quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus

Ano novo, vida nova? Não é sem certa tristeza no coração que anuncio o possível fim do Blog do Mr X. Possível, pois ainda não decidi de todo, mas como todos sabem há algum tempo ando meio de saco cheio disto tudo. Isso não quer dizer que vou parar de escrever. Mesmo que acabe com este blog, criarei outro em moldes diferentes, ou contribuirei com outras publicações. Talvez nem mesmo acabe com o blog, apenas reformule um pouco o seu conceito, ou só mude de pseudônimo, aposentando o atual personagem. Na verdade, como acenei no post anterior, já tinha planos de uma reformulação total tanto visual como de conteúdo. É possível que faça isso em vez de acabar definitivamente com o blog.

O fato é que estou um momento bem delicado na minha vida pessoal e profissional, e isto naturalmente tem prioridade. Preciso decidir o que fazer com a minha vida, e o tempo gasto com o blog não ajuda. Além disso, gostaria de dedicar mais tempo a escrever sobre outros temas, não relacionados com política,  e para isso talvez tenha que tirar a cabeça de assuntos políticos, ao menos momentaneamente. Quem sabe um blog sobre literatura e cinema?

Mas outra razão para parar é que não estou me divertindo mais. Não sei se foi coincidência ou não, mas a chegada de vários leitores de índole nacional-socialista meio que deturpou o objetivo original do blog. Não os culpo, afinal fui eu quem deu abertura e margem para certas discussões que hoje são tabu na mídia e, sinceramente, acho que algumas dessas questões são, sim, importantes. Até acho que alguns novos leitores contribuíram com boas informações. Por outro lado, ficou um pouco demais. Era divertido quando havia uma leitora nazista como a Bárbara, assim como era divertido quando tínhamos o Augusto Nascimento e seu positivismo. Porém, quando 90% dos comentários versam sobre a inferioridade racial dos negros, as traquinagens malignas dos judeus e um ódio totalmente desmesurado ao Brasil e aos brasileiros, começa a ficar meio entendiante.

Nada contra, não quero que pensem que acabo com o blog por causa de alguns comentaristas, nem tampouco pensem que tenho planos de censurar ou expulsar ninguém. Como diz o sujeito quando quer acabar com uma relação que tornou-se insatisfatória: "não são vocês, sou eu". É só que não sinto mais como se fosse o meu velho blog. Transformou-se em algo que nem sei mais o que é.

Agradeço a Chesterton, Confetti, Brancaleone, Gunnar, DD, Gerson B, KCT, Mais Valia, Cecília, Marcelo Augusto, Ana Beatriz, Microempresário, Klauss, Harlock, Woland, Diogo, Iconoclasta, Bachmaníaco, Bruno, Thiago, Edu, Fred, Pax e vários outros leitores antigos que me seguiram durante todo este tempo, ou quase todo. São meus amigos, e não tolero desrespeito com meus amigos. Jamais os conheci pessoalmente, é verdade, mas fazem tantos anos que discutimos online que é como se os conhecesse. Um abraço todo especial ao Augusto Nascimento, onde quer que ele esteja. Espero sinceramente que ainda ande por aí. Agora que penso, acho que o blog começou a morrer com a sua partida.

Agradeço o interesse que estes textos tem suscitado ao longo dos anos, aos leitores velhos e também aos novos. Mesmo os debates sobre a questão racial foram, em alguns casos, interessantes. Não renego aqui o que escrevi ou mesmo as discussões polêmicas que foram geradas. Mas talvez os leitores anônimos tenham razão, se certas discussões sobre raça me incomodam então eu não deveria falar sobre o assunto. Quem está na chuva é pra se molhar. Se eu não tenho uma visão clara sobre o assunto, ficar em cima do muro só complica mesmo. Por outro lado, sempre falei sobre tudo um pouco aqui, de sexo a religião, sem maiores problemas. O tema racial foi o único que chegou a me deixar estressado, sabe-se lá por que. Talvez por ser demasiado reducionista, ou implicar em uma visão demasiado estreita e determinista do mundo. Talvez porque discutir isso é tão tabu que seja tabu até para mim. Talvez porque, tendo tido uma namorada judia que ainda é boa amiga, eu fique meio sem jeito de ter um blog frequentado por nazis. Quem sabe?

Não acho que os problemas humanos tenham solução, não acredito em utopias nem em movimentos revolucionários. Se alguns aspectos do mundo moderno me incomodam, talvez seja por mera nostalgia de um passado idealizado que nunca existiu. Nem sei mais se sou conservador, libertário ou o quê. Talvez eu não seja nada. Sei que, por mais problemas que eu tenha com a democracia atual, não gosto de sistemas totalitários, seja de que ordem forem. O pensamento unificador do blog sempre foi a temática da liberdade, como ilustra a frase de Isaiah Berlin abaixo. Sempre preferi a liberdade, ainda que, como cantava a Janis, liberdade nada mais seja do que não ter mais nada a perder.

De qualquer modo, é um período meio estressante para mim por outros motivos e, como disse acima, estou com vários assuntos pessoais e profissionais que preciso resolver. Quando isso ocorrer, tudo poderá estar novamente em paz.

Como gosto mesmo é de poesia e não de política, deixo vocês com Yeats que é um pouco um resumo do modo em que vejo as coisas neste momento:

Civilisation is hooped together, brought
Under a rue, under the semblance of peace
By manifold illusion; but man's life is thought,
And he, despite his terror, cannot cease
Ravening through century after century,
Ravening, raging, and uprooting that he may come
Into the desolation of reality:
Egypt and Greece, good-bye, and good-bye, Rome!
Hermits upon Mount Meru or Everest,
Caverned in night under the drifted snow,
Or where that snow and winter's dreadful blast
Beat down upon their naked bodies, know
That day brings round the night, that before dawn
His glory and his monuments are gone.




Liberdade é também poder dizer adeus.


P.S. 14/01: Caros leitores, fechei o espaço pra comentários deste post pois não tenho tempo para entrar nas discussões, que de qualquer jeito estavam virando um pouco repetitivas. A internet brasileira está tão carente de espaços assim? 
A boa notícia é que vou voltar a escrever, mas acho que em outro blog. Aguardem novidades. Abs. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Potpourri do Ano Novo

Ainda de ressaca. Sem paciência ou capacidade para textos mais coerentes, mas ao mesmo tempo pensando em várias notícias ocorridas recentemente, vai aqui uma série de breves comentários sobre a nossa vida atual.
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O beijo. Um casal lésbico virou a nova imagem símbolo da Marinha americana. Reparem como elas imitam a famosa cena do marinheiro beijando a moça no V-Day. Reparem ainda como escolheram duas jovens bonitas, não as gordas masculinizadas mais típicas entre as lésbicas da vida real. Como peça de propaganda, é ótima. Mas é estranho observar como até o exército americano, considerado até faz pouco reduto conservador, é na verdade tão progressista quanto o resto da sociedade americana.
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É claro, a promoção do gayzismo vem de cima. Agora vários formulários oficiais do governo americano já não tem mais "Mother" e "Father" para você completar, mas apenas "Parent 1" e "Parent 2." É o futuro. Em breve, no Brasil também. Aguardem.
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É possível falar de raça sem ser nazista? Quero dizer, é possível discutir sobre o tema sem necessariamente obcecar sobre os judeus ou sobre os negros e propor um estado fascista totalitário com eugenia e segregação racial? Estou meio de saco cheio de falar sobre esse tema, pois só gera discórdia e não tenho qualquer interesse em fomentar ódio racial ou propor alternativas políticas pra o que existe agora; se me interesso pelo tema é mais pelo caráter científico e social da coisa mesmo. Mas, pelo que percebi até agora, não me encaixo muito no perfil psicológico de "realista racial". Aliás, até que gosto da diversidade racial e cultural reinante no Brasil, muito embora não queira que o mundo inteiro se torne um Brasil. Deixem a Europa ser a Europa. (Por outro lado, acho que a África se beneficiaria com uma maior presença de brancos e asiáticos. Será que os chineses vão recolonizar?)
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Fui, acreditem, numa festa de samba quando estive no Brasil. Diversidade racial reinante entre o público. Negros, brancos, asiáticos, mulatos, algumas turistas italianas e uma polaquinha galega que dançava melhor do que ninguém (branco não sabe sambar, pois não?). Diverti-me, confesso, talvez porque estava bem acompanhado. Se tem algo que o negros tem de bom é sua alegria e vitalidade. Clichê, eu sei, mas provavelmente verdadeiro. Os países nórdicos tem alto nível de suicídio, bem como o Japão. Entre os países africanos, deve ser muito baixo. Uma vez alguns estudiosos acharam que o baixo rendimento escolar dos negros americanos era devido à sua "baixa auto-estima", causada por anos de sofrimento e escravidão. Foram fazer um estudo, descobriram que era o povo com maior auto-estima do mundo! (provavelmente atrás apenas dos argentinos).
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Genética ou cultura? Os negros brasileiros são em geral simpáticos. Entre porteiros, vigias, ascensoristas, atendentes e demais trabalhadores honestos (naturalmente, não falo aqui de criminosos) raramente vi algum mal-humorado ou ressentido contra os brancos. Nos EUA, ao contrário, há muitos. É o que chamam de "chip on the shoulder." Lamentavelmente, também no Brasil começa a ser fomentado esse tipo de atitude. Agradeça aos esquerdistas.
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Os estereótipos existem por alguma razão. São exageros, certo, porém baseados em experiências relevantes, ou sequer existiriam. No entanto, o indivíduo é soberano. Em uma aula que ministrei uma vez, a melhor aluna era uma negra (mulata, de origem caribenha), enquanto o aluno asiático era  preguiçoso e vagabundo (crescera no Brasil, talvez isso explique). Não devemos deixar de ver as árvores por causa da floresta.
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Depois do show de samba, fui num restaurante vegetariano "new age". Stuff White People Like à quarta potência. Não havia um único negro, sequer um mulato claro, entre os comensais. Cultura ou genética? De fato parece haver poucos negros vegetarianos ou veganos; por outro lado, os rastafaris jamaicanos são vegetarianos. Parece que o vegetarianismo/veganismo tem mais função de status atualmente, e portanto é mais comum entre os brancos de classe média-alta que querem posar de alternativos.
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Obama será reeleito? É a grande pergunta do ano nos EUA. Minha impressão é que sim, será. Os Republicanos não se decidiram ainda por nenhum candidato, e todos tem sérios defeitos. O mais cotado é o Mitt Romney, que tem o problema (para a ala cristã) de ser mórmon. Meu candidato preferido é o Ron Paul, que não tem muita chance, embora esteja indo bem nas pesquisas. Porém, ainda acho que Obama será reeleito.
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Vi muitas pessoas tatuadas no Brasil. Não lembro que fosse assim antes. Nos EUA, naturalmente, ou o menos em Los Angeles, 90% das pessoas tem alguma tatuagem, por pequena que seja (ok, exagero um pouco, mas são muitos mesmo). Quando é que as tatuagens ficaram populares e deixaram de ser uma marca de criminosos ou gente vulgar? Para mim, ainda refletem uma certa vulgaridade. Jamais namorei com uma moça tatuada. Porém, é cada vez mais difícil encontrar uma que não o seja, mesmo que apenas no calcanhar.
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Há mais e mais estrangeiros interessados no Brasil, seja para investir, seja para visitar. Acho isso bom. Leio matérias mostrando que há europeus (em especial, portugueses) vindo morar no Brasil, já que na Europa há crise e desemprego crescentes, e o euro periga. Eu digo, que venham. Conheci na Europa mais de uma pessoa  de trinta e tantos anos que morava com os pais e jamais tinha trabalhado na vida. Uma tristeza. Na Espanha o nível de desemprego chegou a 25%, um quarto da população. Milhares de jovens europeus se formam e não tem o que fazer da vida. Dica ao governo Dilma: ofereça facilidades para que venham ao Brasil. Jovens inteligentes e qualificados nunca serão em demasia, e faz mais sentido do que mandar brasileiros inteligentes para estudar fora (pois muitos não voltam). Mas os muçulmanos, esses que fiquem lá pela Europa mesmo, ou melhor ainda, que voltem para as Arábias.
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Feliz 2012 a todos. Ainda é cedo para falar sobre isto, mas: o blog vai mudar. Nada mais será como antes.