sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

HOW can I, that girl standing there,
My attention fix
On Roman or on Russian
Or on Spanish politics?
Yet here's a travelled man that knows
What he talks about,
And there's a politician
That has read and thought,
And maybe what they say is true
Of war and war's alarms,
But O that I were young again
And held her in my arms!


W. B. Yeats

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pausa para reflexão

Caros amigos, vou dar uma pausa no blog. Não sei bem por quanto tempo, talvez só por algumas semanas. Já tinha planos de não postar até janeiro mesmo, pois este é um período naturalmente complicado, mas agora também surgiu uma certa confusão sobre o destino do blog.

O fato é que não sei mais o que quero dizer, e tenho que pensar um pouco e decidir em qual caminho seguir.

É o seguinte: recentemente, o tema racial tem sido objeto de polêmica aqui no blog. Eu mesmo, confesso, nunca soube bem como abordar o tema. Não tivesse ido morar nos EUA, e provavelmente jamais teria falado sobre o assunto. Porém, nos EUA, essa discussão racial é bem mais direta, e de certo modo é bom que seja assim. Impossível ignorar totalmente o assunto, por mais politicamente correto que se seja. Além disso, de fato estão acontecendo mudanças que definirão o destino do mundo nas próximas décadas, talvez séculos. Um desses temas certamente é a imigração. Podemos ignorar as diferenças raciais e culturais, e tentar fingir ou esperar que tudo vai dar certo e que tudo vai de algum modo se ajeitar. Mas e se não fosse bem assim? E se realmente existissem diferenças que não podem ser resolvidas de modo tão simples, só com mais "conscientização" e dinheiro público?

No outro dia, um marroquino matou cinco pessoas na Bélgica com granadas e um fuzil. No mesmo dia, um grupo de congoleses protestava contra as eleições do Congo -- não no Congo, mas em pleno centro londrino. Causaram confusão e atacaram pessoas que nada tinham a ver com a história. E, também na mesma semana, na Itália, dois imigrantes senegaleses foram mortos por um aparente militante neonazista, que depois se suicidou. Independentemente do que você pense sobre essas notícias e sobre a questão das diferenças raciais, religiosas e culturais, uma coisa é certa -- se não houvesse imigração, nenhum desses problemas estaria acontecendo.

Então é realmente um assunto urgente. O futuro do ocidente depende disso. Mas a verdade é que me sinto desconfortável ao tratar de certas questões. Até tenho curiosidade de ler sobre o assunto, mas não tenho vocação para porta-voz da "causa branca". Alguns leitores me acusam de não ir mais fundo na discussão de temas raciais, e querem pautar o blog. Acreditam que eu fique em cima do muro para não causar polêmica, ou para não descontentar os leitores que não acreditam em diferenças raciais, ou por não ter as ideias bem formadas ainda. Talvez eles tenham razão. Talvez eu não tenha estômago (certamente me incomoda quando algumas pessoas se expressam de forma extremamente desagradável, ou quando negam a dignidade básica humana de outros apenas por pertencerem a certo grupo racial.) Talvez outra pessoa deveria escrever sobre isso no meu lugar.

Nos EUA, há blogs moderados que tratam do assunto. No Brasil, é mais complicado, até porque é um tema que, me parece, tem menos relevância. Quero dizer que o Brasil, ao contrário de EUA e Europa, é e sempre foi uma nação mestiça, de maioria não-branca. Se houvesse uma pureza racial original perdida, seria aquela dos indígenas. Até acho um pouco de mau gosto falar sobre essa questão quando, sei lá, 70% da população é de raça mista. (EUA e Europa são diferentes pois até há poucas décadas tinham 90% de população branca européia).

Por um tempo achei que o Dextra fosse ser essa voz moderada no Brasil, mas me enganei. Talvez um dia surja outra pessoa mais preparada. Talvez essa pessoa seja algum leitor atual.

(Porém, dica: se você quer falar sobre temas raciais e ter mais do que três leitores, não chame os negros de macacos, não chame os cristãos de babacas, e não cante loas a Adolf Hitler. Pega mal! Ou, quer saber? Faça como achar melhor, afinal vai ser seu blog e não o meu!)

Este blog já tem quase quatro anos, e mudou bastante desde o seu começo. Alguns leitores fiéis ainda estão aí: Chesterton, Gunnar, Brancaleone e, muito de vez em quando, a Confetti. Outros chegaram, foram, e deixaram só saudades: RW, Augusto Nascimento, Pax, Tiago. Agradeço a todos pela constante leitura. A temática, originalmente libertária, depois virou meio neocon e mais adiante flertou com os paleocons. Mas no fundo jamais teve uma linha política muito definida, talvez porque nem eu mesmo saiba o que pensar sobre certas coisas. O blog, era, mais do que tudo, um contraponto ao onipresente discurso progressista que está aí. Um local contrário ao politicamente correto que impera em quase todo o mundo atualmente. Porém, para se escrever sobre algo com convicção é preciso ter as idéias mais claras. Não basta apenas ser do contra.

Por isso, acho que realmente eu preciso definir qual caminho seguir. Certamente vou continuar escrevendo, afinal é uma espécie de vício. Sempre com liberdade, tanto para mim quanto para os leitores. (Na realidade, quase nunca censurei ninguém, por mais nazista ou stalinista que fosse, e a única coisa que me irrita é quando tentam pautar o blog, ou quando a discussão civilizada dá lugar a xingamentos). Se quiser falar sobre raça, também vou falar. Mas estou sentindo que falta mesmo um embasamento maior, e para isto talvez seja preciso ler mais e escrever menos.

(Enquanto isso, comprem o livro, à venda na Amazon e CreateSpace).

Mais uma vez, desejo um Feliz Natal a todos. Nos vemos em 2012.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sem religião não há solução?

Às vezes tenho a impressão que o único "way out" para o Ocidente seria com alguma forma de ressurgimento religioso. Afinal, para contrapor-se ao Islã, é preciso alguma outra religião. Para lutar contra uma força, precisa-se de outra contrária, não é mesmo? Lei de Newton aplicada às relações humanas.

Porém, assim como a esquerda odeia o cristianismo mais do que os vampiros, também há uma parte da extrema-direita que o odeia. Acredita ser uma "conspiração judaica" que "enfraqueceu o Ocidente" e "acabou com seu espírito guerreiro". Ah, e que "Jeus era bicha"...

Eu não sei. Embora não seja realmente religioso, boa parte de minha família é cristã praticante. Acredito que sejam pessoas melhores e mais felizes por isso. São com certeza melhores e mais felizes do que eu. A religião, na maior parte dos casos, é motivo de felicidade, ou ao menos de consolo. O cristianismo é uma boa religião. Tende a ser positiva. Existem estudos de caso bem claros: pense nas pessoas da favela, quem se comporta melhor, os "crentes" evangélicos ou os outros?

(Além disso, para os preocupados exclusivamente com questões demográficas, as famílias brancas cristãs tendem a ter mais filhos do que as seculares.)

Mas aí aparece alguém e diz que a religião é apenas um mecanismo de controle social. É o "ópio do povo". Bem. O ópio do povo é o ópio mesmo, ou ao menos o crack. O controle social se dá de modo mais eficaz pela mídia. A religião é uma necessidade humana. Precisamos crer. Em algo.

Disse Chesterton que "quem não acredita em Deus, acaba acreditando em qualquer coisa." É verdade. Na cultura ocidental atual, isso se dá de várias formas. Uma dessas formas é a idolatria dos animais. Ei, adoro animais e sou contrário à sua morte gratuita. Porém, tenho a impressão que hoje certas pessoas se preocupam mais com uma galinha morta para virar sanduíche no McDonalds do que com uma jovem estuprada, torturada e morta por facínoras. No Facebook, chovem fotos e frases sobre animaizinhos em perigo. Acabo de descobrir, por exemplo, que jogar chiclete no chão pode ser perigosíssimo: certos passarinhos podem comer o chiclete e morrer sufocados. E eu que achava que não se devia jogar no chão só para não sujar as ruas... Mas jamais vi alguém postando no Facebook com indignação sobre algum crime cometido por minorias.

(Falando em idolatria de animais, a última moda em Los Angeles parece ser a de levar cães e até gatos para passear, não na coleira, mas em carrinhos de bebê. Essa moda já chegou aí? Não se preocupem, vai chegar.)

O progressismo só evoluiu tanto graças à decadência da religião na esfera pública, aliás, o progressismo hoje é uma forma de religião. Observem aqui Antônio Cândido, ainda sonhando com o triunfo do comunismo. Se Churchill dizia que "quem não é socialista antes dos 30 não tem coração, quem é socialista depois dos 30 não tem cabeça", o que pensar de um comuna de 93 anos? E não é o único, o Oscar Niemeyer já tem mais de 100, Eric Hobsbawn tá com 95, Fidel Castro ainda não bateu as botas, etc. Comunista vive muito! Qual será o segredo?

Para outros, a alternativa à religião é o consumismo desenfreado. A sociedade americana é de fato muito materialista. Compensa-se o vazio existencial e moral com a compra de um carro ou uma televisão de 80 polegadas. Curiosamente, as classes baixas são às vezes as mais ávidas. Traficante e negão do gueto adora roupa de marca. Favelado pode não ter um banheiro decente, mas tem uma boa televisão. Nas recentes compras de fim de ano, mexicanos-americanos literalmente lutaram entre si aos chutes e pontapés pelos produtos nas prateleiras. Uma senhora até usou spray de pimenta contra os outros compradores. Mas sejamos sinceros, pobres, classe média e ricos, todos são extremamente materialistas e consumistas, só muda a qualidade daquilo que podem adquirir. Até entendo a busca de conforto e qualidade de vida, mas muitos, ou provavelmente a maioria, querem apenas símbolos de status, além de qualquer utilidade. É uma forma de tentar se diferenciar. Vanitas vanitatum, omnia vanitas.

Qual a solução?

Talvez não haja solução nenhuma. No fundo, o que eu gosto no cristianismo é que diz que "meu Reino não é deste mundo", e que aceita que a humanidade é falha e imperfeita. Não está a nós querer mudar o mundo e transformá-lo numa utopia impossível. Devemos apenas tentar ser boas pessoas. É só.

Enfim. Apenas pensamentos desconexos em uma tarde um pouco inútil. Feliz Natal a todos, e bom 2012.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Multiculturalismo do bem e do mal

O multiculturalismo é bom ou é ruim? Depende da situação, e a quem você perguntar. No ambiente universitário, é supimpa. Pessoas inteligentes das mais variadas culturas. Conversações estimulantes em diversos idiomas. Variedade de restaurantes. Acima de certo nível intelectual, o multiculturalismo não é ou não parece tão ruim. Eu pelo menos me divirto.

Há ainda o multiculturalismo dos ricos, que inclui ter trabalhadores braçais baratos para cortar a grama do seu jardim, limpar sua piscina e juntar o cocô de seu cachorro de dia, e encontrar com diplomatas e príncipes de noite.

E há o multiculturalismo dos pobres. Recentemente, uma moça inglesa soltou o verbo no metrô contra os imigrantes. Foi um pouco vulgar, e provavelmente estava colocando em risco o seu filho, além de ensinar-lhe péssimos modos. Por outro lado, quem pode culpá-la totalmente? É fácil acusar os outros de "racistas" quando não se tem que aturar batuques de africanos na madrugada, venda de drogas por árabes na esquina de casa, prostituição de romenas duas quadras mais além, desemprego e aumento generalizado do crime. Os pobres são os que mais sofrem com o multiculturalismo, pois no fundo é isso o que significa para eles.

Nem sempre fui contra o multiculturalismo, e ainda hoje posso ver alguns de seus aspectos positivos. A primeira vez que visitei Londres fiquei encantado. Tanta gente de tantos povos, todos convivendo em paz!  Que cidade tão cosmopolita! (Naqueles tempos, a palavra nem era "multicultural", mas "cosmopolita.") Ainda hoje tenho respeito e curiosidade pelas pessoas de outras culturas, gosto de conhecer pessoas de outros países, e provavelmente jamais sairia gritando como a moça do vídeo.

Por outro lado, posso ver que o multiculturalismo, quando ocorre de forma massiva e especialmente entre a população de classe baixa, tem efeitos nefastos. Voltemos à moça: mesmo que a imigração não tivesse efeitos negativos e todos os povos se entendessem bem, não teria ela o direito de viver entre ingleses nativos, se assim o desejasse? O que é um país? Hoje em dia, qualquer coisa. Mas, originalmente, os países eram tribos, formados por grupos de pessoas geneticamente parecidas. Muitas vezes podemos reconhecer, só pelo rosto, quem é inglês, quem é italiano, quem é armênio (tenho uma amiga que é ótima em descobrir a origem da pessoa só pela fisionomia). Além disso, existe também uma série de fatores culturais que costumam definir cada nação. Sem isso, aquela piada sobre o inferno ser um lugar onde o cozinheiro é inglês, o humorista alemão, etc, nem existiria.

O discurso sobre a imigração dos países pobres aos ricos tem se dividido em duas partes: a direita a favor do assimilacionismo e a esquerda a favor do multiculturalismo. Assimilacionismo seria aceitar imigrantes mas de modo a que estes se adaptem à cultura ocidental; multiculturalismo seria não julgar nenhuma cultura como superior ou mesmo diferente da outra, mas que todas convivam juntas e separadas num mesmo local.

O multiculturalismo, por sua natureza, quase sempre dá lugar a conflitos tribais. O assimilacionismo claramente é uma solução melhor, mas implica que os imigrantes muçulmanos ou mexicanos (para dar um exemplo) tenham o interesse ou a capacidade de replicar e manter a cultura ocidental. Mas e se eles não tivessem tal interesse nem capacidade? E se eles preferirem replicar a sua própria cultura quando forem maioria?

Acho que é isso que muitos não entendem. A idéia de que todos vão simplesmente copiar o que é bom só porque é bom é ingênua.

Por outro lado, a verdade é que a Inglaterra de hoje não é nem multicultural e, se é assimilacionista, é ao contrário: o britânico é que tem que se assimilar!

Afinal, o que mais incomoda mesmo é o comportamento das autoridades britânicas. Sabem o que aconteceu com a moça do vídeo? Foi presa. Enquanto isso, três muçulmanas bêbadas que espancaram uma mulher britânica chamando-a de "puta branca" não foram presas porque, no entender do juiz, "devido à sua religião, não estavam acostumadas a ficar embriagadas".

É... Por outro lado, hoje é muito fácil encontrar bons restaurantes em Londres...

Londres, hoje.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A grande ilusão

Não tem solução; às vezes leio artigos celebrando uma certa "nova era progressista", e sinto uma infinita tristeza, pois vejo o futuro repetindo o passado, vejo mais uma geração que se perde em estúpidas ilusões. Ontem o comunismo, hoje o progressismo multicultural, amanhã? -- quem sabe. Talvez o eco-nazismo, talvez o fundamentalismo secular (já tem aqui uma jornalista brasileira reclamando de "perseguição aos ateus" por ter sido convidada a ir à igreja pelo taxista evangélico...).

É incrível o número de pessoas que conheço cujas idéias políticas se resumem a: "Governo é bom, corporações são más." Ou: "Vamos acabar com o capitalismo, não está dando certo." (Sobre isso, tem um texto interessante do Pedro Sette Câmara). Será que essas pessoas realmente acham que mais governo é sempre melhor? Mesmo tendo acesso a hospitais públicos, escolas públicas, repartições públicas? Chega a ser comovedor ver pessoas achando que até o problema da corrupção possa ser resolvido por novas instituições governamentais, como se "mais governo" não significasse exatamente "mais corrupção".

O mais incrível fato do Comunismo Soviético não foi o descontentamento e desilusão que trouxe, mas a grande quantidade de indivíduos que continuaram fiéis até o fim, mesmo quando foram traídos pelos próprios companheiros. Até o momento em que foram executados pela KGB ou enviados para a Sibéria, continuaram ali, fiéis membros do Partidão, acreditando no "novo homem".

Pavel Florensky, filósofo, cientista e inventor russo, trabalhou por décadas para o Estado Soviético. Até que escreveu uma monografia sobre a teoria da relatividade, e foi preso por "publicar textos contra o sistema soviético". Passou dez anos na Sibéria. Depois, foi condenado à morte e executado a mando de Stalin em 1937.

David Riazanov, escritor e professor russo. Estabeleceu a Academia Comunista e o Instituto Marx-Engels. Passou trinta anos da sua vida publicando as obras completas de Marx e Engels em russo e realizando estudos sobre seus ídolos. Foi executado em 1938, acusado de uma obscura conspiração trotskista.

Vladimir Mayakóvsky. O revolucionário poeta, figura icônica dos primeiros anos da União Soviética. Até poco tempo antes de sua morte ainda produzia textos e cartazes para o sistema. Depois, passou a ser investigado. Suicidou-se, embora haja dúvidas se tenha sido realmente um suicídio.

E no entanto, e no entanto... Mesmo hoje, leio em uma revista de esquerda contemporânea um texto dizendo que Stalin não era tão ruim assim, afinal, matou milhões, "mas o fez porque acreditava na justiça social e na igualdade." Lembrem sempre disso, pessoal: para um esquerdista, a "justiça social" é justificativa suficiente para o assassinato de milhões (bilhões?).

O Comunismo talvez tenha sido a mais incrível ilusão de massa de todos os tempos. Mas, que digo? Não vivemos hoje em tempos de equivalente ilusão, a ideologia do progressismo multicultural multireligioso e multisexual? E não terminará essa utopia também em desgraça?

Já disse alguém: todas as Revoluções devoram seus filhos. A começar pela Francesa, com Danton e Robespierre. Trotsky também terminou com uma picareta enterrada no crânio. Chega a ser quase surpreendente que a revolução americana não tenha terminado a tiros entre Franklin e Washington, mas bem sei que foi algo diferente... O que acontecerá com os líderes da Nova Era Progressista Global? Também um dia, possivelmente, se matarão entre si.

Certo estava Simon Bolívar antes de virar ícone chavista: "fazer revolução é arar o mar". (Acho que foi também ele quem disse que o melhor a fazer coisa a fazer na América Latina é emigrar).

É triste, e talvez inevitável. A humanidade caminha em círculos. Assim como as prévias gerações, teremos também nós que passar por revolução, guerra, fome, desgraça e ruína. E depois de novo. E de novo. Será que estou ficando velho e cínico? É bem possível...

Uma vez, quando era jovem, disseram-me que eu não tinha ideais. Chorei profundamente: era verdade. Jamais tive. Jamais terei. Se hoje tivesse vinte anos, talvez fosse para um desses acampamentos do "Occupy" com a única intenção de pegar algumas gatinhas, mas jamais com a intenção de achar que estava fazendo alguma coisa pelo planeta...

Agora os novos idealistas sonham com um mundo sem fronteiras, sem pobreza, sem desigualdade e movido a combustíveis recicláveis. Dará certo? Bem, de boas intenções... Você sabe o resto!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A mão boba do assédio sexual

Os EUA tem muito do que se orgulhar como nação. Agora, em certos aspectos, o país é um atraso de vida. Uma de suas peculiaridades é a obsessão com o "assédio sexual", termo criado pelas feministas recalcadas e esquerdistas satânicos para atazanar a vida do cidadão.

Vejam que curioso: vivemos em um mundo repleto de imoralidade, putaria e sacanagem. Mulheres criam filhos de pais múltiplos com a ajuda do contribuinte. Gays beijam-se no horário nobre e querem até casar. Quase ninguém mais se escandaliza se uma dupla de lésbicas decide adotar uma criança e fazê-la "trocar de sexo"; acham até bonitinho. Mas eis que um homem encosta um fio de cabelo em uma mulher sem pedir licença, e pronto: parece que o mundo caiu.  

Quão sérias são as acusações contra Herman Cain? Não sei detalhes, e ele pode até ser culpado. (Ele tampouco é meu candidato preferido.) Mas não é suspeito que essas mulheres tenham aparecido logo agora, quando ele é candidato e está em alta? Onde é que essas peruas estavam anos atrás?

A acusação de uma delas é a seguinte: Cain fez uma proposta indecente acompanhada de gestos vulgares. Ela recusou. Depois... Bem, nada. Tudo acabou aí. Outra o acusa de ter tentado agendar um jantar com uma moça que o interessava. Ela se recusou. O jantar não aconteceu...

Não são acusações de estupro como a de Dominique, que aliás também revelou-se uma fraude, ou mesmo de sexo consumado. São meras acusações de... O que mesmo? O que diabós é "assédio sexual"?

Ora, meus amigos. A resposta, na verdade, é muito simples. Este vídeo educativo explica tudo. Assédio sexual é simplesmente uma cantada ou proposta sexual feita por alguém que a moça não julga atraente. Na maior parte dos casos, é simples assim.


Digam o que quiserem sobre o Berlusconi, ao menos ele jamais foi politicamente correto e jamais se curvou às feministas. Não quer dizer que seu comportamento seja recomendável, mas ao menos é um antídoto contra grade parte da estupidez reinante. Herman Cain, por enquanto, também nega as acusações. Seu caso, aliás, é parecido com o do (também negro) juiz Clarence Thomas, que terminou sendo inocentado dez anos atrás.


Não quer dizer que não haja casos de abusos de poder, de trocas de favores sexuais por empregos ou coisa pior. Ocorre todo dia no mundo da televisão! Mas a verdade é que grande parte disso aconteceu porque as feministas queriam ser "iguais aos homens" em todos os postos de trabalho; agora reclamam que esses mesmos homens sintam atração por elas. Recentemente li sobre não lembro qual escândalo sexual no exército: um certo número de mulheres reclamava sofrer assédio sexual de marmanjos estacionados em postos de combate isolados... Realmente inconcebível! (E imagine a confusão agora que os gays assumidos entraram também na jogada).

É verdade que certos homens podem abusar de suas posições de poder para obter favores sexuais; mas nisso, não são tão diferentes de mulheres que usam sua beleza e sedução para subir na vida. A diferença é que, no segundo caso, ninguém reclama. Você jamais vai encontrar um homem reclamando de ter sido usado sexualmente. É uma das diferenças entre homens e mulheres.

Isso tudo me faz pensar o seguinte: o ódio dos esquerdistas é o ódio impotente contra a realidade. Os comunistas odeiam que alguns sejam mais ricos do que outros, mas isso é inevitável. As feministas odeiam que homens sejam diferentes das mulheres, mas isso sempre será assim. Os gays odeiam não ser aceitos no mesmo nível dos casais heterossexuais, mas uma coisa jamais será igual à outra. No fim das contas, não adianta tentar reengenharia social. O feitiço sempre se volta contra o feiticeiro.

Nota: na legislação americana, há diferença entre "sexual harassment" e "sexual assault". "Sexual assault" inclui contato físico. Passar a mão na bunda, por exemplo, pode configurar "sexual assault." Mesmo se o contato for indireto, por exemplo cutucando com um objeto, também pode ser considerado "sexual assault", que é crime federal. Já "sexual harassment" pode ser simplesmente dizer uma palavra que não agrada, um gesto ou até um olhar que causa desconforto...


sábado, 5 de novembro de 2011

Quem é a minoria?

É curioso que chamem de "minorias" grupos que estão longe de ser minoritários. Talvez por que a moda tenha começado nos EUA onde, décadas atrás, até que era condizente com a realidade. No Brasil, a expressão sequer faz sentido: o país tem mais mulheres que homens, mais negros/mulatos e índios do que brancos e, a julgar pela última parada gay e pelo número de travestis brasileiros na Europa, mais homossexuais que heterossexuais. (Bom, chamar mulheres de "minorias" nunca fez sentido algum em lugar nenhum).

Quem é a "minoria" neste país?

Nos EUA, a nova maioria já são as "minorias", em especial, os latinos. Leio esta curiosa reportagem da BBC na qual se fala sobre o misterioso "gap" (lacuna ou diferença) na educação entre os filhos dos imigrantes latinos (muitos de origem ilegal) e os dos americanos nativos. Por algum motivo, que poderá ser pela cultura, pelo fato de serem pobres, pelo fato de falarem espanhol em casa, pelo fato de preferirem entrar em gangues do que estudar, pelo fato de costumarem engravidar aos 13 e abandonarem a escola, ou simplesmente pelo fato de serem um pouquinho mais burros, eles estão tendo mais dificuldade em aprender do que os americanos. Tudo bem, realmente é mais difícil você chegar num país estranho e tentar se adaptar!

Mas o curioso é o seguinte: a tônica da reportagem é que os EUA deveria se esforçar mais para ajudar os coitados a aprender, afinal, disso depende o futuro dos EUA. Ué. Se esses imigrantes causam tanto problema, não seria mais fácil simplesmente fechar a torneira da imigração? Que obrigação tem os EUA, ou qualquer nação, para com aqueles que nem entraram legalmente no país? Será que o Brasil também vai passar a dar cidadania plena e bolsa-família para os bolivianos? Será que eles vão me dar cidadania também aqui, ou eu primeiro preciso ser ilegal?

(Parêntese: até tenho simpatia pela população latina, afinal, segundo as estatísticas americanas, eu faria parte do mesmo grupo demográfico, embora jamais tenha me considerado "latino" -- eu sou é gaúcho, eh eh. Mas ilegal é ilegal. País nenhum pode aceitar tamanha invasão sem conseqüências. E, do jeito que a coisa vai, faria mais sentido eu ter ido fazer pós-graduação direto no México. É uma transformação sem precedentes, pela qual os EUA se arrependerão profundamente.)

(Novo parêntese: sério, nada contra os mexicanos. Nem contra os negros. A única minoria com que tive problemas aqui em L.A. foi a dos médio-orientais. Árabes, iranianos, armênios, turcos, palestinos: nunca conheci algum que não estivesse querendo te sacanear, te enganar, ou te vender vender gato por lebre. E as ucranianas/russas são todas prostitutas. Pronto! Eu disse!)

Bem, não entendo, mas fico tentando entender. Quando os brancocidentaiscristãos forem literalmente uma minoria nos EUA e na Europa, eles continuarão sendo os culpados por tudo o que acontece de ruim? Se, mesmo com ampla maioria latina, o desnível educacional continuar, o que deverão fazer os brancos e os asiáticos para equiparar o nível? Obrigar suas crianças a estudarem menos?

Aqui nos EUA chamam os Estados com maioria latina de "minority-majority." Ora, se são maioria, não podem ser minoria, certo? Sim, eu sei. O termo "minoria" não tem a ver com números, mas é utilizado por que, historicamente, nas relações de poder em uma conjuntura patriarcal injusta e imperialista, os ocidentais, enquanto coletividade de indivíduos, sempre oprimiram os pobres negros, índios, judeus, muçulmanos, gays, asiáticos... Epa! Mas espera aí. Os ocidentais jogaram até duas bombas atômicas nos asiáticos, fizeram guerra contra eles no Vietnã e na Coréia, mas eles não estão reclamando de opressão nenhuma, e continuam se destacando nas universidades americanas, mais até do que os próprios americanos, que preferem ficar assistindo American Idol. Ué! E agora, José? Como assim, Ching Ling?

Ora, ora! Fica claro que aqueles que inventaram o termo "minoria" querem mesmo é confundir, enganar, propositalmente. É, aliás, uma técnica de guerrilha psicológica conhecida, já mencionada mais de uma vez pelo Olavo de Carvalho. De um lado os progressistas defendem uma coisa; do outro, o seu oposto. Chamam às maiorias de "minorias", ao direito maior de alguns grupos de "igualdade", à ilegalidade de "opressão", ao criminoso de "vítima". Confundido com o bombardeio de tanta idéias contraditórias, a cabeça do sujeito explode!

(Outra palavra que detesto: "despossuídos." Pretende dar a idéia que os pobres antes possuíam algo que foi tirado deles à força. Mas se jamais possuíram nada!)

Minorias! Quando acabará esta história de minorias? Os negros e latinos de sucesso, como Herman Cain, Obama e Jennifer Lopez, são também "minorias"? Quando é que as minorias vão deixar finalmente de ser "minorias" e todos vão finalmente poder ser julgados, não pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter?

Ora, meus caros. Lamentavelmente, a única minoria neste planeta infernal aqui somos nós, que ainda conseguimos discutir sobre temas sérios de forma razoavelmente civilizada...


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Multas reduzem acidentes?

Não é um post, é só uma pergunta mesmo. No outro dia fui multado por ter atendido o telefone celular enquanto dirigia. Durou uns trinta segundos, com azar suficiente para ser observado por um policial. Certamente a multa diminuirá o meu uso do aparelho no carro. Mas será que diminuirá a probabilidade que eu me envolva em acidentes de trânsito em geral?

Um recente estudo nos informa que novas leis banindo o uso do aparelho celular no carro não reduziram em nada o número de acidentes em vários estados americanos. Será que utilizar o celular não é assim tão perigoso, ou que a polícia simplesmente não está fiscalizando o suficiente? (Detalhe: falar ao telefone com bluetooth ou fone de ouvido, embora em geral permitido, distrai igualmente, tanto quanto segurar o telefone com a mão; mas há muitas outras atividades que também podem distrair tanto quanto telefones, como mudar a estação de rádio, olhar para o GPS, discutir com o companheiro do lado, etc, e que no entanto não são reguladas por lei.)

É claro que o uso do celular é uma questão menor. O que dizer de atitudes mais graves, como ir além da velocidade permitida, ou dirigir embriagado? Com a curiosidade atiçada, fui verificar os dados sobre a recente "lei seca" no Brasil, instituída em 2008. Para minha surpresa, descobri que ela não reduziu o número de mortes em acidentes de trânsito, ou, melhor: reduziu-os um pouco durante o primeiro ano, mas depois os números em quase todas as capitais voltaram ao seu nível "normal".

O que poderia significar isso? Que a lei relaxou, ou que as pessoas relaxaram? Que a polícia passou a ser menos eficiente, ou que, após o susto tomado pelo surgimento de uma lei mais rígida, as pessoas se habituaram ao "novo normal", e passaram novamente a beber e dirigir, embora o preço a pagar fosse maior? A segunda alternativa é possível, condiz com o comportamento humano observado em outras instâncias. Mas a primeira opção não pode ser descartada enquanto não tivermos outros dados.  Por exemplo, alguns observam que, nesse mesmo período de três anos, o número geral de automóveis circulando nas estradas aumentou. Outros observam como as redes sociais passaram a ser utilizadas para identificar onde estão ocorrendo as blitze, e evitá-las.

Se não existissem multas de trânsito de qualquer tipo, será que o número de acidentes aumentaria ou permaneceria igual? Na Alemanha, em muitas estradas não há limite de velocidade; o país tem menor número de acidentes mortais do que muitos outros.

Ninguém quer ter acidentes, afinal danificam a propriedade ou a vida da pessoa. Naturalmente, portanto, mesmo sem qualquer tipo de multa, a probabilidade é que os acidentes jamais passem de um certo patamar. Porém, todos sabemos que existe um número -- por ora indeterminado -- de motoristas imprudentes, agressivos, desrespeitosos, imbecis, em suma, barbeiros filhos da puta. Eles são os responsáveis por 90% dos acidentes e, como parecem imunes a qualquer tipo de punição, os acidentes continuam a acontecer.

Alguns falam em educação como meio alternativo de redução de acidentes. Pode ser. Porém, como educar toda uma população? Uma questão curiosa é a da faixa de segurança, sobre a qual sempre há campanhas educativas, as quais no entanto não parecem surtir muito efeito. Parar ou não à sua frente para permitir a passagem de pedestres parece ser algo cultural, relativo ao caráter de um povo, independente do país ser de Primeiro ou Terceiro Mundo. Na Espanha, recentemente, observei que quase todos páram. Na França e na Itália, te atropelam. Nos EUA tendem a parar. Ouvi dizer uma vez que em Brasília uma campanha educativa teria conseguido o milagre de fazer motoristas brasileiros se deterem à frente da faixa, mas talvez sejam só boatos.

Multas reduzem acidentes? E, se não reduzem, mas são apenas meios para aumentar a caixinha do Estado, então qual seria o melhor meio para reduzi-los?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Amores suicidas

Uma certa melancolia me invade às vezes, especialmente quando contemplo as relações amorosas e seus ocasionais resultados trágicos.

O blogueiro Sérgio de Biasi suicidou-se.

Nunca conheci o Sérgio, mas há tempos acompanhava O Indivíduo, desde quando ainda era uma parceria com o Pedro Sette, outro excelente escritor. Ele era pouco mais velho do que eu, fazia praticamente parte da mesma geração e, acho, tínhamos certas coisas em comum. 


domingo, 30 de outubro de 2011

Poema do Domingo

ÍTACA
 
Se partires um dia rumo a Ítaca,
faz votos de que o caminho seja longo,
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o colérico Posídon te intimidem;
eles no teu caminho jamais encontrarás
se altivo for teu pensamento, se sutil
emoção tocarem teu corpo e teu espírito.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o bravio Posídon hás de ver,
se tu mesmo não os levares dentro da alma,
se tua alma não os puser diante de ti.
Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
nas quais, com que prazer, com que alegria,
tu hás de entrar pela primeira vez um porto
para correr as lojas dos fenícios
e belas mercancias adquirir:
madrepérolas, corais, âmbares, ébanos,
e perfumes sensuais de toda a espécie,
quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrina
para aprender, para aprender dos doutos.
Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
e fundeares na ilha velho enfim,
rico de quanto ganhaste no caminho,
sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te porias a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu, se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,
e agora sabes o que significam Ítacas. 

Konstantinos Kaváfis (1863-1933) 
(Trad. José Paulo Paes)

sábado, 29 de outubro de 2011

Compre o livro do Blog do Mr X!

Está à venda na Amazon e na loja online do Create Space um livro com o melhor do Blog do Mr. X! 

Ué! Por que comprar algo que é grátis online? Dez razões:

1) É um ótimo presente para dar para alguém que se quer bem. Afinal, você não pode dar um blog de presente, certo? E o Natal está quase chegando aí.

2) É um ótimo presente para dar aos inimigos, especialmente aquele seu vizinho petista safado. E já estamos no dia das bruxas. 

3) É uma concentração do melhor do blog. Ao longo do tempo escrevi alguns textos que alguns talvez julguem interessantes, mas também escrevi muita bosta. O livro tem uma coletânea apenas dos melhores textos, editados para maior clareza. Tem até alguns textos inéditos, jamais publicados aqui!

4) Pode-se ler na privada ou na praia, locais onde é meio complicado utilizar o notebook ou mesmo o iPad.

5) Pode-se não ler, mas simplesmente colocar o livro na estante ou na mesa da sala para impressionar as visitas e escandalizar os parentes. Modéstia à parte, a capa ficou bem bacana. 

6) Você estará ajudando o dono do blog a continuar. Convenhamos, não vou fazer isto pra sempre. O Adsense do Google não dá dinheiro algum. Porém, se cada um dos leitores comprar um livro (ou mais, para dar aos amigos, vizinhos, alunos...), garante-se o leitinho das crianças, e o blog talvez continue por mais algum tempo.

7) O livro não tem o Augusto Nascimento nem a Bárbara nem o Tiago nem nenhum troll ou mesmo comentarista. Tá, na verdade esse é um aspecto negativo. Até pensei em incluir os melhores comentários no livro, mas ia dar muito trabalho.

8) Você estará colaborando com o self-publishing, movimento que coloca o autor diretamente em controle do material. 

9) É uma oferta por tempo limitado; o livro é uma edição comemorativa que vai ficar disponível apenas por alguns meses. Amanhã você pode não ter essa chance!

10) O preço é baratinho: apenas 25 dólares. Tá bom, é uma facada. Mas não é diferente do preço dos lançamentos literários no Brasil. É o mesmo preço do livro do Chico Buarque em reais. Tem que pagar o frete, mas livro não paga imposto!

P. S. A Amazon é mais conhecida, mas se você comprar no site do Create Space (que também faz parte do grupo Amazon) eu ganho mais royalties. Mas você tem que se registrar no site antes de comprar. 

P.S.2. Sim, vai ter uma edição pro Kindle, mas ainda não está disponível. Provavelmente daqui a um mês. Aviso quando sair. Livro em papel é ultrapassado, já?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Democracia não é suficiente

A "democracia" na Líbia está prendendo e arrebentando. Depois de linchar Khadafi, a turba muçulmana no comando já executou uns outros 53. Agora afirma que a nova lei do Estado será baseada na sha'ria islâmica. Veja você, sob o terrível ditador Khadafi, o cidadão não podia ter mais do que uma única esposa. Agora vai poder ter quatro, como manda o Corão... Liberdade!

Certo, eles vão ter eleições. E daí? A União Soviética tinha eleições. Cuba tem eleições. Até a Venezuela chavista tem eleições.

Estamos vivendo em um tempo em que a forma substitui o conteúdo. Se um país tem eleições, é considerado uma "democracia", não importa que oprima os opositores, que tenha leis estúpidas ou que seja corrupto até o tutano. 

No Brasil, nos garantem, temos uma "democracia". Para mim, vai ficando cada vez mais parecida ao fascismo mussoliniano, com a diferença que Mussolini era provavelmente melhor. Getúlio Vargas e Perón continuam sendo o ideal de governo de todo presidente latrinoamericano que se preze.

Vejam o Lula. Não há dúvida alguma que queira voltar ao poder. A sua recente pose com cocar de cacique mostra bem as suas intenções. O PT quer "democracia", claro. Mas a antiga Alemanha Oriental não se chamava "República Democrática"? É esse o estilo de "democracia" que eles querem. Pode escolher o candidato de qualquer cor, desde que essa cor seja vermelha. 

Os terroristas dos anos 60 perderam a batalha, mas venceram a guerra. A demonstração mais cabal é a condenação à prisão perpétua de dezenas de generais argentinos. Não tiveram perdão. Tudo bem, eram criminosos e torturaram -- mas e os terroristas de esquerda que explodiram, seqüestraram, assaltaram, mataram, trucidaram? Ora, esses estão no comando, e continuam assaltando, só que agora em outro nível. Ninguém perguntou sobre o enriquecimento ilícito da "presidenta" Cristina Kirchner, nem sobre suas constantes tentativas de silenciar a imprensa local. 

Cada vez mais, no Ocidente e alhures, a democracia torna-se uma farsa, um teatrinho montado para divertir os imbecis. Os verdadeiros caciques fazem e acontecem debaixo dos panos. "O povo tem mais liberdade", garantem. "O povo pode votar e escolher quem quiser." E riem, sabendo que a população só pode escolher entre 6 e meia-dúzia (ambos comunas ou ladrões, mas me repito), e que as verdadeiras decisões são tomadas muito longe, sem qualquer apelo à vontade popular. Mas o povo? Feliz. Tem seu pão e seu circo garantidos, e a juventude jura que é "transgressora", mesmo repetindo unanimemente a cartilha repetida dia a dia por todos os meios de comunicação.

A democracia é um sistema bom, mas, por si só, não é suficiente. Não bastam eleições para fazer um país democrático. Seja a Líbia, sejam os EUA, seja o Brasil.

O Vaticano e a Nova Ordem Global

Embora não acredite em nenhuma delas, gosto de teorias da conspiração. Não seria fantástico se todos os problemas do mundo fossem causados por um único grupo secreto? Lamentavelmente, quase nunca é esse o caso: o mundo é na maior parte das vezes regido apenas pelo Caos. 

De qualquer modo, uma recente notícia deixou os teóricos da conspiração em polvorosa. O Papa Bento XVI declarou que é a favor de uma "autoridade econômica mundial", uma espécie de Banco Central Mundial. Seria o Papa globalista?

Fui pesquisar, e descobri que não é a primeira declaração nesse sentido do Pontífice. Em 2009, o Vaticano publicou um texto até mais forte, no qual fala não apenas em autoridade econômica, como literalmente em um "governo global", uma entidade supranacional com "autoridade real" para resolver conflitos internacionais.

Não quero comprar briga com o pessoal da MSM. Sou católico por formação, e simpatizo com o Bento XVI. Porém, o Rodrigo Constantino destrinchou a encíclica papal de 2009, mostrando que o texto realmente fala em governo global, além de reciclar vários chavões quase marxistas, defendendo a imigração, a justiça social, etc. Estaria o Vaticano unido às elites globalistas que querem instituir a famosa "Nova Ordem Mundial"?

Não creio. Como dizem os americanos, jamais atribua à malícia o que pode ser mais facilmente explicado por ignorância ou estupidez. Acho que o Papa, ou seja quem for que redigiu o documento, está contaminado por algumas idéias progressistas (não todas; a Igreja Católica ainda é contra o homossexualismo e o aborto, até onde sei). Mas não é esse o caso do planeta inteiro? Nos EUA, igrejas luteranas e presbiterianas já tem pastores mulheres ou gays (quando houver um Papa gay é que precisamos ficar preocupados...). Na Europa, são as igrejas cristãs as que mais acolhem e auxiliam asilados e imigrantes ilegais da rival religião muçulmana, mesmo que isso esteja selando o seu fim (10% dos "cristãos" europeus freqüentam a missa; 90% dos muçulmanos freqüentam as mesquitas). 

No mais, é curioso que os progressistas se vendam (e vendam essa imagem à juventude) como "rebeldes" e "transgressores", quando são exatamente o contrário. Eles são o establishment! Eles mandam, desmandam, e até lincham quem ousar contestar. Não há quase nenhum aspecto da vida cultural, política ou social que não tenha ao menos algum elemento progressista. Como diria a Newsweek, somos todos socialistas. O Papa talvez apenas queira ser pop - e, isso, hoje, quer dizer progressista.

De qualquer modo, se até o Papa -- junto com o governo Obama, Wall Street, a União Européia e a maioria das instituições civis ocidentais -- já estão falando abertamente na possibilidade de um governo global, é sinal que a coisa não demora a tornar-se realidade. Segurem-se! 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

As flores da primavera árabe têm cheiro de morte

Khadafi foi morto de forma selvagem e o Ocidente celebra. Mas celebra o quê, exatamente?

Este não é um blog que goste de ditadores árabes, mas o fato é que o que vem aí é pior. Esses rebeldes não são flor que se cheire, e muitos deles são terroristas conhecidos.

O fato é o seguinte, com a possível exceção de Israel, existem apenas dois tipos de líderes no Oriente Médio (e na África): ditadores seculares ou fanáticos religiosos. A "democracia" traz ao poder estes segundos, pois o que ningém parece perceber é o seguinte -- o problema não são os líderes: o povo é que é fanático. O povo é que é violento. O povo é que quer sha'ria e terror. 

Segundo um velho ditado, "cada povo tem o líder que merece". Começo a crer que seja verdade. Lula e Dilma são a cara do Brasil. Os fanáticos líderes árabes são a cara de seu povo. Os líderes esquerdistas multiculturais da maioria dos países do Ocidente também são a expressão do que há de mais comum hoje entre o povo de lá, que é também, a seu modo, fanático do progressismo.

Nunca entendi esta guerra na Líbia e, até agora, continuo sem entendê-la. Alguns dizem que é pelo petróleo, e eu bem que gostaria que fosse. Parece mais é haver um desígnio das elites globalistas para colocar fogo no Oriente Médio e criar centenas de novas teocracias islâmicas na região.

No Egito, quem sofre com a nova "democracia" são os cristãos coptas. Na Líbia, ironicamente, os que mais estão se ferrando são os negros africanos. Os próximos provavelmente serão os cristãos (tem só uns cem mil por lá).

Isso nos leva a um curioso paradoxo: a tal democracia, em muitos países pouco treinados, acaba virando mesmo ditadura da maioria, e por sua vez isso leva à limpeza étnica: a minoria, afinal, não tem voto nem vez, e pode ser mesmo eliminada. É o que acontece nos países muçulmanos com os não-islâmicos. É o que acontece na África do Sul com os brancos sul-africanos. É o que vai acontecer um dia aqui. 

Pode até estar havendo uma "primavera árabe". Mas suas flores cheiram muito mal!

sábado, 15 de outubro de 2011

Machado de Assis era branco ou negro?

Machado de Assis era branco ou negro? Um polêmico comercial levantou de novo a questão. A primeira versão do comercial, com um branco de aparência claramente européia no papel do escritor, foi duramente criticada por muitos espectadores, que acusaram o comercial de "racista", já que Machado era mulato.

Em seguida, o governo brasileiro entrou em ação mais uma vez (parece que a especialidade do governo Dilma é a propaganda!). Sob pressão do público e da Secretaria da Igualdade Racial, o comercial foi retirado e substituído por um outro em que o velho Machadão é interpretado por um ator mais escuro do que o Muçum. Se foi um erro colocar Machado no comercial como caucasiano, também acho que o segundo ator foi uma escolha equivocada, que acentua demais a cor da pele. Era tão difícil encontrar um mulato claro que atuasse decentemente?  

Confesso: na escola, para mim, Machado sempre tinha sido "branco", ou, ao menos, ninguém tinha chamado a atenção para a sua composição racial. Essa moda começou bem depois, quando eu já estava na universidade e o "politicamente correto" funcionava a todo vapor. Era então necessário chamar a atenção para a raça dos escritores, talvez até mais do que para a sua literatura. (Pergunto-me se algum desses críticos leu algum livro do Machado. Será que a própria secretária de inclusão racial já o leu?)

Machado de Assis era português por parte da mãe (50% branco), e seu pai era pelo menos metade branco, se não mais. Digamos que fosse meio-meio, o que daria 25% para Machado de Assis. Portanto, Machado de Assis era ao menos 75% branco, talvez um pouco mais, talvez um pouco menos, já que não sabemos muito sobre o seu pai. Isso importa? Provavelmente não. Gênio é gênio e é raro em qualquer raça ou país. Abaixo está a foto de Machado de Assis que encontrei na qual ele parece mais "afro". Se não poderia ser confundido com o Pelé, tampouco é europeu.

O curioso é o seguinte: embora a sociedade do período fosse mais "racista", isto é, acreditasse abertamente em diferenças raciais (leiam "Os Sertões", por exemplo, ou Silvio Romero), Machado de Assis chegou ao topo da sociedade de seu tempo. Autodidata e pobre, subiu na vida por seu próprio esforço e tornou-se um homem extremamente bem-sucedido, um intelectual reconhecido e celebrado por todos, podemos mesmo dizer que um membro da elite (ao menos intelectual) do período.

Paradoxalmente, hoje ninguém o faria esquecer que era "negro". Estudaria pelo sistema de cotas ou seria convidado a morar em um quilombo. Talvez, ao invés de escrever romances inspirados no melhor da literatura inglesa e francesa do período, se dedicasse a criar letras de funk e rap (inspirado no que se faz nos EUA, é claro). 

Talvez o verdadeiro problema então seja mesmo a incrível decadência dos ideais e da cultura brasileira (e mundial, pois somos apenas macaquitos copiões). Na época havia outros talentosos escritores mestiços: Lima Barreto, Mario de Andrade, Cruz e Sousa. Hoje, o que temos?

Mesmo se ficarmos na cultura popular, até há poucas décadas tínhamos pessoas como o Cartola, sambista que apesar da baixa instrução escreveu letras sentimentais primorosas (outro exemplo seria o Lupicínio Rodrigues). Hoje? O grande sucesso no Brasil das classes baixas e nem tão baixas é uma canção que, pelo que entendo, se chama "Dou o c* até de cabeça para baixo". Tem inclusive uma dança associada, como se pode ver no vídeo, que ainda celebra a harmonia multiracial políticamente correta, com uma garota branca e outra japonesa realizando a "performance". É o Brasil atual! 

Dentro do seu túmulo, Brás Cubas sorri feliz: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria!" 

domingo, 9 de outubro de 2011

A World Without Jobs

O título deste texto era pra ser "Um mundo sem empregos", mas ficou em inglês porque não resisti a fazer um trocadilho infame. Dito isso, são dois fatos incontestáveis: Steve Jobs se foi, e os empregos do mundo estão sumindo. 

Steve Jobs está sendo chorado como poucas figuras da história recente, e como quase nenhum empresário jamais foi (empresários são quase sempre universalmente execrados). Por quê? Talvez por ter criado os aparelhos mais representativos da era atual: os iPhones e iPads, que nada mais são do que brinquedos para gente grande. Mas há algo mais aí: Steve Jobs, filho de um imigrante sírio, abandonado enquanto bebê, adotado por um casal de classe média-baixa sem curso superior, abandonando os estudos, virando hippie vagabundo de férias na Índia e mesmo assim no fim das contas chegando ao topo do topo, ele representa a máxima afirmação do "sonho americano", a "terra da liberdade" onde qualquer um pode chegar lá. E digamos a verdade: se Jobs tivesse crescido na Síria, será que teria qualquer possibilidade de jamais chegar a ser o que foi? 

Mas casos como o de Jobs são cada vez mais exceções. Sim, ainda há muitos jovens milionários e histórias de sucesso, a América ainda é a América, mas tudo está mudando cada vez mais.

A Europa, em crise econômica e sem empregos, está virando um parque temático. Sua função, se o crescimento populacional muçulmano por lá não impedir, será a de conservar seus monumentos em pé para que possam ser visitados por turistas de todo o mundo. O mundo muçulmano está se reduzindo à sua própria insignificância. China ainda cresce -- mas até quando? E mesmo os EUA estão com taxas de desemprego que parecem apenas aumentar. (Obama já é menos popular do que o vírus da febre suína). Enquanto isso, jovens americanos "ocupam Wall Street" e querem -- o quê? Provavelmente achar algum culpado fácil para tudo.

Em um de seus últimos posts, o marxista Sakamoto mostra mais uma vez que, como 99%, tá bom, 100% dos blogueiros de esquerda, não entende nada de economia. Ele quer que as empresas reduzam a jornada de trabalho sem reduzir o salário. Quer que o açougueiro, o padeiro e o cervejeiro trabalhem, não por interesse próprio, mas por benevolência. Leia Adam Smith, rapaz! Na verdade, tais trabalhadores devem agradecer aos céus que o desemprego no Brasil está baixo e que o mercado de trabalho ainda está em expansão.

Afinal, o grande problema do mundo moderno é que a globalização e a automação tornaram e ainda estão tornando grande parte das pessoas inúteis. O imenso número necessário de pessoas que eram necessárias para plantar, colher e transportar alimentos reduziu-se muito com a mecanização da agricultura. Paradoxalmente, hoje produz-se bem mais alimentos. Salvo algumas regiões da África e do Oriente Médio, os pobres hoje tem maior problema com obesidade do que com fome.

Bem, mas é claro que o fim do trabalho agrícola não significou o fim do trabalho. Muitos migraram para as cidades onde trabalhavam em fábricas, que logo passaram também pelo mesmo processo de automação. Robôs cada vez mais podem fazer o trabalho de humanos, e com muito maior eficiência, e sem reclamar. Sim, ainda há muitas fábricas com pessoas trabalhando, mas elas estão na China ou na Índia, e também ali eles trabalham sem reclamar.

Então então essas pessoas que saíram do campo para trabalhar nas fábricas agora trabalham nas cidades na indústria de serviços, ou então em alguma repartição pública. Não produzem nada, mas realizam serviços para aqueles que produzem, e portanto ajudam a fazer com que estes últimos produzam mais. Mas mesmo muitos desses empregos hoje em dia estão acabando graças à tecnologia. As grandes redes de livrarias americanas desapareceram graças à Amazon; as indústrias locais foram engolidas pela China, que tem muita gente e pode fabricar tudo mais barato (e não eram e são os iPods e iPads fabricados por lá?); os robôs no Japão já podem até cozinhar pratos simples; até alguns empregos que antes exigiam diploma hoje podem ser substituídos por um software. Até o fim deste século, que outros empregos desaparecerão? Talvez motorista: a Google já está experimentando com carros que se dirigem a si mesmos

Tudo isso é deveras maravilhoso, mas o que fazer com os milhões de pessoas tornadas redundantes na era da automatização, da globalização e da Internet?

A visão romântica é que viveríamos em um mundo de lazer e de crescimento espiritual. Num mundo sem empregos, as pessoas se dedicariam às atividades artísticas, intelectuais e de supervisão e gerência do mundo robotizado. Mas isso é fantasia. O fato é que, contrariamente ao que sustenta a teoria da tabula rasa, nem todas as pessoas têm as mesmas capacidades, físicas, mentais ou psicológicas. Dito de outra forma, em um mundo supertecnológico no qual o QI e o conhecimento técnico são os valores mais importantes, grande parte das pessoas não estão e jamais estarão qualificadas para trabalhar naquilo que realmente importa, nas poucas atividades realmente produtivas. E mesmo pra criar arte seriam inúteis, pois tampouco são todos os que tem talento.

Nesse admirável mundo novo, seria o welfare a solução mais moral, ou a mais imoral? Sustentar os incompetentes, ou deixar que eles morram de fome? É possível também que, sem trabalho, algumas pessoas se dedicassem mais ao crime, ou ao menos essa é a desculpa dos esquerdistas para manter o sistema. Porém, como o welfare (isto é, ser pago apenas por existir) é socialmente e moralmente nocivo para o indivíduo, estimulando a preguiça, o ócio e os maus costumes, é preciso que exista um outro caminho.

Seria a solução então manter um tipo de welfare light, no qual empregos desnecessários são mantidos apenas devido à sua função social? O trabalho enobrece, já diziam os antigos. Penso por exemplo nos ascensoristas que ainda tem tal emprego em tantas repartições públicas no Brasil, quando são já de todo desnecessários, e talvez sempre tenham sido. Penso nos frentistas de posto de gasolina, que hoje já quase não existem mais nos EUA, mas que são mantidos na maioria de países latinoamericanos e europeus.

Não acho que a automação seja de todo boa. Por exemplo, detesto os números de telefone com gravações. Acho preferível quando há outra pessoa do outro lado da linha. Precisamos de interação com outros humanos; mesmo que seja possível, e até já existam, supermercados totalmente automatizados, não é melhor que exista alguém real recebendo o dinheiro e colocando os produtos nos pacotes?

Será então que os empregos serão mantidos apenas para que não morramos de solidão? Os robôs humanóides não tem dado muito certo, apesar de alguns estarem melhorando de aparência. Há certas coisas que os seres humanos ainda fazem melhor. O trabalho braçal tampouco está de todo extinto, e provavelmente não o estará enquanto um ser humano for mais barato (e mais eficiente) do que um robô.

Bem, quem pode dizer o que ocorrerá no futuro? Ninguém previu a Revolução Industrial, ninguém previu a Revolução da Informática, ninguém previu sequer o iPad - ou o teria inventado antes. Como dizia Daniel Defoe, só há duas coisas certas nesta vida, a morte e os impostos. Steve Jobs escapou de um, mas não do outro. Adeus, Steve Jobs, adeus. 

O futuro da automação.
O blogueiro Sakamoto em Wall Street.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Os freaks somos nós

Uma vez eu falei que o futuro do mundo seria representada pela foto de um casal gay branco-asiático com uma criança negra, mas me enganei. O futuro é este aqui:

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Educação sim, censura não!

Uma das maiores desgraças causadas pelo "politicamente correto", que nada mais é do que a aplicação prática dos princípios ultra-igualitários esquerdistas ao discurso, é ter tornado as pessoas extremamente sensíveis à mais ligeira provocação.

Além da censura midiática que proíbe a discussão honesta sobre certos assuntos, há a censura (ou até autocensura) que se cria entre os indivíduos, que cada vez ficam com mais medo de ter problemas, ou até mesmo um processo nas costas, devido a alguma frase infeliz dita ou escrita por aí. Isto até piorou com a Internet: às vezes, até uma frase inocente publicada no Facebook ou Twitter pode gerar infinitas dores de cabeça.  

Um exemplo, já mencionado aqui, foi o caso do ator brasileiro Rodrigo Lombardi, que foi criticado por ter elogiado o dançarino e cantor negro Sammy Davis Jr., só que de uma forma considerada preconceituosa pelos bem-pensantes. A intenção do ator não apenas era a de elogiar, como Sammy Davis está morto e não se importa mais sobre o que disserem sobre ele. Isso, naturalmente, não impediu muitos progressistas de quererem a cabeça do "racista".

Toda hora há casos novos. Agora tem o comercial de lingerie com a Gisele Bündchen, que o governo quer proibir. Antes, um humorista foi censurado por fazer piada com King Kong e teve que se retratar. Uma jovem acusada de criticar os nordestinos no Twitter teve que abandonar a faculdade. Vez por outra um jogador de futebol é acusado de "racista" por chamar outro de "negão" ou de "macaco". Segundo um jornalista do Globo, "todo castigo é pouco para os racistas": ele chega a afirmar que seria preferível que o racista tivesse agredido o outro jogador com um soco do que chamá-lo de "macaco", que hoje em dia parece ser a maior ofensa jamais criada contra qualquer pessoa de cor. (Também o saudoso Clodovil uma vez foi processado por racismo por ter chamado uma deputada negra de "macaca de tauilleur"). O que é estranho é que, no tempo dos Trapalhões, não lembro que houvesse tanto escândalo com palavras como "macaco", "cabeça-chata", "fresco", e por aí vai. 

Hoje no Canadá, ocorreu o oposto: um jogador de hóquei negro está sendo criticado por ter chamado um adversário de "bicha" ou "viado" (faggot). Detalhe: parece que o adversário é mesmo viado, ou ao menos está empenhado na causa do casamento gay. Outro detalhe: o jogador que realizou o insulto já tinha por sua vez recebido insultos racistas anteriormente, o que não impediu que agora seja criticado por ser homofóbico.

Isso nos leva a uma importante questão filosófica: o que é pior nestes dias, ser "racista" ou ser "homofóbico"? Se um gay ataca um negro e vice-versa, quem leva a pior? Nos EUA, um violento caso de negros que agrediram um branco no McDonald's foi ocultado pela mídia, até que se descobriu que a vítima branca era um travesti. Sendo, portanto, um ataque "homofóbico" (e não simplesmente contra um branquelo que merecia mesmo apanhar), o ataque passou a ser registrado e mesmo criticado. O que parece provar que: a) os gays venceram a batalha e a "homofobia" é mais forte do que o "racismo, e b) que o único grupo que não tem direito a reclamar são os brancos heterossexuais cristãos. Apanhem calados!). 

O mais curioso de tudo é que há almas delicadas até no campo de hóquei. Bater até quebrar ossos pode, o que não pode é insultar... 

De acordo com a Associacão Canadense de Gays e Lésbicas contra a Difamação (sim, existe isso), "o discurso de ódio e insultos homofóbicos não têm lugar no campo de hóquei."

Pôrrameu, são jogadores de hóquei, o esporte mais violento do mundo! Se um jogador de hóquei não pode nem chamar o outro de "viado", onde diabos iremos parar?!?

Isso tudo parece um tema menor e sem importância, mas não é mesmo. Todas essas novas leis anti-racismo e anti-homofobia, bem como a simples existência do "politicamente correto", tem uma função bem clara no projeto progressista:  a censura.

Sim, a esquerda, que tanto chora sobre a "censura" que sofreu durante a "horrível ditadura militar", é a maior censuradora hoje em dia!

Atenção, isso não quer dizer que eu seja a favor de insultos. A ética comanda que, por uma questão de civilidade, os insultos (raciais, sexuais ou de qualquer outra ordem) sejam evitados; mas, em certos ambientes como o esportivo, eles são bastante comuns, e não deveriam ser objeto de qualquer tipo de ação legal. Jogador de futebol e torcedor estão ali para xingar e serem xingados mesmo: só falta agora quererem proteger de insultos a mãe do juiz... 

Faz tempo que casos de injúria e difamação são corretamente levados em conta pela lei, e não pareceria haver necessidade de leis novas. Observe ainda que a censura esquerdista vai muito além disso, não permitindo nenhum tipo de discurso que seja sequer contrário aos grupos protegidos pelo progressismo mundial.

Por exemplo: um cidadão foi acusado de "racismo" por sugerir em artigo de jornal (mas sem usar qualquer insulto) que a cultura branca européia fosse mais avançada do que a cultura indígena nativa brasileira. O que parece algo óbvio -- afinal, os povos europeus eram ou não mais avançados tecnologicamente, artisticamente, etc? --  hoje virou caso de polícia. (O acusado também afirmou que os índios enterrariam ossos em certas propriedades para dizer depois que estas seriam "terras indígenas"; isso, lamentavelmente, também não é mais do que a verdade, já comprovada em vários casos). 

Não sei como acabou o caso: o Ministério Público queria do pobre homem uma indenização inicial de 30 milhões de reais.

Quanto aos gays, é ainda pior, e acontece no mundo todo. No outro dia, um estudante inglês foi suspenso por simplesmente dizer que "o homossexualismo é errado." Percebam que ele não insultou ninguém nem disse nada de extraordinário: o mero fato de achar que atos homossexuais sejam pecado já é um crime ou ao menos uma falta em muitos países. 

Até mesmo ser contrário ao "casamento gay", o que há pouco era apenas questão de opinião, está virando um discurso proibido. E isso que o "casamento gay" é uma questão que afeta, segundo estatísticas, 0.55% da população americana (é o número de parceiros do mesmo sexo que vivem juntos). Tempestade num copo d'água?

Essa censura toda termina tendo também, acredito, um efeito psicológico nefasto. Impedida de se pronunciar de forma civilizada, a crítica às minorias termina se transformando em ódio e rancor. Mesmo eu, que tenho contato com pessoas de todas as cores, religiões e orientações sexuais sem jamais ter insultado ninguém, toda vez que ouço alguma proibição politicamente correta, tenho vontade de urrar insultos racistas e homofóbicos aos quatro ventos. Imagine então alguém que foi suspenso da escola ou perdeu o emprego por ter dito alguma frase proibida: será que o seu ódio vai ser maior ou menor?

Com mil raios e trovões! Deixem o mundo se expressar em paz! Seus sacripantas, pândegos, anacolutos, embusteiros, antropopitecos, antropófagos, babuínos, ungulados, psicopatas, piromaníacos, sodomitas, bucaneiros, cabeçudos, colocintos, carcamanos, chucrutes, tecnocratas, terroristas, zapotecas, visigodos, iconoclastas, selvagens, astecas, esquizofrênicos, ornitorrincos, frouxos, macacos, parasitas, otomanos, ruminantes, canalhas, covardes, mercenários, ectoplasmas, doríferos, coleópteros, zulus!!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Os macacos somos nós

Não sei se alguém aí assistiu ao "Planeta dos Macacos: A Origem". Não se preocupem, não vou contar o final. O filme é bom, ao menos bastante mais interessante do que eu esperava, mas talvez apenas porque eu esperava muito pouco. Porém, uma coisa chama a atenção no filme, especialmente em contraposição ao filme original com Charlton Heston: nesta história, o personagem principal, e herói do filme, é um macaco.

Os atores humanos pouco se destacam. Alguns, como a namorada do cientista (a bela atriz indiana, Freida Pinto, pelo nome, de origem portuguesa), fazem pouco mais do que figuração. A grande personagem do filme, seja em termos narrativos, seja no aspecto técnico (o ator Andy Serkis filmado com a técnica de motion capture e recoberto com alguns dos melhores efeitos especiais já realizados), é certamente o chimpanzé inteligente, César. Por mais que o principal personagem humano tenha o drama com o pai com Alzheimer e um conflito ético sobre experimentos científicos, etc. tudo isso mal chega a nos tocar. Simpatizamos e preocupamo-nos é com o macaco.  

Assim, enquanto no filme original a degradação dos humanos era vista como algo terrível, e torcíamos por Charlton Heston, neste filme a destruição da humanidade é vista como algo, se não positivo, ou ao menos neutro. Os humanos não parecem nem mesmo lá muito inteligentes; os símios, mesmo antes de tomarem a droga mágica que aumenta o QI, parecem superá-los ou ao menos igualá-los em inteligência: enfrentam policiais incompetentes, cientistas trapalhões, cuidadores de animais sádicos e imbecis, e mesmo o suposto cientista herói da história é meio panaca: até a namorada o macaco é que precisa arranjar para ele.

No filme, os macacos estão certos em vingar-se dos humanos; e a narrativa é construída de tal forma que torcemos por eles. Nesse aspecto, é um pouco similar ao bom District-9, em que os repulsivos alienígenas terminam virando os verdadeiros heróis da história, ou ao ruim Avatar, com seus nobres selvagens azuis.

Poderia ser uma metáfora sobre a imigração, sobre o capitalismo, sobre o fim da civilização Ocidental? Alguns blogueiros americanos meio primários estão realizando a básica comparação entre a história do filme e conflitos raciais. Mais de um comparou o quebra-quebra final dos macacos no filme com os distúrbios londrinos. A comparação, embora tentadora, é equivocada. O filme original, realizado não por acaso em 1968, tinha muito maior ênfase no aspecto racial, evocado até mesmo pela divisão entre os próprios símios. A versão recente ignora o aspecto quase que totalmente, e até coloca um afro-americano como um dos principais vilões (um capitalista apenas interessado no lucro, é claro). Chefe negro, namorada indiana: o mundo que está sendo destruído já é o mundo multicultural. 

Sim, o tema anticapitalista está presente, mas está longe de ser o pecado original que leva à perdição. A ciência sem ética tampouco parece ser a culpada da desgraça, e o cientista não é nenhum Dr. Frankenstein. Ele tem um motivo nobre: curar o Alzheimer e salvar o seu pai. Poderia haver melhores intenções?

Não, o recente filme é apenas mais um na longa lista que retrata a humanidade em geral como uma corja de parasitas que não merece sequer viver no planeta -- talvez o ápice dessa tendência misantrópica e fatalista possa ser vista no documentário "A vida após as pessoas", que celebra um mundo desprovido de seres humanos. 

Por sinal, ao contrário do filme original com sua impactante cena final, neste filme a vitória dos símios e mesmo a possibilidade de extinção humana são retratadas sem qualquer tipo de pathos, como se se tratasse de alguma outra espécie que não a nossa: assistindo ao filme, viramos macacos; estamos do lado deles. Os macacos somos nós.

O paradoxal é que é justamente o elemento o que nos faz ter empatia com César são as suas características humanas ou quase-humanas. Simpatizamos com o macaco porque ele tem sentimentos humanos -- e por isso apoiamos sua luta que fatalmente terminará com a submissão dos humanos aos orangotangos e chimpanzés.

É esse aspecto paradoxal o que torna o filme mais interessante do que uma mera fábula sobre a "libertação animal": é, afinal de contas, a história de um macaco que vira humano (e nesse sentido é um pouco parecido com o conto de Kafka "Informe a uma Academia"); e é pelos macacos serem "humanos" ou ao menos "quase-humanos" que o seu tratamento e seu desejo de rebeldia se tornam mais ambíguos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tintin no País dos Sovietes

Não sei se vocês sabem, mas em dezembro deve sair o novo filme do Spielberg baseado nas "Aventuras do Tintin". Não sei se o filme é bom, temo que não; os quadrinhos originais são ótimos.

Tudo o que sei sobre a América Latina aprendi lendo Tintin. Para quem não leu, a história em quadrinhos mostra um continente no qual ditadores se revezam no poder através de revoluções ou eleições sem que nada mude, indígenas primitivos andam sempre alcoolizados ou brigando entre si, e a pobreza e a miséria espiritual é sempre a mesma, não importando o governo que esteja no poder.

Tintin anda sempre armado e adora suas armas. Não sei quais eram as leis de porte de arma na Bélgica entre os anos 30 e 50, mas não há um episódio em que  Tintim não esteja ao menos em uma cena com uma pistola na mão, enfrentando bandidos. E isto em um livro para crianças.

Já o Capitão Haddock está sempre fumando e bebendo. Hoje a patrulha antitabagista não o perdoaria. Também a Associação Protetora dos Animais não perdoaria Tintin pelos vários animais que mata a tiros, de serpentes a crocodilos a rinocerontes.

Quase não há personagens femininos em Tintin, com exceção da Castafiore, por isso alguns acusam o livro de ser também "sexista". Besteira. Em todo filme americano de ação, sempre colam uma história de amor boboca. (Hoje, com o politicamente correto, a mulher não é apenas interesse amoroso como muitas vezes dá mais porradas em bandidos do que o herói). Graças a Deus Hergé não foi por esse caminho.

Tintin é de direita? Hergé, autor dos quadrinhos, foi até acusado de colaborador nazista. Exagero. Embora tenha permanecido na Bélgica durante a ocupação, a verdade é que ele não é nem racista nem antisemita nas obras. Se "Tintin na África" foi acusado de racista, bem como otros livros mostrando indígenas sul-americanos, a verdade é que ele mostra tais povos de forma positiva: talvez simplórios, mas de bom coração. Aliás, ao contrário do que poderia parecer, com o tempo o autor foi ficando cada vez mais politicamente correto, chegando a modificar versões anteriores de livros para que ficassem mais adequados aos novos tempos. Existe uma interessante página sobre isso comparando as imagens das diversas edições, que pode ser vista aqui (em francês).

A primeira história de Tintin, e a única que jamais foi redesenhada ou mesmo colorizada, foi "Tintin no País dos Sovietes", desmascarando a União Soviética. Se em termos de arte e mesmo de história é bem mais primário do que os outros livros posteriores, não deixa de ser um interessante relato da época. Pode ser facilmente encontrado em pdf online, assim como os outros livros.

Os progressistas, no entanto, jamais perdoaram Hergé por ser anticomunista na juventude. Mesmo um jornalista brasileiro em texto recente quando da publicação no Brasil em 2009, acusou "Tintin no País dos Sovietes" de "expor um preconceito primário contra o regime comunista". Preconceito? Sim, "preconceito" contra a fome massiva, a exploração, as execuções em massa, etc...

Leiam Tintin, ou dêem a ler para seus filhos (ainda que hoje eles estarão provavelmente mais interessados em videogames). É instrutivo.

Evolução: sim ou não?

Darwin e sua teoria da seleção natural são muitas vezes utilizados para bater no Cristianismo e na própria idéia de Deus. Eis aqui por exemplo um vídeo ridicularizando as várias Miss America no debate (tipicamente americano) sobre o ensino do Evolucionismo versus Criacionismo nas escolas.

A verdade, porém, é que muitos dos tais defensores do evolucionismo pouco conhecem as teorias e textos do estudioso britânico. Grande parte das idéias darwinianas são, por sua própria natureza, extremamente contrárias a qualquer tipo de igualitarismo, inclusive o racial, já que prevêem a adaptação de todo ser, inclusive o homem, ao seu meio. Eis este trecho de "A origem das espécies":

At some future period, not very distant as measured by centuries, the civilized races of man will almost certainly exterminate, and replace, the savage races throughout the world. At the same time, the anthropomorphous apes ... will no doubt be exterminated. The break between man and his nearest allies will then be wider, for it will intervene between man in a more civilized state, as we may hope, even than the Caucasian, and some ape as low as a baboon, instead of as now between the Negro [sic] or Australian and the gorilla.

Não traduzi por preguiça, mas o trecho apresenta várias idéias que hoje em dia seriam consideradas heréticas, a começar pela noção de que algumas raças estariam mais próximas do macaco do que outras, e embora não o justifique, parece prever o genocídio racial. (Detalhe aos nazistas de plantão: longe de ser um supremacista racial, Darwin era um abolicionista, ferrenho adversário da escravidão). Chama a atenção também a idéia de que o homem com o tempo iria se "civilizando" cada vez mais (mas a seleção natural não era cega e sem propósito?)

A teoria de Darwin nega a existência de Deus? Não necessariamente, embora tente dar uma explicação alternativa para o surgimento das várias espécies de seres vivos que dispensa a idéia de um Criador. Não é à toa que muitos dos ateus militantes sejam também neodarwinistas, como Richard Dawkins. 

Além disso, assumir o darwinismo ou a "sobrevivência dos mais fortes" como filosofia de vida ou de sociedade pode levar mesmo a uma negação da moral e da compaixão cristã. Ainda que, como disse certa vez o saudoso leitor Augusto Nascimento (onde andará ele?), "darwinismo é uma teoria científica, não um programa político", o fato é que o materialismo darwinista pode levar mesmo a uma descrença em qualquer tipo de realidade moral ou espiritual. (Basta um único exemplo: se a "moral" de tudo no darwinismo é apenas deixar o maior número possível de cópias de nossos genes, conclui-se que deveríamos simplesmente tentar procriar o máximo possível com o maior número de parceiros possível. Já a moral judaico-cristã, conforme Tessalonicenses 4, é bastante mais severa.)  Ateísmo e darwinismo andam, em geral, de mãos dadas.

(Pessoalmente, nada contra os ateus; só não suporto algumas pessoas de inteligência medíocre que se julgam superiores meramente por terem feito uma "descoberta" perfeitamente óbvia: "Descobri que Deus não existe. Sou um gênio! E os religiosos são apenas idiotas que ainda acreditam em Papai Noel". E lá vai o imbecil, julgando-se um crânio maior do que Tomás de Aquino. Ora, como bem escreveu Francis Bacon, um pouco de filosofia pode levar qualquer um ao ateísmo, mas ainda mais filosofia certamente levará o indivíduo a pensar também no aspecto espiritual, e nas causas maiores de tudo.) 

Mas onde eu estava? Ah sim, na teoria da evolução de Darwin. Há vários problemas com a teoria, mesmo deixando de lado o aspecto religioso. Darwin formulou sua teoria original quando a ciência da genética mal engatinhava; hoje, longe de confirmar as idéias de Darwin, a genética, em alguns aspectos, parece contrariá-la. De acordo com os neodarwinistas, a evolução seria resultado de inúmeras mutações genéticas aleatórias ao longo de milhões de anos. O problema é o seguinte: as mutações genéticas são extremamente raras e, sendo "defeitos de fabricação" (ou de cópia), também são em 99% dos casos, negativas (i.e. retardamento mental, um cachorro com três pernas, má-formação de órgãos, etc). Há perda de informação genética, não acréscimo. Para se criar uma espécie nova, você teria que ter um número suficiente de indivíduos com a mesma mutação aleatória, e que tal mutação seja de algum modo benéfica. Neste site aqui (em inglês) há a enumeração de alguns argumentos contrários à teoria darwiniana. Não sou biólogo, portanto não sei se eles têm validade ou não, mas me pareceu interessante. (Aqui outro texto criacionista com argumentos similares, mas em texto mais curto e talvez mais fácil de entender). 

Em geral, faz-se a comparação da evolução com a "corrida armamentista". Da mesma forma que ocorre com países em conflito, os animais se especializariam para atacar ou se defender. Exemplo: um predador desenvolve presas mais potentes (isto é, um predador que nasce com os caninos mais fortes é beneficiado por estes e deixa maior descendência); a presa em contrapartida desenvolve uma couraça (de novo, através da seleção natural daqueles que nascem com uma pele mais rija). 

Faz sentido, mas a diferença é que, na corrida armamentista real, há pessoas criando as armas, de um e outro lado. Ou seja, um "design inteligente". A seleção natural pode certamente favorecer uma ou outra espécie que já existe, mas não é claro, ao menos para mim, como certos atributos cada vez mais complexos surgiriam do nada a partir de mutações genéticas randômicas, até criar uma nova espécie.

A seleção natural existe e é um fato facilmente observável (i.e., os dinossauros não existem mais). Mas o  que Darwin fez foi atribuir a ela a origem das espécies (justamente o título do livro). E isso, acho, não está empiricamente provado. Embora previstas pela teoria, tais mutações, por motivos óbvios como a necessária passagem de muitíssimos anos, jamais foram observadas em laboratório ou em estudos na Natureza. O mais próximo que se encontrou foi o caso das mariposas inglesas afetadas pela poluição, mas mesmo esse estudo referia-se a um caso de microevolução em espécies já existentes (creio que também há estudos com bactérias).

Atenção. Não estou aqui querendo negar a teoria da evolução nem promover o criacionismo. Ao contrário, a teoria da evolução parece-me bastante útil como explicação para fenômenos que, antes dela, eram desconhecidos. Aliás, aceito de bom grado as suas premissas básicas, sou a favor que seja ensinada na escola e, embora não entenda alguns de seus aspectos, não sou biólogo, e portanto se tivesse alguma discordância, poderia ser mero resultado de minha quase total ignorância do assunto.

Meu pensamento sobre tudo isso está ainda, ahem, evoluindo, e portanto gostaria mesmo é de saber do leitor:

Você acredita na teoria da evolução? Ela é compatível ou não com o cristianismo ou com a crença em Deus? Como vê os aspectos da teoria que negam os dogmas mais queridos (tanto da esquerda, como a igualdade, quanto da direita, como a existência de Deus)? Poderia haver alguma outra explicação científica para o surgimento das várias espécies? Há algum biólogo na sala?

Discutam entre vocês.