sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Os freaks somos nós

Uma vez eu falei que o futuro do mundo seria representada pela foto de um casal gay branco-asiático com uma criança negra, mas me enganei. O futuro é este aqui:

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Educação sim, censura não!

Uma das maiores desgraças causadas pelo "politicamente correto", que nada mais é do que a aplicação prática dos princípios ultra-igualitários esquerdistas ao discurso, é ter tornado as pessoas extremamente sensíveis à mais ligeira provocação.

Além da censura midiática que proíbe a discussão honesta sobre certos assuntos, há a censura (ou até autocensura) que se cria entre os indivíduos, que cada vez ficam com mais medo de ter problemas, ou até mesmo um processo nas costas, devido a alguma frase infeliz dita ou escrita por aí. Isto até piorou com a Internet: às vezes, até uma frase inocente publicada no Facebook ou Twitter pode gerar infinitas dores de cabeça.  

Um exemplo, já mencionado aqui, foi o caso do ator brasileiro Rodrigo Lombardi, que foi criticado por ter elogiado o dançarino e cantor negro Sammy Davis Jr., só que de uma forma considerada preconceituosa pelos bem-pensantes. A intenção do ator não apenas era a de elogiar, como Sammy Davis está morto e não se importa mais sobre o que disserem sobre ele. Isso, naturalmente, não impediu muitos progressistas de quererem a cabeça do "racista".

Toda hora há casos novos. Agora tem o comercial de lingerie com a Gisele Bündchen, que o governo quer proibir. Antes, um humorista foi censurado por fazer piada com King Kong e teve que se retratar. Uma jovem acusada de criticar os nordestinos no Twitter teve que abandonar a faculdade. Vez por outra um jogador de futebol é acusado de "racista" por chamar outro de "negão" ou de "macaco". Segundo um jornalista do Globo, "todo castigo é pouco para os racistas": ele chega a afirmar que seria preferível que o racista tivesse agredido o outro jogador com um soco do que chamá-lo de "macaco", que hoje em dia parece ser a maior ofensa jamais criada contra qualquer pessoa de cor. (Também o saudoso Clodovil uma vez foi processado por racismo por ter chamado uma deputada negra de "macaca de tauilleur"). O que é estranho é que, no tempo dos Trapalhões, não lembro que houvesse tanto escândalo com palavras como "macaco", "cabeça-chata", "fresco", e por aí vai. 

Hoje no Canadá, ocorreu o oposto: um jogador de hóquei negro está sendo criticado por ter chamado um adversário de "bicha" ou "viado" (faggot). Detalhe: parece que o adversário é mesmo viado, ou ao menos está empenhado na causa do casamento gay. Outro detalhe: o jogador que realizou o insulto já tinha por sua vez recebido insultos racistas anteriormente, o que não impediu que agora seja criticado por ser homofóbico.

Isso nos leva a uma importante questão filosófica: o que é pior nestes dias, ser "racista" ou ser "homofóbico"? Se um gay ataca um negro e vice-versa, quem leva a pior? Nos EUA, um violento caso de negros que agrediram um branco no McDonald's foi ocultado pela mídia, até que se descobriu que a vítima branca era um travesti. Sendo, portanto, um ataque "homofóbico" (e não simplesmente contra um branquelo que merecia mesmo apanhar), o ataque passou a ser registrado e mesmo criticado. O que parece provar que: a) os gays venceram a batalha e a "homofobia" é mais forte do que o "racismo, e b) que o único grupo que não tem direito a reclamar são os brancos heterossexuais cristãos. Apanhem calados!). 

O mais curioso de tudo é que há almas delicadas até no campo de hóquei. Bater até quebrar ossos pode, o que não pode é insultar... 

De acordo com a Associacão Canadense de Gays e Lésbicas contra a Difamação (sim, existe isso), "o discurso de ódio e insultos homofóbicos não têm lugar no campo de hóquei."

Pôrrameu, são jogadores de hóquei, o esporte mais violento do mundo! Se um jogador de hóquei não pode nem chamar o outro de "viado", onde diabos iremos parar?!?

Isso tudo parece um tema menor e sem importância, mas não é mesmo. Todas essas novas leis anti-racismo e anti-homofobia, bem como a simples existência do "politicamente correto", tem uma função bem clara no projeto progressista:  a censura.

Sim, a esquerda, que tanto chora sobre a "censura" que sofreu durante a "horrível ditadura militar", é a maior censuradora hoje em dia!

Atenção, isso não quer dizer que eu seja a favor de insultos. A ética comanda que, por uma questão de civilidade, os insultos (raciais, sexuais ou de qualquer outra ordem) sejam evitados; mas, em certos ambientes como o esportivo, eles são bastante comuns, e não deveriam ser objeto de qualquer tipo de ação legal. Jogador de futebol e torcedor estão ali para xingar e serem xingados mesmo: só falta agora quererem proteger de insultos a mãe do juiz... 

Faz tempo que casos de injúria e difamação são corretamente levados em conta pela lei, e não pareceria haver necessidade de leis novas. Observe ainda que a censura esquerdista vai muito além disso, não permitindo nenhum tipo de discurso que seja sequer contrário aos grupos protegidos pelo progressismo mundial.

Por exemplo: um cidadão foi acusado de "racismo" por sugerir em artigo de jornal (mas sem usar qualquer insulto) que a cultura branca européia fosse mais avançada do que a cultura indígena nativa brasileira. O que parece algo óbvio -- afinal, os povos europeus eram ou não mais avançados tecnologicamente, artisticamente, etc? --  hoje virou caso de polícia. (O acusado também afirmou que os índios enterrariam ossos em certas propriedades para dizer depois que estas seriam "terras indígenas"; isso, lamentavelmente, também não é mais do que a verdade, já comprovada em vários casos). 

Não sei como acabou o caso: o Ministério Público queria do pobre homem uma indenização inicial de 30 milhões de reais.

Quanto aos gays, é ainda pior, e acontece no mundo todo. No outro dia, um estudante inglês foi suspenso por simplesmente dizer que "o homossexualismo é errado." Percebam que ele não insultou ninguém nem disse nada de extraordinário: o mero fato de achar que atos homossexuais sejam pecado já é um crime ou ao menos uma falta em muitos países. 

Até mesmo ser contrário ao "casamento gay", o que há pouco era apenas questão de opinião, está virando um discurso proibido. E isso que o "casamento gay" é uma questão que afeta, segundo estatísticas, 0.55% da população americana (é o número de parceiros do mesmo sexo que vivem juntos). Tempestade num copo d'água?

Essa censura toda termina tendo também, acredito, um efeito psicológico nefasto. Impedida de se pronunciar de forma civilizada, a crítica às minorias termina se transformando em ódio e rancor. Mesmo eu, que tenho contato com pessoas de todas as cores, religiões e orientações sexuais sem jamais ter insultado ninguém, toda vez que ouço alguma proibição politicamente correta, tenho vontade de urrar insultos racistas e homofóbicos aos quatro ventos. Imagine então alguém que foi suspenso da escola ou perdeu o emprego por ter dito alguma frase proibida: será que o seu ódio vai ser maior ou menor?

Com mil raios e trovões! Deixem o mundo se expressar em paz! Seus sacripantas, pândegos, anacolutos, embusteiros, antropopitecos, antropófagos, babuínos, ungulados, psicopatas, piromaníacos, sodomitas, bucaneiros, cabeçudos, colocintos, carcamanos, chucrutes, tecnocratas, terroristas, zapotecas, visigodos, iconoclastas, selvagens, astecas, esquizofrênicos, ornitorrincos, frouxos, macacos, parasitas, otomanos, ruminantes, canalhas, covardes, mercenários, ectoplasmas, doríferos, coleópteros, zulus!!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Os macacos somos nós

Não sei se alguém aí assistiu ao "Planeta dos Macacos: A Origem". Não se preocupem, não vou contar o final. O filme é bom, ao menos bastante mais interessante do que eu esperava, mas talvez apenas porque eu esperava muito pouco. Porém, uma coisa chama a atenção no filme, especialmente em contraposição ao filme original com Charlton Heston: nesta história, o personagem principal, e herói do filme, é um macaco.

Os atores humanos pouco se destacam. Alguns, como a namorada do cientista (a bela atriz indiana, Freida Pinto, pelo nome, de origem portuguesa), fazem pouco mais do que figuração. A grande personagem do filme, seja em termos narrativos, seja no aspecto técnico (o ator Andy Serkis filmado com a técnica de motion capture e recoberto com alguns dos melhores efeitos especiais já realizados), é certamente o chimpanzé inteligente, César. Por mais que o principal personagem humano tenha o drama com o pai com Alzheimer e um conflito ético sobre experimentos científicos, etc. tudo isso mal chega a nos tocar. Simpatizamos e preocupamo-nos é com o macaco.  

Assim, enquanto no filme original a degradação dos humanos era vista como algo terrível, e torcíamos por Charlton Heston, neste filme a destruição da humanidade é vista como algo, se não positivo, ou ao menos neutro. Os humanos não parecem nem mesmo lá muito inteligentes; os símios, mesmo antes de tomarem a droga mágica que aumenta o QI, parecem superá-los ou ao menos igualá-los em inteligência: enfrentam policiais incompetentes, cientistas trapalhões, cuidadores de animais sádicos e imbecis, e mesmo o suposto cientista herói da história é meio panaca: até a namorada o macaco é que precisa arranjar para ele.

No filme, os macacos estão certos em vingar-se dos humanos; e a narrativa é construída de tal forma que torcemos por eles. Nesse aspecto, é um pouco similar ao bom District-9, em que os repulsivos alienígenas terminam virando os verdadeiros heróis da história, ou ao ruim Avatar, com seus nobres selvagens azuis.

Poderia ser uma metáfora sobre a imigração, sobre o capitalismo, sobre o fim da civilização Ocidental? Alguns blogueiros americanos meio primários estão realizando a básica comparação entre a história do filme e conflitos raciais. Mais de um comparou o quebra-quebra final dos macacos no filme com os distúrbios londrinos. A comparação, embora tentadora, é equivocada. O filme original, realizado não por acaso em 1968, tinha muito maior ênfase no aspecto racial, evocado até mesmo pela divisão entre os próprios símios. A versão recente ignora o aspecto quase que totalmente, e até coloca um afro-americano como um dos principais vilões (um capitalista apenas interessado no lucro, é claro). Chefe negro, namorada indiana: o mundo que está sendo destruído já é o mundo multicultural. 

Sim, o tema anticapitalista está presente, mas está longe de ser o pecado original que leva à perdição. A ciência sem ética tampouco parece ser a culpada da desgraça, e o cientista não é nenhum Dr. Frankenstein. Ele tem um motivo nobre: curar o Alzheimer e salvar o seu pai. Poderia haver melhores intenções?

Não, o recente filme é apenas mais um na longa lista que retrata a humanidade em geral como uma corja de parasitas que não merece sequer viver no planeta -- talvez o ápice dessa tendência misantrópica e fatalista possa ser vista no documentário "A vida após as pessoas", que celebra um mundo desprovido de seres humanos. 

Por sinal, ao contrário do filme original com sua impactante cena final, neste filme a vitória dos símios e mesmo a possibilidade de extinção humana são retratadas sem qualquer tipo de pathos, como se se tratasse de alguma outra espécie que não a nossa: assistindo ao filme, viramos macacos; estamos do lado deles. Os macacos somos nós.

O paradoxal é que é justamente o elemento o que nos faz ter empatia com César são as suas características humanas ou quase-humanas. Simpatizamos com o macaco porque ele tem sentimentos humanos -- e por isso apoiamos sua luta que fatalmente terminará com a submissão dos humanos aos orangotangos e chimpanzés.

É esse aspecto paradoxal o que torna o filme mais interessante do que uma mera fábula sobre a "libertação animal": é, afinal de contas, a história de um macaco que vira humano (e nesse sentido é um pouco parecido com o conto de Kafka "Informe a uma Academia"); e é pelos macacos serem "humanos" ou ao menos "quase-humanos" que o seu tratamento e seu desejo de rebeldia se tornam mais ambíguos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tintin no País dos Sovietes

Não sei se vocês sabem, mas em dezembro deve sair o novo filme do Spielberg baseado nas "Aventuras do Tintin". Não sei se o filme é bom, temo que não; os quadrinhos originais são ótimos.

Tudo o que sei sobre a América Latina aprendi lendo Tintin. Para quem não leu, a história em quadrinhos mostra um continente no qual ditadores se revezam no poder através de revoluções ou eleições sem que nada mude, indígenas primitivos andam sempre alcoolizados ou brigando entre si, e a pobreza e a miséria espiritual é sempre a mesma, não importando o governo que esteja no poder.

Tintin anda sempre armado e adora suas armas. Não sei quais eram as leis de porte de arma na Bélgica entre os anos 30 e 50, mas não há um episódio em que  Tintim não esteja ao menos em uma cena com uma pistola na mão, enfrentando bandidos. E isto em um livro para crianças.

Já o Capitão Haddock está sempre fumando e bebendo. Hoje a patrulha antitabagista não o perdoaria. Também a Associação Protetora dos Animais não perdoaria Tintin pelos vários animais que mata a tiros, de serpentes a crocodilos a rinocerontes.

Quase não há personagens femininos em Tintin, com exceção da Castafiore, por isso alguns acusam o livro de ser também "sexista". Besteira. Em todo filme americano de ação, sempre colam uma história de amor boboca. (Hoje, com o politicamente correto, a mulher não é apenas interesse amoroso como muitas vezes dá mais porradas em bandidos do que o herói). Graças a Deus Hergé não foi por esse caminho.

Tintin é de direita? Hergé, autor dos quadrinhos, foi até acusado de colaborador nazista. Exagero. Embora tenha permanecido na Bélgica durante a ocupação, a verdade é que ele não é nem racista nem antisemita nas obras. Se "Tintin na África" foi acusado de racista, bem como otros livros mostrando indígenas sul-americanos, a verdade é que ele mostra tais povos de forma positiva: talvez simplórios, mas de bom coração. Aliás, ao contrário do que poderia parecer, com o tempo o autor foi ficando cada vez mais politicamente correto, chegando a modificar versões anteriores de livros para que ficassem mais adequados aos novos tempos. Existe uma interessante página sobre isso comparando as imagens das diversas edições, que pode ser vista aqui (em francês).

A primeira história de Tintin, e a única que jamais foi redesenhada ou mesmo colorizada, foi "Tintin no País dos Sovietes", desmascarando a União Soviética. Se em termos de arte e mesmo de história é bem mais primário do que os outros livros posteriores, não deixa de ser um interessante relato da época. Pode ser facilmente encontrado em pdf online, assim como os outros livros.

Os progressistas, no entanto, jamais perdoaram Hergé por ser anticomunista na juventude. Mesmo um jornalista brasileiro em texto recente quando da publicação no Brasil em 2009, acusou "Tintin no País dos Sovietes" de "expor um preconceito primário contra o regime comunista". Preconceito? Sim, "preconceito" contra a fome massiva, a exploração, as execuções em massa, etc...

Leiam Tintin, ou dêem a ler para seus filhos (ainda que hoje eles estarão provavelmente mais interessados em videogames). É instrutivo.

Evolução: sim ou não?

Darwin e sua teoria da seleção natural são muitas vezes utilizados para bater no Cristianismo e na própria idéia de Deus. Eis aqui por exemplo um vídeo ridicularizando as várias Miss America no debate (tipicamente americano) sobre o ensino do Evolucionismo versus Criacionismo nas escolas.

A verdade, porém, é que muitos dos tais defensores do evolucionismo pouco conhecem as teorias e textos do estudioso britânico. Grande parte das idéias darwinianas são, por sua própria natureza, extremamente contrárias a qualquer tipo de igualitarismo, inclusive o racial, já que prevêem a adaptação de todo ser, inclusive o homem, ao seu meio. Eis este trecho de "A origem das espécies":

At some future period, not very distant as measured by centuries, the civilized races of man will almost certainly exterminate, and replace, the savage races throughout the world. At the same time, the anthropomorphous apes ... will no doubt be exterminated. The break between man and his nearest allies will then be wider, for it will intervene between man in a more civilized state, as we may hope, even than the Caucasian, and some ape as low as a baboon, instead of as now between the Negro [sic] or Australian and the gorilla.

Não traduzi por preguiça, mas o trecho apresenta várias idéias que hoje em dia seriam consideradas heréticas, a começar pela noção de que algumas raças estariam mais próximas do macaco do que outras, e embora não o justifique, parece prever o genocídio racial. (Detalhe aos nazistas de plantão: longe de ser um supremacista racial, Darwin era um abolicionista, ferrenho adversário da escravidão). Chama a atenção também a idéia de que o homem com o tempo iria se "civilizando" cada vez mais (mas a seleção natural não era cega e sem propósito?)

A teoria de Darwin nega a existência de Deus? Não necessariamente, embora tente dar uma explicação alternativa para o surgimento das várias espécies de seres vivos que dispensa a idéia de um Criador. Não é à toa que muitos dos ateus militantes sejam também neodarwinistas, como Richard Dawkins. 

Além disso, assumir o darwinismo ou a "sobrevivência dos mais fortes" como filosofia de vida ou de sociedade pode levar mesmo a uma negação da moral e da compaixão cristã. Ainda que, como disse certa vez o saudoso leitor Augusto Nascimento (onde andará ele?), "darwinismo é uma teoria científica, não um programa político", o fato é que o materialismo darwinista pode levar mesmo a uma descrença em qualquer tipo de realidade moral ou espiritual. (Basta um único exemplo: se a "moral" de tudo no darwinismo é apenas deixar o maior número possível de cópias de nossos genes, conclui-se que deveríamos simplesmente tentar procriar o máximo possível com o maior número de parceiros possível. Já a moral judaico-cristã, conforme Tessalonicenses 4, é bastante mais severa.)  Ateísmo e darwinismo andam, em geral, de mãos dadas.

(Pessoalmente, nada contra os ateus; só não suporto algumas pessoas de inteligência medíocre que se julgam superiores meramente por terem feito uma "descoberta" perfeitamente óbvia: "Descobri que Deus não existe. Sou um gênio! E os religiosos são apenas idiotas que ainda acreditam em Papai Noel". E lá vai o imbecil, julgando-se um crânio maior do que Tomás de Aquino. Ora, como bem escreveu Francis Bacon, um pouco de filosofia pode levar qualquer um ao ateísmo, mas ainda mais filosofia certamente levará o indivíduo a pensar também no aspecto espiritual, e nas causas maiores de tudo.) 

Mas onde eu estava? Ah sim, na teoria da evolução de Darwin. Há vários problemas com a teoria, mesmo deixando de lado o aspecto religioso. Darwin formulou sua teoria original quando a ciência da genética mal engatinhava; hoje, longe de confirmar as idéias de Darwin, a genética, em alguns aspectos, parece contrariá-la. De acordo com os neodarwinistas, a evolução seria resultado de inúmeras mutações genéticas aleatórias ao longo de milhões de anos. O problema é o seguinte: as mutações genéticas são extremamente raras e, sendo "defeitos de fabricação" (ou de cópia), também são em 99% dos casos, negativas (i.e. retardamento mental, um cachorro com três pernas, má-formação de órgãos, etc). Há perda de informação genética, não acréscimo. Para se criar uma espécie nova, você teria que ter um número suficiente de indivíduos com a mesma mutação aleatória, e que tal mutação seja de algum modo benéfica. Neste site aqui (em inglês) há a enumeração de alguns argumentos contrários à teoria darwiniana. Não sou biólogo, portanto não sei se eles têm validade ou não, mas me pareceu interessante. (Aqui outro texto criacionista com argumentos similares, mas em texto mais curto e talvez mais fácil de entender). 

Em geral, faz-se a comparação da evolução com a "corrida armamentista". Da mesma forma que ocorre com países em conflito, os animais se especializariam para atacar ou se defender. Exemplo: um predador desenvolve presas mais potentes (isto é, um predador que nasce com os caninos mais fortes é beneficiado por estes e deixa maior descendência); a presa em contrapartida desenvolve uma couraça (de novo, através da seleção natural daqueles que nascem com uma pele mais rija). 

Faz sentido, mas a diferença é que, na corrida armamentista real, há pessoas criando as armas, de um e outro lado. Ou seja, um "design inteligente". A seleção natural pode certamente favorecer uma ou outra espécie que já existe, mas não é claro, ao menos para mim, como certos atributos cada vez mais complexos surgiriam do nada a partir de mutações genéticas randômicas, até criar uma nova espécie.

A seleção natural existe e é um fato facilmente observável (i.e., os dinossauros não existem mais). Mas o  que Darwin fez foi atribuir a ela a origem das espécies (justamente o título do livro). E isso, acho, não está empiricamente provado. Embora previstas pela teoria, tais mutações, por motivos óbvios como a necessária passagem de muitíssimos anos, jamais foram observadas em laboratório ou em estudos na Natureza. O mais próximo que se encontrou foi o caso das mariposas inglesas afetadas pela poluição, mas mesmo esse estudo referia-se a um caso de microevolução em espécies já existentes (creio que também há estudos com bactérias).

Atenção. Não estou aqui querendo negar a teoria da evolução nem promover o criacionismo. Ao contrário, a teoria da evolução parece-me bastante útil como explicação para fenômenos que, antes dela, eram desconhecidos. Aliás, aceito de bom grado as suas premissas básicas, sou a favor que seja ensinada na escola e, embora não entenda alguns de seus aspectos, não sou biólogo, e portanto se tivesse alguma discordância, poderia ser mero resultado de minha quase total ignorância do assunto.

Meu pensamento sobre tudo isso está ainda, ahem, evoluindo, e portanto gostaria mesmo é de saber do leitor:

Você acredita na teoria da evolução? Ela é compatível ou não com o cristianismo ou com a crença em Deus? Como vê os aspectos da teoria que negam os dogmas mais queridos (tanto da esquerda, como a igualdade, quanto da direita, como a existência de Deus)? Poderia haver alguma outra explicação científica para o surgimento das várias espécies? Há algum biólogo na sala?

Discutam entre vocês.

domingo, 11 de setembro de 2011

Poema do Domingo

They say that “Time assuages” -
Time never did assuage -
An actual suffering strengthens
As Sinews do, with age -

Time is a Test of Trouble -
But not a Remedy -
If such it prove, it prove too
There was no Malady -

Emily Dickinson (1830-1886)

Dez anos depois


Já dez anos! O tempo voa. E aviões seqüestrados para colidir com as torres mais ainda.

Minha guinada para a "direita", ou algo parecido, começou com o 9/11. Antes disso eu tinha até votado no PT, ainda que nunca no Lula. O atentado foi um dos principais motivos que me tornaram um comentarista de blogs, primeiro no velho blog do PeDê, depois em outros, depois aqui. Nunca mais parei.

Mas o que mudou de fato após o 9/11? Não muito. Talvez tenha até piorado. Houve mais atentados islâmicos, ainda que de menor porte, nos EUA e na Europa. O progressismo multicultural continua avançando, e de fato até se radicalizou. Afinal, ser "racista" ou "islamofóbico" ou até "homofóbico" poderia gerar novos atentados, dontcha know?

Renascimento do Cristianismo? Novas Cruzadas contra o Islã? Quem dera. O Ocidente curva-se cada vez mais em direção a Meca. Agora há conversos muçulmanos até no Uruguai. Não, não penso que sejam terroristas, mas é um pouco triste que se convertam a uma religião alheia em vez de retornar ao cristianismo, que pelo jeito virou démodé.

Os terroristas venceram também em outro aspecto: viajar tornou-se um inferno. Horas de espera, paranóia, esquemas de segurança que perturbam velhinhas de 80 anos e crianças de 5, deixando passar muçulmanos em listas de suspeitos. Não se deve discriminar, afinal... Todos podem ser terroristas, e o que tem dentro dessa Bíblia, hein senhora? Mão na cabeça, velhota! You are under arrest.

Nos EUA, as chamadas comemorações do evento são quase surreais. Fala-se em "tragédia", como se fosse um desastre natural, não causado por ninguém em especial (ler aqui coluna do Mark Steyn a respeito). Os atentados são até mesmo utilizados como motivo para se exigir maior tolerância e diversidade. Afinal, se os EUA permitissem a imigração e radicalização de ainda mais muçulmanos, tais atentados certamente não teriam acontecido... Acabo de ver um cartaz em uma Igreja protestante: "Rejeite a Islamofobia", diz.

Bem, e as guerras de "democratização" resultantes dos neocons, do Iraque à Líbia? Cada vez mais desacreditadas, especialmente agora que se vê que em árabe "democracia" traduz-se por "shariah", "perseguição a cristãos" e "destruam Israel". Os EUA desistiram, agora fazem guerra para ajudar radicais muçulmanos e instituir governos linha-dura islâmica. O próprio presidente americano (Obama) afirmou que "Os EUA jamais estarão em guerra contra o Islã." Thomas Jefferson rola em seu túmulo. Salve-se quem puder!

Nada terminou de ser construído em Ground Zero. A única coisa que cresceu muito por ali foram as teorias de conspiração: foi o Bush, foi o Mossad, foram seres extraterrestres da quarta dimensão. É fato, o próprio governo alimentou tais paranóias: a captura e morte de Osama Bin Laden, por exemplo, com o tal "enterro no mar", até agora me deixaram com uma pulga atrás da orelha. Será que foi tudo mesmo como contam? 

Enquanto isso a Europa se islamiza, os EUA se terceiromundizam, os muçulmanos se radicalizam, a China continua se desenvolvendo quieta em seu canto; o Japão lentamente se despopuliza; a Rússia, como dizia Churchill, é uma charada envolta em mistério dentro de um enigma, e Israel está, como sempre, à beira da guerra.

Pois é, dez anos. O tempo voa! E eu estou deprimido, vou tirar um tempo de férias. Adeus!

sábado, 10 de setembro de 2011

Chega de igualdade!

No post anterior sobre educação, falou-se sobre crianças com graves deficiências mentais ou físicas que, em nome da "igualdade", são colocadas para estudar junto com criançs normais. É, na minha opinião, uma crueldade sem tamanho.

Uma criança especial precisa de cuidados e professores especiais. Numa sala de aula normal, não conseguirá acompanhar o ritmo dos outros alunos; por outro lado, os estudantes mais espertos tampouco poderão aprender tanto quanto deveriam (não que, nos dias de hoje, a escola ensine muito mais do que como colocar uma camisinha numa banana). É um problema também para os professores, muitos dos quais não tem treinamento específico para lidar com débeis menta... mongolói... er, pessoas mentalmente diferenciadas. E ainda existe o maior risco de bullying, a nova paranóia das classes progressistas.  

É, no fundo, a mesma idéia de Foucalt, esse maldito via..., hã, homossexual fã dos aiatolás, que dizia que os loucos mentalmente diferenciados não deveriam ser tratados, pois são iguais a todos nós. Não, caro Foucault, não somos todos iguais! 

O grande mal da era moderna é com certeza o igualitarismo. Liberdade e fraternidade, tudo bem. Agora, igualdade é uma quimera. Salvo a igualdade perante a lei, essa sim imprescindível, e uma relativa igualdade de oportunidades, o resto é impossível de obter. Não somos todos iguais, nem tudo é igual a tudo. E por que deveria ser? 

Se todas as religiões são iguais, por que alguns fanáticos religiosos se explodem freqüentemente e outros não? Se todas as etnias/povos são iguais, por que se notam tantas diferenças práticas entre os grupos humanos? Se todas as culturas são iguais, para que precisamos de "multiculturalismo"? Se todas as formas de relacionamento sexual são iguais, porque alguns conseguem se reproduzir biologicamente e outros não?

Mas nem importa que as pessoas sejam diferentes se forem tratadas de forma igual, mas não é isso o que acontece. O que se quer é alavancar uns e bloquear outros de modo a que o resultado entre eles seja igual. A "igualdade" de que falo aqui é a que quer impor cotas raciais ou estabelecer territórios para grupos étnicos específicos; é a que julga que criminosos devem ter mais direitos do que vítimas de crimes; a que quer que todos ganhem o mesmo independentemente do seu esforço ou talento; e assim por diante. 

É uma luta perdida. Os igualitaristas venceram. Está rolando pelos Facebooks da vida um vídeo em que um ator brasileiro que não conheço é acusado de "racista" por falar que Sammy Davis Jr. era negro, caolho e baixinho, e quando subia no palco virava um loiro alto de olhos azuis. Não entendi a tentativa de linchamento. O ator claramente admira Sammy, assim como eu. Se ele tivesse chamado o artista de "preto safado" até entenderia as acusações. Mas ele apenas fez um elogio, só que com uma comparação que dá a entender que é melhor ser alto, loiro e de olhos azuis do que ser preto, caolho e baixinho (só faltou lembrar que Sammy também era judeu, convertido). Bem, mas, se é por isso, talvez o ator também deva ser processado por "caolhismo", afinal claramente é prejudicado contra os caolhos...

O problema é que há tanta lavagem cerebral que até fazer um comentário ingênuo pode dar lugar a problemas. No outro dia, nos EUA, uma editora deu de presente a seus clientes um livro que continha citações bíblicas. Foi obrigada a mandar uma carta pedindo desculpas, pois o livro poderia ser considerado "ofensivo"... A loucura é tanta que já vi até tese de doutorado achando que "Will & Grace" era um seriado "homofóbico", por, hã, ter cenas de humor com personagens gays...

Chega dessa tirania politicamente correta e dessa falsa igualdade! Somos todos diferentes -- e isso é bom.

Pois há outro problema aí: estimular uma "igualdade de resultados" (ao invés de uma igualdade de oportunidades), tende-se a estimular uma série de problemas sociais. Pra que estudar? A ação afirmativa garante meu lugar. Pra que trabalhar? O bolsa-família sustenta meu lar. Pra que economizar até poder comprar uma propriedade? Tenho "direito" à terra, a ocupar casas dos outros, ou a construir meu barraco em qualquer lugar da cidade...

Liberdade, igualdade e fraternidade? Liberdade, sim, desde que com responsabilidade. Fraternidade? Sim, com aqueles que merecem. Igualdade? Apenas perante a lei.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Não tem solução mágica

Quando os japoneses e americanos utilizaram bases militares em ilhas no pacífico, algumas tribos atrasadas da região observaram com interesse aqueles pássaros gigantes de metal que decolavam e aterrisavam trazendo as mais variadas maravilhas. Depois que ocidentais e orientais foram embora, os aborígenes se dedicaram a construir primitivas imitações de pistas de pouso e torre de controle, na esperança de que os aviões voltassem a aterrisar trazendo mais produtos maravilhosos. O fenômeno passou a ser conhecido como "cargo cult".  

Nada mais parecido com a primitiva mente cargocultista do que um progressista moderno.

Leio por exemplo um artigo do NYT sobre o uso da tecnologia na educação. Progressistas gastam bilhões dotando escolas com computadores e demais parafernália eletrônica, e depois se surpreendem que os escores dos alunos não tenham aumentado nem um pouquinho. Como explicar a eles que o computador é apenas um instrumento, e que por si só não torna ninguém mais esperto ou mais instruído?

Lamentavelmente, a tecnologia parece ter substituído o bom senso nas escolas americanas. Segundo a reportagem, alunos estudam Shakespeare criando perfis dos personagens das peças no Facebook, ou escutando canções de rap de Kayne West. Tudo menos ler o texto original. Nessas condições, é claro que mais do que uma ajuda, a tecnologia torna-se mesmo um empecilho, uma distração.

Parte da explicação, é claro, é mero interesse pecuniário. Diz no artigo que entre os maiores partidários da idéia estão a Fundação de Bill e Melinda Gates e alguns funcionários da Apple; pergunto-me por quê... Mas uma grande parte é realmente a ingênua crença em alguma espécie de solução mágica para a educação, de preferência uma que não implique muito estudo ou esforço, e que possa transformar mesmo o mais preguiçoso latino ilegal em um novo gênio da raça.

Certamente alguns alunos mais inteligentes poderão até utilizar o computador e outras tecnologias para o aprendizado e o crescimento pessoal; a maioria, no entanto (especialmente em um ambiente em que o professor, seguindo as idéias paulofrerianas, não é mais um mestre, mas um mero "guia") o utilizará para acessar o Facebook, escrever blogs imbecis como este aqui, ou assistir a vídeos de idiotas levando tombos.

Não é só a tecnologia. Assim como as tribos do Pacífico com suas falsas pistas de pouso, os governos torram bilhões de dólares com a construção de super-escolas com arquitetura ultra-moderna, imaginando que talvez o problema das escolas públicas seja o prédio. Sim, é a arquitetura. Como não pensamos nisso antes, Batman?

E, assim como os aborígenes, depois de construir sua super-escola e dotá-la dos mais possantes computadores, os progressistas sentam e esperam, esperam, esperam... 

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Devem os ricos pagar mais impostos?

Chega de falar sobre imigração, raça, cultura, decadência européia e todos esses temas que me deprimem profundamente. Vamos falar de um tema sobre o qual todos concordam: impostos. Todo mundo, até o Noam Chomsky, gostaria de pagar menos impostos, certo?

Bem, aparentemente, nem todos. O bilionário socialista Warren Buffet diz que quer pagar mais impostos e que acha que todos os bilionários deveriam fazer o mesmo. Os apenas milionários também entraram na onda e apoiam os projetos de Obama para aumentar os impostos sobre os ricos (e os nem tão ricos).

Bem, nada impede que eles doem toda a sua fortuna ao governo Obama, se assim quiserem, mas porque essa ênfase em uma mudança da lei? 

Há ainda um estereótipo que vê os ricaços americanos como sendo sagazes capitalistas, conservadores e fãs de Ayn Rand, mas isso está bem longe da verdade. O fato é que hoje a grande maioria dos bilionários, de Al Gore a Bill Gates, são socialistas, Democratas e estatistas. Por que isso ocorre? Essas pessoas não dão ponto sem nó, portanto deve haver uma grande vantagem em ser estatista. Provavelmente, ajuda a limitar o surgimento de possíveis concorrentes. Se você está no topo, você não quer mais competição, certo? 

Mas o que o povo acha de tudo isso? Políticos populistas querem nos fazer acreditar que os mais pobres querem sempre mais impostos sobre os ricos, mas isso não é sempre verdade.

Um artigo muito interessante da Economist, ao qual eu já fiz alusão no post anterior, fala sobre essa questão. A tendência era achar que o cidadão de classe média quer menos impostos aos ricos pois sonha em um dia ser rico também; quanto mais impostos aos mais ricos, menos estímulo tem o cidadão de classe média a se esforçar mais e subir de vida. Isso faz sentido, mas talvez essa não seja toda a verdade. O artigo descreve um curioso experimento que foi realizado por estudiosos:  

Os autores realizaram uma série de experimentos onde estudantes receberam aleatoriamente somas de dinheiro, separadas por 1 dólar, e informaram sobre a "redistribuição de renda" que se seguiria. Então cada um recebeu mais 2 dólares, que eles deveriam dar seja à pessoa diretamente acima deles, seja à pessoa diretamente abaixo deles na "classe social". Em concordância com a teoria da "aversão ao último lugar", as pessoas que estavam a um degrau da classe mais baixa eram as mais propensas a darem o dinheiro às pessoas acima delas: recompensando os "ricos" mas garantindo que ao menos alguns continuassem mais pobres do que eles.  

Segundo o estudo, portanto, não é que as pessoas necessariamente imaginem que um dia serão ricas, o que não querem é estar entre os mais pobres dos pobres, querem sempre ter alguém abaixo de si. Coisas da natureza humana. 

O que fazer? Pessoalmente, e nesse ponto concordo com o Ron Paul, sou a favor da abolição do imposto de renda, e que o único imposto existente seja sobre as vendas, de modo que os ricos (ou aqueles que consumem mais) pagarão de acordo com o que consomem, sem burocracias e sem firulas. É claro que com essa medida advogados, contadores e milhões de burocratas perderiam seus empregos, sem contar que o Estado diminuiria de tamanho e se intrometeria menos na privacidade do indivíduo, e portanto tal medida é inadmissível.