Mostrando postagens com marcador Política. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Política. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ron Paul

Tive a oportunidade de assistir ao vivo a um discurso do Ron Paul. Interessante acima de tudo, sua popularidade entre os jovens: mais parecia um rock star. Que estudantes e jovens trabalhadores, normalmente apáticos em termos de política, ou então fanaticamente progressistas, tenham interesse por um candidato que prega governo mínimo e libertarianismo não deixa de ser refrescante. Eram mais de sete mil pessoas no estádio e algumas até ficaram de fora.

Os tópicos principais do discurso foram a mudança da política externa com o fim da participação militar dos EUA no Oriente Médio e em outros países (além da retirada de Iraque e Afeganistão, Paul quer a retirada das bases americanas na Europa, no Japão e na Coréia do Sul). Outro tópico importante foi a redução dos gastos do governo, que hoje transformaram o país na nação mais endividada do mundo. Mas o tópico mais aplaudido da noite foi o da liberdade individual contra um governo cada vez mais tirânico, incluindo-se aí a liberação das drogas, com base no princípio libertário de que não é crime contra terceiros. 

Ron Paul, previsivelmente, não falou sobre imigração. Tendo por base seu credo libertário, parece ser um franco apoiador da teoria das "fronteiras abertas", ainda que naturalmente defenda o fim do welfare. (A audiência, por sinal, era bastante diversa, de maioria caucasiana mas com vários asiáticos, latinos e até alguns africano-americanos). Não entendo porque Paul seja popular entre alguns "nacionalistas brancos", talvez apenas por sua postura aparentemente contrária ao que eles chamam de "lobby sionista". Porém, o fato é que suas posições sobre imigração e até mesmo crime são bastante liberais. Por exemplo, em um dos debates, ele afirmou que as "minorias são injustamente perseguidas por leis anti-drogas". Bem, não exatamente, o fato é que as minorias estão mais envolvidas no tráfico de drogas, e portanto são presas com mais freqüência. Aliás, esse é na verdade um benefício indireto da criminalização das drogas: quem está envolvido com tráfico quase sempre está envolvido com outros crimes. Criminalizar as drogas é diminuir também a incidência de outros crimes, colocando muito mais bandidos na prisão.  

Bem, mas estudantes, seja na USP ou nas universidades americanas, parecem gostar de fumar maconha, então sua liberação é claramente vista como algo positivo. 

É muito pouco provável que Ron Paul seja o candidato escolhido nas primárias republicanas, e como ele já tem 76 anos esta é provavelmente sua última eleição. Mas seu sucesso entre os jovens dá esperança de uma possível renovação no eleitorado conservador. Sim, um eleitorado mais libertário e menos conservador social, mais interessado na "liberdade individual" do que nos aspectos religiosos e sociais do conservadorismo tradicional, mas ainda assim fã do princípio de que "quanto menos governo melhor". 

Quando Paul falou em "escola austríaca de economia", rolaram aplausos e vivas entre a multidão. Algo impensável no Brasil, onde até a direita quer mais governo, e onde a única menção de "escola" que poderia ser recebida com aplausos seria talvez a referência a alguma escola de samba... 


sábado, 3 de março de 2012

Andrew Breitbart e a guerra cultural

Ele não era conhecido no Brasil, e mesmo nos EUA não se pode dizer que fosse uma figura famosa. Trabalhou com Matt Drudge no Drudge Report, e depois criou uma série de sites de notícias e comentários de orientação (neo?) conservadora. Como Steve Jobs, era uma criança adotada, irlandês étnico criado como judeu. De direita, sim senhor. Sua principal realização foi ter conseguido trazer à tona denúncias de malversação de fundos e assim acabar com o ACORN, organização esquerdista americana envolvida em uma série de mutretas.

O mais interessante sobre ele, no entanto, é que usava "técnicas esquerdistas". Xingava os esquerdistas nos mesmos modos, usava de artifícios para filmar vídeos escandalosos e depois colocá-los online. Com um vídeo, conseguiu a demissão de uma negra racista que comandava a Secretaria de Agricultura. Depois descobriram que o vídeo fora editado e tirara algumas declarações do contexto. Anti-ético? Talvez. Eficiente? Com certeza.

Com a publicação de fotos pornográficas, conseguiu a renúncia do deputado Democrata Anthony Weiner, acusado de mandar fotos do próprio pênis para estagiárias. De mau gosto? Pode ser. E daí? Fez o serviço.

Recentemente ele tinha anunciado que tinha um vídeo novo sobre Obama que poderia destruir suas intenções de reeleição. Hoje, poucas semanas depois, morreu de forma inusitada: no meio da rua, caiu morto no chão. Causas ainda desconhecidas. Tinha apenas 43 anos, aparentemente saudável. Coração? Talvez. Alguns estão suspeitando de assassinato por causa dos vídeos, o que parece pouco provável, mas nunca se sabe.

Além das eternas perguntas sobre a brevidade da vida e o inesperado da morte, o debate que surge é: deveria a direita imitar a esquerda nos seus métodos? Por vezes, os conservadores são demasiado bem-comportados, ficam em um chove-não-molha e acabam cedendo cada vez mais espaço ao movimento esquerdista.

Eu não sei bem na realidade, nem faz parte do meu interesse virar ativista. Só fico pensando cá com meus botões. Qual seria a melhor técnica de combate? Em uma de suas últimas entrevistas, Breitbart disse algo bem interessante: "A Direita tem focado sua energia e seu dinheiro no processo político, achando que isso é suficiente. Simplesmente deixou a cultura de lado. Mas a cultura é tudo e a mídia é tudo, e quando você chega no campo político, você já perdeu."

É isso aí. Talvez o que seja necessário é uma "longa marcha através das instituições", mas ao contrário.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Democracia não é suficiente

A "democracia" na Líbia está prendendo e arrebentando. Depois de linchar Khadafi, a turba muçulmana no comando já executou uns outros 53. Agora afirma que a nova lei do Estado será baseada na sha'ria islâmica. Veja você, sob o terrível ditador Khadafi, o cidadão não podia ter mais do que uma única esposa. Agora vai poder ter quatro, como manda o Corão... Liberdade!

Certo, eles vão ter eleições. E daí? A União Soviética tinha eleições. Cuba tem eleições. Até a Venezuela chavista tem eleições.

Estamos vivendo em um tempo em que a forma substitui o conteúdo. Se um país tem eleições, é considerado uma "democracia", não importa que oprima os opositores, que tenha leis estúpidas ou que seja corrupto até o tutano. 

No Brasil, nos garantem, temos uma "democracia". Para mim, vai ficando cada vez mais parecida ao fascismo mussoliniano, com a diferença que Mussolini era provavelmente melhor. Getúlio Vargas e Perón continuam sendo o ideal de governo de todo presidente latrinoamericano que se preze.

Vejam o Lula. Não há dúvida alguma que queira voltar ao poder. A sua recente pose com cocar de cacique mostra bem as suas intenções. O PT quer "democracia", claro. Mas a antiga Alemanha Oriental não se chamava "República Democrática"? É esse o estilo de "democracia" que eles querem. Pode escolher o candidato de qualquer cor, desde que essa cor seja vermelha. 

Os terroristas dos anos 60 perderam a batalha, mas venceram a guerra. A demonstração mais cabal é a condenação à prisão perpétua de dezenas de generais argentinos. Não tiveram perdão. Tudo bem, eram criminosos e torturaram -- mas e os terroristas de esquerda que explodiram, seqüestraram, assaltaram, mataram, trucidaram? Ora, esses estão no comando, e continuam assaltando, só que agora em outro nível. Ninguém perguntou sobre o enriquecimento ilícito da "presidenta" Cristina Kirchner, nem sobre suas constantes tentativas de silenciar a imprensa local. 

Cada vez mais, no Ocidente e alhures, a democracia torna-se uma farsa, um teatrinho montado para divertir os imbecis. Os verdadeiros caciques fazem e acontecem debaixo dos panos. "O povo tem mais liberdade", garantem. "O povo pode votar e escolher quem quiser." E riem, sabendo que a população só pode escolher entre 6 e meia-dúzia (ambos comunas ou ladrões, mas me repito), e que as verdadeiras decisões são tomadas muito longe, sem qualquer apelo à vontade popular. Mas o povo? Feliz. Tem seu pão e seu circo garantidos, e a juventude jura que é "transgressora", mesmo repetindo unanimemente a cartilha repetida dia a dia por todos os meios de comunicação.

A democracia é um sistema bom, mas, por si só, não é suficiente. Não bastam eleições para fazer um país democrático. Seja a Líbia, sejam os EUA, seja o Brasil.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Certificado

A grande notícia destes dias foi, naturalmente, a liberação do certificado de nascimento de Obama pela Casa Branca. O documento não apresenta nada de extraordinário, de modo que fica incompreensível a demora de três anos em apresentá-lo (e que só ocorreu devido à pressão exercida por Donald Trump, que trouxe o assunto com maior força à grande mídia).

Há quem diga que o documento seja falso, e isso explique a demora: teria sido produzido especialmente para a ocasião. Se é o governo que produz os documentos, por que não poderia produzir um documento em nome do presidente? Há de fato algumas irregularidades, a mais curiosa delas que há um oficial que assina como "U. K. L. Lee" - bem parecido com ukulele, que é um tradicional instrumento havaiano. (Bem, na verdade, talvez isso prove que o documento é legítimo - ninguém inventaria uma coincidência dessas).

Mas o maior mistério mesmo é a demora. Foram gastos anos e milhões de dólares para impedir sua divulgação; agora ele aparece. Por quê?

Estou entre os que acreditam que o certificado fosse apenas um "red herring" - uma falsa pista propositalment deixada por Obama e seus amigos globalistas para desviar a atenção. Obama é cidadão americano; os seus maiores mistérios são outros. 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Pior Pesadelo do Progressista

O que é um Progressista? Não é exatamente a mesma coisa que um Comunista, embora muitos tenham pulado direto do bonde vermelho para o bonde arco-íris do progressismo. Ambos têm em comum ideias igualitárias, mas variam as especificidades e o modo de implantação destas.

Os velhos Comunistas sabiam ser preconceituosos, brutais, canalhas e violentos. Discriminavam homossexuais e viciados em drogas. Eram contrários a religiosos de qualquer matiz, fossem cristãos, judeus ou islâmicos. Não tinha essa de minorias protegidas: quem não queria dividir sua riqueza e obedecer ao Partidão, levava chumbo. A idéia de igualdade se baseava apenas em conceitos de classe: a classe operária derrotaria a classe burguesa e tomaria o poder. A "redistribuição da riqueza" se daria na forma do controle estatal da propriedade e dos meios de produção. 

Os Progressistas, ainda que herdeiros dos comunas, são um outro bicho. Sua idéia de igualdade é mais abstrata. Não se refere somente à igualdade econômica (ainda que seja um de seus principais requisitos), mas sim à igualdade de resultados entre todos os grupos que formam uma sociedade. A igualdade visada pode ser, além de econômica, sexual, religiosa, intelectual, etc.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E agora, Brasil?

Agora, nada. Relaxa e goza. O povo quis Dilma. Quis a continuidade do PT. O que nos espera? Nem a catástrofe prevista pelos serristas mais afoitos, nem a glória incandescente suposta pelos petralhas.

Não, nem horror, nem glória. Apenas mediocridade. E uma lenta marcha em direção ao totalitarismo. Aguarde mais confiscos de terras. Mais limites à propriedade. Maior intervenção estatal. Mais ações afirmativas e mais leis de censura anti-homofobia, anti-racismo, anti-petismo, etc. Mais bolsa-demagogia. Mais crime e violência. Mais de cem mil assassinatos por ano. Mais controle da mídia (já começou). Mais tempo para o PT ir colocando os tentáculos da sua máfia em todos os setores da sociedade brasileira.

Espere muitas gafes de uma pessoa despreparada, e a continuação da política externa de relação com "aliados" como Amadinejade, Chávez, Ortega, Mugabe, etc. Espere também uma crise econômica (cedo ou tarde virá, ainda que o Partido tenha aprendido bem a utilizar o capitalismo para financiar o petismo, ou, como diria Lenin, "enforcaremos os capitalistas com a corda que eles próprios nos venderem"). Espere corrupção a escala nunca vista ignorada por uma mídia cúmplice ou medrosa.

Seria diferente com Serra? Serra e Dilma, ou PT e PSDB, não são lá tão diferentes. O PT é pior, por certo, sendo revolucionário até a medula. Mas, ideologicamente, os dois partidos estão comprometidos com o mesmo programa progreçista e estadólatra. É mais ou menos a diferença que existe entre os terroristas fanáticos e os moderados. Uma alternativa política liberal não só está distante do horizonte, é totalmente inexistente.

É possível, porém, que o PT tenha visto esta eleição como um mero referendo de apoio popular ao seu programa revolucionário, e decida partir de vez para o chavismo mais explícito. Dilma prometeu respeitar as instituições e a imprensa livre, mas não há nessa promessa um quê de mau agouro? Se ela vai mesmo respeitar, para que a promessa? Lembre-se ainda que, para os revolucionários, não há moral: Bem o que é bom para o Partido, Mal é o que é ruim para o Partido. Apenas isso. Fraude, roubo, assassinato, tudo é válido: "a História nos absolverá".

E, nesse caso, o PT jamais sairá do poder.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eleições nos EUA e no Brasil (2)

A campanha para as eleições está esquentando, aqui e lá. O Reinaldo Azevedo já tem uma boa cobertura das cada vez mais disputadas eleições brasileiras. Falo então das americanas.

Um dos comerciais políticos mais polêmicos recentes é o que mostra um professor chinês em 2030 falando a seus estudantes sobre o trágico fim do império americano. A idéia é que, a continuar gastando assim, o colosso americano logo vai estar na mão da China. 

O comercial, de uma associação contrária ao aumento de impostos, teve efeito. Os progressistas odiaram e acusaram o vídeo de - adivinhem! - racista, acusação ridícula que apenas mostra o nível de seu desespero. É que, para os Democratas, a coisa não está indo bem. Ao contrário do toque mágico de Lula, nos EUA o apoio de Obama está virando uma maldição. Vários candidatos Democratas até tentam se afastar do presidente e suas políticas. Para se ter uma idéia do desgaste presidencial, Frank Caprio (sem relação com o Leonardo), candidato Democrata ao governo de Rodhe Island, até mandou Obama enfiar o seu apoio naquele lugar... 

Do lado Republicano, surgem candidatos populistas, representantes da classe média branca e ferozes críticos das elites políticas, a quem consideram traidoras do ideal americano. Christine O'Donnel, à maneira de Sarah Palin, ostenta com orgulho seu ar de dona de casa e o fato de não ter se formado em Harvard. A engenheira de foguetes Ruth McClung garante ser uma trabalhadora e não uma política profissional. O comercial de um folclórico candidato Republicano no Alabama, de chapéu de caubói, cavalo e rifle, tornou-se viral. Bom, a verdade é que esse negócio de "não sou político profissional" já tivemos por aqui, e não funcionou direito. Porém, é o modo que os candidatos tem de se afastarem de uma elite política que responde apenas a si mesma e efetivamente tornou-se distante dos anseios da maioria da população.

(Depois, cada povo é diverso, e o povo brasileiro é diferente do povo americano. No Brasil, como o Fábio Marton observou, todo político precisa de certa forma se fingir de mais simplório do que realmente é para seduzir o povão, e em especial as classes baixas. Às vezes penso que o sucesso de Lula talvez tenha menos a ver com o bolsa-família do que com essa identificação a nível popular: Lula não precisa fingir: ele é tão burro, ignorante, malandro e ishperto como grande parte do povo brasileiro... Por outro lado, talvez essa seja uma visão elitista. A verdade é que, até há pouco mais de uma década atrás, pobre não gostava do Lula. Pedreiros, porteiros e empregadas tinham ojeriza ao PT. O tal "Partido dos Trabalhadores" era um fenômeno exclusivo da classe média. Mas é como diz o Olavão: o tal Partido dos Trabalhadores só virou isso uma vez no poder, retroativamente, construindo um fabuloso esquema de propinas e bolsas-auxílio. Mas voltemos aos EUA...)

Por aqui, entre os temas mais discutidos pelos candidatos estão o aumento de impostos e gastos públicos, a imigração ilegal, o desemprego. O aborto, discussão sempre presente nos EUA, curiosamente (e ao contrário do que ocorre no Brasil) desta vez passou a segundo plano frente a tantos problemas econômicos. Também está na pauta, assim como a legalização da maconha e o casamento gay, mas de forma menos intensiva. O que preocupa é o bolso. 

Assim como ocorreu em 2008, o que mais motiva os eleitores é a situação econômica. Obama teve dois anos para resolver a situação: falhou miseravelmente. Em estados como a Califórnia, o desemprego já chega a 17% da população. (Mesmo assim, é provável que os californianos elejam um Democrata para seu governo, o jurássico Jerry Brown).

Seja quais forem os números exatos, é provável que os Republicanos obtenham a sonhada maioria do Congresso, efetivamente transformando Obama em um "pato manco". Porém, eles não devem cantar vitória antes de tempo, já que ainda há água para rolar. Quanto ao Brasil, quem sabe? Pelo desespero dos petistas, é possível que a coisa tampouco seja tão fácil.

  
Pato manco.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Burrocracia

Um espectro assombra o mundo: o espectro da burocracia. Todos sabemos a desgraça que é ter que realizar algum trâmite, e ter que preencher o formulário A e entrar na fila B para depois passar no guichê C, cujo ocupante saiu para almoçar com X.

O que poucos sabem é que a burocracia, por sua própria natureza, tende a aumentar, independentemente de qualquer outro fator. Segundo um recente estudo ue agora lamentavelmente não consigo encontrar, todo órgão estatal aumenta de 5% a 7% anualmente em número de funcionários e orçamento, mesmo nos casos em que o volume de trabalho diminui.

Isso ocorre por vários motivos. Em alguns casos, o próprio órgão não tem qualquer utilidade a não ser servir como cabide de empregos para ex-terroristas, como é o caso do ridículo Ministério da Pesca no Brasil. Em outros casos, mesmo o órgão tendo uma utilidade inicial, esta logo se perde e a burocracia se torna um fim em si mesma. Afinal, os burocratas também precisam comer. A vida deles depende de que as coisas fiquem como estão. 

A burocracia é um monstro que se alimenta de si mesmo, crescendo até não poder mais. Quando os erros fatalmente acontecem, cria-se uma comissão para investigar porque não deu certo e, quando essa investigação falha, cria-se uma nova comissão para investigar porque a primeira não funcionou, e assim por diante, ad infinitum.

Vejam o caso do Ministério da Educação, que até 1979 sequer existia nos EUA (foi criado pelo maldito Jimmy Carter). Antes disso, será que todos nos EUA eram analfabetos e ignorantes? Longe disso. Ao contrário: de 1979 pra cá, os números da educação americana só pioraram. O que aumentou, isso sim, foi o orçamento do departamento, que quintuplicou, bem como o número de funcionários: dos iniciais 400, hoje emprega 4.800 pessoas.

Mas todos sabem, criar um organismo estatal é fácil: o difícil, quase impossível, é aboli-lo.

Naturalmente, os gastos vão aumentando cada vez mais, e nos projetos mais absurdos. Por exemplo, no ano passado os americanos gastaram centenas de milhares de dólares para estudar o comportamento dos gays em bares de Buenos Aires, e dois milhões e meio de dólares para ajudar as prostitutas chinesas a moderarem o uso da bebida.

Os absurdos gastos do governo brasileiro, nem procuremos saber... Baste saber que Lula aumentou exorbitantemente os gastos federais em seus oito anos de governo. É um bom motivo para não votar no PT.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Eleições, mentiras e videotape

Ia parar de blogar por um tempo, mas um post do ressuscitado Fábio Marton no Not Tupy me inspirou. É sobre a necessidade da mentira na democracia. Será que democracia sempre implica em demagogia? Talvez seja um dos males deste sistema que é o pior com exceção de todos os outros. Como o político depende do voto do povo, precisa se disfarçar de Zé Povinho, mesmo que esteja muito distante físicamente, espiritualmente e financeiramente deste. Marton discute especialmente a questão do aborto, sobre a qual ambos candidatos precisam mentir para não desagradar 70% do eleitorado, mas esta é apenas a mentira mais óbvia. Um tema mais interessante é a questão do uso do dinheiro público. 

Há eleições em breve nos EUA e no Brasil, e o contraste entre os dois países não poderia ser mais grotesco. Nos EUA, há eleições parlamentares nas quais os Republicanos perigam ganhar em uma lavada histórica. Há uma atmosfera muito grande de rejeição aos Democratas estatistas, à gastança excessiva e ao elitismo dos políticos em geral. Já no Brasil, o grande vencedor entre os deputados foi Tiririca, que prova que "o grande mérito no Brasil é subir na vida sem ter mérito algum", e a eleição no segundo turno é entre dois candidatos estatistas, que lutam para decidir qual é mais contrário às privatizações. (Um dos poucos políticos que defende as privatizações, curiosamente, é o ex-comunista Roberto Freire, presidente de um partido que se declara "Popular Socialista").

Dilma mente sobre o aborto: mente também Serra quando diz que não irá privatizar? (Mas temo que Serra não minta, que seja mesmo contrário à privatização). Se eu sou contrário ao aborto e a favor das privatizações, deveria considerar a primeira uma mentira danosa e a segunda uma mentirinha válida? Não. Do ponto de vista dos princípios, seria melhor que ambos candidatos, em vez de tentar se acomodar ao desejo do público, tentassem convencer o eleitorado da validade de suas próprias idéias, que são as que colocarão em prática no final.

Tanto nos EUA quanto no Brasil, é patente a busca de identificação do candidato com o povo: o que muda é que, nos EUA, o "povo" é a classe média revoltada com a falta de melhoria econômica que quer menos gastança do governo, e no Brasil o povo é a maioria da população que quer mais governo e mais benefícios para si. 

Atire a primeira pedra quem nunca pecou ou recebeu dinheiro do Governo. Muitos criticam o bolsa-família como compra de votos, mas, de fato, não é um saco de farinha ou um auxílio no fim do mês um benefício econômico mais tangível do que vagas promessas de melhoria econômica através do liberalismo?

Todos gostam de receber dinheiro do "governo", isto é, dos impostos. O que incomoda é que outros recebam sem merecer. Mas quem é que define quem merece o quê?

Caiu em minhas mãos, por acaso, um texto de um cineasta e professor universitário declarando-se a favor da Dilma. Seu argumento é que o PT deu dinheiro ao cinema e às universidades. Que, por mera coincidência, constituem o seu ganha-pão. O cineasta é autor de filmes experimentais de "vídeo-arte", tão chatos que só poderiam ser produzidos com dinheiro público mesmo. Mas o sujeito é tão cara-de pau (ou tão esperto) que chegou a realizar um vídeo com dinheiro público no qual mostrava justamente como gastava o dinheiro do prêmio viajando para a Europa e EUA e comendo nos melhores restaurantes. A obra-prima pode ser assistida aqui. A crítica, naturalmente, elogiou:
O que o espectador presencia então é praticamente um homem em sua missão: queimar R$13 mil e fazer um filme deste seu processo. No meio tempo ele cruza o oceano duas vezes, se hospeda em belos hotéis, passeia por Europa e EUA, come do bom e do melhor. Tudo, conforme o logotipo da patrocinadora no início e no final deixa bem claro, às nossas custas. No final da sessão em que eu estive presente, uma mulher levantou revoltada: "Vagabundo! É o meu dinheiro também!"

Desse grito (desejado e conseguido pelo filme) começam as inúmeras e necessárias perguntas que ele levanta: vagabundo por quê? O cineasta fez um filme com o dinheiro do prêmio, que era o que se exigia dele. Apresentou seu resultado final, com a duração pedida, dentro do orçamento proposto. Qual o problema, portanto? Que ele tenha se beneficiado pessoalmente deste dinheiro? Bom, pelo menos nós vimos como ele o fez. Quantos belos jantares e viagens foram pagas nos outros filmes produzidos com este prêmio e nós nem sabemos? Quantas contas de motel? Então, supomos que a revolta não pode ser no campo da ética, já que antiético seria fugir com o dinheiro sem fazer o filme ou escamotear prestações de conta escondendo tais gastos, coisas que Migliorin não fez.
É claro, o cineasta poderia ter sido ainda mais "ético" e devolvido o dinheiro, ou realizado um outro vídeo de protesto pagando do seu próprio bolso, mas isso talvez seria "provocativo" demais: também não devemos exagerar. No fundo, o videoartista não difere muito de tantos outros cineastas brasileiros, que adoram criticar o governo e a sociedade enquanto são financiados por este e esta.

Seria fácil dizer que o eleitor americano é mais politizado e consciente do que o brasileiro, mas não sei se é isso mesmo: eles estão, como todos, apenas defendendo o que é seu. Não querem dividir o dinheiro ganho com seu trabalho com as minorias parasitárias do welfare e com imigrantes ilegais, especialmente em uma época de crise econômica que só foi piorada pelos Democratas. E têm razão. Talvez a diferença seja apenas que essa equação (dinheiro público = dinheiro do contribuinte) ainda não tenha sido compreendida pela maioria dos brasileiros, mesmo os de classe média e alta.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Muito além de Goebbels

Ensinou Goebbles que uma mentira, repetida mil vezes, torna-se verdade. Mas e uma mentira que é desmascarada no dia seguinte, mas ainda assim continua a ser repetida, mesmo que todos saibam que é mentira? E uma mentira que suplanta outra mentira, contradizendo-a? E a contínua repetição de mentiras, repetidas não para enganar, mas apenas para atordoar o ouvinte?

Como vemos, a propaganda revolucionária petista está muito além de Goebbels. O Olavo de Carvalho escreveu várias vezes sobre esse fenômeno da aparente contradição da propaganda revolucionária, e não preciso repeti-lo aqui. Baste-me observar alguns casos recentes, bastante interessantes para os estudiosos dos recônditos mais malignos da alma humana.

Um, a atual posição de Dilma de ser contrária ao aborto. Ora, até os fetos sabem que Dilma e o PT são a favor da liberação do aborto. A propria Dilma assumiu isso em declaração de 2007. O problema é que, com 70% da população brasileira sendo contrária, isso não pode ser admitido diretamente. Mas pode apostar que, caso ganhe a eleição, serão feitos todos os procedimentos possíveis para legalizar o aborto no menor tempo possível. Afinal, o mesmo caso deu-se, de forma similar, na declaração da candidata de que "jamais vestiria o boné do MST". Menos de um mês depois, eis que estava a candidata fazendo discurso com o boné do MST na cabeça...

Nada disso é novidade para quem acompanha a política no Brasil. Mais interessante é o caso em que os revolucionários atacam seus adversários por serem a favor daquilo que eles próprios são. Todo o mundo sabe que o PT é a favor da legalização da maconha, do aborto e da prostituição. Porém, como tais medidas são impopulares, o que o partido faz? Nega ser a favor delas e até critica os adversários do Partido Verde como defensores de tais práticas. "Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é", indeed.

Uma das coisas mais curiosas de tudo isso é que o povo brasileiro, dentro de tudo, talvez por religiosidade, talvez por tradição, talvez por não ter sido bem "educado" -- isto é, educado com o abecedário marxista -- o povo brasileiro é conservador, ao menos no que se refere aos costumes: segundo pesquisas, 70% são contrários ao aborto, 55% a favor da pena de morte, 57% contrários à eutanásia e 52% contra a adoção de crianças por homossexuais. Coloque um candidato presidencial defendendo tais valores e será eleito com maioria de votos, no primeiro turno. E, no entanto, isso nunca acontece. Por quê?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A imigração, ontem e hoje

Séculos atrás, brancos europeus invadiram a América e instalaram colônias, suplantando e/ou misturando-se com a população local de índios e trazendo escravos da África para trabalhar.

Hoje, está havendo uma colonização ao contrário. Árabes, africanos e índios (na forma de mestiços latinos) estão colonizando EUA e Europa. É a vingança dos colonizados.

Alguns dirão que o termo "colonização" é exagerado, já que, ao menos por ora, os imigrantes (legais ou ilegais) estão em posição subserviente. Tudo bem, mas na prática o resultado é o mesmo: uma redução da população nativa e mistura com os novos imigrantes. Imagine que, em vez dos europeus terem descoberto a América, milhares de índios em pirogas tivessem atravessado o Atlântico e ido parar na Europa: é, mais ou menos, o que está acontecendo hoje.

A imigração sempre existe e sempre existiu e sempre existirá, desde que os primeiros hominídeos abandonaram a África e tribos da Ásia atravessaram o estreito de Bering para chegar à América. É natural que as pessoas queiram melhorar de vida e saiam de países pobres para países onde podem ter maiores oportunidades (O Marcelo Augusto tem um bom post sobre isso).

E a vida dos imigrantes sempre foi difícil. Os italianos que chegaram à Argentina e Brasil foram enganados e vilipendiados. Na Argentina, eram ironizados pelo seu sotaque e pelas suas vestimentas. Nos EUA, há incontáveis relatos sobre a difícil vida dos vários grupos de imigrantes que chegaram ao país.

Qual o problema agora? A imigração que ocorre hoje é diferente por qual razão?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A festa do chá e a mídia

Eu não sei bem como o fenômeno "Tea Party" está sendo representado pela incompetente imprensa brasileira, mas não tenho muitas ilusões. Uma das manchetes que li agora diz assim:

"Candidata de grupo xenófobo é destaque na campanha dos EUA"

Como fazer imprensa internacional no Brasil nada mais é do que copiar tudo do New York Times e da Newsweek, não surpreende o viés extremamente negativo dado ao grupo, o que é normal na grande mídia americana. Ainda assim, a notícia do portal Terra passou dos limites, tornando-se um grosseiro festival de desinformações.

Pelo texto, que não é assinado, ficamos sabendo que o "Tea Party" é um grupo de extrema-direita xenófobo, contrário aos direitos humanos, à masturbação e à teoria da evolução, e que é inexplicavelmente contrário às sensatas políticas de Obama. (Nada naturalmente é dito sobre o altíssimo percentual de desemprego, os gastos absurdos de Obama que em nada resolveram o problema econômico, e sobre o principal elemento de motivação dos "tea parties" e que explica seu próprio nome, que são os impostos cada vez mais altos.)

A deslegitimização do movimento aparece não só nas informações veiculadas pela mídia, por vezes falsas ou exageradas, mas nas próprias palavras escolhidas. Voltanto ao exemplo citado, os membros do grupo estariam "presos a ideias como um governo mínimo, zero política social e mercados financeiros sem regulação". Presos a idéias ultrapassadas, entende?

Ora, mas afinal o que são os "tea parties"? Meros grupos de pessoas de classe média que decidiram protestar contra o governo e contra os políticos em geral. Nada mais, nada menos. Não têm nem mesmo uma posição política totalmente definida, englobando desde libertários a religiosos a ex-progressistas desiludidos, e criticam tanto Democratas quanto Republicanos, tanto que os chamados RINOs (Republicans in Name Only) foram até agora suas principais vítimas. Se tendem mais em direção a políticos conservadores, é porque estes estão mais alinhados com a idéia "superada" de menos impostos e governo mínimo. Se são em sua maioria brancos, é porque o partido Democrata está lentamente virando o Partido dos Benefícios para as Minorias, mas quem paga a conta é a classe média branca.

Mas até que entendo o jornalista. Ver o povo protestando em massa contra o excesso do estatismo é um fenômeno que deve ser realmente inconcebível para um brasileiro.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O fim da democracia?

Churchill famosamente observou que a democracia era a pior forma de governo, com exceção de todas as outras. Ele tinha razão. Porém, no momento em que vivemos, há muita raiva, aqui e ali, contra a classe política, que talvez termine se traduzindo em raiva contra todo o sistema democrático.

domingo, 11 de abril de 2010

Poema do domingo (com prefácio)

Normalmente publico aqui os poemas sem explicação nenhuma, já que a única leitora é a Confetti. No entanto, o presente poema tem a ver com a temática do blog - política e tal - e portanto ofereço uma espécie de explicação. O poema é "The Gods of the Copybook Headings", de Rudyard Kipling. Ou, "Os deuses dos cabeçalhos dos cadernos", algo assim. É que nos tempos de escola de Kipling, os estudantes praticavam a caligrafia repetindo antigos ditados que apareciam no cabeçalho da página: "Deus ajuda quem cedo madruga", "Quem não trabalha não come", essas coisas.

O poema de Kipling é, então, uma alegoria sobre o bom senso, sobre como podemos até ser enganados por algum tempo por utopias que prometem "saúde grátis" ou "justiça social", mas que no fim das contas o bom senso é que sempre têm razão, puxando-nos de novo para o duro chão da realidade.

É claro que os falsos deuses utópicos também aparecem às vezes na Direita, prometendo "liberdade total" ou "prosperidade imediata com o livre mercado" ou "democracia perfeita no Iraque, em Bangladesh e no Cazaquistão". Ilusões, tudo ilusões. Os pedestres deuses do bom senso sempre vencem.

(Notem entretanto que quando ele fala em "Gods of the Market Place" nada tem a ver com os "deuses do livre-mercado", seria melhor traduzido como "Deuses à venda no mercado", isto é, ele se refere às idéias da moda em cada época que enganam os otários - socialismo, comunismo, nazismo, feminismo, obamismo etc etc etc.)

* * *

The Gods of the Copybook Headings

AS I PASS through my incarnations in every age and race,
I make my proper prostrations to the Gods of the Market Place.
Peering through reverent fingers I watch them flourish and fall,
And the Gods of the Copybook Headings, I notice, outlast them all.

We were living in trees when they met us. They showed us each in turn
That Water would certainly wet us, as Fire would certainly burn:
But we found them lacking in Uplift, Vision and Breadth of Mind,
So we left them to teach the Gorillas while we followed the March of Mankind.

We moved as the Spirit listed. They never altered their pace,
Being neither cloud nor wind-borne like the Gods of the Market Place,
But they always caught up with our progress, and presently word would come
That a tribe had been wiped off its icefield, or the lights had gone out in Rome.

With the Hopes that our World is built on they were utterly out of touch,
They denied that the Moon was Stilton; they denied she was even Dutch;
They denied that Wishes were Horses; they denied that a Pig had Wings;
So we worshipped the Gods of the Market Who promised these beautiful things.

When the Cambrian measures were forming, They promised perpetual peace.
They swore, if we gave them our weapons, that the wars of the tribes would cease.
But when we disarmed They sold us and delivered us bound to our foe,
And the Gods of the Copybook Headings said: "Stick to the Devil you know."

On the first Feminian Sandstones we were promised the Fuller Life
(Which started by loving our neighbour and ended by loving his wife)
Till our women had no more children and the men lost reason and faith,
And the Gods of the Copybook Headings said: "The Wages of Sin is Death."

In the Carboniferous Epoch we were promised abundance for all,
By robbing selected Peter to pay for collective Paul;
But, though we had plenty of money, there was nothing our money could buy,
And the Gods of the Copybook Headings said: "If you don't work you die."

Then the Gods of the Market tumbled, and their smooth-tongued wizards withdrew
And the hearts of the meanest were humbled and began to believe it was true
That All is not Gold that Glitters, and Two and Two make Four
And the Gods of the Copybook Headings limped up to explain it once more.

As it will be in the future, it was at the birth of Man
There are only four things certain since Social Progress began.
That the Dog returns to his Vomit and the Sow returns to her Mire,
And the burnt Fool's bandaged finger goes wabbling back to the Fire;

And that after this is accomplished, and the brave new world begins
When all men are paid for existing and no man must pay for his sins,
As surely as Water will wet us, as surely as Fire will burn,
The Gods of the Copybook Headings with terror and slaughter return!


Rudyard Kipling (1865-1936)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O dinheiro acabou

Durante muitos anos os EUA foram, e ainda são, os grandes Papais Noéis do Mundo. Financiar a reconstrução européia no pós-guerra? Feito. Proteger os europeus da ameaça nuclear soviética? Feito. Após a Queda do Muro, dar mais alguns bilhões para reconstruir o Leste Europeu pauperizado pelos comunas? Feito. Dar bilhões à África, América Latina para salvar seus habitantes de si mesmos? Feito. Salvar as vítimas de desastres naturais ou guerras em longínquos rincões do planeta? Feito. Ajudar os muçulmanos nos Balcãs contra os cristãos, e ainda lhes dar de presente um pedaço da Sérvia? Feito. Levar democracia ao Afeganistão e ao Iraque? Hummm...

Bem, muitos desses planos podem ter sido equivocados, mal-sucedidos ou até idiotas, e não se pode negar que em grande parte dos casos o interesse norteamericano falava mais alto do que o altruísmo puro e simples. Mas o fato é que, bem ou mal, gastou-se muito dinheiro em todas essas empreitadas. Nenhum outro país sequer chegou perto. Mesmo a União Soviética gastou pouco em exportar a sua Revolução, em alguns casos abandonando comunistas espanhóis e latinoamericanos à própria sorte.

Isso se explica, é claro, pelo fato de que nenhum outro país foi tão próspero, graças às virtudes do capitalismo, curiosamente tão criticado por alguns idiotas.

O problema é que, agora, o dinheiro acabou. Os EUA estão devendo até as calças. Não há mais vontade de dar dinheiro ao Haiti ou à África, de gastar dinheiro e vidas em guerras para levar democracia a povos que não a querem, de proteger europeus e sul-coreanos ingratos. O contribuinte americano está farto, e com razão.

Crise do capitalismo, como sugerem os energúmenos? Ao contrário! É a crise do welfare state. É o fim da idéia de que o Estado deva ajudar permanentemente todos os desvalidos e deslavados, os famintos e os fracassados, e forçar a igualdade entre indivíduos que não são iguais:

Every advanced society, including the United States, has a welfare state. Though details differ, their purposes are similar: to support the unemployed, poor, disabled and aged. All welfare states face similar problems: burgeoning costs as populations age; an over-reliance on debt financing; and pressures to reduce borrowing that create pressures to cut welfare spending. High debt and the welfare state are at odds. It's an open question whether the collision will cause social and economic turmoil.

Enquanto o welfare state se concentrava apenas em ajudar temporariamemte as pessoas menos favorecidas de um único país, a coisa não ia tão mal. O problema é que alguém decidiu que isso não bastava, que as grandes potências deveriam não apenas ajudar os pobres do seu próprio país, como os pobres de todo o mundo, seja dando trilhões em ajuda financeira, seja aceitando milhões deles como imigrantes e pagando-lhes a estadia, seja em esquemas massivos de transferência de renda como o "combate ao aquecimento global". Some-se a isso a crise demográfica, a jihad e o envelhecimento da população, e temos uma bomba-relógio. No outro dia, um colunista sugeriu que os EUA deveriam não apenas financiar a reconstrução do Haiti, como abrir as portas e receber todos os milhões de habitantes que quisessem se mudar para o Grande Irmão do Norte. Foi justamente escorraçado pelos comentaristas.

O problema é que, no welfare state, só uns poucos trabalham, mas pagam a conta para todo o mundo. Vejam estes gráficos sobre o gasto em welfare na Califórnia, e entendam porque o estado está quebrado. Capitalismo? Não, redistribuição de renda massiva, dos trabalhadores aos não-trabalhadores e ilegais!

E, no entanto, os Democratas continuam querendo gastar trilhões em planos "ecológicos" (leia-se, reduzir o tamanho da indústria americana), em planos de anistia para imigrantes ilegais (isso num momento em que há 15% de desemprego), e em planos de saúde para beneficiar os "menos favorecidos" (leia-se, trabalhadores mais uma vez vão arcar com a conta dos que não trabalham).

O pensamento dos políticos parece ser - o dinheiro acabou, mas ainda tem o cartão de crédito.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O povo e as elites - e Sarah Palin

Os esquerdistas americanos unanimemente odeiam a Sarah Palin. O que é curioso, pois, entre os conservadores, a opinião é bem mais dividida. Há quem a idolatre - e são muitos - mas também há quem a elogie com ressalvas, quem a considere uma falsa conservadora, quem a ache burra e cretina, e até quem a considere um Obama de saias e de direita - isto é, uma mera jogada de marketing.

A questão é que ela dá muito Ibope. A última notícia é que ela tinha "cola" anotada nas mãos durante uma entrevista. Pronto. Só se falou disso nos blogs políticos locais.

Mas por que a Palin causa esse alvoroço? Acredito que tenha a ver com o seguinte: o povo americano está cansado de suas elites esquerdistas. Sim, pois a elite, por aqui - salvo talvez em certas indústrias como a do petróleo - é quase toda esquerdista, ou, vá lá, Democrata (mas o Partido Democrata de hoje não é o mesmo de anos atrás, radicalizou-se muito mais). Indústria da informática? Obamista. Hollywood? Obamista. Mídia? Obamista. Wall Street? Obamista. Bill Gates? Obamista. George Soros? Mais que Obamista, esse é o manipulador do fantoche-Obama.

Vários políticos e acadêmicos, revoltados com a rejeição popular ao plano de saúde de Obama (70% do país não quer essa joça), afirmaram que "vão continuar a luta" e que "o povo deve ser conduzido na marra por aqueles que são mais educados" e que "esse pessoal que protesta são todos uns racistas safados".

Para o esquerdista padrão, se o povo (ou, como diria o Tiago, o Povo) não aceita as leis que o esquerdista quer impor, só há três explicações possíveis:

a) o Povo não entendeu porque não explicamos direito;
b) o Povo não entendeu porque está sendo enganado pelos malvados direitistas;
c) o Povo é burro!!

(Aqui um bom artigo do Washington Post explicando um pouco a condescendência dos esquerdistas no contexto da história recente americana.)

Sarah Palin é popular, acredito, porque ela é vista como sendo do Povo, como sendo exatamente o contrário desses elitistas calhordas de esquerda que se acham superiores a todos, seja por seu poder, seja por seu status, ou seja por sua formação acadêmica. Então, mesmo sua alegada falta de inteligência ou cultura joga a seu favor. Em outras palavras, acredite se quiser - Sarah Palin é a Lula americana!

Por outro lado, a esquerda odeia Sarah Palin pelo mesmo motivo. A esquerda americana - centrada nas grandes cidades - odeia pessoas comuns, especialmente se elas são brancas, cristãs e conservadoras e rurais. A esquerda local gosta, ou de negros, latinos, árabes e gays (ou qualquer outro grupo que possa ser construído como "minoria oprimida") ou então de brancos super-ricos, chiques, artistas. O resto não passa de cristão fundamentalista, redneck, trailer trash, flyover country.

(Obs.: Eu não sou necessariamente contrário às elites; acredito que elas tenham sua função em uma sociedade saudável. O problema é quando as elites decidem se envolver em mirabolantes planos de revolução ou reconstrução social, e voltam-se contra o próprio povo e classe média que a sustenta.)

Ainda é cedo para dizer qual vai ser o futuro de Sarah Palin - ou mesmo o de Obama. Há um longo caminho até 2012. Mas por enquanto ela, para bem ou para mal, é a principal figura da oposição.

Corra Sarah corra.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Reconquista

O post anterior, meio brincalhão, fala no entanto sobre uma questão séria, as idéias socialistas e socializantes que tomam conta de grande parte das instituições dos países ocidentais. O inimigo do Ocidente é o próprio Ocidente, ou, ao menos, uma quinta-coluna bem infiltrada, que chega mesmo até seus postos mais altos de mando, causando todo tipo de confusão proposital.

Para dar uma idéia da loucura: o terrorista nigeriano que tentou explodir o avião no Natal passou todos os controles, mesmo a) estando em uma lista de terroristas, b) tendo sido denunciado como radical islâmico pelo próprio pai e c) tendo realizado ações suspeitas como comprar um bilhete só de ida, sem bagagem, pagando à vista - enquanto isso, um cidadão britânico foi preso, perdeu o emprego e está impedido permanentemente de utilizar o aeroporto de Robin Hood, simplesmente por ter feito um comentário jocoso no twitter sobre explosões. Eis o estado do Ocidente.

Bem, mas a grande notícia hoje aqui nos EUA é a vitória do Republicano Scott Brown para o cargo de Senador pelo Massachussets, em substituição a Teddy Kennedy, morto recentemente.

A vitória é importante por vários motivos:

a) o simbolismo de ocupar o cargo de Ted Kennedy, há décadas no poder;
b) Massachussets é (era) um estado largamente Democrata;
c) É uma clara derrota de Obama, que fez campanha para a candidata Democrata (Martha Coakley, uma espécie de Dilma americana);
d) Provavelmente sela o fim do "Obama Care", já que não terá votos;
d) Mostra o descontantamento da população com as políticas socializantes;
e) É um candidato associado ao movimento dos "tea parties", movimento popular de protesto considerado "racista" e "malvado" pelos Democratas.

Não é ainda o início da Reconquista do Ocidente, mas é ao menos uma notícia positiva no front.

Senador Scott Brown. A loiraça ao lado é sua filha.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Poema do domingo

On the Death of a Politician


Here richly, with ridiculous display,
The Politician's corpse was laid away.
While all of his acquaintance sneered and slanged
I wept: for I had longed to see him hanged.


Hillaire Belloc (1870-1953)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O Brasil é o futuro do mundo

No Brasil - e cada vez mais também no resto do mundo - muitas pessoas têm a bizarra idéia de que os políticos existem para ajudar o povo. Que estão ali para "trabalhar para nós". É exatamente o contrário: somos nós que trabalhamos para eles. Eles estão ali para lucrar.

Eis a explicação do responsável pela mudança das tomadas nas casas de 198 milhões de brasileiros, ao custo de alguns bilhões:
A tomada brasileira é aquela que, forçando um pouquinho, aceita qualquer plugue. Acontece que isto é sempre muito perigoso e fizemos a mudança pensando na segurança do consumidor.
Ainda bem que alguém zela pela nossa segurança. Podemos ser pobres, mas ao menos teremos uma tomada quase igual à da Suiça e Liechtenstein. O que seria de nós sem o papai governo?

O brasileiro acha que governo é solução para tudo, o que é no mínimo curioso em um país em que os serviços estatais são quase tão ruins quanto os do Gabão. Por exemplo, fiquei sabendo que uma piadinha infame que o Robin Williams proferiu em um programa de entrevistas repercutiu enormemente no Brasil. Entre os comentários sobre a matéria, leio a seguinte pérola:
As autoridades brasileiras deveriam processar esse ator e exigir retratação pública.
Em um país em que jornais são censurados por senadores e um blogueiro é multado em 16 mil reais por causa de um comentário anônimo ofensivo publicado em seu blog, não duvido que apareça algum político esperto embarcando na idéia. Por mim, apóio a campanha do Fábio Marton. Políticos são mais nocivos trabalhando. Deveriam ser pagos para simplesmente não incomodar.

O lamentável mesmo é que o resto do mundo está se brasilizando, com europeus e americanos competindo para ver quem inventa leis mais esdrúxulas ou impostos mais ridículos. Sim, o Brasil é o país do futuro, mas não do jeito que o pobre Stefan Zweig pensava. Não é que o Brasil vá um dia ser uma superpotência. É que, no futuro, o mundo inteiro será um imenso Brasilzão.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Uma nova divisão social

Primeiro tínhamos uma divisão entre homens livres e escravos, e depois Marx inventou que a humanidade estava dividida entre os trabalhadores (proletários) e a burguesia.

Hoje, no entanto, há uma nova divisão social, fonte dos problemas de nossa era: é entre trabalhadores e não-trabalhadores, ou, mais precisamente, produtivos e dependentes. A idéia não é minha, encontrei-a em um comentário no Belmont Club, mas acho que faz sentido. Vejam bem: de um lado temos os ultraricos que, de tanto dinheiro que têm, não precisam trabalhar. São herdeiros bilionários como Paris Hilton, atores de cinema como Tom Cruise, políticos milionários como Al Gore. Formam uma aristocracia, a nova nobilidade. Em alguns casos, como Soros ou Gates, controlam fundações e think tanks progressistas, e colocam dinheiro no Partido Democrata, quando não em causas mais radicais a nível global.

Aliada a essa elite, ou melhor, dependendo dela, está a massa de não-trabalhadores que vivem de benefícios estatais. Não são pobres, ao menos não em relação aos pobres do terceiro mundo, mas vivem em um estado de lamentável dependência. Seu trabalho resume-se a buscar cheques e vales-comida todo mês - e votar nos candidatos Democratas nas eleições (ou, na Europa, nos partidos socialistas). Essa massa de não-produtivos sustentados pelos impostos dos outros já representa 40% da população americana, e tende a crescer.

Temos, então, pobres e ultraricos não-produtivos em aliança contra os trabalhadores produtivos, ou seja a classe média e os pequenos e médios empresários, o pessoal que paga por toda essa festança com o dinheiro dito "público".

O triste é que muitos dos eleitores de Obama nem ao menos sabem de onde vem o dinheiro que os alimenta, como pode-se ver no trecho a seguir, em entrevista com cidadãos que, acreditando que o governo estava distribuindo cheques para a população, fizeram uma fila de milhares de pessoas em Detroit (áudio aqui):

ROGULSKI: Why are you here?
WOMAN #1: To get some money.
ROGULSKI: What kind of money?
WOMAN #1: Obama money.
ROGULSKI: Where’s it coming from?
WOMAN #1: Obama.
ROGULSKI: And where did Obama get it?
WOMAN #1: I don’t know, his stash. I don’t know. (laughter) I don’t know where he got it from, but he givin’ it to us, to help us.
WOMAN #2: And we love him.
WOMAN #1: We love him. That’s why we voted for him!
WOMEN: (chanting) Obama! Obama! Obama! (laughing)