedra.

Leio agora, por exemplo, que os fanáticos palestinos tentaram um ataque usando cavalos-bomba. Felizmente nenhum civil ou soldado israelense morreu, mas morreram vários cavalos na tentativa. Ué! A esquerda não era a favor dos "direitos dos animais"?

Por que os progressistas os apóiam? A homofobia dos islâmicos é mais "pura"? Sua raiva mais sagrada? Ou julgam os progres que, uma vez derrotado o Ocidente cristão, poderão livrar-se dos islamitas e conduzi-los sabiamente ao esclarecimento ateu? Se acreditam nisso, seria bom que se informassem melhor sobre a Revolução Islâmica no Irã.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Leviatã

Políticos seriam uma coisa engraçada, se não fosse trágica. Embora o tal "stimulus package" não tenha ainda gerado um emprego sequer, e aliás o nível de desemprego só tenha crescido desde que o messias assumiu, Obama continua prometendo empregos a meio mundo. Hoje fala em 600.000 novos empregos. Até a Associated Press, normalmente obamista, está desconfiando, com uma manchete irônica: "Novo plano de Obama é o mesmo anterior". (Aliás, o único setor que está tendo aumento de empregos é o da burocracia governamental obamista.)

Para os desavisados, uma conselho amigo: se algum político prometer empregos, não acredite. Político não pode criar emprego, salvo para seus familiares e amigos. Na Argentina agora tem um político que quer criar a "lei do primeiro emprego": por lei, todo jovem argentino teria seu direito ao "primeiro emprego" garantido... Quem não entender a impossibilidade de tal lei ser algo mais do que frases em um pedaço do papel, que continue votando em políticos idiotas. Assim caminha a humanidade.

Gordon Brown, enquanto isso, está sendo humilhado pelos votantes na Inglaterra, mas nem isso o convence a se demitir. Ao contrário, em um encontro do seu partido, afirmou: "O que pensariam as pessoas se um governo Trabalhista enfrentasse com covardia um período de crise, e se afastasse do povo nesse momento de necessidade? Não, estamos ficando com eles." Lula não diria melhor. Poxa, não está vendo que o "povo" não quer ver você nem pintado?

O pior é que, lá como cá, e acolá também, o Estado - Leviatã - só tende a crescer. O fracasso do welfare state gera, paradoxalmente, um desejo por mais welfare state. Pessoas que perderam seu emprego querem um novo emprego ou ao menos uma boquinha no governo. Além disso, os políticos descobriram que, quando o povo cansar deles, podem sempre importar novos imigrantes para votar neles. Obama já está encaminhando a possibilidade para que os imigrantes ilegais votem nos EUA, de modo a obter a tirania Democrata para todo o sempre.

Aqui, um artigo bem interessante sobre a moderna vingança do Leviatã, pelo polêmico Takaun Seiyo.

Apaziguamento preventivo

Se Bush criou a "guerra preventiva", Obama inaugurou o "apaziguamento preventivo". Ajoelha-se na frente de Coréia do Norte, Irã e muçulmanos radicais antes mesmo que eles façam alguma coisa. Aí eles fazem gato e sapato e Obama, que já ajoelhou, tem que "rezar".

Duas jovens jornalistas americanas de origem asiática, Laura Ling e Euna Lee, foram condenadas na Coréia do Norte a doze anos de trabalhos forçados em um gulag. Não quero nem pensar que tipos de horrores as esperam lá. Seu crime: ter tentado fazer uma reportagem sobre refugiados da Coréia do Norte que tentam fugir para a China. De fato, foram presas na fronteira entre a China e a Coréia do Norte. Os coreanos alegam que elas entraram na fronteira ilegalmente, mas nem isso é certo. O fato é que são agora reféns de Kim Jong Il, que pode usá-las como peça de negociação com os EUA.

(Ah, Lee e Sing são jornalistas da Current TV, canal de televisão ecológica do Al Gore. O que estavam fazendo lá?)

Além de demonstrar mais uma vez que ditadores estão pouco se lixando para a "opinião pública", os "direitos humanos", a "convenção de Genebra", o "diálogo de paz" e todas essas frases-feitas sempre na boca dos bacanas da hora, o fato evidencia uma coisa bastante óbvia: a política de "apaziguamento" nunca funciona, e por uma razão bem simples: estimula o inimigo a avançar. O que tem Kim Jong Il a perder, tomando as duas reféns (é afinal o que as moças são)? Muito pouco.

É claro que, como alega Olavo de Carvalho, o propósito de Obama e seus asseclas é justamente o de enfraquecer os EUA internacionalmente, portanto oferecer flores a ditadores e terroristas é a melhor política.

Mas, como diz um velho provérbio judaico, "quem se disfarça de cordeiro corre o risco de ser devorado pelo lobo".

Euna Lee: bela refém