Ele não responde, mas grande parte dos comentaristas o faz por ele: "não há negros nem latinos no Japão", dizem, protegidos pelo anonimato virtual.
Vamos aos fatos. No Japão, de fato não houve violência nem pânico, enquanto todos lembram da epidemia de roubos e estupros que foi o Haiti pós-terremoto.
Eis o Japão:
Eis o Haiti:
Pior ainda. Um ano depois, o Haiti mal começou a reconstrução, e ainda há pessoas vivendo em campos temporários de refugiados, que estão simplesmente virando novas favelas. No Japão, já estavam trabalhando na solução dos problemas logo depois do desastre.
Claro, as diferenças econômicas explicam e muito: o Japão é a segunda economia mundial, o Haiti deve ser uma das últimas.
Mas o fato é que há diferenças no comportamento das populações. Teria algo a ver com a raça ou a cultura, como insinuam alguns comentaristas? A população negra americana, por exemplo, muitas vezes parece ter dificuldade em conter a sua violência. Vejam este vídeo, ou este. Agora imaginem isso ocorrendo em uma festa da comunidade japonesa. Difícil, certo? De fato, os Asiático-Americanos são o grupo menor representado nas estatísticas de crime no país.
Não quer dizer que os japoneses (e outros asiáticos) não sejam capazes de violência, ao contrário. Foram sádicos e violentos durante as guerras. Em Nanking, mataram e estupraram milhares de civis. Torturaram prisioneiros de guerra americanos de forma inimaginável. E, mesmo ficando no campo dos terremotos, lembremos que após o terremoto de Kanto, em 1923, os japoneses acusaram os coreanos que moravam no Japão de roubar alimentos e envenenar os poços de água. Entre dois mil e seis mil coreanos foram massacrados em represália aos rumores (japoneses odeiam coreanos, embora para nós "eles pareçam todos iguais").
Acho que a diferença é a seguinte: os japoneses podem ser violentos sim, mas contra os estrangeiros, sendo unidos entre si. O Japão é um país extremamente nacionalista e coeso socialmente, com baixos níveis de crime. Como contrapartida, o estrangeiro ("gaijin") jamais é aceito, mesmo sendo de segunda ou terceira geração. Há quem veja a recusa em aceitar plenamente os brasileiros de origem japonesa como ingratidão, já que no Brasil ninguém vê os japa-brazucas como cidadãos de segunda classe.
Todas as culturas têm seus pontos positivos e negativos. Se no Haiti são mais desorganizados, provavelmente também são mais alegres e recebem melhor os estrangeiros do que os japoneses.
Pessoalmente, como já informei em outro post, admiro a cultura japonesa, e diretores de cinema como Kurosawa e Miyazaki, mesmo sabendo (ou talvez por isso mesmo) que em muitos aspectos os japoneses são bem diferentes dos ocidentais, e, em uma guerra, nos massacrariam impiedosamente.
Casa de Augusto Nascimento.