terça-feira, 30 de novembro de 2010

Leite derramado

Uma mera curiosidade: alguém aí experimentou o leite derramado pelo Chico Buarque?

Confesso que li Estorvo e Budapeste. Do primeiro não gostei. (Depois ainda assisti o filme, que é pior ainda.) Budapeste era mais interessante, embora pouco memorável, tanto que nem lembro da trama. Porém, não era ruim.  

Leite derramado, no entanto, pelo título e pela descrição não me impressionou muito. Velho moribundo de uma elite em decadência... Cronologia desordenada... Revisão da história do Brasil... Sei lá, tudo tem um ar de já visto -- e já feito melhor. Das críticas que li, esta aqui me parece a mais equilibrada, colocando tudo no seu contexto. 

Entretanto, não vejo muito motivo na polêmica sobre o Jabuti. É, de fato, um pouco estranho o método de escolha do vencedor, mas se o regulamento é assim, paciência. As pessoas já deviam saber quando inscreveram.

É verdade que muitos também reclamam que o prêmio dado a Chico Buarque (e não só o Jabuti, como também o Portugal Telecom) tenha sido político. Com certeza -- só que grande parte dos prêmios literários tem algum motivo político por trás. Mesmo - ou especialmente - o Nobel.

Pessoalmente, não entendo essa mentalidade. É como se os jurados estivessem dizendo que escrever bem não é suficiente, que o escritor deve também ter algum tipo de posicionamento político engajado... Bobagem. Boa literatura e política raramente se misturam. Shakespeare e Homero eram de direita ou de esquerda? Pouco importa.

E então, alguém leu?

domingo, 28 de novembro de 2010

Poema do Domingo

I measure every Grief I meet

I measure every Grief I meet
With narrow, probing, eyes –
I wonder if It weighs like Mine –
Or has an Easier size.

I wonder if They bore it long –
Or did it just begin –
I could not tell the Date of Mine –
It feels so old a pain –

I wonder if it hurts to live –
And if They have to try –
And whether – could They choose between –
It would not be – to die –

I note that Some – gone patient long –
At length, renew their smile – 
An imitation of a Light
That has so little Oil –

I wonder if when Years have piled – 
Some Thousands – on the Harm – 
That hurt them early – such a lapse
Could give them any Balm – 

Or would they go on aching still
Through Centuries of Nerve –
Enlightened to a larger Pain – 
In Contrast with the Love – 

The Grieved – are many – I am told – 
There is the various Cause – 
Death – is but one – and comes but once – 
And only nails the eyes – 

There's Grief of Want – and grief of Cold – 
A sort they call "Despair" – 
There's Banishment from native Eyes –
In sight of Native Air – 

And though I may not guess the kind – 
Correctly – yet to me
A piercing Comfort it affords
In passing Calvary – 

To note the fashions – of the Cross – 
And how they're mostly worn – 
Still fascinated to presume
That Some – are like my own –

Emily Dickinson (1830 - 1886)

sábado, 27 de novembro de 2010

Bandido não é vítima e gordo não é faminto

Sei que o título acima parece óbvio, mas, como dizia o Nelson Rodrigues, às vezes você tem que explicar o óbvio ululante para algumas pessoas. 

Um dos blogs mais engraçados que encontrei ultimamente foi o Blog do Sakamoto. Não falha: a cada post, ele fala sobre uma nova minoria oprimida, e como todos (menos ele) são hipócritas e malvados contra esta. Primeiro foram os pobres. Depois os negros. Depois os homossexuais. Agora, é a vez de chorar sobre triste destino das mulheres, dos traficantes e dos esfomeados nordestinos.

Num de seus últimos posts, o famigerado Sakamoto comentou os eventos que estão ocorrendo agora no Rio de Janeiro, e saiu-se com esta:

"Mais do que uma escolha pelo crime, muitas vezes a opção pelo tráfico é uma escolha por uma forma de emprego e pelo reconhecimento social."

É impressionante. O coitadismo do rapaz está chegando a níveis alarmantes, que talvez requeiram internação imediata, e fortes doses injetáveis de Simancol.

Ora, se quisessem mesmo emprego, os meliantes estariam folheando os anúncios classificados. Não querem: o que querem dinheiro obtido de modo fácil, e a vida charmosa e violenta do mundo das drogas. Chame um desses marginais e ofereça-lhes um trabalho no qual tenham que pegar um ônibus todo dia e suar oito horas para ganhar um salário equivalente a dois ou três salários mínimos. É claro que não vão aceitar. Melhor viver das drogas e do roubo, pois ganham muito mais e conseguem mais mulheres. 

O problema é que esse coitadismo que transforma criminosos em vítimas, que surgiu nas classes médias que se sentiam "culpadas" por algo pelo qual jamais tiveram culpa (a desigualdade social), terminou por contaminar os próprios criminosos, que agora se vêem como vítimas do sistema. Ao menos esse é o discurso.

Em reportagens e documentários, não canso de ver traficantes, ladrões, assassinos e outros criminosos falando as mesmas desculpas dignas de criança que não fez seu dever. "Eu não tinha dinheiro para comer"."Não tive pais, fui maltratado quando criança". Blablablá.

Ora, o crime é questão de escolha. Ninguém, nem mesmo a "sociedade" ou o "sistema", força ninguém a cometer crime algum. Ninguém ganha nada de graça, todos têm que trabalhar. Por que para os pobres deveria ser diferente? Se você decidiu se dedicar a atividades perigosas e ilegais, o problema é seu, não meu.

Depois, Sakamoto fala sobre o problema da fome, e de como a causa desta seria a má "distribuição" de alimentos:

"O mais interessante é que o problema na fome no Brasil e no mundo não é de falta e sim de distribuição. Tem riqueza e alimento para todo mundo, a questão é distribuí-los."


Sakamoto nem se pergunta quem é que cria essa riqueza e esse alimento em quantidades tão vastas para alimentar o globo (e de fato, há tanto alimento que o grande problema entre os pobres, hoje, é a obesidade, e não a fome). O que lhe interessa é que Pedro e Maria paguem pelo almoço de Zé, Rose e seus cinco pimpolhos. O problema mesmo aqui é que essas idéias redistributivistas acabam por criar, elas sim, fome.

Vejam o caso da África do Sul, que decidiu fazer uma reforma agrária, dando terras para quem não sabia plantar. (Pessoal de esquerda acha que trabalhar na roça é moleza). Resultado, fome e miséria. O mesmo caminho, lamentavelmente, é seguido no Brasil, retirando terras de agricultores que produzem alimento e riqueza e dando para emessetistas e falsos índios e quilombolas, que só produzem miséria e desmatação.

Finalmente, Sakamoto retorna ao tema do tráfico, mais especificamente aos assassinos em fuga da Vila Cruzeiro vistos pelas câmeras de TV, e se lamenta que policiais sequer pensem em matar bandidos.

Será que Sakamoto é pobre? Afinal, é só rico que se preocupa com direitos humanos de bandidos. Garanto que 90% dos "pobres e pardos" ia aplaudir de pé ver essa corja de bandidos sendo exterminada. Sakamoto continua:

Mesmo no pau que está comendo hoje no Rio, sabemos que a maioria dos mortos não é de rico da orla, da Lagoa, da Barra ou do Cosme Velho.

É impressão, ou detecto aqui um desejo reprimido? É o sonho de 10 entre 10 esquerdistas ressentidos ver os bandidos matando ricos...

Enfim, deixemos para lá. Bom sábado a todos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Upepês

Não sei muito sobre como funciona essa história das UPPs, mas esse negócio de "Polícia Pacificadora" sempre me pareceu mais jogada de marketing do que qualquer outra coisa. Agora parece que os marginais cariocas, talvez entediados com tanta paz, resolveram ir para o asfalto para promover arrastões e queimar veículos.

No começo do filme "Ônibus 174", um dos (s)ociólogos entrevistados fala uma coisa assim: "Os policiais são mal pagos, têm baixa auto-estima, e não são bem treinados para a sua função. Por isso eles passam a achar que o seu trabalho é prender bandido, é matar marginal".  

Ora, seu ociólogo de araque, o trabalho da Polícia é justamente esse! Prender bandido e, se ele resistir, mandar bala. O único modo de combater o crime é prendendo criminosos. O resto é conversa para ruminante repousar.

Porém, parece que as UPPs vieram para ficar, sendo vendidas pelo governo de Dilma e Cabral como soluções para a violência nas favelas. O curioso é que, graças às UPPs, os traficantes conseguiram cortar gastos e "funcionários" e ter maiores lucros. Políticos felizes, favelados felizes, traficantes mais ainda.

O único problema é que alguns desses "soldados do tráfico" desempregados continuam precisando de dinheiro. Ainda bem que existe a gentil população do asfalto, sempre disposta a ajudar.

domingo, 21 de novembro de 2010

Poema do Domingo

A Slice of Wedding Cake

Why have such scores of lovely, gifted girls
Married impossible men?
Simple self-sacrifice may be ruled out,
And missionary endeavour, nine times out of ten.

Repeat 'impossible men': not merely rustic,
Foul-tempered or depraved
(Dramatic foils chosen to show the world
How well women behave, and always have behaved).

Impossible men: idle, illiterate,
Self-pitying, dirty, sly,
For whose appearance even in City parks
Excuses must be made to casual passers-by.

Has God's supply of tolerable husbands
Fallen, in fact, so low?
Or do I always over-value woman
At the expense of man?
Do I?
It might be so.

Robert Graves (1895-1985)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Post de uma frase só

A esquerda precisa da pobreza como os jumentos precisam do capim.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Feios, sujos e malvados

Gosto do filme de Ettore Scola que dá título a este post. Acho que a razão que gosto mais deste filme do que outros filmes neorealistas (embora haja vários filmes bons nesse período também) é que ali os pobres não são representados como criaturas santas, dignas de pena ou identificação simplesmente por virtude de sua pobreza. Não: são mostrados muitas vezes como avaros, gananciosos, preguiçosos, alcólatras, malandros e, como o próprio título informa, feios, sujos e malvados. Porém, o filme tampouco os desumaniza, ao contrário: nos identificamos com seus personagens justamente por eles serem mais reais. Têm defeitos iguais aos do resto da população, se não piorados devido à falta de educação e recursos materiais.

Nem todos têm essa percepção, tudo bem. Mas há muitos que utilizam a pobreza dos outros como mero pedestal para exibir a própria benevolência. Eis por exemplo um artigo do jornalista da Folha Leonardo Sakamoto, que lamenta que a cidade de São Paulo construa seus espaços públicos de modo a tentar impedir a presença de mendigos e marginais. Prédios com grades; bancos de paradas de ônibus que não permitem que alguém se deite; prédios sem marquises ou com sistemas de jatos de água automáticos que afugentam dorminhocos e drogados: para Sakamoto, tudo isso são absurdos arquitetônicos: temos é que "aceitar que, se há pessoas que querem viver no espaço público por algum motivo, elas têm direito a isso. A cidade também é deles, por mais que doa ao senso estético ou moral de alguém."

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Guerra ao terror ou guerra ao cidadão?

Sou, naturalmente, um crítico do islamismo e de sua expansão imperialista nos países ocidentais. Sou contrário à imigração massiva de muçulmanos ao Ocidente e a favor de operações militares contra jihadistas malvados (mas contrário ao "nation-building"). No entanto, devo observar que alguns dos métodos utilizados na suposta "guerra ao terror" são contraproducentes e, eu diria até, imbecis.

A questão da segurança dos aviões e aeroportos é uma dessas questões. Nos EUA, agora, há uma grande polêmica com novos scanners de raio-X que podem ver você e sua mulher peladões. Se você se recusar a passar pelo aparelho (que ainda por cima talvez cause danos à saúde), será hostilizado e apalpado extensivamente por brutamontes.

Nos tempos que correm, nove entre dez terroristas são muçulmanos. No entanto, segundo os ditames do políticamente correto, "não devemos discriminar." Assim, os selecionados para a revisão mais detalhada (e, segundo muitos, obscena) não são pessoas que de algum modo gerem suspeita, mas definidos por mera escolha randômica. Pode ser uma freira de 90 anos ou um adolescente japonês.  

O método é caro, complicado, inútil. Gastam-se bilhões, com resultados duvidosos. Os agentes de segurança nos aeroportos, além disso, não são as pessoas mais brilhantes do planeta, mas seres com a inteligência e a simpatia do funcionário público médio: isto é, quase nenhuma. Tudo o que sabem é seguir regras ao pé da letra e, dessa forma, se um menino de quatro anos aleijado tem aparelhos de metal nas pernas que o ajudam a andar, e o metal é proibido, então os aparelhos devem ser retirados.   

Os terroristas conseguem a sua maior vitória sem realizar ataque algum, e acredito que seja esse mesmo o objetivo. Forçam os infiéis a gastar bilhões de dólares e causam inconvenientes a milhões de civis com meras ameaças. As garrafinhas de água proibidas a bordo? Tudo o que foi necessário para isso foi a mera suspeita de um possível plano, jamais realizado, de utilizar líquidos explosivos. E os líquidos foram banidos para sempre. 

Houve recentemente um plano de terrorismo islâmico na Arábia Saudita de realizar um ataque com uma bomba enfiada no rabo. Tremo ao pensar que a segurança dos aeroportos talvez decida fazer inspeções contra esse novo tipo de perigo.  

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Alfas, Betas e Gamas: a Guerra dos Sexos no Século XXI

O leitor Chesterton deu a dica de um blog, por assim dizer, antifeminista. Eu já desde algum tempo acompanhava um blog americano de tema similar, ainda que bem mais sério e menos escrachado, que fala sobre a mesma questão: a perda do poder masculino no mundo pós-feminista. O blog americano discute o motivo pelo qual as mulheres urbanas americanas em geral odeiam mulheres Republicanas como Sarah Palin, Christine O'Donnel, etc, sem manifestar ódio igual pelos homens Republicanos. (A conclusão do blogueiro é que mulher costuma ser muito mais crítica de mulheres, e gosta é de votar em homem bonito e gostoso, independentemente de sua política, o que tambem explicaria a vitória de Obama sobre Hillary). Já o blog brazuca fala sobre a iminente chegada dos robôs sexuais femininos, que acabarão com a utilidade da mulher.

Exageros e delírios à parte, o que ambos blogs passam é um aparente ressentimento contra as mulheres modernas, e contra as mudanças sociais causadas pelo feminismo exacerbado.

Se vários blogueiros, nos EUA e no Brasil, falam sobre a mesma questão, não se trata de uma coincidência, mas de um fenômeno social real e palpável.

De fato, a grande conquista para as mulheres com o feminismo, ou quem sabe apenas com a pílula (da qual o feminismo foi apenas uma conseqüência) foi a independência financeira e sexual. As mulheres, não mais dependendo de um marido para seu sustento, poderiam ter a liberdade de escolher parceiros mais sarados e descolados, sem a preocupação de que estes tivessem que sustentá-las. Mas o que aconteceu? Quem ganhou e quem perdeu com essas mudanças?

Bom, a moda é falar em "alfas" e "betas". Alfas seriam os cafajestes gostosões, preferidos por 9 entre 10 mulheres. Homens fortes e bem-sucedidos que no entanto não ofereceriam estabilidade ou fidelidade. Já os betas seriam os homens mais sem-graça que, no entanto, com um emprego estável e boas intenções poderiam ser bons companheiros, embora sem a fonte de sexo selvagem, emoção e aventura proporcionada pelos alfas.

Pessoalmente, não gosto muito desse tipo de análise. Acho que funcionam bem para estudar o comportamento dos chimpanzés. Mas não somos chimpanzés. Como humanos, nossas relações são bastante mais complexas. E dividir os homens em apenas "alfas" e "betas" tira toda uma enorme graduação de deltas, gamas, etc, categorizando ainda as mulheres como sendo todas igualmente fúteis. E, além disso, com esse negócio de alfas e betas, onde é que fica o Amor na equação?

(Mr X, por baixo do seu aparente cinismo, é na verdade o último romântico, como sabem os poucos que lêem o Poema do Domingo).

Mas é verdade que o feminismo foi bom, digamos, para uns 20% dos homens (os tais alfas) e ruim para uns 80% (os tais betas), que hoje tem dificuldade em arranjar parceiras, ou acabam com relações que terminam em frangalhos e famílias disfuncionais. O feminismo foi bom para as mulheres? Aí também há motivo para discussão. Se permitiu maior independência e acesso a profissões até então proibidas, também é verdade que terminou por conduzir a uma maior insegurança e a um número enorme de mães solteiras.

É possível que o feminismo tenha sido, assim, o responsável pela conversão de algumas mulheres ao Islã, como comentei antes e agora a Dicta & Contradicta também comenta. Após uma vida "liberada" que termina sem relações duradouras, é natural a busca de consolo na religião. Mas por que voltar-se para o Islã e não para o Cristianismo, religião de seus antepassados? Minha teoria é que converter-se a uma religião estrangeira e polêmica é ainda uma forma de "rebeldia", de busca do exótico, quem sabe até dos alfas orientais. O Cristianismo é visto como uma religião careta e atrasada. O Islamismo é muito mais repressivo em termos de costumes, mas ainda tem o fascínio do "exótico". Mulher adora exotismo. E, se é verdade o que dizia Nelson Rodrigues, que mulher no fundo adora apanhar e ser dominada, então também o caráter repressivo e poligâmico do Islã joga a seu favor. Que ironia: as feministas foram queimar o sutiã e voltaram usando uma burca... 

Mulheres, não levam a mal este post. Eu nada tenho contra as mulheres e não sofro do mesmo ressentimento antifeminista, e, se alguma coisa deu errado em meus relacionamentos, jamais foi por culpa da mulher. Ainda assim, acho que é uma questão atual que precisa ser discutida. Há ainda mulheres lendo o blog? Sua opinião a respeito seria bem vinda.

domingo, 7 de novembro de 2010

Paulistas que odeiam nordestinos e brancos que odeiam brancos

Sou provavelmente um dos poucos que acha que esse negócio de crime de racismo (e a planejada lei anti-homofobia) é uma estupidez.

No outro dia, por exemplo, chamou a atenção da imprensa internacional o caso da pobre moça paulista, Mayara Petruso, que pode ser condenada a até dois anos de prisão por uma mensagem tola contra os nordestinos no Twitter e Facebook. Nem a família ficou do seu lado! (E, como ela esteve longe de ser a única a escrever mensagens do tipo, tampouco fica claro porque foi escolhida como única vilã). Vai aqui minha solidariedade a ela. O Reinaldo Azevedo fez um bom texto sobre o tema, embora ele não discuta a questão da injustiça da lei anti-racismo em si. Lei que não deveria existir.

Os nordestinos, diga-se, contribuíram muitíssimo para a cultura do Brasil e o crescimento de São Paulo, e a visão destes como meros ignorantes mortos de fome está muito longe da atual realidade.

Porém, que uma jovem possa ser presa e ter problemas por toda a vida devido a uma mensagem cretina enquanto tantos outros matam e roubam e não são punidos, é um absurdo. Imagine que, aqui nos EUA, todos os que escrevessem mensagens racistas contra os "rednecks" fossem presos. Não haveria cadeia que bastasse!

Não entendo esse preconceito dos paulistas contra os nordestinos, mas as rivalidades regionais existem em todo e qualquer país, Itália, EUA, França, Alemanha. E o preconceito contra gaúchos, acusados de homossexuais? Vamos prender todos os que contam piadas de português também?

Além disso, há racistas e há "anti-racistas" que são ainda mais chatos. O positivista aqui da casa no blog vive incomodando sobre os supostos brancos americanos que odiariam o negro Obama. De acordo com ele, um presidente negro deveria ser intocável. A mim mais chama a atenção o caso dos brancos que odeiam os brancos, ou melhor, que odeiam a si mesmos.

Eis por exemplo aqui um branquelo "anti-racista" americano que está pregando alegremente o genocídio de brancos. Torce para que o seu país fique logo pardo e mexicano, e os malditos brancos racistas desapareçam. 

Sou contra as leis anti-racismo por que, se você pensar bem, são na verdade leis que protegem apenas certos grupos, tidos como vítimas, e não outros, tidos como opressores. São leis contra os paulistas, contra os brancos, contra os asiáticos, contra os heterossexuais, contra os cristãos.

E, além disso, já existe uma lei que protege nos casos de injúria e difamação. Para que é necessária outra específica para cada grupo étnico ou cada preferência sexual?

 Um presente para Mayara.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Será que você é marxista?

Eu ia dar o link para o artigo original do PJ Media, mas alguém fez a tradução pro português e colocou no MSM.

Se você nunca leu Marx mas acredita em "redistribuição de renda" ou "justiça social", pode ser que você seja um marxista. Você pode achar que é petista, pessedebista ou positivista, mas se acredita em certas idéias de equlização de resultados, é provável que seja um marxista sem saber.

Marx era um vagabundo sem-vergonha, mas teve uma sacada que rendeu frutos para todo o sempre: dividiu o mundo em "exploradores" e "explorados", entre uma classe trabalhadora e uma classe de capitalistas que controlariam os "meios de produção". Infernizada pelos patrões, a classe trabalhadora um dia tomaria as rédeas, na tal "ditadura do proletariado", e todos viveriam felizes para sempre (menos os patrões, que iriam para as minas de sal).

Essas idéias e expressões de Marx envelheceram mais do que Matusalém, mas ficou a idéia dos "explorados" que teriam direito a uma "distribuição mais equalitária das riquezas". (Naturalmente, tal redistribuição seria realizada por um Estado todo-poderoso e "neutro"...)

A verdade é que quase todo mundo prefere se ver como vítima do que como incompetente. Se você é pobre, certamente prefere pensar que é por culpa de algum capitalista malvado que roubou aquilo a que você tinha "direito", e não devido à sua própria incapacidade, ignorância, preguiça ou burrice.

Eis o grande legado de Marx. Hoje todo mundo acha que nasce com "direito" a casa com piscina, saúde para a toda vida, e ajuda financeira para criar seus sete filhos, quando não pediu ajuda para ninguém na hora de gerá-los.

Mas por que parar na desigualdade econômica? O que nem Marx previu foi que a busca da igualdade atravessaria a questão de classe e iria parar nas questões comportamentais, como preferência sexual e religião. E por que não avançar ainda mais e pregar uma "redistribuição da obesidade"? Afinal, por que alguns devem ser gordos e outros não? Foi provavelmente com isso em mente que, em São Francisco, proibiram o Happy Meal do McDonald's. É dever do Estado, e não dos pais, cuidar o que as crianças comem ou aprendem.

Será que você é marxista?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Berlusconi, as mulheres e o Islã

Berlusconi, o político que os italianos adoram odiar, deve acreditar nas teorias que dizem que o poder é um afrodisíaco. Um improvável Don Giovanni, com sua calvície e seus já quase 75 anos, no entanto teve nos últimos anos uma série de badalados escândalos sexuais, desde festas com jovens modelos na sua residência a um recente caso suspeito com uma stripper marroquina menor de idade que atende pelo nome de "Ruby Rubacuori", ou Ruby Roubacorações.

Mas Berlusconi, que perdeu a esposa e pode perder o governo mas não perde a piada, saiu-se com esta: "melhor estar apaixonado por belas garotas do que ser gay." Hilariante. Conseguiu irritar esquerdistas, gays, feministas, intelectuais e quase toda a corja politicamente correta de uma tacada só.

No entanto, o que há de errado em seu pronunciamento? Se os gays são orgulhosos de serem gays, por que um heterossexual não pode ser igualmente orgulhoso? Do ponto de vista dos gays, é melhor estar apaixonado por belos rapazes do que ser hetero. Por que não vice-versa?

Enquanto isso, a cunhada do Tony Blair converteu-se ao islamismo. O curioso é que a tola sequer leu 60 páginas do Corão, e pouco parece saber sobre a religião em si. Tampouco converteu-se por casamento. O que explica a conversão?

Muito simples: queria aparecer. Feminista na juventude, a senhora parece ter tido uma crise de consciência após um divórcio penoso, vendo-se sozinha e desesperada. Acontece com muitas mulheres "liberadas", que posteriormente voltam-se à religião. Pensem em Mara Maravilha ou na Tiazinha, que agora são crentes. Mas, se no Brasil retornam ao cristianismo (normalmente alguma denominação evangélica), o mesmo não acontece nos países europeus, onde preferem religiões "exóticas" ou ao menos não-ocidentais como o hinduísmo, o budismo ou até mesmo o islamismo. Lauren não é a primeira feminista convertida ao islamismo, não. Talvez algum dia as vedetes de Berlusconi façam o mesmo. Quem diria: o feminismo e a liberação feminina termina por conduzir ao Islã, a religião que mais reprime as mulheres.

Mas por que, ao contrário das strippers marroquinas, o cristianismo não seduz mais? Nada mostra melhor a decadência do cristianismo na Europa do que essa rejeição às próprias raízes, e a busca ilusória de uma "verdade" alheia, não-ocidental. Como disse Chesterton, quem não acredita mais em Deus passa a acreditar em qualquer coisa. Vejam o caso deste pobre casal suiço, que resolveu celebrar suas segundas núpcias em um país muçulmano (Maldivas) e, sem conhecer o idioma local, foi sem saber humilhado e insultado em uma tosca e falsa cerimônia religiosa. Tudo filmado e colocado no Youtube. Enquanto acreditavam estar ouvindo sábias palavras orientais, estavam na verdade ouvindo o regulamento do hotel, sendo chamados de "porcos infiéis" e ridicularizados pela própria ingenuidade.

Assim caminha a humanidade.

Berlusconi: melhor ser hetero.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E agora, Brasil?

Agora, nada. Relaxa e goza. O povo quis Dilma. Quis a continuidade do PT. O que nos espera? Nem a catástrofe prevista pelos serristas mais afoitos, nem a glória incandescente suposta pelos petralhas.

Não, nem horror, nem glória. Apenas mediocridade. E uma lenta marcha em direção ao totalitarismo. Aguarde mais confiscos de terras. Mais limites à propriedade. Maior intervenção estatal. Mais ações afirmativas e mais leis de censura anti-homofobia, anti-racismo, anti-petismo, etc. Mais bolsa-demagogia. Mais crime e violência. Mais de cem mil assassinatos por ano. Mais controle da mídia (já começou). Mais tempo para o PT ir colocando os tentáculos da sua máfia em todos os setores da sociedade brasileira.

Espere muitas gafes de uma pessoa despreparada, e a continuação da política externa de relação com "aliados" como Amadinejade, Chávez, Ortega, Mugabe, etc. Espere também uma crise econômica (cedo ou tarde virá, ainda que o Partido tenha aprendido bem a utilizar o capitalismo para financiar o petismo, ou, como diria Lenin, "enforcaremos os capitalistas com a corda que eles próprios nos venderem"). Espere corrupção a escala nunca vista ignorada por uma mídia cúmplice ou medrosa.

Seria diferente com Serra? Serra e Dilma, ou PT e PSDB, não são lá tão diferentes. O PT é pior, por certo, sendo revolucionário até a medula. Mas, ideologicamente, os dois partidos estão comprometidos com o mesmo programa progreçista e estadólatra. É mais ou menos a diferença que existe entre os terroristas fanáticos e os moderados. Uma alternativa política liberal não só está distante do horizonte, é totalmente inexistente.

É possível, porém, que o PT tenha visto esta eleição como um mero referendo de apoio popular ao seu programa revolucionário, e decida partir de vez para o chavismo mais explícito. Dilma prometeu respeitar as instituições e a imprensa livre, mas não há nessa promessa um quê de mau agouro? Se ela vai mesmo respeitar, para que a promessa? Lembre-se ainda que, para os revolucionários, não há moral: Bem o que é bom para o Partido, Mal é o que é ruim para o Partido. Apenas isso. Fraude, roubo, assassinato, tudo é válido: "a História nos absolverá".

E, nesse caso, o PT jamais sairá do poder.