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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Educação sim, censura não!

Uma das maiores desgraças causadas pelo "politicamente correto", que nada mais é do que a aplicação prática dos princípios ultra-igualitários esquerdistas ao discurso, é ter tornado as pessoas extremamente sensíveis à mais ligeira provocação.

Além da censura midiática que proíbe a discussão honesta sobre certos assuntos, há a censura (ou até autocensura) que se cria entre os indivíduos, que cada vez ficam com mais medo de ter problemas, ou até mesmo um processo nas costas, devido a alguma frase infeliz dita ou escrita por aí. Isto até piorou com a Internet: às vezes, até uma frase inocente publicada no Facebook ou Twitter pode gerar infinitas dores de cabeça.  

Um exemplo, já mencionado aqui, foi o caso do ator brasileiro Rodrigo Lombardi, que foi criticado por ter elogiado o dançarino e cantor negro Sammy Davis Jr., só que de uma forma considerada preconceituosa pelos bem-pensantes. A intenção do ator não apenas era a de elogiar, como Sammy Davis está morto e não se importa mais sobre o que disserem sobre ele. Isso, naturalmente, não impediu muitos progressistas de quererem a cabeça do "racista".

Toda hora há casos novos. Agora tem o comercial de lingerie com a Gisele Bündchen, que o governo quer proibir. Antes, um humorista foi censurado por fazer piada com King Kong e teve que se retratar. Uma jovem acusada de criticar os nordestinos no Twitter teve que abandonar a faculdade. Vez por outra um jogador de futebol é acusado de "racista" por chamar outro de "negão" ou de "macaco". Segundo um jornalista do Globo, "todo castigo é pouco para os racistas": ele chega a afirmar que seria preferível que o racista tivesse agredido o outro jogador com um soco do que chamá-lo de "macaco", que hoje em dia parece ser a maior ofensa jamais criada contra qualquer pessoa de cor. (Também o saudoso Clodovil uma vez foi processado por racismo por ter chamado uma deputada negra de "macaca de tauilleur"). O que é estranho é que, no tempo dos Trapalhões, não lembro que houvesse tanto escândalo com palavras como "macaco", "cabeça-chata", "fresco", e por aí vai. 

Hoje no Canadá, ocorreu o oposto: um jogador de hóquei negro está sendo criticado por ter chamado um adversário de "bicha" ou "viado" (faggot). Detalhe: parece que o adversário é mesmo viado, ou ao menos está empenhado na causa do casamento gay. Outro detalhe: o jogador que realizou o insulto já tinha por sua vez recebido insultos racistas anteriormente, o que não impediu que agora seja criticado por ser homofóbico.

Isso nos leva a uma importante questão filosófica: o que é pior nestes dias, ser "racista" ou ser "homofóbico"? Se um gay ataca um negro e vice-versa, quem leva a pior? Nos EUA, um violento caso de negros que agrediram um branco no McDonald's foi ocultado pela mídia, até que se descobriu que a vítima branca era um travesti. Sendo, portanto, um ataque "homofóbico" (e não simplesmente contra um branquelo que merecia mesmo apanhar), o ataque passou a ser registrado e mesmo criticado. O que parece provar que: a) os gays venceram a batalha e a "homofobia" é mais forte do que o "racismo, e b) que o único grupo que não tem direito a reclamar são os brancos heterossexuais cristãos. Apanhem calados!). 

O mais curioso de tudo é que há almas delicadas até no campo de hóquei. Bater até quebrar ossos pode, o que não pode é insultar... 

De acordo com a Associacão Canadense de Gays e Lésbicas contra a Difamação (sim, existe isso), "o discurso de ódio e insultos homofóbicos não têm lugar no campo de hóquei."

Pôrrameu, são jogadores de hóquei, o esporte mais violento do mundo! Se um jogador de hóquei não pode nem chamar o outro de "viado", onde diabos iremos parar?!?

Isso tudo parece um tema menor e sem importância, mas não é mesmo. Todas essas novas leis anti-racismo e anti-homofobia, bem como a simples existência do "politicamente correto", tem uma função bem clara no projeto progressista:  a censura.

Sim, a esquerda, que tanto chora sobre a "censura" que sofreu durante a "horrível ditadura militar", é a maior censuradora hoje em dia!

Atenção, isso não quer dizer que eu seja a favor de insultos. A ética comanda que, por uma questão de civilidade, os insultos (raciais, sexuais ou de qualquer outra ordem) sejam evitados; mas, em certos ambientes como o esportivo, eles são bastante comuns, e não deveriam ser objeto de qualquer tipo de ação legal. Jogador de futebol e torcedor estão ali para xingar e serem xingados mesmo: só falta agora quererem proteger de insultos a mãe do juiz... 

Faz tempo que casos de injúria e difamação são corretamente levados em conta pela lei, e não pareceria haver necessidade de leis novas. Observe ainda que a censura esquerdista vai muito além disso, não permitindo nenhum tipo de discurso que seja sequer contrário aos grupos protegidos pelo progressismo mundial.

Por exemplo: um cidadão foi acusado de "racismo" por sugerir em artigo de jornal (mas sem usar qualquer insulto) que a cultura branca européia fosse mais avançada do que a cultura indígena nativa brasileira. O que parece algo óbvio -- afinal, os povos europeus eram ou não mais avançados tecnologicamente, artisticamente, etc? --  hoje virou caso de polícia. (O acusado também afirmou que os índios enterrariam ossos em certas propriedades para dizer depois que estas seriam "terras indígenas"; isso, lamentavelmente, também não é mais do que a verdade, já comprovada em vários casos). 

Não sei como acabou o caso: o Ministério Público queria do pobre homem uma indenização inicial de 30 milhões de reais.

Quanto aos gays, é ainda pior, e acontece no mundo todo. No outro dia, um estudante inglês foi suspenso por simplesmente dizer que "o homossexualismo é errado." Percebam que ele não insultou ninguém nem disse nada de extraordinário: o mero fato de achar que atos homossexuais sejam pecado já é um crime ou ao menos uma falta em muitos países. 

Até mesmo ser contrário ao "casamento gay", o que há pouco era apenas questão de opinião, está virando um discurso proibido. E isso que o "casamento gay" é uma questão que afeta, segundo estatísticas, 0.55% da população americana (é o número de parceiros do mesmo sexo que vivem juntos). Tempestade num copo d'água?

Essa censura toda termina tendo também, acredito, um efeito psicológico nefasto. Impedida de se pronunciar de forma civilizada, a crítica às minorias termina se transformando em ódio e rancor. Mesmo eu, que tenho contato com pessoas de todas as cores, religiões e orientações sexuais sem jamais ter insultado ninguém, toda vez que ouço alguma proibição politicamente correta, tenho vontade de urrar insultos racistas e homofóbicos aos quatro ventos. Imagine então alguém que foi suspenso da escola ou perdeu o emprego por ter dito alguma frase proibida: será que o seu ódio vai ser maior ou menor?

Com mil raios e trovões! Deixem o mundo se expressar em paz! Seus sacripantas, pândegos, anacolutos, embusteiros, antropopitecos, antropófagos, babuínos, ungulados, psicopatas, piromaníacos, sodomitas, bucaneiros, cabeçudos, colocintos, carcamanos, chucrutes, tecnocratas, terroristas, zapotecas, visigodos, iconoclastas, selvagens, astecas, esquizofrênicos, ornitorrincos, frouxos, macacos, parasitas, otomanos, ruminantes, canalhas, covardes, mercenários, ectoplasmas, doríferos, coleópteros, zulus!!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Coesão social em sociedades multiculturais


No post anterior falei sobre uma sociedade que não parece andar muito coesa, a sociedade sul-africana. O que faz a coesão de uma nação? Apenas a raça? Na verdade, não. Esse é apenas o método mais primário, podíamos até dizer mais primitivo. É o mesmo princípio pelo qual se organizavam as tribos de cavernícolas a centenas de milhares de anos.

Tanto os supremacistas brancos quanto os supremacistas negros (eles existem, na África) querem o retorno a uma organização social coesa, baseada na coexistência entre semelhantes da mesma "tribo". Ei, não há nada de necessariamente errado em sociedades monoraciais ou monoculturais (desde que não envolvam genocídio ou outras formas de violência). Elas são, de fato, mais estáveis do que as sociedades multiculturais.

Mas há outros métodos para manter a coesão, especialmente nesta época em que, até por razões tecnológicas, as distâncias globais diminuíram. A religião, por exemplo. Se toda uma nação segue uma mesma orientação religiosa, é possível que sejam de grupos étnicos ou origens diversas, mas manterão a harmonia por acreditarem nos mesmos princípios básicos. (Por outro lado, as sociedades que se dividem significativamente em religiões diferentes tendem ao conflito interno, mesmo que sejam da mesma origem étnica ou racial - pensem nas antigas perseguições religiosas entre católicos e protestantes em vários países europeus).

Na Europa, a coesão social era dada pelo nacionalismo (tribos de espanhóis, alemães, franceses, etc.) e pela religião. Em um momento em que a religião está quase que totalmente diluída pelo secularismo, e o nacionalismo é atacado pela imigração e pelo fim das fronteiras internas, a sociedade inicia a perder a coesão. O que tem em comum um francês católico do interior da Bretagne com um imigrante muçulmano dos banlieues?

Bem, há outra forma de manter a coesão social - através do autoritarismo. O Estado Superpoderoso que impede conflitos internos através da força bruta, ou da ameaça de força bruta. Foi assim que a União Soviética pôde se manter coesa, bem como a Iugoslávia comunista, ambos "países" formados por vários povos de etnias e religiões diversas. Sintomaticamente, ambos modelos ruíram com o fim do comunismo. (Não sei se a Europa escolherá esse caminho autoritário, que é o que quer a esquerda, ou se retornará ao velho nacionalismo étnico, que é o que quer a direita).

Os EUA não são como a Europa. Aqui o que segura a sociedade é outra coisa -- a Constituição. Sim, a maioria de religião cristã é também importante (o país não funcionaria da mesma forma se tivesse, digamos, 20% de muçulmanos), mas o fato é que aqui existe uma porção numerosa de judeus, hindus, católicos e protestantes, sem que hajam conflitos religiosos de marca maior. E as "tribos" que o formam são numerosíssimas. Nem raça nem religião (ainda que, atenção, ambos sejam importantes, e não é nem um pouco certo que um EUA de minoria branca e cristã siga coeso): porém, a Constituição Americana é que é o documento que é citado de forma quase religiosa por quase todos os americanos, e é um dos principais fatores de coesão no país. Por isso os ataques de Obama à Constituição, sobre a qual afirmou que seria "defeituosa" por não prever a distribuição de renda, são tão perigosos. Parece que os Democratas preferem o método de coesão do "Estado superpoderoso".

E o Brasil? Aqui não tem religião única, muito menos raça única, e a Constituição é pouco mais do que uma piada. O que explica a sua manutenção como país? Eu diria que a grande idéia sobre a qual o Brasil se organizou é justamente a mestiçagem. Existem pessoas de todos os lugares no país. Todos somos misturados e, se não somos, certamente parte de nossos amigos e parentes o são. A religião, através do sincretismo religioso, segue o mesmo modelo (que só agora, com a chegada dos evangélicos, parece estar dando os primeiros sinais de conflito). Se há divisão, é acima de tudo entre classes sociais e, secundariamente, entre regiões. A raça aparece apenas como terceiro fator (ainda que a própria divisão social tenda a gerar uma divisão parcialmente étnica).

Por isso também a idéia de Lula de separação racial - dar "terras indígenas" para índios que nem mesmo são mais índios, mas descendentes, e expulsar os fazendeiros "brancos" (que tampouco são exatamente brancos, mas misturados -- o próprio presidente da Associação de Arrozeiros de Roraima é de origem japonesa) - é estúpida e contraproducente, criando uma divisão e um ressentimento que não existiam antes no país, além de ter sido péssimo para a economia da região, como bem aponta o Reinaldo Azevedo. Tendo vivido tanto no Brasil como nos EUA e na Europa, posso dizer com certeza que o Brasil é o menos "racista" e "xenófobo" desses países (uso os termos entre aspas porque são termos que de tão abusados quase perderam seu sentido hoje em dia), ainda que tenha também seus problemas. Mas medidas demagógicas como essa não ajudam à coesão social.

Se os índios podem ter suas terras exclusivas em Roraima, isso quer dizer que alguns colonos de origem alemã em Santa Catarina poderão finalmente criar seu volkstaat? E, se não, por que não? Como mostra a situação na África do Sul, o pêndulo da divisão racial e social pende para os dois lados. Lula e seus amigos deveriam pensar melhor no tipo de Brasil que desejam criar. Poderão se arrepender amargamente de suas escolhas.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Bye bye Miss American pie



O Obamacare passou, ao menos no voto inicial. Os Democratas celebram, mas mal sabem eles (ou sabem e não se importam) que estão praticamente assegurando o fim dos EUA como superpotência mundial. It's over, è finito, c'est fini.

O país está à beira da bancarrota, e este trambolho que acaba de passar vai custar mais alguns trilhões. Não haverá dinheiro para inovação em tecnologia médica, e muitas companhias de seguro médico irão falir, deixando o caminho livre para o futuro monopólio estatal, que encherá o bolso de alguns políticos, mas custará mais para todos os outros a uma qualidade cada vez pior.

Naturalmente, a saúde "gratuita" beneficiará prioritariamente aqueles que vivem no welfare, os que recebem pouco e não pagam imposto de renda, e os ilegais. A saúde de todos estes grupos será paga pela classe média que trabalha, graças a um fenomenal aumento de impostos. O aumento de impostos gerará mais desemprego, o que colocará mais pessoas no welfare, o que gerará maiores impostos, etc.

Depoi de ferrar com a saúde, o próximo passo de Obama será aprovar o plano "antiaquecimento global", que vai ferrar com a economia, e o plano de "reforma de imigração", permitindo a legalização imediata de vinte milhões de ilegais no país - o que, em tempos de desemprego, também não vai ser muito bem recebido pela classe média. O que não importa, já que os agradecidos novos legalizados votarão nos Democratas, e a fraude fará o resto.

Os EUA se tornarão um país de minoria branca, com uma maioria formada por uma maioria desunida de todos os credos e cores. E, assim, ao desemprego se juntará o ressentimento étnico e racial. Aos altos impostos se juntarão a inflação e a desvalorização da moeda, garantindo a pobreza de milhões. Os EUA deixarão de investir em tecnologia militar e limitarão enormemente os gastos com a defesa, deixando o país à mercê de ataques, que, cedo ou tarde, acontecerão, causando ainda maior caos e crise econômica. A China cobrará suas dívidas e tomará o lugar anteriormente ocupado pelo colosso americano, ou talvez o controle passe para a tal Nova Ordem Global.

Depois disso, é possível até mesmo uma guerra civil e a secessão do país em diversos novos Estados, como sugeriu há algum tempo um maluco russo que já não parece tão maluco assim.

Naturalmente, tudo isso não acontecerá imediatamente, mas aos poucos, ao longo de várias décadas. Mas é o caminho que foi escolhido pelos Democratas.

Há mais de dois mil anos atrás, Marco Túlio Cícero advertia os romanos:
O orçamento nacional deve ser equilibrado. As dívidas devem ser reduzidas. A arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos estrangeiros devem ser reduzidos se a nação não quiser ir à falência. As pessoas devem, novamente, aprender a trabalhar, em vez de viver da assistência pública.
Roma não ouvi os conselhos, e caiu. Seguirão os EUA pelo mesmo caminho?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

V

Não sei se alguém lembra da minissérie "V", que passou lá nos idos dos anos 80 no Brasil. Agora realizaram uma versão nova, que acaba de estrear. O primeiro episódio pode ser assistido online em alta definição (não tenho certeza se funciona fora do território dos EUA, no entanto). A qualidade de imagem é excelente, e mostra que a televisão praticamente acabou - hoje a Internet a substitui com vantagem.

No episódio, uma atraente morena*, líder de visitantes espaciais, chega do nada com sorriso e simpatia, é paparicada pela mídia e promete saúde pública universal gratuita aos terráqueos, que caem no conto. É claro que tudo não passa de uma pilantragem, já que não somente o plano de saúde termina custando trilhões, gerando desemprego e altos impostos, como os visitantes, por trás da máscara humana, são na verdade sádicos répteis devoradores de gente.

Fora essas pequenas coincidências, ainda é cedo para saber se a nova versão de "V" é mesmo uma crítica ao governo Obama ou só um descarado plano de marketing.

* O nome da atriz morena é mesmo Morena, e nasceu no Brasil.
Alien-in-chief.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Qué pasa en Honduras?

São os americanos, quem diria, que estão forçando o retorno de Zelaya ao poder. Com direito a aplauso de Hillary. Anteontem, por mera coincidência, o sobrinho de Micheletti foi assassinado: mãos dos zelayistas, ou da própria CIA? O governo Obama está apoiando o neo-comunismo na América Latina, não restam dúvidas. Até o comuna pedófilo e estuprador que quer virar ditador na Nicarágua os canalhas estão promovendo.

É um pouco assustador. "EUA, EUA, por que nos abandonaste?", gritam os (poucos) arautos da liberdade que restam na América Latrina. Mas é inútil. Cada um deve carregar sua cruz; a das nossas terras é o caudilhismo eterno.

Mensagem de Obama à A.L.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Nós os canibais


Há uma mostra em Londres sobre Montezuma e diversos artefatos da cultura Azteca (ou, mais corretamente, Mexica) que está gerando, aparentemente, grande polêmica. Um crítico de arte chegou a comparar os Aztecas aos Nazistas, e a chamar a sua arte de repulsiva.

De fato, os Aztecas/Mexicas não brincavam em serviço. De acordo com seus próprios relatos, em um único evento que durou 4 dias sacrificaram 80.400 prisioneiros, o que daria uma proporção de executados por dia maior do que a de Auschwitz. Considerando que os sacrifícios incluíam arrancar o coração ainda pulsante da vítima, depois decapitá-la e devorar o restante do seu corpo, há razões para crer que o número real de mortos no evento não seja tão grande, mas tenha sido propositalmente inflado pelos próprios Aztecas, para criar medo e pavor em seus adversários.

De qualquer modo, a maioria dos historiadores coincide em que os sacrifícios realizados pelo império Azteca era de pelo menos 20.000 vítimas por ano, incluindo mulheres e crianças (alguns falam em 250.000). Relatos da época realizados por espanhóis afirmam ter visto imensas torres decorativas com mais de cem mil crânios humanos. De deixar Pol Pot morrendo de inveja.

Em nossas próprias paragens Tupi-Guaranis, embora não chegando aos requintes teatrais de crueldade de Astecas e Maias (estes recentemente representados em Apocalypto), a maioria das várias tribos locais também eram canibais. O exemplo mais famoso é o dos Tupinambás, graças ao relato do sobrevivente Hans Staden, mas é certo que várias outras tribos também realizavam a mesma prática de executar e comer seus inimigos. Uma das reclamações dos índios após a chegada dos portugueses é que, com a colonização e assimilação de várias tribos, já não tinham tantos inimigos para devorar.

A intelectualidade local tem certa ambiguidade em relação ao canibalismo de nossos ancestrais. Alguns, na defensiva, argumentam que os relatos foram exagerações - quando não pura invenção - dos colonizadores, para justificar a escravidão dos índios. Outros, ao contrário, assumem a pecha do canibalismo com orgulho, criando mesmo movimentos literários em seu nome e afirmam que, por pior que tenham sido os canibais, a cultura branca européia patriarcal sempre foi, é e será pior.

Cortez, genocida ou salvador? Por um lado, é certo que os espanhóis cometeram massacres covardes contra os Aztecas. Por outro lado, também é verdade que não realizaram isso sozinhos, mas aliaram-se a tribos indígenas para destruir o império Azteca, o qual vivia de explorar e escravizar as tribos menores, utilizando os cativos em seus macabros rituais.

Bem, é inútil discutir agora. Até porque o grande genocida das culturas ameríndias - de Aztecas a Tupinambás - não foram os espanhóis nem os portugueses, mas simplesmente o vírus da varíola.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Mim não ser índio!

Caiu por acaso nas minhas mãos um poema pavoroso que jamais aparecerá no Poema do Domingo:

O capital reduz
Homem do povo a animal,
E quando o homem do povo
Se comporta como animal,
O capital exige contra ele
A pena capital.
É por essas e outras que a poesia tem má fama. Escrever boa poesia é algo muito difícil, mas alguns acham que basta alinhavar alguns jogos de palavras e idéias toscas e voilà.

Pois o "poema" acima, chamado "Pena de Morte", é de autoria de Ayres Britto, ministro do STF que fez um supostamente famoso discurso a favor da pesquisa com células-tronco embrionárias, e um dos principais responsáveis pela expulsão dos arrozeiros da Raposa do Sol.

Por aí dá para ver que é duplamente petista (de alma, ao menos): seja como juiz, seja como poeta.

Descobri tudo isso ao ler uma matéria de um jornaleco ambiental celebrando a demarcação das terras na Raposa do Sol. Ao justificar a expulsão dos arrozeiros, o ministro informou que a cultura indígena é diversa (mas não primitiva!), e portanto deve ser tratada de forma diversa. Os índios precisam de mais espaço pois para eles a terra é literalmente "sagrada", pois por ela flui o espírito de Tupã...

Olha, nada contra os índios, mas acho que o que vemos aqui é mais uma manifestação do "culto ao primitivismo" sobre o qual já falei em outro post. Se antes os colonizadores europeus foram demasiado inclementes na asserção de sua superioridade cultural, hoje passou-se para o outro extremo: tudo o que é branco ou europeu não presta, tudo o que é indígena ou associado com culturas não-ocidentais é considerado como tendo grande valor. Mesmo que se tratem potinhos de cerâmica mal pintados vendidos a preço exorbitante para turistas.

No mais, nunca entendi muito essa associação do Brasil com os índios. Somos, afinal, portugueses. Quer dizer, somos em grande maioria descendentes de europeus. A Europa e a África estão muito mais presentes na cultura brasileira do que a nação tupi. De mais a mais, tudo bem que os índios tenham uma cultura diversa (ainda que reste hoje pouco de genuíno), mas não é por isso que devemos todos voltar para o mato. Não fossem os europeus, os índios ainda estariam se matando e se comendo entre si e vivendo da mesma forma, sem qualquer avanço cultural ou tecnológico significativo. Celebremos as culturas indígenas, aborígenes e antropofágicas, mas por que não celebrar também a nossa velha herança ocidental?

Como será que eu explico explicar ao ministro em uma linguagem que ele entenda?

Mim não ser índio! Mim não gostar de batuque!
Mim homem branco, capitalista selvagem.
Mim não gostar de selva e mosquito, mim querer ar-condicionado.
Mim preferir Mozart a apito.

Mim não gostar de "poesia" de ministros.