sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Obrigado aos leitores

Olá,

Agradeço aos leitores pelo prestígio durante todos esses anos em que o blog esteve ativo. Peço desculpas mas ultimamente não tive a menor inspiração para escrever aqui, e algumas outras mudanças em minha vida fizeram o resto.

Também confesso que não estava gostando muito do caminho pelo qual o blog estava indo, meio que um caminho sem volta em direção ao pessimismo, ao radicalismo e outros ismos.

É bem possível que volte a escrever, mas acho que se fizer será em outro blog e com outro nome. De qualquer forma, comunicarei por aqui.

Um abraço ao Chesterton e à Confetti, e a todos os outros.

X.  


quarta-feira, 26 de junho de 2013

A volta dos que não foram

Atualização: alguns perguntaram sobre versão digital do livro, haverá em breve. 

Protestos no Brasil, protestos na Turquia, protestos na Bulgária, protestos, protestos. Mas protestos pelo quê? Nem os próprios manifestantes sabem, às vezes.

Porém, há uma nítida sensação de mal-estar no planeta, e a vaga ideia de que governos, organizações multinacionais, bilionários globalistas, grandes corporações, illuminati, _________________ (complete como quiser) estão de alguma forma transformando o mundo em algum lugar pior.

Bem, eu por enquanto ainda não tive tempo de parar e me dedicar a escrever sobre esse tema, mas, para quem tem saudade do blog, que tal comprarem o livro com os melhores posts e mais alguns textos inéditos, que agora está custando apenas 7 dólares na Amazon? Dois leitores já compraram, o que me rendeu a milionária cifra de 10 dólares. Se todos os 183 assinantes comprarem, eu ganharei a astronômica cifra de... 250 dólares. O que não é nada. Mas enfim. É só uma sugestão.

Mas não se preocupem, voltarei em breve, para desgosto dos bem-pensantes.


Clique aqui para comprar. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Não se preocupe, irá piorar

Soldado decapitado por muçulmanos em plena rua na Inglaterra. "Jovens" imigrantes fazendo baderna e queimando carros na Suécia. Um francês suicidando-se em plena Catedral de Notre Dame em protesto contra o casamento gay.

É, tem muita coisa acontecendo no mundo. E é bem provável que aconteça muito mais.

Lamentavelmente, o trabalho e alguns outros fatores imprevistos me deixam sem tempo ou paciência para escrever aqui por enquanto (ou, na verdade, em lugar nenhum). Peço desculpas, mas estou mesmo sem tempo e energia.

O Ed West, colunista que acabo de descobrir logo quando ele anunciou que não vai mais escrever para o Daily Telegraph, teve uma brilhante última coluna, no qual observa que os conservadores tendem a ser mais pessimistas do que os progressistas. É verdade. Questão de temperamento, ou de ideologia? Tenho para mim que é apenas maior realismo. A vida não é fácil.

Voltarei à ativa em breve, questão de semanas ou dias. Enquanto isso, lembre-se: a diversidade é nossa força. O Islã é uma religião da paz. A culpa de tudo é dos brancos europeus racistas, que não ajudam suficientemente os pobres imigrantes indefesos.

Pânico nas ruas. Irá piorar?

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Esquerdistas são psicopatas?

Uma dentista foi queimada viva por bandidos em seu consultório por ter "apenas 30 reais" em sua conta bancária. Um dos bandidos era menor de idade.

A dentista não tinha uma vida fácil. Além de ter pouco dinheiro no banco:
"Solteira, a dentista morava no mesmo imóvel do consultório (montado em 2003) com os pais e uma irmã de 42 anos com necessidades especiais -- que dependia de Cinthya para se manter." 

Já os bandidos não pareciam ser assim tão pobretões. Além de ter dinheiro para drogas, chegaram em um Audi de propriedade da família de um deles, não sei se obtido por meios lícitos ou ilícitos.

Ah, mas de que lado você acha que a esquerda vai ficar? Bem, fui lá conferir no blog do Sakamoto e, que dúvida. Eis o que ele diz:


Reafirmo, contudo, que, sim, 93% dos paulistanos (que são favoráveis à redução, pela pesquisa Datafolha) estão errados e, considerando que a lei dificilmente mudará, o melhor seria que todos contribuíssem para buscar soluções que atuem nas causas do problema. Ou alguém acha que uma pessoa capaz de entender o valor da vida ou que teve sua vida respeitada pela sociedade botaria fogo em alguém?
Vamos analisar por partes. Primeiro, Sakamoto diz que "93% dos paulistanos estão errados". Ele, o iluminado, é o único certo. Ele também fala em "causas do problema". Poderia estar se referindo à psicopatia presente em vários elementos das subclasses brasileiras, ou ao deficiente sistema penal e judicial brasileiro? Não. Lemos mais adiante que o bandido "não entendia o valor da vida" (da dos outros, pois parece bem entender o valor da sua) e "não teve sua vida respeitada". Respeitada por quem, mané? Ele teve as mesmas oportunidades que todos, ou até mais, se for verdade que não vinha de família tão pobre. E, de mais a mais, ser pobre ou ter tido uma vida difícil justifica colocar fogo em alguém?

E, no entanto, esse é o discurso não só do Sakamoto mas de toda a esquerda brasileira, que odeia a redução da maioridade penal e que vive com pena de bandido.

(Brasileira? Que nada, a esquerda é assim em todas partes. Também no caso do terrorista checheno que atacou nos EUA, já tem articulista esquerdo-americano escrevendo que a culpa é da América por ter demorado demais a lhe dar a cidadania, e não pagar um auxílio-desemprego decente -- sim, o vagabundo nem trabalhava e era sustentado pela esposa).

Ah: em todo o post do Sakamoto, não há uma única menção, uma única palavra de compaixão para a dentista barbaramente assassinada.

Eu não sei para vocês, mas, para mim, quem defende psicopatas é psicopata também.

De quem você tem mais pena?

a)

b)


Se você escolheu "a", parabéns: você é um psicopata de esquerda!

sábado, 20 de abril de 2013

Você já foi à Chechênia?

Então. Os terroristas de Boston eram chechenos. Um morto, um capturado. Muçulmanos, é claro. Mas não é de todo certo que a religião tenha sido o principal motivo. Na verdade, embora importante, eu acho que foi apenas um motivo acessório, uma justificativa para um ato que teve mais a ver com outras questões.

O irmão maior parecia ser o mais fanático religioso, e o mais envolvido com grupos terroristas. No entanto, era casado com uma americana branca e tinha uma filha pequena. Já o jovem de 19 anos, que está agora em custódia policial, dizia que não tinha amigos americanos, que não os entendia. Parecia ser mais isolado. A família deles tinha retornado ao Daguestão (embora chechenos de nascença, cresceram na região vizinha).

Bem, é bastante claro que eram jovens que mesmo morando há vários anos no país, um deles até tendo ganho uma bolsa de estudos de uma importante universidade americana, não se adequaram de todo à vida na América. Ou, pensando bem, adequaram-se extremamente bem.

Afinal, o que é a vida na América, hoje em dia? A América é o multiculturalismo, é uma cultura superficial, é um país para onde a maioria das pessoas vai apenas para ganhar dinheiro, e não por interesse em, digamos, sua culinária, suas tradições ou o exemplo de Thomas Jefferson.

É verdade também que a vida de um imigrante nem sempre é fácil. Eu sei disso. Os imigrantes nem sempre são bem tratados. Muitos, na verdade, são explorados: a elite empresarial beneficia-se deles pois pode contratá-los a preço mais baixo que os locais. Aliás, grande parte da razão para a imigração na América e em outros países é por conduzir a uma redução de salários (lei da oferta e demanda), o que beneficia os empregadores. Se eles forem ilegais ou tiverem vistos temporários, melhor ainda. Podem receber ainda menos dinheiro, e serem expulsos quando não servirem mais!

Mas, de um modo mais amplo, muitos imigrantes sentem-se isolados culturalmente. A América pode ser um país cruel. O Robert Lindsay, que é um maluco idiota de esquerda e acha que o governo americano é "de direita", no entanto escreveu uma descrição interessante (ainda que totalmente negativa) da cultura materialista do país, em especial no que se refere às relações entre os sexos e nas expectativas materialistas das mulheres, o que leva muitos homens à loucura.

Isso ajuda a explicar os vários atiradores loucos que de vez em quando aparecem no país. A maioria deles, jovens sem namorada ou com problemas de relacionamento.

O assassino coreano de Georgia Tech também sentia-se confuso. Era louco, é verdade, mas o sentimento de isolamento pode ser um poderoso elemento que conduz a surtos psicóticos. Se tivesse permanecido na Coréia com sua família, isso não teria acontecido.

A mesma coisa pode ter acontecido com os jovens terroristas de Boston. O isolamento ou algum outro motivo levou-os a uma aproximação com o terrorismo islâmico, que é um poderoso catalisador da raiva.  O Hans Magnus Erszenberger uma vez escreveu um bom artigo sobre isso, "O perdedor radical". Cada vez mais estamos entrando numa era em que os motivos importam menos, e importa mais a possibilidade que cada indivíduo tem de ser, individualmente, um terrorista. Sua vida justifica-se com a aparição na televisão e o sentimento de poder. Dois jovens de 19 e 26 anos, munidos apenas de armas e algumas panelas de pressão, pararam um país inteiro.

Algum dos leitores conhece a Chechênia? Eu vi um filme sobre a Chechênia uma vez, o ótimo "12", do Mikhalkov. Os chechenos são famosos por terem uma cultura machista, retrógrada e violenta. Muitos dedicam-se ao contrabando e ao crime. Brigas de facas na rua são normais. A tradição antes do casamento é seqüestrar a noiva, às vezes de forma violenta. Depois do casamento, a tradição é sair de carro dando tiros de Kalashnikov. Parece um país divertido.

Os americanos agora estão debatendo se vale a pena importar mais chechenos para a América: existem apenas 200 no país. É muito pouco! Os EUA precisam de bem mais. A diversidade é a força de uma nação.

Crianças chechenas brincando.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Bomba em Boston

Nestes tempos de informação global, já estão todos naturalmente sabendo das explosões que ocorreram durante a maratona de Boston.

Ainda é cedo para especular o que ocorreu, mas parece que tem um suspeito saudita, o que indicaria terrorismo muçulmano. Na verdade, o próprio método pareceria indicar uma operação típica de terrorismo muçulmano: duas bombas (na verdade, pelo menos três), uma depois da outra, evento público, vítimas civis. Fosse um terrorista "doméstico", provavelmente escolheria algum alvo mais relacionado com o governo federal, como foi o caso de Tim McVeigh.

Colocarei novas notícias e uma análise mais detalhada assim que os fatos forem aparecendo.

Atualização: O tal suspeito saudita foi, parece, um erro de informação. Há por enquanto três mortos e mais de cem feridos. As bombas foram caseiras, não estamos falando aqui de carros-bombas que teriam causado um estrago ainda maior.

Se não foram terroristas muçulmanos, quem foi?

a) Um nerd branco que ao invés de disparar rajadas de metralhadora decidiu chamar a atenção com algo mais potente.

b) nacionalistas brancos ou direitistas irritados com, hum, com o quê exatamente? Por que Boston? Por ter sido o berço do "Tea Party" original?

c) operação "false flag" do governo Obama para culpar nacionalistas brancos / direitistas / etc.

d) o IRA (Boston é reduto de irlandeses)

e) ?



terça-feira, 9 de abril de 2013

Maggie

Margaret Tatcher se foi, e os esquerdistas celebram adoidados. É interessante que os esquerdistas acreditam ser "do bem", mas seu ódio contra as figuras que não são de seu time é realmente impressionante de observar. Imagine se alguém demonstrasse o mesmo ódio contra Mandela, Lula, Martin Luther King ou Ghandi?

Em particular, nunca entendi tanto ódio contra a Margaret. Acho que, entre os políticos, só o Bush foi tão odiado. E talvez a Sarah Palin. Tenho, aliás, a impressão que as poucas mulheres que se encontram mais à direita no espectro político são mais odiadas do que os homens, mas não tenho estudos que provem isso.

Por que tanto ódio? A Guerra das Malvinas foi provocada pelos argentinos, portanto ela não pode ser acusada de imperialista. Apoiou Pinochet? Bem, qual era a alternativa, apoiar os revolucionários comunistas? Sobre as políticas locais, não sei muitos detalhes, mas parece-me que salvou a Inglaterra de um rombo fiscal e que foi bem dura contra os sindicatos grevistas que paralisavam a economia. Quanto à imigração, começou em peso depois dela, com o Labour.

Fora isso, foi uma líder brilhante em muitos aspectos.

Por sinal, uma outra coisa que seria interessante investigar é por que a Inglaterra em particular teve uma longa história de boas líderes mulheres, em alguns dos períodos mais importantes do país: Rainha Elizabeth, Rainha Vitória, Margareth Tatcher. Ué, e o tal sexismo tradicional da cultura anglo, como é que fica?

Adeus, Maggie. Descanse em paz você também.


terça-feira, 2 de abril de 2013

Dois minutos de ódio

Imagino que todos tenham lido "1984" do George Orwell. (Se não leram, deixem já o blog e vão criar uma cultura básica). No livro, o governo ditatorial tinha uma figura, um certo "Emmanuel Goldstein", que era um vilão submetido aos "dois minutos de ódio" pela população. Sua imagem aparecia na tela, e a multidão o vaiava por dois minutos. Depois, a vida continuava, e todos voltavam a ser oprimidos pelo Grande Irmão.

Naturalmente, o tal Goldstein (assim como o Grande Irmão), provavelmente nem existia realmente, era apenas uma imagem criada para canalizar o ódio popular.

Bem, hoje temos uma coisa parecida, só que são pessoas reais, que tem direito a seus dois minutos de ódio toda vez que dizem ou fazem alguma coisa contrária ao credo progressista.

No Brasil, por exemplo, agora tem uma certa Joelma, cantora da banda Calypso. Ela, que é evangélica, fez algumas declarações contrárias ao casamento gay. Também já foi filmada sugerindo a um fã gay adolescente que "virasse homem" (ela acredita na reabilitação, eu não). Pronto. É a nova figura a ser odiada pela população bacana. Antes dela, foi o tal Marcos Feliciano, e antes o Bolsonaro. Todos culpados de serem contrários ao casamento gay ou a alguma outra bandeira progressista.

Cada vez me convenço que o tal "casamento gay" é, sim, um modo de chutar as canelas do Cristianismo, mas principalmente uma manobra para distrair as massas. Afinal, só interessa a 3-5% da população que é homossexual, ou nem isso, pois a maioria dos gays, nos lugares em que obteve o direito de casar, prefere não fazê-lo na prática. Trata-se, portanto, de uma medida acima de tudo simbólica. Porém, ajuda a demolir a Igreja e a sociedade tradicional, então, por que não? E, ao mesmo tempo, enquanto a classe média fica distraída discutindo a "igualdade de casamento", é roubada, enganada e estuprada por um governo cada vez mais totalitário, sem nem perceber...

Vejam o seguinte gráfico, que mostra quando começou a se ouvir falar em "casamento gay":


Quer dizer, uma questão que por milhares de anos nunca foi defendida, nem pelos próprios homossexuais, de repente, em quinze anos, parece ter se tornado a questão maior do discurso político? Ora, é claro que tudo isso foi artificialmente manufaturado, com o intuito de criar uma falsa polêmica para ludibriar os imbecis.

Acho que George Orwell cometeu apenas um erro em "1984": ele superestimou a capacidade de rebeldia e de inteligência dos seres humanos. A verdade é que a maioria aceita bem alegremente mugir e comer alfafa, e ainda jurando que está sendo "independente"!


domingo, 31 de março de 2013

Poema do Domingo

Easter, 1916

I HAVE met them at close of day
Coming with vivid faces
From counter or desk among grey
Eighteenth-century houses.
I have passed with a nod of the head
Or polite meaningless words,
Or have lingered awhile and said
Polite meaningless words,
And thought before I had done
Of a mocking tale or a gibe
To please a companion
Around the fire at the club,
Being certain that they and I
But lived where motley is worn:
All changed, changed utterly:
A terrible beauty is born.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Para onde vai a Igreja Católica?

O grande Lawrence Auster faleceu nesta sexta-feira, há poucas horas. Estou muito triste. Era a minha leitura de todo dia. Agora, quem vou ler? É provável até que acabe com o blog (agora, a sério), afinal, não terei mais de onde copiar idéias.

Que Deus o tenha. Pouco antes de morrer, ele converteu-se ao Catolicismo. (De origem judia, era já convertido ao Cristianismo, só que ao Anglicanismo). Morreu na Sexta-Feira Santa. Ressuscitará ao terceiro dia? Pouco provável. Mas enfim. Requiescet in pace. 

Eu também sou Católico. Não muito praticante, é verdade. Mas ainda gosto da Igreja Católica. Quando estive na Itália, entrava em todas as Igrejas que podia. Às vezes, rezava. Deus não atendeu minhas preces, mas, é como diz aquele ditado russo, "reze, mas não deixe de remar." Eu muitas vezes não remei, fiquei à deriva. Remar cansa muito.

Tenho um "amigo" ateu no Facebook. Vive postando críticas à religião. O seu último post foi um cartum imbecil sugerindo que os religiosos não gostam de biologia, que são ignorantes, amantes do obscurantismo e inimigos da ciência. Repliquei comentando que isso não era verdade, e que o pai da genética, Gregor Mendel, era um padre católico. Desde então, ele não fala mais comigo.

Há algo de infantil no ateísmo militante. Tanto que a maioria das pessoas descobre o ateísmo na adolescência. Muitos até se vangloriam disso. "Deixei de acreditar aos doze anos!" Mas nessa idade ainda estamos em formação. Dá para levar a sério uma descoberta intelectual realizada nessa idade?

De qualquer modo, eu tampoco encontrei ainda a iluminação ou qualquer sinal de Deus. Simpatizo com a Igreja Católica, é tudo. Porém, não sei ainda o que vai acontecer com ela. Desconfio um pouco do novo Papa e sua humildade excessiva. Sim, sei que ele é Jesuíta e que é seguidor de São Francisco de Assis, mas mesmo assim. Argentino humilde é uma coisa muito estranha, não? Espero que ele não seja muito ligado ao pessoal do Leonardo Boff.

A verdade é que a Igreja Católica, como o Ocidente, está em crise. Em alguns casos, torna-se até parte do problema, com seus padres gays e sua teologia da libertação. É um alvo fácil dos esquerdistas. Criticar a Igreja Católica, hoje, é muito fácil. (Já criticar o Islã...)

A contribuição da Igreja Católica à arte Européia é inestimável (o protestantismo, por sua proibição de imagens, nem chegou perto). O Vaticano, para quem visitou, é um dos lugares mais impressionantes do mundo.

Mas o Vaticano também tem sua importância política, ainda que hoje esteja muito reduzida. "Quantas Divisões tem o Papa? perguntou uma vez Stalin, ironizando. Não se dava conta que o poder da Igreja é outro. Tanto que o Império Soviético foi derrotado, também, graças à ajuda de João Paulo II.

Desconfio que o destino do mundo ocidental, e em especial europeu, ainda estará ligado ao destino da Igreja Católica.

Descanse em paz, Lawrence Auster.

E Boa Páscoa a todos.




P. S. Para quem não conhecia o Larry Auster e não se atreve a ler em inglês com o Google Translator, existiam algumas traduções de seus escritos ao português. Lamentavelmente, a maioria era publicada pelo (também falecido?) Dextra, antes dele virar anti-Cristão, e sumiram para sempre. Um dos seus textos mais difundidos na língua de Camões é um sobre a inteligência e as raças, mas que na verdade está longe de ser o seu melhor trabalho. Sua obra-prima é "O Caminho para o Suicídio Nacional", um texto mais longo sobre a decadência dos EUA através da imigração. O melhor que ele fez, fora isso, foi a brilhante descrição da mentalidade progressista, em textos como a "Lei de Auster sobre relações entre maiorias e minorias", entre outros.  

De qualquer modo, eu acho que a importância de Auster está muito além dos seus escritos. Para muitos de seus leitores, que se encontram por toda a blogosfera, foi um mentor, um líder, uma pessoa com quem conversar. Tive a oportunidade de corresponder-me com ele por e-mail um par de vezes, e sempre foi simpático. Ao contrário de muitos blogueiros da chamada direita, uma das coisas chamativas em Auster era sua falta de ódio. Nunca escreveu com ódio contra minorias étnicas ou raciais, e nem mesmo contra esquerdistas, mesmo quando era duramente crítico destes. Acho que tinha um talento especial para fazer as pessoas pensarem em coisas que normalmente não pensariam, e para colocar em palavras o que outros pensavam, mas não sabiam expressar. Sua influência intelectual deve continuar através de seus seguidores.  

quarta-feira, 27 de março de 2013

Dá para falar de raça sem racismo?

Tem aquelas pessoas que, quando são acusadas de racismo, dizem: "tenho um amigo negro." Bem, eu não tenho, não. Mas tenho uma conhecida negra. Bom, não a conheço pessoalmente, mas jogamos Palavras Cruzadas online. É muito inteligente, ou ao menos tem um ótimo vocabulário: sempre ganha, a maldita.

Tenho também uma amiga judia. Ao contrário do estereótipo, é loira, não é de esquerda e é bem politicamente incorreta. No outro dia ela me confessou que detesta ciganos. (Parece que os ciganos tem um lobby muito fraco, é bem mais aceito falar mal deles do que dos negros, dos gays, dos judeus ou dos índios, até a esquerda o faz).

Tenho também um, não diria amigo, mas conhecido mexicano que é mistura de tudo: parte índio, parte negro, convertido ao judaísmo, e algo me diz que é gay também. Apesar da fama de preguiçosos dos latinos, é muito estudioso e foi aceito para fazer pós em uma importante universidade americana.

Estou querendo dizendo o que? Nem sei. Acho que o seguinte: pela minha experiência no blog, a maioria das pessoas, nesse delicado tema, ou está num extremo ou em outro. De um lado, os que dizem que raça não existe, que não existe nenhuma diferença genética entre os povos, e que notar padrões de comportamento é racista. Ou seja, vêem só o indivíduo e não o grupo.

Do outro, estão aqueles que só conseguem ver o grupo sem separar os indivíduos, e afirmam que raça é o determinante de tudo, que os pretos isto, que os ciganos aquilo, que os japas e índios aquilo outro. Quase sempre aspectos negativos. Não conseguem ver pontos positivos, isolar o indivíduo do grupo ou entender que a cultura também é importante.

(Questão relacionada: o novo Papa é "latino"? Genéticamente italiano, culturalmente argentino, qual é mais importante para vocês?)

Bem, acho que sou um dos poucos moderados nesta história toda, que se encontram na metade do caminho. Para mim, a genética é um dos fatores desta vida, mas definitivamente não o único. E, de qualquer modo, mesmo a genética se modifica ao longo do tempo e das gerações. Cultura e genética estão constantemente influindo uma na outra, de modo que fica até difícil separar.

Quem veio antes, o ovo ou a galinha?

No mais, independente de tal ou tal comportamento e/ou tendência ser "cultural" ou "genético" (ou mais provavelmente uma mistura dos dois), acho que é bastante claro que existem diferenças de comportamento médio entre os grupos. E nesse sentido não falo apenas dos grupos raciais principais, mas mesmo de grupos intra-étnicos: há diferenças comportamentais entre alemães e italianos, turcos e árabes, japoneses e coreanos, etc. É verdade que os estereótipos étnicos (asiático estudioso, italiano corrupto,  etc) não vem aleatóriamente do nada: são meramente uma "média" meio caricaturizada do comportamento grupal. Mas isso não quer dizer que isso seja característico de todos os indivíduos, o tempo todo! Eu já conheci japonês burro e preguiçoso. Até alemão com senso de humor já conheci.

E, como eu disse, tudo muda. Pode até ser verdade que hoje não haja países africanos que tenham um alto nível de civilização. Mas quem sabe daqui a vinte, trinta, duzentos ou mil anos isso não vai mais ser verdade. Pode também que nós ocidentais degringolemos e os chineses nos superem de vez. Nada é certo nesta vida, fora os impostos e a morte.

O que quero dizer, basicamente, é que não se pode ser de todo dogmático, certo?

E viva a diversidade humana, que o mundo é belo porque é vário.

Casamento cigano (na verdade, travelers irlandeses).

segunda-feira, 25 de março de 2013

Acordem-me quando o inverno acabar

O Inverno da Civilização, entenda-se.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Esqueçam o que escrevi

É culpa minha, suponho. Eu devia ter me dado conta que tudo o que se escreve tem conseqüências. Que tudo pode ser bem ou mal interpretado, e que um texto, uma vez publicado, já não pertence mais ao escritor mas ao leitor.

Eu falei tantas vezes que ia sumir, que no fim, ironicamente, foi o leitor quem terminou sumindo.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Babel

O velho esbarrou em uma mulher no ônibus que ficava atravancando o seu caminho. Ao descer, esbravejou: "stupid Armenian bastards!"

Não sei qual era a nacionalidade do velhote. Talvez fosse turco. Turcos e armênios não se bicam. Mas isto ocorreu em um bairro armênio de Los Angeles, então poderia ser apenas resultado do stress. Os armênios, dizem as más línguas, são meio antipáticos, muito etnocêntricos, endogâmicos, maus motoristas e envolvidos em fraude com cartão de crédito. Mas, fora isso, são boa gente. O bairro em que moram é um dos mais seguros de Los Angeles, o que não é pouco.

Bem, mas o que eu queria dizer é que a maioria dos povos, por uma razão ou otra, em geral se odeiam. Até coreanos e japoneses, que pra nós parecem iguais, não se suportam. Dizem que suecos e noruegueses também tem uma longa rivalidade, e não falemos dos franceses e dos ingleses. Quem inventou o multiculturalismo e achou que todos os povos iam de repente viver em paz, não sabia o que estava fazendo. Ou talvez soubesse bem demais. Talvez o multiculturalismo exista mesmo para criar o caos. Dividir e conquistar. Gerar um povo desunido, em briga entre seus diversos grupos e clãs. Não sei. O fato é que essa visão do multiculturalismo como uma utopia na qual os povos, devido ao contato mais próximo, passam a se conhecer e se relacionar melhor, é balela. "Good fences make good neighbours", dizia o poeta Robert Frost. Bons muros geram bons vizinhos.

De todos modos, o multiculturalismo é um efeito natural de duas coisas: um, impérios e sociedades afluentes sempre atraem outros habitantes em busca de fortuna, e dois, a tecnologia atual potencializa esse efeito. Portanto ainda vai continuar por um bom tempo. Não é de todo ruim: há pessoas interessantes em todos os povos, e é possível encontrar ótimos restaurantes etíopes, indianos e coreanos em qualquer lugar de Los Angeles.


terça-feira, 12 de março de 2013

Chavez vive!

Não cheguei a falar sobre a morte do Chávez porque estava muito ocupado abrindo o champanhe. Não, sério, na verdade, foi porque achei que não tinha muito a dizer que já não tivesse sido dito melhor por outros. Mas tem uma coisa que eu fiquei me perguntando que é o seguinte: será que a Venezuela mudou mesmo muito com o Chávez (pra pior ou pra melhor)?

Não conheço a Venezuela, e não acho que jamais tenha sido uma maravilha, mas a impressão que tenho pelas noticias e pelos poucos venezolanos que conheci exilados no exterior foi que piorou para a classe média, melhorou para alguns amigos do Chávez, e que, para os pobres, apesar de todo o discurso, ficou mais ou menos igual. Os dados indicam que houve um leve aumento no poder aquisitivo dos mais pobres (que ocorreu em toda a América Latina no mesmo período), mas o crime e a inflação na Venezuela aumentaram muito (o crime em Caracas, quase 400%). A bonança do petróleo a preço alto perdeu-se quase toda entre a burocracia e a corrupção, o dinheiro sendo utilizado para aparelhar o Estado mais do que para construir uma infra-estrutura decente no país. Ou seja, não mudou muito. Então, qual a razão para a popularidade do Chávez, em especial entre as classes baixas?

Talvez seja que eles se identificam com o líder indígena de origem humilde que chegou no topo. Ou talvez seja que basta pouco para contentar os pobres: um trocado aqui, uma bolsa-família ali. Vemos a mesma coisa em muitos outros países latino-americanos: desconfio até que a falta de escolaridade de Lula foi mesmo um truque para mantè-lo mais "próximo ao povo" do que ele realmente é. Na Argentina, ainda hoje, décadas depois de sua morte, Perón ainda é popular, muito embora tenha praticamente destruído a Argentina, que antes de seu governo já fora um país próspero. Mas é o mesmo sistema que se repete, percebam: um caudilho popular, "amigo do povo", muito embora pouco faça de concreto pelo povo além do que dar algumas esmolas, uma que outra lei, e muitas palavras vazias. 

Chávez morreu e está no Inferno, mas outros líderes similares irão surgir, talvez seja a sina da América Latina, quando o que precisaríamos seria de alguém como o Lee Kwan Yew. E, claro, outro povo.

Herói ou vilão? Nenhum, só mais um caudilho pateta.

Esquerdofobia

Passei uns dias numa conferência esquisita, uma espécie de Fórum Social Mundial local numa universidade no norte do estado, cheia de esquerdistas das mais variadas espécies, acadêmicos esquerdoidos e representantes de grupos de imigrantes como La Raza, além de um grupo de trabalhadores latinos que iriam participar de um protesto depois. Não, não virei de esquerda, fui fazer um trabalho paralelo mas deu pra assistir um pouco do que rolou. Foram dias infernais nos quais percebi algumas coisas interessantes e também tristes:

sexta-feira, 1 de março de 2013

Crianças do século XXI

Um suposto amigo no meu Facebook mandou-me uma notícia sobre os pais de um menino de seis anos que querem processar a escola porque não deixam o garoto utilizar o banheiro feminino. Para os pais, o menino sofre de "transtorno de gênero" e diz ser menina, sendo tratado como tal até pelos coleguinhas.

O infeliz que me mandou a notícia disse ainda estar sentindo-se "orgulhoso de viver no século XXI." Respondi dizendo que achava que era uma tristeza fazer isso com uma pobre criança, que o sexo não pode ser mudado por mera força mental, e que eu pessoalmente preferiria viver no século XIX.

Ele não é mais meu amigo no Facebook... :'-(

Mas, sinceramente, que tais loucuras sejam não apenas toleradas como celebradas é um absurdo, e mostra que vivemos em uma era doente. Nem crianças estão a salvo? Que os próprios pais incentivem isso ainda por cima, e apareçam em programas de televisão e coloquem a foto do filho travestido em dezenas de jornais, me parece trágico e triste.

Como diz um dos comentaristas na matéria americana original, "meu filho tem seis anos e acredita ser o Super-Homem. Deveria eu incentivá-lo a pular pela janela para que tente voar?"

Para quem acha a comparação inválida, saiba que "virar mulher" é tão impossível quanto voar, e que incentivar uma criança a fazer tudo o que quer pode ser perigoso.

É claro que os pais estão usando o próprio filho como um mero objeto em seu ativismo insano, o que torna tudo mais terrível e nojento. Está bastante claro que os revolucionários de hoje querem acabar com as distinções entre os sexos, algo impossível, ilógico até, mas é o que querem. Uma das principais bandeiras dessa luta parece ser a de querer acabar com os banheiros separados para cada sexo.
O cartunista travestido Laerte já virou herói progressista, e vejam aqui um banheiro em uma universidade americana:



"Auto-identificado como homem". Nada é mais ilustrativo da idéia progressista de que você é o que você quer ser, e dane-se a biologia. Somos "todos iguais" pela mera força do desejo. Os gêneros não existem. Sim, e eu posso voar, se quiser.

O triste é que essa criança provavelmente vai crescer muito confusa, e quem sabe no futuro tente até tomar hormônios femininos ou fazer uma "cirurgia de troca de sexo". Aliás, um estudo médico recente concluiu quatro coisas sobre tal tipo de cirurgia:

1) Mutila um corpo são, sendo portanto contrária ao princípio ético de "primeiro, não fazer mal".
2) É sugerida para pessoas que "acreditam estar no corpo errado", portanto trata-se de uma solução física para um problema psicológico, sendo mais fácil e menos danoso mudar o desejo do que o corpo.
3) A cirurgia não cumpre o que promete, não realiza uma real "troca de sexo", portanto não tem benefícios reais.
4) É irreversível, modificando permanentemente alguém que talvez sofra apenas de uma condição psicológica temporária (há mais de um caso de pessoas que se arrependeram depois da cirurgia, e alguns até cometeram suicídio).

Tais cirurgias deveriam ser proibidas, no entanto ocorrem cada vez mais, muitas vezes pagas com dinheiro público.

Ah, outra coisa que nota-se muito hoje em dia é o extremo narcisismo dos progressistas, às vezes prejudicando os próprios filhos em prol de sua causa. Desde os pais que criaram uma tempestade em copo d'água devido a um comentário infeliz para com seu filho adotivo negro, aos atuais pais que se incomodam por uma decisão bastante sensata da escola, todos tornam-se ultra-sensíveis ao menor limite imposto à sua "liberdade".

Bem-vindos ao admirável Século XXI! Diga a verdade, você não está orgulhoso também?

Orgulho e vaidade.

A nova aristocracia

Muitas pessoas acreditam que a aristocracia acabou, que não existem mais nobres vivendo no bem-bom enquanto outros suam a camisa e que, graças à democracia, agora todos somos iguais e vivemos sob um sistema meritocrático onde qualquer um pode subir de classe social, basta o esforço, o trabalho e a educação...

Pausa para gargalhadas: Quá, quá, quá!!!!!

A verdade é que a aristocracia não acabou, as aristocracias modernas são apenas diferentes por não se basearem exclusivamente na hereditariedade (embora ainda sejam em grande parte hereditárias) e por terem um tipo diferente de apetrechos: sai a coroa e a carruagem, entram os agentes secretos e as limusines. A classe política é a nova classe de nobres (no Brasil, "trabalham" três dias por semana por salários bastante superiores ao da maioria das profissões, sem falar nos extras.)

Nos EUA, no entanto, não está ficando muito diferente. Este divertido artigo do Mark Steyn fala sobre a presidência Obama, comparando-a com a família real britânica. Em apenas duas viagens de férias, Obama e Michelle gastaram mais do que a família Rainha da Inglaterra em um ano. (Bem, não foram eles que gastaram, foi o cidadão. Uma viagem com o Air Force One custa aos contribuintes em torno de 181 mil dólares por hora de vôo, sem falar nos outros gastos com serviço secreto, etc.). Segundo um recente estudo, o custo anual da presidência Obama (tudo pago pelos impostos do cidadão americano) somou 1.4 bilhões, vinte vezes mais do que a família britânica e mais até do que a soma de todas as famílias reais européias.

O curioso é que os gastos da família real britânica, embora bem mais modestos, foram duramente criticados pela mídia, enquanto os gastos de Obama foram ignorados ou até aplaudidos. A mídia americana parece ter virado sucursal da revista Caras, só faz celebrar o casal presidencial, e a Primeira Dama até Oscar entregou.

Enquanto no Brasil as pessoas acham um absurdo que Renan Calheiros gaste 22 mil reais em um spa anti-stress, os americanos raramente reclamam dos gastos da família Obama, muito embora o país esteja à beira de um precipício fiscal.

Democracia? Besteira. Como dizia Mark Twain, "se votar fosse importante, não nos deixariam fazê-lo". A classe política, lá, aqui ou acolá, é uma nova aristocracia, com a única diferença que é muito mais poderosa do que a de antes, e que apenas finge ser simpática ao povão, afinal, de quatro em quatro anos tem eleição.

Perto dos Obama, realeza britânica é miniatura.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Já fomos bárbaros

"E este já foi um dos locais escuros da Terra", diz o personagem Marlowe no começo de "Coração das Trevas".

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Elegia

[Obs. Mudei o título do post, que talvez tivesse ficado de mau gosto. Talvez falar sobre a doença de outra pessoa também seja de mau gosto, de modo que não sei se deixarei o post online ou não; de qualquer modo, todos esses detalhes e muitos outros já foram tornados público pelo próprio Auster, de modo que não creio estar cometendo nenhuma indiscrição ou desrespeito.]

Deus está morto, Nietzsche está morto, Lawrence Auster está morrendo e eu não estou me sentindo muito bem. De Deus e Nietzsche, as notícias são velhas, ainda que há quem diga que a notícia da morte de Deus tenha sido levemente exagerada. Lawrence Auster é um reacionário americano, que conduz o blog View From The Right. Ele está com câncer pancreático que agora migrou para o cérebro. As notícias, como se vê, não são nada boas, embora ele pareça estar de bom humor -- melhor do que o meu estes dias. Diz até sentir-se feliz.

Lawrence, que é primo do romancista Paul Auster, é judeu convertido ao cristianismo, e talvez o blogueiro mais lúcido do planeta, ao menos na sua descrição do progressismo. Ninguém explica melhor certas coisas do que ele. Pode-se não concordar com muito do que ele diz, e seus textos sobre raça ou aqueles contrários à teoria da evolução de Darwin ou contra o voto feminino são mesmo controversos, mas fora isso realmente existem poucos indivíduos que escrevam de forma tão clara sobre a sociedade contemporânea.

Não é famoso como seu primo, nem jamais será. Mas tem sido uma leitura diária já há alguns anos, de forma que termina sendo um pouco quase que como uma pessoa que você conhece, e se diverte mesmo quando discorda. No fundo, se passei a falar aqui sobre alguns assuntos tabu, foi por causa dele.

Só que eu não sou um ferrenho tradicionalista, na verdade, acho que não tenho nem mais uma ideologia muito precisa, salvo que não gosto muito do mundo moderno e acho que a maioria das coisas funcionava melhor ou era mais bonita antes. Mas pode ser apenas uma impressão causada pela excessiva nostalgia.

Vejo apenas um mondo com problemas graves como a imigração, a dissolução dos estados nacionais, uma economia baseada apenas no consumo e no estatismo crescente, vejo uma sociedade que descarta todas as lições aprendidas ao longo dos séculos para tentar experimentos como o "casamento gay" ou o "igualitarismo". Mas tenho alguma solução? Não. E às vezes penso que pode ser que eu esteja errado, que o caminho seja mesmo esse, que no andar da carruagem as melancias se ajeitam, ou que as elites tenham um plano secreto para tudo ficar bem no final, ou que não existe plano nenhum e que ninguém sabe de nada -- só Deus e, talvez, o Diabo.

Claro, fica sempre aquela incômoda impressão de que pouco a pouco as últimas luzes do século se apagam, que as poucas vozes lúcidas se calam, substituídas apenas por som e fúria, significando nada. Quem restará?

Não sei se alguém leu "A morte de Ivan Iilich" de Tolstói, mas descreve alguém que, à beira da morte, se dá conta de ter feito tudo errado na sua vida. Uma vida de sucesso e status em termos daquela sociedade, mas que, chegado o fim, não o satisfazia. Não é o caso de Auster, que parte com a serenidade dos cristãos. Quanto a mim, de saúde por ora ando bem (toc, toc, toc), mas sinto que estou perdendo demasiado tempo em coisas inúteis, das quais ainda não sei se este blog faz parte ou não. Talvez precise refletir e tratar de usar o tempo com maior sabedoria.

Este parece ser um post mórbido, mas na verdade, não é não. A morte é algo corriqueiro, acontece todo dia. Este ano mesmo duas pessoas conhecidas minhas, não tão próximas mas tampouco tão distantes, e de idade relativamente jovem, partiram. A questão é meramente o que fazer com os dias que nos restam, sejam muitos ou poucos, e quem é que sabe realmente quantos serão? Uma das moças que escapou ao incêndio de Santa Maria morreu em um acidente de carro dias depois. Vários doentes terminais dados por mortos curaram-se.

E, quanto à civilização, é como diz Yeats em Lapis Lazuli, não é preciso histeria, "todas as coisas desabam e precisam ser reconstruídas, e aqueles que as reconstroem são felizes".


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Adeus à Califórnia

Eu não sei se vou ficar mais na Califórnia, mas isso é irrelevante, já que do jeito que as coisas andam, a Califórnia vai desaparecer antes de mim.

Não é de todo exagero: um ótimo (mas longo, e em inglês) artigo do City Journal fala sobre os problemas da comunidade de origem mexicana, os chamados "hispânicos", que já são 40% da população desse estado e 60% da população de Los Angeles. ("Hispânicos" é um péssimo termo que inclui qualquer idiota que fala espanhol, o antigo termo "chicano" era até melhor para descrever a população à qual se refere o artigo.)

Para quem visita apenas as partes turísticas do Golden State, isso ainda não se nota tanto, mas se você for para o chamado Central Valley, estará no México. Há mesmo várias partes de Los Angeles nas quais só se fala espanhol. (Em outras, por sorte, ainda se fala coreano, chinês, armênio e farsi!)

Como alega a reportagem, muitos latinos são trabalhadores incansáveis. E são menos agressivos e revoltados do que a comunidade afro-americana. Ôu-quei, parabéns para eles. Mas calma aí, eles também causam problemas, especialmente considerando a enorme escala de sua imigração.

O artigo nos informa que muitos abandonam a escola e se afiliam a gangues; que eles lideram nas estatísticas de mães solteiras e gravidez adolescente; que estão em geral abaixo de brancos e asiáticos no desempenho escolar; e que em termos de poder aquisitivo mesmo na segunda e terceira geração não sobem muito de vida.

Bem, é claro: eles eram a classe baixa no México, e continuam sendo a classe baixa nos EUA. Foram e estão sendo importados apenas por duas razões: votos para os Democratas, e mão de obra parata para os Republicanos.

Converso com hispânicos todo dia. São em sua maioria gente simples e bacana. Eu mesmo, segundo me informam, apesar da bela aparência nórdica e da inteligência branca superior (*), tenho algumas gotas de sangue ameríndio (**) e sou culturalmente latino, então não posso reclamar. E, no mais, acho que a cultura anglo tem muitos defeitos, como a extrema competição por status e classe social, entre outros, então não sou tão negativo assim em relação aos latinos. Não, são mis "hermanos". Viva la Raza!

Mas, justamente por vir parcialmente dessa tribo, também posso ver os problemas que ocorrem entre essa população. Alguns são mentirosos e corruptos, além de péssimos vizinhos. E, no geral, uma Califórnia mexicana vai ser uma Califórnia mais pobre e menos educada, simples assim.

Em uma recente lista das cidades mais e menos literatas dos Estados Unidos (i.e. cidades nas quais as pessoas lêem mais e têm maior cultura e educação), as piores da lista foram cinco cidades californianas. Por coincidência, eram cidades com maioria de população de origem mexicana. O Vale do Silício, ao contrário, é literato, nerd e (ainda) predominantemente branco e asiático. Coincidência, também, tenho certeza. Afinal, todos somos iguais! Certo? Certoooooooooo?

O pior de tudo é o seguinte: há uma promoção absolutamente insana dessa imigração, que é em sua maioria ilegal. Imigrantes ilegais têm já mais direitos do que imigrantes legais. Por exemplo, graças ao estúpido governador Jerry Brown, imigrantes ilegais não somente podem estudar do jardim de infância ao nível superior, como tem até direito a pagar matrícula reduzida nas universidades, no mesmo valor do que os habitantes nativos da Califórnia. (Em compensação, um imigrante estrangeiro legal ou um americano nativo de outro estado, paga 12 mil dólares anuais a mais.)

A maioria dos cartazes e avisos no transporte público na Califórnia já são bilíngues. (Onde eles acham que estão, no Canadá?) Nunca se viu uma população nativa se dobrando tanto às exigências de uma população estrangeira ilegal, basicamente abaixando as calças e ficando de quatro para eles. Pior, fazem de graça, pois nem é exigência, afinal os mexicanos ilegais estão pouco se lixando se os cartazes são bilíngues ou não. Acho que alguns mal sabem ler em espanhol.

O curioso é que os otários dos Republicanos agora estão passando a aceitar a imigração e até perigam aceitar a anistia de Obama para os ilegais. Eles juram que os hispânicos são "conservadores nativos" e mais dia menos dia passarão a votar no Partido Republicano. Agora os infelizes até acharam um cubano-americano, Marco Rubio, para tentar seduzir esse eleitorado (por que um cubano seduziria mexicanos, é um mistério, pelo que sei os dois povos se odeiam).

Os Republicanos podem esperar deitados, e de preferência na cova. Esse dia nunca vai chegar. Os tais "hispânicos" votam nos Democratas por um motivo muito simples, ganham mais benefícios com eles, ao custo de altos impostos que são pagos pelos outros. (Para financiar a educação dos hispânicos ilegais, o canalha do Jerry Brown aumentou todos os impostos californianos neste ano).

Por causa disso, a classe média branca está lentamente indo embora da Califórnia para o Texas, onde há menos impostos e o custo de vida é mais baixo. O problema é que o Texas está também lotado de hispânicos, então em poucas décadas é possível que o processo se repita por lá também, ainda mais com os ex-californianos brancos tornando o estado do Texas mais liberal. É o eterno processo: brancos burros gostam de progressismo, brancos burros progressistas facilitam a entrada imigrantes ilegais, imigrantes ilegais são pobres e dependentes do governo, o governo local Democrata aumenta os impostos para ajudá-los, a vida piora, os brancos burros progressistas Democratas se mudam para outro Estado, onde repetem o processo.

Quanto a mim, estou pensando em me mudar para Guadalajara, onde dizem que há mais brancos do que na Califórnia. E, ao contrário do que na Califórnia, lá ser branco de origem espanhol tem suas vantagens, aliás você é a elite e só se dá bem. Que viva México!

(*) Só pra esclarecer, esta é uma piadinha, tá? Aliás o post é todo meio tongue-in-cheek, ou, como dizem aqui na Califórnia, no es del todo serio. Mas algumas pessoas na Internet levam tudo ao pé da letra, então, esclareço. (**) Aliás, segundo os últimos resultados do meu teste genético que foi recentemente revisado, caí na escala e tenho entre 5 e 10% de genes não-europeus, o que é um choque, confesso. Ay ay ay amigos.   


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Brasil, país de corruptos!

Eu nem ia comentar sobre o caso Renan Calheiros porque é algo já tão batido, mas talvez ele seja instrutivo sobre uma certa mentalidade muito comum no Brasil.

Calheiros é corrupto e ladrão, e merecia ser espancado e jogado numa cela escura, mas também ladrões são os 55 que o votaram como presidente do Senado, e também é corrupto o povo que os elegeu. A corrupção vai muito além do roubo, é um modo de pensar. Por que tal ou tal deputado é o mais votado? Por que o eleitor pensa naquilo que vai ser bom apenas pra ele: se é pobre, que vai ganhar um saco de arroz ou um bolsa-família, se é rico, benefícios ou conchavos.

Como diz Thomas Sowell, "Se você votou por um candidato que lhe prometeu benefícios tirados de outro alguém, então não reclame quando esse mesmo político tomar o dinheiro e der para terceiros, ou usar em benefício próprio."

Claro que a política é apenas uma pequena parte de tudo isso. Lendo sobre a tragédia que ocorreu em Santa Maria, por exemplo, descobrimos tristemente que a nata da juventude local foi incendiada por motivos absolutamente fúteis, resultado da soma de pequenas corrupções, de uma mentalidade pequena e estreita, mas grande na sua expansão.

O membro da banda que iniciou os fogos impróprios para local fechado podia ter comprado um fogo de artifício específico para interiores, mas achou que era "muito caro" (custava 50 reais...) e preferiu economizar, mesmo colocando em risco a sua vida e a de seu público.

O dono da boate também quis economizar com uma espuma altamente inflamável que era mais barata do que aquela com retardante anti-incêndio.

O plano de prevenção de incêndios não foi assinado por engenheiro nenhum, mas apenas pela irmã do dono da boate e, mesmo assim, foi aprovado. Os bombeiros e as autoridades que deveriam fiscalizar também deixaram passar vários absurdos, como a falta de saídas de emergência e a inexistência de sistemas de prevenção adequados. Como isso aconteceu? Uma reportagem mostra que uma empresa de arquitetura realizou obras de decoração na boate; a dona de tal empresa era a esposa de um bombeiro reformado...

Começam a perceber a jogada?

Por falta de um cravo de ferradura, a guerra foi perdida, e por alguns tostões, 236 jovens morreram.

É triste perceber que precisava muito pouco para isso não ter acontecido. Mas a mentalidade tosca do brasileiro é assim mesmo: "Que se dane a segurança, eu quero é ganhar o meu!"

No fundo, é como dizia metaforicamente um amigo meu do colégio em um poeminha mordaz, "é por isso que o Brasil não vai pra frente, porque cortam o pau da gente pra fazer cachorro quente."

O pior é que, se deixarmos, eles cortam mesmo, e ainda vendem de volta para nós a preços extorsivos (são os impostos, dizem).


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Poema do Domingo

The Four Ages of Man

He with body waged a fight,
But body won; it walks upright.

Then he struggled with the heart;
Innocence and peace depart.

Then he struggled with the mind;
His proud heart he left behind.

Now his wars on God begin;
At stroke of midnight God shall win.

W.B Yeats

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Diversidade ou igualdade?

Eu sou meio lento, então só agora me dei conta de uma coisa óbvia: o que os esquerdistas pregam são duas coisas totalmente contraditórias. Quer dizer, os mais altos valores na escala progressista são "diversidade" e "igualdade", certo? Mas tais valores são tão opostos como água e óleo.

Afinal, se você realmente quisesse uma sociedade igualitária, o que faria mais sentido seria manter a sua homogeneidade étnica, cultural, religiosa, etc. Se pelo contrário você quer uma sociedade diversa, tudo bem, mas deve aceitar que naturalmente haverão muitas diferenças, justamente devido à essas diferenças primordiais. Uma sociedade diversa pode até ser boa, mas raramente será igual. Correto?

Mas o que os esquerdistas fazem é justamente tornar a sociedade cada vez mais diversa, em todas as suas formas - cultural, racial, religiosa, sexual, etc. - e depois, paradoxalmente, insistir e fazer incríveis malabarismos de reengenharia social para tentar fazer com que "todos sejam iguais."

Ora, mas o jeito mais fácil de acabar com o "racismo", a "xenofobia", a "homofobia" e a "islamofobia" seria acabar justamente acabando com a tal "diversidade", em vez de misturar os povos como se tudo fosse um grande experimento científico. Mas não, eles metem juntas pessoas de todos os cantos do globo e depois reclamam quando um não se acerta com o outro; eles incentivam o homossexualismo e a transformação de gênero e depois reclamam quando algumas pessoas não gostam; eles insistem em proteger os muçulmanos e depois reclamam quando estes não se acertam com seus outros grupos preferidos como as mulheres e os gays.

Não faz o menor sentido, é ridículo e absurdo, portanto só podemos concluir que o verdadeiro objetivo é o de ferrar com tudo: JOGAR A SOCIEDADE NO LIQUIDIFICADOR.

Porém, como sou uma pessoa que acredita no diálogo franco e aberto, vai abaixo minha mensagem pacífica aos ativistas de esquerda e em especial à elite globalista imperial que os financia.


Mensagem para a esquerda militante.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Por que não criam logo o Movimento Gayscoteiro?

Há um movimento nos EUA (e que logo deve chegar ao resto do mundo, se é que não chegou) para que o Movimento Escoteiro (Boy Scouts) aceite gays. E os Escoteiros estão quase capitulando.

Eu pouco me importo o que eles fazem "entre quatro paredes", como dizem, mas este tipo de ativismo
é bem a coisa que passa uma péssima imagem do tal movimento gay, e parece indicar que os objetivos são outros além da mera "inclusão".

Afinal, nada impediria que os gays, ou os progressistas, criassem seu próprio Movimento Gayscoteiro, que aceitasse pessoas de todas as identidades sexuais possíveis. Mas não, eles querem porque querem entrar no movimento criado por Baden Powell, que era cristão e careta de marca maior - ele era até contrário à masturbação, imaginem o que não diria do sexo gay. É óbvio que a intenção é subverter um movimento tradicional, da mesma forma como fazem com o Exército e com a Igreja Católica.

Eu cheguei a ser escoteiro por um breve tempo. Havia um dos líderes que, segundo diziam as más línguas, gostava de garotinhos... Bem, nunca nada ficou provado nem aconteceu nada que eu saiba, mas ele foi silenciosamente expulso do grupo tempos depois.

Agora imagine que o Movimento Escoteiro passe a aceitar pessoas abertamente gays, quanto tempo será que vai demorar até que comecem os primeiros casos de abuso sexual de crianças? Aí, claro, os progressistas todos vão se levantar em coro, horrorizados: "Mas cooooomooooo é possííveeeelllll!?"

Francamente, é bastante claro que o interesse aqui é simplesmente acabar de vez com o Movimento Escoteiro. Não existe outro motivo lógico para querer que pessoas abertamente gays possam entrar, afinal de contas, primeiro que ninguém nunca precisou declarar qual era a sua orientação sexual ao ingressar, portanto não é algo necessário; segundo, que os escoteiros não são campo de orgias, mas grupos de aprendizado para jovens entre 9 e 16 anos. Eu, pessoalmente, não gostaria de saber que estava dividindo uma barraca com um homossexual, e imagino que o sentimento seja comum para a maioria dos garotos heteros. Há coisas que é melhor não saber, ainda mais nessa idade.

Porém, meus amigos progressistas acham todos um absurdo que os gays "sejam impedidos de ser escoteiros". Bem, e por que não criar um movimento para permitir que os zoófilos sejam veterinários ou donos de pet shops? Sinceramente, dá raiva ouvir tamanhas barbaridades.

Se isso passar, o Movimento Escoteiro não dura mais dez anos. E o objetivo terá sido atingido!


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Você sofre de Conservofobia?

Assisti o "Django Unchained" no outro dia. Achei bem fraco. Aliás, provavelmente será uma das únicas vezes que concordo com o Website dos Socialistas Internacionais, que tampouco gostou do filme. E os leitores, gostaram?

É curioso que o filme seja visto por muitos críticos e espectadores como um retrato ou uma discussão importante do período da escravidão, quando o filme é tão "histórico" quanto "Bastardos Inglórios" ou "O Hobbit". Assim como o filme anterior de Tarantino, baseado em uma vingança de judeus contra nazistas que nunca aconteceu nem poderia ter acontecido dadas as circunstâncias, "Django" é baseado em uma fantasia de vingança, dos negros escravos contra os brancos, que também é totalmente irreal. Um negro sozinho armado não duraria minutos naqueles tempos.

Mas a intenção de Tarantino, além de seus costumeiros banhos de sangue, é ridicularizar os brancos sulistas -- e depois trucidá-los. Sobra até para uma mulher branca desarmada cuja morte é usada como mera gag cômica, ou supostamente cômica.

Os brancos sulistas são tão racistas que, para achar alguém daquele período que não fosse racista e violento contra os negros, Tarantino teve que colocar no roteiro um alemão (que, naturalmente, são as pessoas menos racistas da face da Terra). Além de maus, os sulistas são também patéticos na sua incompetência, como mostra a cena, também cômica, da Klu Klux Klan.

(Não que não houvessem brancos sulistas maus, mas custo a crer que todos o fossem, e em modos tão caricatos. Até "E o vento levou" apresenta uma visão mais humana e mais realista do Sul dos EUA naqueles tempos.)

Bem, isso tudo me fez pensar uma coisa curiosa: os esquerdistas tem um termo para qualquer um que se volta contra suas classes protegidas. Quem odeia os gays é homófobo, quem odeia os não-brancos é racista, quem odeia os muçulmanos é islamófobo, etc etc. Porém, existe um ódio que é totalmente permitido, o ódio aos conservadores. Um progressista pode até desejar em voz alta a morte deles, que ninguém vai se importar. Não existe "conservofobia".

Isso me lembrou o seguinte comentário que li por aí na web:

Toda sociedade tem ante si um ideal da sociedade perfeita que deveria ser, e toda sociedade, de modo a chegar até esse ideal, precisa perseguir aqueles que são contrários a tal ideal. Porém, mais uma vez, a profunda mentira da sociedade liberal se manifesta no fato de que nega a perseguição que realiza contra seus  mais odiados inimigos, ou seja, aqueles contrários ao ideal liberal. A negação do status de perseguido ao inimigo - além da ridicularização daqueles que se clamam perseguidos - são elementos adicionais para intensificar a perseguição. 

É isso mesmo. Quanto mais o conservador reclama (por exemplo, imagine que algum sulista reclamasse do modo como seus antepassados são retratados no filme), mais ele é ridicularizado. Ao mesmo tempo em que o progressista tem passe livre para odiar o conservador, esse mesmo ódio é negado pelo esquerdista, e até mesmo transformado num suposto ódio que viria do conservador -- que é retratado como violento, odioso, etc. É aquela velha história do "xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz" que o Olavo falava e que até os comunas da Velha Guarda já praticavam, mas que hoje tornou-se um hábito tão comum e arraigado que o esquerdista nem ao menos se dá conta mais da contradição daquilo que prega.

Nesse caso, um termo como "Conservofobia" (ou algum termo mais gramaticalmente adequado, caso alguém saiba a palavra grega para "conservador") poderia ser utilizado como forma de defesa.



terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A Nova Revolução Francesa

Um milhão de pessoas protestaram estes dias contra o casamento gay na França. (Um milhão segundo os organizadores, segundo a mídia foi entre 340 mil e 800 mil).

Epa. Contra?! Pois é.

A França é um país curioso. Alguns dizem que seja o mais perdido de todos os países ocidentais e o que primeiro sucumbirá ao islamismo e à imigração, mas eu duvido. Os franceses sempre nos surpreendem. Os franceses são um povo bipolar, passando da revolução à contra-revolução em poucas semanas. Eles nos deram o Iluminismo, a Revolução Francesa, as comunas de Paris, Rousseau, Voltaire, Montaigne, Napoleão, Maria Antonieta e todo o seu contrário também.

Agora, duas interessantes frontes da luta se abrem nessa mesma França: foi o primeiro país a protestar publicamente com uma ação coletiva e nacionalista contra a construção de uma mesquita, chamando claramente a atenção para a batalha de Poitiers, e agora é o primeiro país que protesta energicamente e massivamente contra o casamento gay e, mais especificamente, contra a adoção de crianças por gays, que também está contemplada na nova lei de Hollande.

Também é isso o que mais me incomoda, a dizer a verdade. Que os gays façam sexo entre si, ninguém vai impedir. Porém, que adotem crianças me parece um precedente perigoso, e que leva mais em conta o desejo de normalização dos gays do que o bem-estar da criança. Não sabemos bem quais serão as conseqüências disso. Por que utilizar crianças como cobaias de um experimento social?

O governo socialista minimizou: "É apenas a França branca e católica que está protestando. A lei seguirá adiante." Ah, sim, "apenas" a França branca e católica, isto é, a França dos franceses tradicionais que lá viveram por séculos. Para o governo Hollande, brancos e católicos são inimigos; já sabíamos disso, mas é bom ouvi-lo da boca dos próprios representantes governamentais.

Uma coisa que também é interessante é como a mídia apresenta os protestos. Dizem que são manifestantes contrários ao "casamento para todos". É uma forma sutil de pintá-los como anti-igualitários malvados, mas, na verdade, foi a esquerda quem modificou a palavra "casamento" para significar a união de qualquer coisa com qualquer um; durante séculos, sempre significou apenas a união de um homem com uma mulher.

No mais, considerando que feministas e esquerdistas estiveram ao longo do século XX bradando contra o casamento e considerando-o como "opressão patriarcal", isto é um pouco como se os escravos no século XIX, em vez de gritar, "liberdade", começassem a pedir "escravidão para todos!"

Não sei se é minha impressão, mas parece que estamos vivendo em um mundo cada vez mais conflituoso, e talvez tudo comece a pegar fogo na França, que sempre foi o país mais chegado a essas coisas. Cabeças ainda irão rolar.




domingo, 13 de janeiro de 2013

Poema do Domingo

IL N'Y A PAS D'AMOUR HEUREUX

Rien n'est jamais acquis à l'homme Ni sa force
Ni sa faiblesse ni son coeur Et quand il croit
Ouvrir ses bras son ombre est celle d'une croix
Et quand il croit serrer son bonheur il le broie
Sa vie est un étrange et douloureux divorce
          Il n'y a pas d'amour heureux
Sa vie Elle ressemble à ces soldats sans armes
Qu'on avait habillés pour un autre destin
A quoi peut leur servir de se lever matin
Eux qu'on retrouve au soir désoeuvrés incertains
Dites ces mots Ma vie Et retenez vos larmes
          Il n'y a pas d'amour heureux
Mon bel amour mon cher amour ma déchirure
Je te porte dans moi comme un oiseau blessé
Et ceux-là sans savoir nous regardent passer
Répétant après moi les mots que j'ai tressés
Et qui pour tes grands yeux tout aussitôt moururent
          Il n'y a pas d'amour heureux
Le temps d'apprendre à vivre il est déjà trop tard
Que pleurent dans la nuit nos coeurs à l'unisson
Ce qu'il faut de malheur pour la moindre chanson
Ce qu'il faut de regrets pour payer un frisson
Ce qu'il faut de sanglots pour un air de guitare
          Il n'y a pas d'amour heureux
Il n'y a pas d'amour qui ne soit à douleur
Il n'y a pas d'amour dont on ne soit meurtri
Il n'y a pas d'amour dont on ne soit flétri
Et pas plus que de toi l'amour de la patrie
Il n'y a pas d'amour qui ne vive de pleurs
          Il n'y a pas d'amour heureux
          Mais c'est notre amour à tous les deux
(Louis Aragon)

P.S. Este post é apenas para a Confetti, mas para os outros tem uma bela versão do poema musicado pelo George Brassens, aqui cantado pela Barbara e aqui pela Françoise Hardy

O silêncio de Deus

Por motivos que só Deus sabe, tem havido muita discussão no último post sobre a existência ou não de Deus. Um dos comentaristas, acho que o Almeida, disse que talvez tudo não passe de um "acidente químico".

Devo confessar que essa visão me preocupa. Um acidente químico? Uma das coisas que eu acho curiosa é a seguinte. A ciência busca respostas, e busca ser objetiva, busca entender as leis que existem por trás do funcionamento do Universo, procura lógica e racionalidade em tudo. Mas aí, na mais fundamental das questões, diz: "foi acaso". Ou: "foi um acidente". Pode ser, mas não me parece uma resposta satisfatória.

Se o Universo existe, deve haver alguma razão. Qual é, não sei ainda, mas um mero acidente ou fruto do acaso me parece que seria algo bem estranho. É como se, no meio de um ferro velho, surgisse do dia para a noite um Boeing 787, e a explicação fosse apenas, "foi um acidente", "foi o acaso", "sei lá, apareceu aí, pô, me deixa dormir".

Entretanto, a impressão que temos enquanto seres humanos perdidos no Universo é de um avanço, de algo que vai justamente evoluindo e sendo construído, do Big Bang a um complexo sistema de galáxias, da sopa primeva à vida, das formas de vida mais primitivas às mais avançadas, do mais básico ao mais complexo. Não me parece que isso possa ser mero fruto do acaso, mas, como posso saber?

É possível que o nosso cérebro seja ainda demasiado precário para compreender essas Grandes Questões. Talvez daqui a mais alguns bilhões de anos, tenhamos evoluído o suficiente para entender o nosso destino.

Ou isso, ou tudo é uma grande piada absurda, como naquele romance do Kurt Vonnegut no qual ao final se descobre que toda a existência do planeta Terra e da História da humanidade não passava de uma mensagem de um alienígena a outro pedindo socorro por ter se perdido. (De qualquer modo, mesmo que tivéssemos sido criados por aliens, ficaria a pergunta sobre quem criou os aliens).

Ou então nunca saberemos, o que talvez seja pior.


sábado, 5 de janeiro de 2013

Ano Novo, Vida Velha

Como foi o Ano Novo para os leitores? Passada a ressaca, volto aqui, mas sem cabeça para criar um post coerente, vou falando sobre várias coisas que talvez mais adiante merecerão um post específico.

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Uma feminista (na verdade, não sei se o autor é homem ou mulher, mas é feminista) escreve um longo artigo sobre aquele terrível estupro que ocorreu na Índia. Sua bizarra conclusão é que a culpa pelo estupro é (adivinhem) dos conservadores. Sobra até para os Republicanos, que moram do outro lado do planeta. Para el@, "estupro não tem a ver com sexo" (nunca entendi esse credo feminista, se não tem a ver com sexo, por que envolve logo sexo?!), mas com "ter poder sobre a mulher". Portanto, os conservadores que querem proteger as mulheres do sexo casual e tentam mantê-las virgens até o casamento é que têm a culpa.

Qual a sua solução? Ah! Simples! Organizar "marchas das vadias" em todo o planeta, de Moscou a Hyderabad. Algo me diz que isso não vai ser bem visto na Índia, mas tudo bem...

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A Índia é um país extremamente complexo e esquisito, com sua história milenar, suas castas, suas contradições. Ao mesmo tempo com uma cultura interessantíssima e uma pobreza incrível, com vários indianos inteligentes se dando bem no exterior e ao mesmo tempo com miseráveis que usam os rios como banheiro e, pelo que descobrimos agora, com uma considerável quantia de estupros -- o que, confesso, me surpreende: sempre achei que os indianos fossem um povo pobre porém pacífico. Gostaria um dia de visitar e escrever sobre esse país. Mas não vai ser agora.

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Quem dá mais? Enquanto as feministas querem marchas de vadias e poder dispor do próprio corpo, o leilão de virgens espalha-se pelo Brasil. Imagino que as feministas sejam a favor, não há nada que prove mais o controle do próprio corpo do que poder leiloá-lo a completos estranhos em troca do máximo de dinheiro possível. Isso sim é que é liberdade, e não casar virgem.

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O leitor Desconhecido sugere que os leitores aqui do blog façam um teste de QI, para vermos qual é a média de inteligência do leitorado. Eu diria, modéstia à parte, que deve estar bem acima da média brasileira. Em todo caso, comecemos com este que é bem facinho, podem postar seus resultados.

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Fazia tempo que não lia o Sakamongo, e agora vejo que ele continua insistindo com os velhos temas recauchutados. No último post, conseguiu juntar tudo: anti-cristianismo, pobrismo, ódio aos ricos, aquecimento global. Gostei deste comentário de um leitor: "Quero uma namorada com o seu cérebro, Sakamoto". Sim, eu também quero uma loira burra.

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Lembram quando eu falei da possibilidade de um novo blog, que em vez de falar sobre política falasse sobre arte e cultura? Pois ele já existe, só que escrito em inglês, e com posts bem esporádicos. Está aqui:

http://nostalgicfuturist.wordpress.com/

Zeno Cosini, para quem não sabe, é um velho amigo meu.

Os motivos para o novo espaço são vários: ter um blog em inglês pra interagir melhor com a blogosfera em inglês que leio; ter um espaço para falar de arte, cinema e cultura; e, finalmente, testar a plataforma do Wordpress, que parece ser em média mais bonita do que a do Blogger, ainda que levemente mais complicada. 

Isso não muda nada, no entanto. Os posts serão bem diferentes dos que escrevo neste espaço. E o Blog do Mr X continuará bem aqui, falando sobre política e decadência ocidental em bom português do Brasil.


Sobre a Índia e estupros

Volto brevemente ao caso do estupro na Índia porque é um país do qual em geral ouve-se pouco, e acho curioso que tenha havido toda essa repercussão. Na África do Sul, por exemplo, ocorrem bem mais estupros mas isso pouco interessa à mídia. Talvez por que a coisa é tão comum por  lá que nem existem protestos mais, e na Índia o que chamou a atenção não foi tanto o estupro em si (horrendo, sim, mas não um caso isolado) como à repercussão do caso na forma de protestos nacionais e internacionais.