domingo, 30 de janeiro de 2011

Poema do domingo

The Moving Finger writes; and, having writ,
 Moves on: nor all your Piety nor Wit
 Shall lure it back to cancel half a Line,
 Nor all your Tears wash out a Word of it
Omar Khayam (1048-1131)
 
* na tradução/recriação de Edward Fitzgerald (1809-1883)


sábado, 29 de janeiro de 2011

A esfinge do Egito

Não tenho tempo de blogar e portanto não vou poder elaborar sobre a situação de revolta que está ocorrendo no Egito, Tunísia, e que poderá ainda se expandir por outros países árabes. Para ser honesto, tampouco tenho muita informação a respeito, e nem sei se é o caso de celebrar ou se apavorar. A tendência é acreditar que todas as revoltas populares são boas, mas nem sempre esse é o caso. O povo, às vezes, faz merda.

Certo que os regimes de Mubarak e do seu equivalente tunisino não são flor que se cheire, e a derrocada de ditadores é sempre uma boa notícia. O problema é: e se o que vier depois for ainda pior? Hoje temos saudade do Xá Reza Palevi.  No Egito, se Mubarak cair, o que virá? Irmandade Muçulmana? Sharia e terror? Uma nova guerra?

Segundo alguns analistas, a causa de tanta revolta no Oriente Médio tem a ver mesmo é com os incêndios ocorridos na Rússia. Da seguinte forma: seca e incêndios acabaram com quase 30% da colheita anual de trigo na Rússia, que é o principal fornecedor de trigo aos países árabes. A Rússia passou a limitar severamente a exportação, e o preço do trigo triplicou, o que causou aumento geral do preço da comida nos países árabes, o que gerou por sua vez fome, descontentamento e finalmente revolta política. Uma espécie de "efeito borboleta" internacional.

Não tenho escrito muito sobre o Oriente Médio, que era originalmente quase que o foco principal deste blog. Francamente, cansei das eternas guerras tribais daquela região, e acho que se fala demais sobre o tema. Quem sabe se os articulistas, políticos e imbecis em geral parassem de se meter tanto no conflito Israel vs. árabes, este teria se resolvido há tempos. 

Se bem que, no momento, tanto árabes quanto judeus devem estar igualmente com um pé atrás e um dedo no gatilho, esperando para ver no que isso vai dar.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Guia da Internet Políticamente Incorreta

Raramente atualizo a relação do blogroll ao lado, então eles não refletem exatamente minhas últimas leituras ou mesmo os blogs que ainda estão ativos. E, como é possível que tenha menos tempo de blogar por estes dias, deixo vocês com outros locais onde se divertirem. Alguns links são polêmicos e altamente provocativos, mas também isso faz parte da diversão...

EM PORTUGUÊS

Dextra. Finalmente uma direita ao velho estilo! O blog mais reacionário desta galáxia ao sul do Equador. Tem pouco material próprio, mas várias excelentes traduções ao português de artigos de Roger Scruton, Jerome Corsi, Lawrence Auster, e muitos outros. A direita mais retrógrada de todas, com muitas imagens chocantes para ilustrar, e questionando até a igualdade racial e o direito de voto feminino!

Mídia Sem Máscara. Dispensa apresentações. É o covil da Serpente Gnóstica, segundo o leitor AN.

Roberto Cavalcanti. Católico apostólico romano, leitura políticamente incorreta sobre a questão do aborto, homossexualismo, etc. Um Júlio Severo com um texto menos agressivo, digamos.

Blog do Pim. Jovem redator publicitário com excelente blog sobre política e temas atuais. Não percam seu bom artigo sobre a liberação das drogas. Lamentavelmente, não parece publicar muito seguido, e agora está de férias. 

Sílvio Koerich: Blog do "perdedor mais foda do mundo". Machismo escancarado desancando as mulheres, o feminismo, as relações modernas. Acha que mulher gosta mesmo é de ser dominada, quando não de apanhar. Muito humor e muitos palavrões. 

EM INGLÊS

Belmont Club: Blog do ótimo Richard Fernandez. Epa! Um latino, imigrante ilegal nos EUA? Não, um filipino que mora na Austrália. Ah, bom. Terrorismo, guerra e política internacional estão entre seus temas preferidos.

View from the Right: judeu convertido ao cristianismo, acusado por vezes de racismo, contrário ao Islã, à imigração, ao homossexualismo e até à teoria da evolução de Darwin. É primo do famoso escritor Paul Auster, de orientação política completamente oposta. Curiosamente, assim como Olavo de Carvalho, foi astrólogo na juventude. Mas não deixe isso desanimá-lo: Lawrence é uma das mentes mais brilhantes da blogosfera americana, explicando como ninguém o pensamento progressista. A astrologia parece ser útil para desenvolver a mente! O grande poeta Yeats também acreditava em astrologia, por sinal.

Iowntheworld: Blog satírico, surgido a partir de uma dissidência do famoso site satírico anticomunista The People's Cube. O melhor era a coleção de tirinhas sobre a família Obama, mas acho que pararam de fazê-las.

Whiskey's Place: A teoria de Whiskey é simples: tudo é culpa das mulheres, ou melhor, da pílula. A pílula anticoncepcional e o feminismo liberaram as mulheres do casamento. Não necessitando de homens beta que as sustentem, elas podem se dedicar à procura de alfas, e que tudo mais vá para o inferno. Assim, o Ocidente femininizou-se. Isso explicaria o fim do casamento, o politicamente correto, a preferência pelo Estado protetor cada vez maior, etc etc. 

Mencius Moldbug: o mais maluco de todos. Posts quilométricos e por vezes quase ilegíveis devido à densidade de informações. No entanto, pescando aqui e ali você encontra observações excepcionais. Neomonarquista (acredita em um sistema não-democrático mas que tampouco seria uma monarquia à moda antiga) e, até onde sei, ateu.

Leia por sua conta e risco!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As mães chinesas e o "perigo amarelo"

Lembram quando se falava em "perigo amarelo"?

Pois o crescimento da China a potência mundial, hoje, é uma realidade, como ficou evidenciado pelo encontro entre Obama e Hu Jintao, onde o presidente americano implorou para o chinês valorizar o yuan, respeitar Taiwan, etc, tudo enquanto Jintao segurava alguns trilhões de dívida americana.

O paleoconservador Pat Buchanan argumenta que a China hoje nada mais repete do que os EUA do século 19, crescendo sem se importar com "direitos humanos", "acordos comerciais" ou outras delicadezas. Querem é crescer e não pedem licença a ninguém, e não tem motivo de aceitar os pedidos dos EUA.

Também na mídia brasileira, um artigo de Carlos Sanderberg diz:

Mais difícil é saber como tratar a questão política, ditadura e desrespeito aos direitos humanos. Muitos dizem que não há o que fazer além de criticar, marcar posição e, paciência, esperar que o regime chinês evolua internamente para uma coisa mais próxima da democracia.

Como se vê, não se trata de uma disputa tipo EUA x União Soviética. Agora, estão todos no capitalismo, discutindo moeda, comércio e investimentos.

E o Brasil da presidente Dilma? Para começar, poderia enterrar essa bobagem da Era Lula de achar que a China é nossa parceira estratégica na diplomacia Sul-Sul, de pobres x ricos. A China é a segunda potência, quer ser rica, e pronto. Tem mais tendências imperialistas do que para solidariedade com o Terceiro Mundo.

De fato, a China não tem solidariedade com ninguém, nem no câncer. Porém, o artigo que mais gerou discussão na Internet sobre a China foi um que saiu no Wall Street Journal recentemente, argumentando que "As mães chinesas são superiores".

Comparando as mãs chinesas com as mães ocidentais, Amy Huan acusou estas últimas de preguiçosas, medrosas e pouco exigentes. As mães ocidentais têm medo de dizer não aos seus filhos, aceitam notas medíocres, não os forçam a estudar, emagrecer ou progredir. As mãe chinesas, como Amy, a "tiger mom"? Proíbem televisão, videogame e dormir na casa de amiguinhos/as; obrigam seus filhos a praticar piano ou violino cinco horas por dia; os obrigam a estudar e se eles não tirarem as melhores notas de toda a turma, são duramente castigados.

Amy é na verdade chinesa-americana, casada com um judeu-americano, e alguns acreditam que ela exagere. Quando uma das filhas recusou-se a continuar tocando piano, ela ameaçou colocar fogo em todos os seus bichos de pelúcia e doar sua casinha de bonecas à caridade. Quando outra filha, de quatro anos, lhe deu um cartão de aniversário criado por ela, a mãe o jogou no lixo e disse para fazer melhor. 

O artigo gerou pavor nos pais americanos, e uma onda de discussão na Internet. Seriam as mães chinesas mesmo superiores? Seriam elas o novo "perigo amarelo", criando um planeta sob dominação chinesa total?

Não percam os próximos capítulos.

Quem é mais racista?

Às vezes a esquerda vai tão, mas tão à esquerda que termina indo parar na direita.

Pensei nisso lendo o artigo de um certo Stephen Kinzer, no jornal comuno-chique The Guardian. O artigo se chama "O imperialismo dos direitos humanos".

O artigo até que começa bem, criticando as organizações de Direitos Humanos. Só que seu argumento não é que não façam bem o serviço, ao contrário: é que estas seriam demasiado exigentes com governos do Terceiro Mundo, querendo noções universais de direitos humanos que não se adequariam as realidades locais. A partir daí, Kinzer delira, e passa a afirmar que a noção de Direitos Humanos é uma "arma imperialista" criada por "homens brancos em New York" para infernizar a vida de africanos, árabes e indígenas exigindo-lhes tarefas impossíveis.

Kinzer cita o exemplo do presidente de Ruanda, Paul Kagame, que é acusado de matar opositores, entre outras medidas não muito amigáveis, embora tenha com essas medidas (segundo Kinzer) impedido um novo genocídio. (Pelo descrito, até que Paul Kagame não parece ser tão ruim para o padrão de governos africanos. E, tendo proibido candidatos de oposição de participarem nas últimas eleições, venceu com 93% dos votos - mais popular do que o Lula! E quase tanto quanto Saddam Hussein, que costumava ganhar eleições com 99% de "apoio popular"...)

A questão  é que, para o articulista, parece ser que querer respeito total aos direitos humanos e às liberdades políticas seria exigir demais dos pobres africanos. Ele acredita que deveriam existir dois tipos de "direitos humanos", um para as sociedades desenvolvidas, e outro de segunda mão para o Terceiro Mundo. 

Curiosamente, saiu recentemente um outro artigo no mais conservador Wall Street Journal, este escrito por um certo Brett Stephens e argumentando que a África no fundo estava melhor sob os colonialistas brancos, e que talvez o continente deveria ser recolonizado. (Tudo bem, os Chineses estão chegando lá). Embora a conclusão seja a oposta à de Kinzer, ambos têm uma visão similar sobre a incapacidade da África de se organizar sob os mesmos moldes de uma sociedade ocidental. 

A direita americana não é racista, bem longe disso. Mas existe uma pequena parte da direita americana que é racista, ou, melhor dizendo, racialista. Não, não são os Tea Parties, que se esforçam para incluir negros e latinos em suas manifestações. Nem os Republicanos, que vivem cortejando os latinos, ainda que sem sucesso. É uma minoria. Sim, alguns são ligados ao movimento White Power ou até a neonazistas, mas não falaremos aqui desta corja.

Refiro-me ao movimento HBD, ou Human Biodiversity, que não pretende exterminar ou segregar ninguém e é "racista" apenas no sentido de que não compra isso de que "não existam raças", mas acredita que existem diversos grupos humanos, cada um com características próprias, seja biológicas, seja culturais. Negros são bons no esporte e na música, asiáticos são bons na matemática, brancos são bons em arte e medicina, etcétera. Longe de serem apenas mitos, tais diferenças estariam justificadas por diferenças biológicas e culturais entre os grupos.

Já a esquerda (e a maior parte da direita) afirma que não existem raças. Mas suas ações são exatamente contrárias a essa suposta crença. Por exemplo, as cotas. Se não existem raças, para que cotas raciais? Se não existem raças, para quê quilombos e reservas indígenas exclusivas para membros de tais, hum, raças? As próprias minorias articulam-se sob o conceito de raça: há mais de uma revista afro chamada "Raça", o movimento mexicanista nos EUA se chama La Raza, etc.

Além disso, a esquerda sempre tem uma atitude paternalista com as minorias, como se estas não fossem capazes de ser julgados pelas mesmas regras do que os outros. Então, a verdade é que tanto a esquerda quanto a direita mais radicais acreditam no fundo que negros, índios, latinos e terceiromundistas em geral são um pouco mais burros, incompetentes, violentos e/ou preguiçosos. A diferença é que a direita radical acredita que tal se deve a diferenças inatas, culturais ou até genéticas. Já a esquerda radical acha que é tudo culpa do homem branco e seu imperialismo malvado (que pelo jeito age até por telepatia, influenciando sociedades do outro lado do mundo).

Assim sendo, também a solução proposta é diferente: a direita isolacionista concorda com Kinzer que esses povos devem ser deixados em paz para criarem seus próprios "direitos desumanos" e viverem ou se matarem como quiserem. A direita "neocon" acha que os brancos devem ajudar os povos menos civilizados através do colonialismo ou da imposição da democracia. Como diz Stephens, "os colonizadores de antanho podiam até ser intolerantes, mas eles também faziam as coisas. Suas colônias eram lugares melhores do que os países-desastre que temos hoje." (Mas essa idéia de um colonialismo altruísta, que visa elevar os menos favorecidos já estava presente até no "velho" colonialismo: recordem o poema White Man's Burden.)

Para a esquerda, entretanto, é anátema sugerir que os brancos ricos se metam a tentar controlar sociedades não-brancas pobres, mesmo que isso possa ser melhor para elas, mas negros, pobres e pardos se oprimindo entre si não são um problema. A recente Guerra do Congo matou mais de 5 milhões de pessoas em 4 anos, você ouviu algum protesto? Nem eu. Mas para essa mesma esquerda, querer que africanos, árabes e indígenas sejam menos violentos ou que respeitem democracia e direitos humanos seria exigir demais dos coitadinhos. Melhor ainda se essas minorias, em vez de brigarem tanto entre si, puderem se vingar do "demônio branco" e ajudar a destruir a sociedade ocidental. Ou seja, além de desprezar negros, indígenas e árabes, eles também odeiam os brancos. 

Quem é mais racista?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A Revolução Progressista não passará

Há muitos que se desesperam com a atual situação do mundo. Observam a decadência econômica, política, cultural e religiosa do Ocidente, a crescente dominação progressista sobre todas as áreas da sociedade, a perda de valores morais, o crime, a violência, a perversão, o avanço da sombra negra do horror sobre o mundo civilizado.

Eu? Já não me importo mais. Sei que, no final, a Revolução Progressista pode até vencer muitas batalhas, mas fatalmente perderá a guerra.

Você pergunta por quê?

Os motivos são vários. Em primeiro lugar, o sonho progressista, sintetizado pela canção "Imagine" de John Lennon (um mundo sem fronteiras, sem religião, sem desigualdades, sem posses materiais, etc.) é totalmente impossível de realizar. É verdade que esse sonho utópico é apenas a desculpa: o que eles querem mesmo é um governo ultra-autoritário no qual só eles mandam e bebem champanhe e as ovelhas obedecem e passam o dia na fila do pão, vide o que ocorria na velha URSS. E isso, você dirá, é perfeitamente possível de obter. É verdade: mas esse sonho autoritário é de apenas alguns poucos. A grande massa de progressistas acredita mesmo no ideal utópico de "um outro mundo possível", e quando as coisas degringolam, tendem a se mostrar contrárias. Basta uma crise econômica um pouco mais séria para acabar com 80% dos progressistas. O choque de realidade assusta.

Outro motivo para o relativo otimismo é que a Grande Coalizão Progressista é na verdade muito frágil. Os vários grupos que a formam na verdade não são assim tão unidos, isso quando não se odeiam entre si (mexicanos odeiam negros que odeiam gays, etc.). Mesmo dentro de grupos mais homogêneos a esquerda tende a se digladiar. Pensem nas centenas de organizações terroristas que existiam nos anos 60 no Brasil, muitas delas formadas a partir de dissidências de outras organizações, simplesmente porque discordavam sobre qual tipo de maoísmo deveriam seguir...

Pois não é que mesmo dentro de grupos aparentemente com o mesmo objetivo, a tendência é rumo ao desentendimento? Há agora uma hilária briga para decidir se o que antes se chamava simplesmente de "comunidade gay" deve ter o acrônimo LGBT ou GLBT, isto é, se na frente devem ir os gays ou as lésbicas. Outros se sentem excluídos, e sugerem o termo LGBTQIA (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Questionadores, Intersexuais e Aliados). Ora, eu prefiro chamar de bichas mesmo! 

Outro motivo para a derrota é que os progressistas dependem dos conservadores, inclusive financeiramente. Afinal, quem você acha que paga todos os impostos que sustentam o edifício de complexas mudanças sociais e políticas? Quem você acha que paga pelas escolas que promovem idéias socialistas, pela operação de sexo do travesti da esquina e pelos livros homossexuais para a escola do seu filho, pela "distribuição de riqueza" com milionários gastos federais, pelos cabides de empregos a ex-terroristas de esquerda? E, se os progressistas realmente chegarem a matar a galinha dos ovos de ouro que os alimenta, os que mais sofrerão serão eles mesmos, que não mais terão dinheiro para seus delirantes programas de reforma social total.

Mas o motivo principal para a derrota do Progressismo é que é um movimento auto-destrutivo. Não somente é o principal prejudicado (a longo prazo) por todas as suas medidas de mudança social, como demograficamente, tende a desaparecer. O fim do casamento, o homossexualismo, o aborto, a destruição da família, a eutanásia, a ecologia radical, o terrorismo islâmico, o crime, a imigração massiva de estrangeiros inassimiláveis de outras culturas, a medicina socializada que exige contenção de despesas: independente de outros fatores, todas são políticas que tendem a diminuir a taxa de natalidade dos progressistas, que são em sua maioria, acredite, brancos de classe média (fora um que outro japa metido a besta).

Seria o progressismo, então, simplesmente um movimento suicida, como o de lemmings jogando-se no abismo?

Não tema a vitória final progressista, ela nunca chegará. No pasarán!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um mundo anticristão

Enquanto os cristãos são perseguidos implacavelmente nos países muçulmanos e só não são jogados aos leões por falta de leões, no Ocidente supostamente "cristão" também há uma perseguição, só que em nome do secularismo.

Às vezes essa perseguição é realizada em nome da "separação entre Igreja e Estado" e do "respeito às demais religiões". No outro dia, descobriu-se que uma agenda estudantil distribuída para quase quatro milhões de alunos da Comunidade Européia não mencionava os feriados cristãos de Natal e Páscoa, embora mencionasse feriados muçulmanos, judeus, chineses e até hindus. A desculpa do comitê que criou o calendário afirma que foi tudo "um simples engano". A agenda, que é distribuida gratuitamente mas custa bem caro ao contribuinte, é um festival de propaganda da Comunidade Européia. Suas páginas de conteúdo editorial podem ser lidas aqui, mas não consegui ter acesso ao calendário. (Se alguém tiver algum link, informe-me).

Alguns dirão que é um fato sem importância. Pode ser, mas observe que sempre que há críticas à "religião" por secularistas, quase sempre esta religião é a cristã. No outro dia houve até a notícia (depois desmentida) que Dilma teria retirado um crucifixo da sua sala. Várias vezes ocorreram casos similares nos EUA, de símbolos religiosos retirados de espaços públicos. Na arte moderna, então, a crítica aos símbolos religiosos é total. Só que tais símbolos são quase sempre cristãos. Com os muçulmanos, poucos têm coragem de mexer.

Praticantes das outras religiões podem dizer o que quiserem. Os cristãos, são vigiados constantemente por qualquer lapso verbal.

Fosse apenas a questão simbólica, nem seria tão grave. Mas atos como a promoção do aborto irrestrito (em alguns casos realizado com tesouradas em bebês vivos de oito meses já saídos do útero), do casamento homossexual e da eutanásia, quando não a insinuação da validade moral do incesto e até da pedofilia, são certamente tentativas de ir contra a antiga moral cristã.

Eu disse pedofilia? Certamente. Embora hoje esta seja chamada mais corretamente de "contato sexual intergeneracional". Eis aqui um "estudioso" afirmando, não apenas que o sexo intergeneracional pode ser positivo, mas argumentando que as próprias crianças estariam sendo vítimas dos malvados antipedófilos ao terem negada a oportunidade de se desenvolver sexualmente... (Artigo publicado em importante periódico de educação sexual.)

Não é preciso ser cristão para horrorizar-se com os arautos "científicos" da pedofilia ou com os métodos abortistas de Kermit Gosnell, é claro. Tratam-se de casos extremos. Mas os cristãos estão os maiores críticos desse niilismo pós-moderno, e são também suas maiores vítimas.

Enquanto alguns deliram sobre a "opressão papista", o cristianismo é a religião mais perseguida no mundo, dentro e fora de seus países de origem.

(P.S. Sou um mau cristão e nem vou à missa. Sou um reles pecador e nem sei se acredito em Deus. Mas, ao ler sobre certos horrores, quase passo a crer na existência do Diabo. No creo en brujas, pero que las hay, las hay.)


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A escola é necessária?

Há uma boa discussão no blog da Dicta & Contradicta sobre o tema do homeschooling. Enquanto este é proibido no Brasil, nos EUA já são mais de dois milhões de estudantes que aprendem unicamente com os pais, sem ir ao colégio.

Críticos do sistema dizem: a) que o aluno que não vai à escola perde oportunidades de socialização e b) que os pais não podem ser especialistas em matemática, física, biologia, história, etc.

A primeira acusação é, parece-me, infundada. Oportunidades de socialização não faltam em outros lugares. Depois, para alguns a escola pode até ser um período de momentos inesquecíveis em que se fazem amigos que duram para a toda a vida. Para muitos outros, no entanto, é apenas um pesadelo no qual se sofre constante bullying, há competição desenfreada para ver quem tem o tênis ou celular mais maneiro, a frase mais ouvida é "te pego no recreio", e -- nos dias de hoje -- violência, drogas, estupro coletivo e tiroteios estão se tornando quase comuns. (ver vídeos chocantes aqui). 

O segundo problema é real, mas nem tanto assim. Se é verdade que os pais não podem ser especialistas em tudo, também é verdade que é para isso que existem livros, caso necessário professores particulares ou tutores -- e a Internet.

A Internet, a meu ver, torna a escola praticamente desnecessária, ao menos para quem tem cérebro altamente desenvolvido e polegar opositor. Tudo está ali, basta saber procurar, e utilizar (como todas as ferramentas, também se presta a abusos). Não é à toa que hoje o grande negócio nos EUA são escolas e universidades online

Então, para que é necessária a escola? Bem, em primeiro lugar, é verdade que a solução do homeschooling não serve para todos. A escola sempre será necessária para a maioria da população, para todas as pessoas que não tem tempo ou condições de serem ao mesmo tempo pais e professores. Em segundo lugar, para ter filhos instruídos você precisa de pais instruídos. O esquema tampouco funciona com pais pobres semianalfabetos.

O problema é que, hoje em dia, a escola pública, e posteriormente a Universidade, virou uma fábrica de produzir pequenos marxistas. Pareceria que a sua grande função é criar pessoas acostumadas a acreditar que devem receber tudo de graça. Os estudantes já têm meia-entrada no cinemas. Agora querem transporte público a custo zero. Isso sem falar na lavagem cerebral sexológica, que querem instituir a idades cada vez menores, sabe-se lá com qual intuito.

Não acho que o homeschooling seja uma solução adequada a todos. Mas certamente é uma opção para muitos, e jamais deveria ser proibido, como (ainda?) ocorre no Brasil, este curioso país em que o presidente mais popular de sua história não terminou o primário e o deputado federal mais votado é analfabeto, mas ai de quem quiser educar os próprios filhos.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Internet está nos deixando loucos?

Anteontem, um jovem maconheiro fã de teorias de conspiração e provavelmente psicótico atirou contra uma deputada Democrata americana, levando-a para o hospital e matando 6 outras pessoas, incluída uma menina de 9 anos. O surpreendente do fato é que não seja surpreendente, já que atiradores malucos não faltam por estas bandas.

O engraçado é que, justo um dia antes do ocorrido, um sujeito abordou-me num café com um papo maluco também bastante parecido com o deste jovem, sobre "nova ordem mundial", "fim do mundo em 2012", "crise energética", "falta de água", "perseguição aos mexicanos", "lei marcial", etc. Não era um vagabundo, mas uma pessoa normal bem-vestida e quase certamente não psicótica, apenas tomada pelas idéias que flutuam por aí, no zeitgeist.

O blogueiro Richard Fernandez observa uma coisa curiosa: que embora o comportamento do jovem fosse bizarro há tempos, nenhum dos seus colegas percebeu que ele era simplesmente doido. Diz o blogueiro, traduzo aqui:
Parte do problema pode ser a normalização do comportamento louco. Quando ser bizarro é ser cool e o "sonho consciente" invoca os filmes Matrix ou A Origem, a linha entre a loucura e a excentricidade fica um pouco diluída.
De fato, na cultura em que vivemos, é normal um jovem tomar drogas, usar piercings e tatuagens demoníacas (ver imagens e ler artigo do Theodore Dalrymple ao final), ter comportamento sexual "diferenciado", isso sem falar nas teorias da conspiração que a Internet torna cada vez mais comuns. E ninguém fala nada, pois é já parte do novo normal, e julgar alguém pelo seu modo de vestir, pensar ou de se comportar poderia ser discriminação, e nós não queremos discriminar ninguém, não é mesmo?

Mas uma sociedade que não discrimina ninguém tampouco pode discriminar os loucos. (E, de fato, fechou quase todos os hospitais psiquiátricos. Os loucos agora andam na rua.)

De qualquer modo, este caso chamou a atenção da mídia por se tratar de um atentado contra uma figura pública, mas a verdade é que malucos que matam por motivos banais não são tão raros assim, ainda que ocorram mais dentro da própria família. Isso sem falar em outros tipos de violência: no mesmo dia em que ocorreu a matança no Arizona, no México eram encontrados 15 cadáveres decapitados a mando de um traficante local. Vivemos em um mundo insano.

É claro, a esquerda americana já está colocando a culpa pelo tiroteio na Sarah Palin, no Glenn Beck, na falta de controle de armas, no "discurso político exaltado que leva à violência" (mas quem faz discursos políticos exaltados e violentos mais que eles?), nas políticas do Arizona contra a imigração, etc. (Só faltou culpar o "aquecimento global"). Mas é apenas o esperado. Também essa é uma forma de loucura.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A direita está sem rumo?

Passei já muito tempo aqui criticando a esquerda política e seus delirantes planos de dominação mundial, mas o fato é que também parte da culpa por esse descalabro é da direita. Se é verdade o que Burke dizia, que "tudo o que é necessário para que o mal triunfe é que o homens bons não façam nada", então a direita é também culpada pelo atual estado de coisas.

O que é a esquerda? É a revolução, é a utopia, é o delírio, é a rebeldia adolescente contra a realidade objetiva: "um outro mundo é possivel". E o que é a direita? É a tentativa de conservação de verdades aprendidas ao longo do tempo, a aceitação madura da desigualdade essencial do mundo, a anti-utopia. 

Talvez por isso seja mais difícil ser de direita e seja mesmo mais difícil para esta ser mais ativa. O default da direita é apenas a reação às provocações da esquerda. 

Mas hoje isso não é suficiente.

Acho hilário o antiamericanismo de tantos esquerdistas. Até por que, hoje em dia, os EUA encontram-se na vanguarda do neocomunismo global. Esqueçam Chávez, mero bufão da hora! Os esquerdistas deveriam agradecer ao Tio Sam. Tudo que é idéia progreçista começou nos EUA.

Ué! Mas não são os EUA a nação capitalista  mais rica do planeta? De fato. E por isso mesmo: nos EUA há dinheiro para financiar os delírios esquerdistas mais absurdos.

Vejam este incrível documento. Uma suposta lista de "atuais objetivos dos comunistas", segundo o autor Cleon Skousen, em livro escrito em 1958. Traduzo alguns deles:

11. Promover a ONU como única esperança da humanidade.
15. Capturar um ou dois partidos políticos nos EUA.
16. Usar decisões das cortes para enfraquecer instituições americanas, afirmando que suas actividades violam os direitos civis.
17. Tomar controle das escolas. Usá-las como centros de transmissão de propaganda socialista e comunista.
18. Controlar todos os jornais estudantis.
19. Infiltrar-se na imprensa.
21. Ganhar controle de posições-chave no rádio, TV e cinema.
22. Desacreditar a cultura americana através da degradação de formas de expressão artística. Eliminar todas as boas esculturas de parques e edifícios, substituindo-as por formas sem sentido. 
24. Eliminar todas as leis contrárias a obscenidade afirmando que trata-se de "censura" e uma violação ao direito de livre expressão.
26. Apresentar a homossexualidade, degeneração e promiscuidade como normais, naturais e saudáveis.
27. Infiltrar-se nas Igrejas e substituir a religião por uma "religião social".
28. Eliminar as orações ou qualquer forma de expressão religiosa nas escolas com base na ideia de que violaria o princípio de "separação entre Igreja e Estado".
29. Desacreditar a Constituição Americana chamando-a de inadequada, antiquada, fora do compasso das necessidades modernas, um obstáculo à cooperação entre as nações.

Em 1958, isso poderia parecer mera paranóia de um velho anti-comunista. Porém ocorre que, de lá pra cá, TODOS os objetivos acima foram completados. Ou o tal Skousen tinha o dom da previsão, ou realmente havia um cuidadoso plano de implementação de mudanças sociais e políticas.

Porém, o mais curioso é o seguinte: o objetivo dessas ações, claramente, era de destruir ou enfraquecer a América e dar a vitória aos soviéticos. Naturalmente, tais idéias revolucionárias não seriam perseguidas dentro da URSS ou em Cuba, mas apenas nos países ocidentais e em especial na odiada América. Só que, mesmo com a derrocada da velha URSS, os tais objetivos comunistas confinaram sendo postos em ação, até com força redobrada, mesmo nos países dominados pelos socialistas. É como se tais ações tivessem ganho vida própria, ou como se os comunistas e ex-comunistas tivessem esquecido que o objetivo era apenas minar as instituições sociais das nações capitalistas, e tivessem passado a acreditar que tais mudanças eram benéficas em si mesmas.

De qualquer modo, são admiráveis a tenacidade e a capacidade de planejamento da ala progressista mundial (assim como o são aquelas dos islamistas). Mesmo no Brasil, com paciência e perseverança, os comunas passaram de meros guerrilheiros de meia-tijela a Donos do Poder.

E a direita? Onde está a lista de objetivos da direita? Quem sabe algo do tipo:

1. Reduzir o tamanho do Estado em 50%.
2. Repelir a degradação da sociedade e promover valores tradicionais através de propaganda massiva.
3. Infiltrar-se nas instituições progressistas e sabotá-las.
4. Etc, etc.

Mas nem isso ocorre. Não há qualquer planejamento de ações, apenas a ocasional reação confusa e tardia. A direita está perdida. Limita-se a sofrer calada, como uma franzina jovem sendo estuprada por uma gangue de brutamontes taradões.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Beleza, Verdade e Seios de Silicone

And now for something completely different. Para descontrair e evitar as costumeiras polêmicas aqui no blog, apresento um tema sem qualquer relevância política: os seios de silicone. Você gosta de seios de silicone?

Faz algum tempo um articulista britânico, falando genericamente em nome dos homens, afirmou que os seios de silicone não são nada sexy. Concordo com ele, muito embora imagine que alguns homens gostem, ou não haveria tantas mulheres se siliconando por aí.

O artigo em si não é grande coisa, mas as fotos que o acompanham são hilariantes. Nunca entendi bem essa opção estética, afinal é bastante fácil ver quais seios são reais e quais não. Demasiado arredondados, demasiado erguidos e demasiado afastados um do outro, são seios de desenho animado, não seios reais.

É também curioso que a estética dos seios de silicone se junte à estética da magreza anoréxica tão comum nas passarelas. Ora, os seios estão diretamente relacionados com o volume (para não dizer gordura) da pessoa, portanto seios enormes em uma pessoa magérrima chamam a atenção e parecem antinaturais.

Mas não estaremos vivendo uma época que valoriza justamente a estética antinatural? Piercings e tatuagens também são modificações corporais que são utilizadas por número cada vez maior de pessoas, para não falarmos em modificações mais extremas como a "troca de sexo" ou o implante de chifres. Eis a triste história de uma garota que colocou dezenas de tatuagens no rosto, e eis o seu tatuador. Seios artificiais de silicone não deixam de ser outro tipo de modificação corporal que se soma à crescente tentativa de modificar a biologia humana, ou ao menos a sua estética natural.

(E, entanto, não há nada de novo sob o sol: o que hoje chamamos de piercings e tatoos ja eram utilizados de forma pouco diversa há milhares de anos atrás pelos indígenas, quem sabe até pelos cavernícolas, e tal retorno a esses adornos corporais poderia constituir, longe de ser uma modernidade, um retorno ao primitivismo. Hoje as mulheres ocidentais aumentam seus seios, mas não há uma tribo cujas mulheres aumentam o tamanho do pescoço? As chinesas não diminuíam o tamanho de seus pés? É, não há nada de novo sob o sol.)

Tudo, no entanto, talvez faça parte de uma discussão mais ampla. O filósofo Roger Scruton, em recente artigo que pode ser lido em português aqui, falou sobre a importância da beleza e como a estamos perdendo. Seu texto é principalmente sobre a feiúra da arte moderna, que devido, segundo ele, principalmente à perda da religião (ou mais bem do cristianismo), teria perdido a espiritualidade e portanto o ideal de beleza. Porém, tanto no artigo quanto no vídeo que acompanha, um dos argumentos mais interessantes do filósofo é que a própria vida moderna estaria perdendo a sua beleza. Não são apenas as artes plásticas: a horrenda arquitetura moderna de Niemeyers (o comunista plagiador) e Corbusiers, o modo de vestir e até o de se comportar, tudo estaria perdendo a sua elegância. 

Não é preciso ser cristão (e muito menos ter lido o artigo sobre os quatro estágios do niilismo do Frei Serafim Rose) para observar que vivemos em um mundo cada vez mais dominado pelo niilismo, pela crença de nada importa, e de que a missão do artista é apenas a de chocar e confundir. Se acreditamos que existe uma Verdade, uma Ordem Natural, podemos então passar a acreditar que existe uma Beleza (Beauty is truth, truth beauty,—that is all ye know on earth, and all ye need to know); se não acreditamos, fica fácil pensarmos que nem mesmo a arte tenha qualquer objetivo. 

Poucos leitores deste blog parecem estar interessados na questão da arte moderna, e, no entanto, esta parece-me às vezes um dos sintomas mais claros da decadência do mundo ocidental. Às vezes fico imaginando que, daqui a milhares de anos, alguns arqueólogos desenterrarão os artefatos artísticos do século XXI, e ficarão perplexos ante a visão de uma sociedade que aparentemente odiava e desprezava a si mesma, e que não podia sequer conceber a Beleza, tanto que suas próprias mulheres já não sabiam mais o que esta era, e se enfeitavam inflando artificialmente os seios e lábios de forma grotesca e antinatural.