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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Não tem solução mágica

Quando os japoneses e americanos utilizaram bases militares em ilhas no pacífico, algumas tribos atrasadas da região observaram com interesse aqueles pássaros gigantes de metal que decolavam e aterrisavam trazendo as mais variadas maravilhas. Depois que ocidentais e orientais foram embora, os aborígenes se dedicaram a construir primitivas imitações de pistas de pouso e torre de controle, na esperança de que os aviões voltassem a aterrisar trazendo mais produtos maravilhosos. O fenômeno passou a ser conhecido como "cargo cult".  

Nada mais parecido com a primitiva mente cargocultista do que um progressista moderno.

Leio por exemplo um artigo do NYT sobre o uso da tecnologia na educação. Progressistas gastam bilhões dotando escolas com computadores e demais parafernália eletrônica, e depois se surpreendem que os escores dos alunos não tenham aumentado nem um pouquinho. Como explicar a eles que o computador é apenas um instrumento, e que por si só não torna ninguém mais esperto ou mais instruído?

Lamentavelmente, a tecnologia parece ter substituído o bom senso nas escolas americanas. Segundo a reportagem, alunos estudam Shakespeare criando perfis dos personagens das peças no Facebook, ou escutando canções de rap de Kayne West. Tudo menos ler o texto original. Nessas condições, é claro que mais do que uma ajuda, a tecnologia torna-se mesmo um empecilho, uma distração.

Parte da explicação, é claro, é mero interesse pecuniário. Diz no artigo que entre os maiores partidários da idéia estão a Fundação de Bill e Melinda Gates e alguns funcionários da Apple; pergunto-me por quê... Mas uma grande parte é realmente a ingênua crença em alguma espécie de solução mágica para a educação, de preferência uma que não implique muito estudo ou esforço, e que possa transformar mesmo o mais preguiçoso latino ilegal em um novo gênio da raça.

Certamente alguns alunos mais inteligentes poderão até utilizar o computador e outras tecnologias para o aprendizado e o crescimento pessoal; a maioria, no entanto (especialmente em um ambiente em que o professor, seguindo as idéias paulofrerianas, não é mais um mestre, mas um mero "guia") o utilizará para acessar o Facebook, escrever blogs imbecis como este aqui, ou assistir a vídeos de idiotas levando tombos.

Não é só a tecnologia. Assim como as tribos do Pacífico com suas falsas pistas de pouso, os governos torram bilhões de dólares com a construção de super-escolas com arquitetura ultra-moderna, imaginando que talvez o problema das escolas públicas seja o prédio. Sim, é a arquitetura. Como não pensamos nisso antes, Batman?

E, assim como os aborígenes, depois de construir sua super-escola e dotá-la dos mais possantes computadores, os progressistas sentam e esperam, esperam, esperam... 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Povo bão é povo búrro!

Estive acompanhando êsse açunto dos livro do MEC, nos qual me informaro que dizer ou escrever "os menino pega os peixe" é tão correto quanto dizer "os meninos pegam os peixes". Se ocê for descriminado por falar errado, é poque tá sofrendo "preconceito lingüístico", e isso é muito fêio.

No otru dia fui numa intrevista di emprego e não mi aceitaro. Acho que era pelos meu erro de portugays no meu currícu. Acusei eles di preconsseito linguístico, mais num rolô. Vô tentá metê um processo nas fuça deles. Será que depois da lei anti-omofobia, num vai surgi uma otra lei pra defende a gente que semo semianarfabeto?

Eu cãocordo que cada grupo social teim sua linguage específica. Afinau eu sô da perifa, véio. Os mano aqui fala tudo assim.

Mas às vez fico com medo. Os político e intlequitual fica passando a mão na nossa cabessa, falando que o jeito que a jente fala é perfeitamente certo já do jeito que é. Num foi o Tchmosky mermo que falô que as criança já nasce sabendu falá, e o Sassúr qui disse que a linguage é só formada por signo que é tudo arbitrário??

Mais uma coisa mi deixa coas purga atrás dorelha: os dotô não fala assim como nóis. Eles fala bonito. Se eles acha que é só preconceito, que todos os jeito de falá são iguar, porque é que eles num fala que nem a gente então?

O único político que cunheço qui fala assim é o Lula. Mais ele tem grana pra pagá um gostiráiter que escreve os discurso pra ele.

Mais, num sei. Às vezes acho que esses dotô aí tão querendo mi inganá. Será meismo que falá errado é a mesma côsa qui falá certo? Será que esses dotô aí num quer no fundo que a gente seja tudo inguinorante, e continue nas favela e nu sertão, votando neles em troca di borsa pra eles irem pra Brasília vivê no bembão?

Afinau, povo bão é povo burro.

Bão, xapralá, depois penso mais no açunto. Vô lá escutá meu funk, mi agârantiram que isso é curtura popular. É nóis na fita, mano!!

quinta-feira, 24 de março de 2011

¡Bienvenido a Améxica!

Uma carta escrita por um professor de escola pública do Arizona causou alvoroço ao ser lida por um deputado do Congresso americano. Nela, o professor descreve a atitude de sua turma, constituída por 98% de hispânicos (filhos de imigrantes mexicanos, muitos deles ilegais). Alguns trechos, traduzidos: 
"Os alunos recusaram-se a recitar a Pledge of Allegiance, afirmando que eram mexicanos e que os brancos racistas dos EUA teriam roubado suas terras."

"Quase ninguém havia trazido o material, portanto dei-lhes papel e lápis para que escrevessem, mas amassaram os papéis e atiraram papéis e lápis uns contra os outros."

"Apenas 10 alunos de todas as turmas em que ensino conseguiram completar o ensaio sobre Mark Twain."
"Quase todos os ensaios se pareciam entre si."
"Pedi que parassem de falar espanhol entre si pois era falta de educação, mas responderam que os americanos é que deviam aprender o espanhol pois eles estavam tomando a terra de volta para o México."

"Ninguém quer estudar, estão mais interessados em tornar-se membros de gangues."
Bem, não quero ser preconceituoso com nossos primos mexicanos, mas parece mesmo uma escola brasileira como as que descrevi há pouco.

É certo que a decadência da educação americana não pode toda ser atribuída à imigração latina. De fato, a própria carta do professor tem vários erros de inglês (i.e. "conquer nation", em vez de "conquered"; "invaders language" em vez de "invader's language"). Será que ele é um redneck caricato (como os criticados pelo leitor AN)? Afinal, se erros seriam problemáticos, mas compreensíveis, em um estudante latino (ainda que nascido nos EUA), em um professor de inglês são inaceitáveis.

Mas a verdade é que desde alguns anos vem ocorrendo uma notável decadência no inglês escrito e falado pelos americanos, e a educação pública piorou, muito embora o gasto nesta tenha aumentado continuamente (o argumento do autor Robert Weissberg é que o que piorou não foi a qualidade das escolas, mas a qualidade dos alunos). Outros culpados apontados são a mídia, a falta de disciplina, a falta de interesse dos jovens, a incompetência estatal, a concorrência dos mais bem-preparados asiáticos (que hoje dominam em muitas universidades americanas), etc. Provavelmente, vários fatores somados explicam o descalabro.

De qualquer forma, como observou alguém que comentava na matéria, os mexicanos acham que vão dominar os EUA, "mas como é que esses estudantes se tornarão os novos reis do Vale do Silício, de Wall Street ou de Hollywood, se não conseguem nem terminar um ensaio sobre Mark Twain"?

Mais provável mesmo é que, salvo as exceções de praxe, se tornem uma eterna subclasse de faxineiros e jardineiros, o que aliás estaria perfeito para a elite globalista local, que poderia contratá-los a preço de banana para limpar as suas mansões. Talvez seja exatamente o que tanto uns como outros queiram.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Educação para primatas

Já escrevi mais de um artigo a favor do homeschooling. Porém, vendo alguns vídeos assustadores sobre a violência contra professores no que passa por "escola pública" hoje no Brasil, pergunto-me se, na verdade, esses alunos estão ali justamente porque os pais, no caso em que estes existam, não os querem em casa. A escola virou uma espécie de creche para pequenos marginais. Por algumas horas por dia, a família têm sossego... 

Tendo trabalhado por anos no ramo da educação, aprendi algumas coisas:

1) A escola é supervalorizada. Precisamos realmente de quinze anos de educação? Todos precisam aprender (mal) sobre História e Biologia, esquecendo isso logo depois? Uma minoria, que irá depois para a universidade ou entrará em um mercado de trabalho mais avançado, talvez precise. O resto, precisa apenas aprender as operações básicas da aritmética, a taboada, a ler e a escrever.

2) Mesmo a Universidade é supervalorizada. O que é mais necessário em uma sociedade, encanadores ou graduados em Ciências Políticas? Mas isso é assunto para outro post.

3) Alguns alunos não têm capacidade para aprender e provavelmente não deveriam nem estar em uma escola de segundo grau, quanto menos em uma universidade, para o seu próprio bem.

4) Muitos alunos que têm capacidade, no entanto não querem aprender. E não há nada, absolutamente nada que você possa fazer para ensinar um aluno que não quer estudar.

5) O melhor que a escola pode fazer por algumas pessoas é simplesmente ensinar-lhes noções básicas de respeito, disciplina e obediência. Lamentavelmente o Paulo Frieira e outros intelectualóides ferraram com isso, com suas idéias delirantes de igualdade entre aluno e mestre.

6) Antes os alunos usavam uniforme e apanhavam do professor, o que podia ser cruel mas funcionava. Hoje, perdida toda noção de autoridade do professor, os alunos se vestem como membros de gangues e batem nos professores, quando não os matam.

7) A culpa não é só do aluno, mas também, sim, dos pais. Hoje em dia há pais que acreditam que quando o aluno vai mal em uma prova, a culpa é do professor, e saem a discutir com ele. Também os pais perderam o respeito pelos professores ao mesmo tempo em que não conseguem ter autoridade sobre os próprios filhos.

8) As tecnologias da informação como telefones celulares e outros aparelhos portáteis podem até ter suas vantagens, mas tornaram as escolas de segundo grau um inferno. Em vez de prestar atenção, os alunos estão trocando mensagens ou filmando-se a si mesmos com seus celulares, para depois colocar no Youtube.

Eu não digo que tenha a solução para os problemas da educação no Brasil, mas começaria por algumas coisas: um, trazer de volta a autoridade do professor, se não com castigos físicos, ao menos com punições severas em caso de desrespeito. Pois nem isso ocorre hoje: observe que, no caso da aluna que atirou uma cadeira contra o professor e o chamou de idiota, a escola ainda está pensando se deve puni-la...

Dois, tornar a escola secundária algo não-obrigatório, liberando os alunos preguiçosos ou imbecis mais cedo para as ruas, e os mais inteligentes para estudarem por sua conta ou com a ajuda de seus pais. O fato é que esse negócio de escolarização muitas vezes só serve para fins estatísticos, para o governo poder dizer que existem 99% de alfabetizados (mentira).

Temos milhões de analfabetos com diploma! Afinal no Brasil, o que conta mesmo é o diploma, jamais a educação. Estudar para adquirir conhecimento? Ora, isso é coisa de jumento.  

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A escola é necessária?

Há uma boa discussão no blog da Dicta & Contradicta sobre o tema do homeschooling. Enquanto este é proibido no Brasil, nos EUA já são mais de dois milhões de estudantes que aprendem unicamente com os pais, sem ir ao colégio.

Críticos do sistema dizem: a) que o aluno que não vai à escola perde oportunidades de socialização e b) que os pais não podem ser especialistas em matemática, física, biologia, história, etc.

A primeira acusação é, parece-me, infundada. Oportunidades de socialização não faltam em outros lugares. Depois, para alguns a escola pode até ser um período de momentos inesquecíveis em que se fazem amigos que duram para a toda a vida. Para muitos outros, no entanto, é apenas um pesadelo no qual se sofre constante bullying, há competição desenfreada para ver quem tem o tênis ou celular mais maneiro, a frase mais ouvida é "te pego no recreio", e -- nos dias de hoje -- violência, drogas, estupro coletivo e tiroteios estão se tornando quase comuns. (ver vídeos chocantes aqui). 

O segundo problema é real, mas nem tanto assim. Se é verdade que os pais não podem ser especialistas em tudo, também é verdade que é para isso que existem livros, caso necessário professores particulares ou tutores -- e a Internet.

A Internet, a meu ver, torna a escola praticamente desnecessária, ao menos para quem tem cérebro altamente desenvolvido e polegar opositor. Tudo está ali, basta saber procurar, e utilizar (como todas as ferramentas, também se presta a abusos). Não é à toa que hoje o grande negócio nos EUA são escolas e universidades online

Então, para que é necessária a escola? Bem, em primeiro lugar, é verdade que a solução do homeschooling não serve para todos. A escola sempre será necessária para a maioria da população, para todas as pessoas que não tem tempo ou condições de serem ao mesmo tempo pais e professores. Em segundo lugar, para ter filhos instruídos você precisa de pais instruídos. O esquema tampouco funciona com pais pobres semianalfabetos.

O problema é que, hoje em dia, a escola pública, e posteriormente a Universidade, virou uma fábrica de produzir pequenos marxistas. Pareceria que a sua grande função é criar pessoas acostumadas a acreditar que devem receber tudo de graça. Os estudantes já têm meia-entrada no cinemas. Agora querem transporte público a custo zero. Isso sem falar na lavagem cerebral sexológica, que querem instituir a idades cada vez menores, sabe-se lá com qual intuito.

Não acho que o homeschooling seja uma solução adequada a todos. Mas certamente é uma opção para muitos, e jamais deveria ser proibido, como (ainda?) ocorre no Brasil, este curioso país em que o presidente mais popular de sua história não terminou o primário e o deputado federal mais votado é analfabeto, mas ai de quem quiser educar os próprios filhos.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Educação superior: para todos ou para alguns?

Há três teorias sobre a inteligência humana. Uma é a da chamada tabula rasa, ou quadro branco. Segundo esta teoria, todos os seres humanos são iguais ao nascer, e a sua inteligência, bem como outras características como personalidade, emoções, comportamento são aprendidas a partir da aquisição de conhecimento ao longo da vida (nature < nurture). Outra teoria é que a inteligência e vários outros aspectos do comportamento do indivíduo são genéticos e hereditários, e não podem ser modificados (nature > nurture). Finalmente, há a teoria que diz que tudo é em parte genético e em parte ambiental, ainda que esteja se discutindo exatamente em qual proporção (nature = nurture).

As últimas descobertas científicas parecem indicar que haja um forte componente genético que determina a inteligência, ainda que fatores ambientais não estejam de todo descartados. Além disso, a própria experiência de vida nos diz que certas pessoas são mais inteligentes do que outras. (Ainda que em teoria isso também pudesse ser explicado por motivos ambientais, não parece muito lógico.)

Isto tudo vem a respeito da discussão sobre o ensino superior. Alguns dizem que a universidade deveria ser pública, gratuita e para todos. De acordo com a teoria da tabula rasa, até que faria sentido. Se todos tem a mesma capacidade de aprender, seria injusto que alguns, só por serem ricos ou terem bons contatos, pudessem ter acesso ao melhor do conhecimento universal e a profissões de maior renome (e melhor remuneração). Ainda assim, restaria o problema de que terminaríamos com um número de engenheiros, físicos nucleares e médicos muito acima do requisitado pelo mercado, e por conseguinte muitos taxistas e garis com um inútil diploma superior. (E não é que isso já acontece mesmo?)

Outros acreditam que a Universidade deva ser apenas para uma elite intelectual. Não necessariamente uma elite cheia da grana (embora, nos EUA, isso muitas vezes seja necessário, já que universidades como Yale ou Harvard não são nada baratas), mas uma elite privilegiada pela genética e com QI acima da média (estima-se que o QI necessário para cumprir com sucesso um curso de nível superior seria entre 115 e 130). Naturalmente, exames como o Vestibular ou no caso dos EUA o SAT servem para filtrar justamente essa população mais inteligente (ou mais estudiosa).

A questão é: e o restante da população? Bem, a democracia e sua idéia de que todos podem votar parece ter criado, por analogia, a idéia de que todos deveriam ter acesso ao mesmo nível de educação. O problema é que, salvo que a teoria do quadro branco esteja correta, algumas pessoas simplesmente não estão qualificadas para ser engenheiras ou médicas, por mais que estudem. Não é uma questão de esforço, mas de QI mesmo. Ora, não deveria ser um problema, já que há dezenas de ocupações nobres como encanador, padeiro, cozinheiro, etc. Isso sem falar que mesmo alguns gênios como Bill Gates jamais concluiram um curso superior. (Lula é outro exemplo de alguém que jamais concluiu um curso superior e se deu bem).

De fato, aqui nos EUA ocorre um problema curioso, que leva alguns a acreditarem que exista uma "bolha" nos custos da educação superior, que subiram assustadoramente ao longo dos anos. O fato é que o diploma universitário já não é garantia de mais nada, e muitas vezes serve apenas como símbolo de status. Em alguns casos, um encanador que trabalha bem pode ganhar mais do que um advogado formado, acredite. (Isso porque não há trabalho bom para todos os advogados que se formam, enquanto nunca falta trabalho para encanadores). Como um diploma superior custa vários milhares de dólares, o formando já sai para o mercado de trabalho endividado. Recentemente li a reportagem sobre a triste história de uma moça que pagou mais de 150 mil dólares para poder formar-se em Estudos Femininos, e agora não conseguia emprego, e tinha uma enorme dívida para pagar. (Mas que emprego pode-se conseguir com um diploma de Estudos Femininos? Ironicamente, depois da enxurrada de feminismo que deve ter aprendido, é possível que ela termine tendo que se virar como p***!)

No Brasil, o problema não é bem o mesmo, já que as universidades públicas e "gratuitas" costumam ser as melhores e paradoxalmente freqüentadas pelos mais ricos, a educação básica ainda é restrita, e os diplomados de nível superior não são tão numerosos em relação ao total da população, embora o número tenha crescido muito nos últimos anos. (Além disso, no Brasil o diploma tem uma importância precisa, serve para poder participar em concursos para ingresso no funcionalismo público).

Ainda assim, é uma discussão relevante. Continuarei a falar sobre o tema em um segundo post, em algum momento do futuro próximo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

A Internet é do mal?

Desde os anos 90, a grande moda entre os educadores é colocar mais e mais computadores nas escolas. Segundo reportagem recente, o governo brasileiro planeja colocar computadores com internet banda larga em 55 mil escolas até o final de 2010, e "Lula disse que sonha em dar um computador para cada uma das 34 milhões de crianças da rede pública do país." É computador pra burro (perdão pelo duplo sentido). Até a favela do Morro Santa Marta já tem wi-fi grátis (isto é, paga pelo contribuinte não-favelado).

Todos, naturalmente, assumem que é uma coisa positiva, já que o computador ajuda ao desenvolvimento intelectual e cultural da criança. Quer dizer... E se não fosse bem assim? 


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Analfabetismo político

Foi Bertolt Brecht quem disse certa vez que o pior analfabeto era o analfabeto político. Lamentavelmente, o que ele queria dizer com analfabeto era "não doutrinado na ideologia socialista". Para Brecht, o alfabeto era o beabá marxista.

Hoje, não há mais esse problema. Todos, desde criancinhas, são educados pela mídia, pelas escolas, pelo establishment enfim, a repetir os dogmas políticos esquerdistas da atualidade. Não há quem não aprenda desde os tenros seis anos a importância da "justiça social" e da "saúde pública e gratuita para todos".

O problema é que essa doutrinação não torna as pessoas menos analfabetas, ao contrário. Se eu ensinar que 2+2 = 5 não estarei educando ninguém.

Ou, como disse certa vez Reagan: o problema dos esquerdistas (liberals no dialeto local) não é que eles sejam ignorantes, é que que eles 'sabem' muitas coisas erradas.

Eles acham que saúde pública é "de grátis", que Stalin matar 20 milhões de pessoas de fome em nome da coletivização é bacana, que todas as culturas são iguais e podem ser substituídas umas pelas outras, que tudo o que basta para que os povos convivam em paz é a boa-vontade, e que qualquer problema pode ser resolvido com aumento de impostos.

A loucura é tanta que é possível que hoje em dia um caipira ignorante esteja melhor informado sobre como o mundo real funciona do que um estudante de marxniversidade.

Não é à toa que os Governos persigam tanto aqueles que querem realizar homeschooling*.

* Foi Hitler quem promulgou as leis contra homeschooling na Alemanha que ainda valem e foram utilizadas contra as famílias dos links acima. Lenin ("dê-me uma criança por 4 anos e farei dela um Bolchevique para sempre") tornou o ensino caseiro ilegal na Rússia em 1919, a proibição durou até 1992.


Mió sê afarnabeto, uai.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Idiotas, inc.

Assisti ao filme Idiocracy no outro dia, do qual havia visto anteriormente apenas trechos. Alguns acreditam que seja uma comédia, mas, embora dê para rir em várias partes, achei o filme algo deprimente. Afinal, é possível que sua história realmente reflita o futuro. O próprio filme é um reflexo disso, de fato: para agradar o público, também teve que ser dumbed down em algumas cenas, por exemplo com a colocação de um narrador que explica coisas desnecessárias. É um filme paradoxal. Ao mesmo tempo em que critica a estupidez e vulgaridade do público americano mundial, precisa mostrar essa estupidez e vulgaridade o tempo inteiro. E é assim mesmo. Grande parte da cultura pop atual é, de fato, puro lixo.

O argumento do filme, na verdade, não é de todo original: é baseado em uma história de ficção científica dos anos 50 chamada The Marching Morons. No conto, há no mundo uma superpopulação de idiotas, e restam apenas uns poucos inteligentes que têm o trabalho de coordenar e alimentar os imbecis, que se reproduzem cada vez mais. No final, através de uma grande campanha publicitária, os morons são convencidos a subir em foguetes e viajar para Vênus, onde - diz a propaganda - encontrarão praias e belas mulheres (na verdade, morrerão todos incinerados).

Será mesmo que existe uma superpopulação de imbecis? Será que a cultura atual é mais estúpida do a que a de eras passadas, ou é mera reclamação de velhos ranzinzas, saudosos de um passado (inexistente) no qual tudo era melhor?

Bem, acho que uma das diferenças de hoje com o passado é a questão da educação. Esta realmente decaiu em grande parte do mundo ocidental, um pouco por culpa de professores marxistas-feministas-doidistas mais interessados em "conscientizar" os estudantes do que ensinar-lhes coisas úteis, um pouco pela eliminação do estudo dos clássicos em detrimento de coisas mais muderrnas, e um pouco pela atitude atual em relação ao ensino, com maior interesse em notas, currículo e vestibular do que em real aprendizado, atitude esta que envolve não apenas os professores como os pais e os próprios alunos, e que pode ser resumida pelo seguinte cartum:

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Superstições contemporâneas

O Olavo de Carvalho, filósofo tão vilipendiado ultimamente, até que escreve coisas interessantes de vez em quando, mesmo para os que não seguem sua ideologia política ou estão pouco interessados nas eleições americanas. Leiam por exemplo este parágrafo:
A partir do momento em que o universo cultural passou a girar em torno da tecnologia e das ciências naturais, com a exclusão concomitante de outras perspectivas possíveis, era inevitável que o imaginário das multidões fosse se limitando, cada vez mais, aos elementos que pudessem ser expressos em termos da ação tecnológica e dos conhecimentos científicos disponíveis. Gradativamente, tudo o que escape desses dois parâmetros vai perdendo força simbolizante e acaba sendo reduzido à condição de "produto cultural" ou "crença", sem mais nenhum poder de preensão sobre a realidade. O empobrecimento do imaginário é ainda agravado pela crescente devoção pública ao poder da ciência e da tecnologia, depositárias de todas as esperanças e detentoras, por isso mesmo, de toda autoridade. Isso não quer dizer que as dimensões supramateriais desapareçam de todo, mas elas só se tornam acessíveis ao imaginário popular quando traduzidas em termos de simbologia tecnológica e científica. Daí a moda da ficção científica, dos extraterrestres e dos deuses astronautas. Mas é claro que essa tradução não é uma verdadeira abertura para as dimensões espirituais, e sim apenas a sua redução caricatural à linguagem do imediato e do banal.

Antigamente, o populacho acreditava em bruxas, duendes, anjos e demônios, dilúvios universais. Hoje em dia, graças ao cientificismo de nossa época, as alucinações adquiriram um caráter supostamente mais "científico" - e portanto, para os padrões de nossa época, mais "realista". Assim em vez de bruxas temos seres paranormais em laboratórios secretos da CIA; em vez de duendes temos ETs; em vez de dilúvios mandados por deuses para punir a cobiça humana, temos um "aquecimento global" enviado pela própria Terra para punir a cobiça humana, etc... Por baixo do ligeiro verniz "científico", podemos reconhecer as mesmas fantasias e medos de sempre.

E chegamos então ao pânico com o "criacionismo" e seu possível ensino nas escolas, pânico que chegou até ao Brasil e está contaminando todos os ateus e agnósticos do Oiapoque ao Massachussets. Ora, mas qual o problema afinal?

Confesso que acho um pouco exagerada toda essa preocupação com o seu possível ensino. Como se o ensino de ciências nas escolas fosse grande coisa, como se a maior parte das pessoas soubesse tudo de ciência e o criacionismo estivesse por arruinar tudo e nos fazer voltar à Idade das Trevas...

Quantas pessoas entendem realmente a teoria da seleção natural e da evolução, em todos os seus detalhes? Nem eu posso dizer que seja uma delas. E a quem isso faz diferença na vida cotidiana, fora a quem vai fazer pesquisa na área biológica ou genética? E essas pessoas certamente não vão aprender "criacionismo" na faculdade de ciências.

Então, não vejo como um problema assim tão grave a perspectiva que o criacionismo possa ser ensinado nas escolas. Já há tanta besteira anti-científica sendo ensinada ou passada por outros meios, inclusive a televisão. De fato, mesmo não sendo este ensinado nas escolas, muitas pessoas acreditam no criacionismo, e sua vida não é melhor ou pior por causa disso. Não acredito que com o seu ensino escolar a proporção mudaria muito mais.

Além disso, o Gênesis é meu livro preferido da Bíblia. Vejam que bacana este começo:

1 No princípio criou Deus os céus e a terra.
2 E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
3 E disse Deus: Faça-se a luz; e fez-se a luz.

Não é preciso levar ao pé da letra, é claro. Ou mesmo acreditar. Não pretendo estimular o obscurantismo entre os meus poucos leitores. Mas certamente o criacionismo é mais fácil de entender do que a teoria de Darwin e seus seguidores, por mais correta que esta seja, e isso talvez explique sua permanência. Afinal, todos acreditamos em algo que não pode ser provado: até Dawkins acredita em deuses astronautas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Demofobia

Já falei da questão da educação sexual para crianças nas escolas, e de como a acho inútil e até contraproducente (dados indicam que só aumenta grzvidez adolescente e DSTs).

Mas o que achei mais interessante neste embate aqui do Reinaldo Azevedo com um funcionário petista foi o seguinte trecho:

Petista: Caso esses argumentos ainda não te tragam luz, vá pregar abstinência sexual para alunos de alguma escola pública do Capão Redondo, quem sabe você não nos surpreende!?

Reinaldo: De novo, a demofobia. Segundo entendo, a abstinência poderia ter alguma chance de sucesso em Higienópolis ou no Alto de Pinheiros (bairros ricos de São Paulo), mas não no pobre Capão Rendondo.... Huuummmm... Pobre é assim mesmo, né? Quando não tem o que fazer, ou canta rap ou fornica — no Nordeste, as rendeiras e as lavadeiras cantam músicas folclóricas... Olhem a gente horrível, equivocada, ignorante, que cuida da educação sexual das nossas crianças.

De fato, nota-se na esquerda muitas vezes uma coisa que a princípio pareceria ilógica, isto é, o absoluto desprezo dos líderes esquerdistas pelo povo e pelas classes populares.

Mas tal desprezo, na verdade, não deveria surpreender. O povo, para a esquerda, é apenas uma massa de manobra. Um grupo amorfo que precisa de uma elite esquerdista para conduzi-lo ao bom caminho. É um pessoal tão burro que não sabe nem sabe o que é melhor para si: tanto que precisa de um governo iluminado que o controle e que lhe explique até como transar.

E outra coisa: o povo em geral é mais conservador do que as elites. Desconfio que, ao contrário do que diz o funcionário petista, um programa que promovesse seriamente a abstinência teria mais sucesso em Capão Redondo do que nos Jardins.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Historinha americana

Há um mendigo que mora na biblioteca da Universidade. Bem, não exatamente: mora pela cidade, pedindo trocados. Dorme na rua. Mas vai ao banheiro da Universidade para se lavar, realizar as suas necessidades e para utilizar os computadores.

No outro dia estava lá, usando os computadores da biblioteca para assistir filmes pornô hardcore na Internet.

Ninguém falou nada, ninguém o expulsou. Por quê? "Liberdade de expressão", disseram. Não se pode censurar o que ele vê. Tampouco se pode expulsá-lo ou impedir que use o espaço, afinal, a universidade é "pública", mantida parcialmente pelos impostos da população (mendigo paga imposto?).

(O que não entendi é como tem acesso aos programas, que requerem senha só disponível para estudantes ou pessoal da universidade; mas talvez seja um mendigo hacker).

Não é o único homeless que de vez em quando vai ao campus; há mais de um. Causam certo transtorno para os estudantes, é verdade; um sujeito barbado assistindo filmes pornô entre as estudantes calouras é, para dizer o mínimo, algo embaraçoso. E se for um estuprador? Mas não pode ser preso até não realizar nada que seja contra a lei.

Não sei ainda se contar isso como um aspecto positivo ou negativo: não sei se é um exemplo do grande valor que é dado aqui à liberdade, ou um exemplo da atual loucura politicamente correta...

É o país como ele é.

domingo, 28 de setembro de 2008

Marxismo e pós-modernismo em queda

Não é só a economia americana que está em queda. No Gene Expression, uma interessante série de gráficos mostra como termos como marxismo, pós-modernismo, feminismo, pós-colonialismo, orientalismo, e todas esses ismos tão em voga entre os acadêmicos - estão morrendo. Após o pico, no final dos anos 90, a curva inicia lentamente a descender.



Pareceria indicar que - finalmente! - as idéias estão se renovando. Ou então apenas que novas idéias idiotas (i.e. "aquecimento global") estão tomando o seu lugar.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Loucademia universitária

Antigamente as universidades eram consideradas templos do saber. Hoje mais parecem usinas de produção de loucura. Abaixo, trechos de uma dissertação de mestrado de Antropologia sobre a "sexualidade camponesa". Está disponível online para quem quiser ler, mas não cito a fonte diretamente para não embaraçar ainda mais seu autor (erros de português em vermelho):

Rapidamente já éramos oito homens no meio da caatinga. Neste ínterim, começaram todos a se tocar, a se acariciar, em silêncio, ouvi-se apenas os sussurros, os insetos e os pássaros nas moitas. Corpos suados, homens despidos, naquela penumbra da noite, em que não dava para saber, pois a intenção era experimentar o acontecimento, quem era o “ativo” ou o “passivo” no intercurso sexual, quem era André, Tadeu, Juca, Joaquim, Ivo, Mário etc. Apenas corpos, exalando um cheiro intenso de esperma. Pura criação. Ao término, quando os pais-de-família ejacularam, André finalmente quebra o silêncio e diz: vão na frente. Depois eu, Tadeu, Mário, Ivo e Paulo [antropólogo] vamos depois!

Nesse contexto, quanto mais mal-dito eu ia me tornando, via rumores, mais os homens goiabeirenses me procuravam, na maioria das vezes, excitados, falando sobre o tamanho dos seus pênis e de suas performances sexual para com as mulheres e animais.

Não se trata de identidade homossexual, não se trata de identidade cultural, mas das infinitas possibilidades do corpo. Os mal-ditos viados de Goiabeiras, é válido ressaltar que eles não assumem nada, engendram uma máquina de guerra estética, alicerçada por uma ética e por uma estética dos afectos, que faz ricochetar os ditames do parentesco, como veremos. Este corpo-receptáculo para o gozo, receptor do sêmen do Outro, faz acontecer ritos iniciático, no âmbito das sexualidades, com muitos jovens imberbes no vilarejo. Gerações passam por este corpo-receptáculo mal-dito. Meninos-homens que experimentam os prazeres da carne com o mesmo e concomitantemente com suas esposas e animais.

Por que o camponês no Brasil parece cumprir uma missão divina (cristã e acadêmica) em que a sexualidade, na grande maioria das pesquisas, é para a reprodução da espécie? Esta dissertação tem como principal propósito da vazão ao corpo, fazê-lo gozar.

O que explica esse disparate pornográfico, entremeado com citações a Barthes e Foucault?

O problema é a educação. Uso essa frase feita com um outro sentido: o problema não é a falta, mas o excesso de educação. De um certo tipo de educação, é claro.

Parafraseando Rousseau, o homem não nasce esquerdista. É a sociedade que o transforma. Ninguém nasce acreditando na necessidade da "justiça social" e na vilania da cultura branca ocidental judaico-cristã; são as escolas, mídia e universidades que transmitem essa ideologia às pessoas. Imagino o professor que corrigiu o trabalho. Citar o "Outro", assim mesmo em maiúsculas? Confere. Utilizar expressões bacanas mas sem sentido como "máquina de guerra estética"? Confere. Criticar a moral cristã ou burguesa? Confere. Falar sem pudores sobre o homossexualismo ou até a pedofilia (meninos-homens) e o bestialismo (animais)? Confere. Citar intelectuais franceses? Confere.

Não tenho dúvidas que o aluno que escreveu a dissertação acima tirou nota máxima, com louvor. Repetiu a cartilha à perfeição.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Educação sexual


A educação sexual nas escolas serve para alguma coisa? Pesquisas indicam que tanto os jovens que tiveram aulas de educação sexual quanto os que não tiveram têm o mesmo nível de gravidez adolescente e o mesmo nível de conhecimento sobre uso de camisinha, DSTs e métodos anti-concepcionais. Se moças continuam engravidando, em geral não é por não saber a história das abelhas e das flores. Sexo sempre se aprende, não necessariamente na escola.

Mas alguns desses famosos "especialistas" argumentam que o problema é que a educação sexual começa tarde demais, e deveria ser ministrada a crianças de cinco anos. Estranho, nunca soube de crianças de cinco anos grávidas. De nove, acho que sim.

O curioso é que há dois approaches de educação sexual - o que promove a abstinência, favorecido pelos conservadores, e o chamado "comprehensive sex education", que promove os anti-concepcionais, favorecido pelos liberais - mas nenhum parece funcionar muito. As garotas continuam engravidando e os garotos continuam pegando doenças. Na verdade, os programas pró-abstinência até reduzem por um período a atividade sexual, embora seu efeito não seja muito duradouro. É algo melhor do que o método "comprehensive" (abrangente), que não tem efeito nenhum.

E o mais curioso de tudo: a maioria dos jovens americanos é a favor dos programas pró-abstinência e acredita que eles funcionam... Ué!

A perereca da professora.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Abandono intelectual

Surpreende um pouco a sanha com que a dita Justiça brasileira persegue os meninos David e Jonatas, de 14 e 15 anos, e a família que decidiu ensiná-los em casa ao lugar de levá-los à escola. Quando há tantos garotos de 14 e 15 anos por aí cheirando cola, pedindo esmola ou assaltando, quando a maioria dos estudantes sai da escola sem saber nem mesmo entender um texto ou realizar simples equações, quando mesmo entre universitários o nível de redação em língua portuguesa é assombrosamente baixo, é bizarro que a família dos garotos, que lhes ensina de matemática a hebraico, seja acusada de "abandono intelectual".

Talvez as razões sejam as seguintes:

1. O fato de que o sucesso dos garotos (eles acabam se ser aprovados) nada mais demonstre do que a total falência da educação pública atual;

2. O que importa para os governos não é a educação real, mas os números. Estatísticas que podem ser utilizadas para mostrar o "avanço social". Número de alunos matriculados, etc. Não interessa que os tais alunos saiam da escola semi-analfabetos, o que importa são os números.

3. Menos alunos na escola significa menos alunos com o cérebro lavado na cartilha politicamente correta marxista que hoje substitui grande parte do ensino.

P. S. Olavo de Carvalho comenta:

David e Jonatas, sob ameaça de ver seu pai enviado à prisão por crime de “abandono intelectual”, submetidos pelo Ministério da Educação a exame capcioso propositadamente dificultado com o intuito de reprová-los, humilharam quem os pretendia humilhar: passaram nas provas, embora quase metade das matérias a cair só lhes fossem reveladas uma semana antes. O pai das crianças agora exige que exame idêntico seja imposto aos alunos de escolas públicas. Não passariam nele nunca, porque não passam em provas incomparavelmente mais fáceis. Eu exijo mais: exijo que o sr. ministro da Educação faça o mesmo exame. Se não passar, que vá para a cadeia por três crimes: (a) abandono intelectual de si próprio; (b) discriminação e crueldade para com crianças, por tratar os dois meninos com manifesta e perversa desigualdade em comparação com os alunos de escolas públicas e por obrigá-los a prestar exame sob condições de intimidação psicológica intolerável; (c) estelionato, por fingir-se profissionalmente habilitado a julgar o que está acima de sua capacidade.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O fim da disciplina

Um dos aspectos mais curiosos de nossa época talvez seja a intenção de querer abolir as regras antigas, "ultrapassadas", que funcionaram mais ou menos bem ao longo de alguns séculos, e substituí-las por coisas novas não-comprovadas e inventadas pelo intelectual do momento, não por alguma razão lógica, mas porque seus idealizadores acreditam que "o mundo seria mais bacana se fosse assim".

Penso por exemplo na questão da educação.

Aqui na Argentina houve vários casos recentes de alunos agredindo ou ridicularizando professores e depois ainda colocando os vídeos na Internet. Em grande parte dos casos nada aconteceu com os alunos. Evidentemente, é impensável que o professor ou professora em contrapartida encoste um dedo na criança ou adolescente, pois poderá ser acusado/a de violência ou assédio sexual, perder o emprego e até mesmo ser agredido/a com violência pelo pai ou mãe do aluno, que não acredita que seu amado filho mereça punição ou nota baixa.

Cito por conveniência os casos que ocorreram aqui mas trata-se de um fenômeno, na verdade, global. Hoje o aluno não é punido ou disciplinado, pois o professor perdeu a sua autoridade. Em parte porque os pais não querem, em parte por questões culturais, em parte pelo pensamento esquerdista de que "não adianta punir" ou até de que a disciplina seria algo nocivo. Mesmo ser colocado em recuperação, rodar de ano ou levar notas baixas é visto como algo negativo, "que poderia acabar com a auto-estima do aluno", e nós não queremos acabar com a auto-estima de um aluno indisciplinado que nunca abriu um livro, certo? E muito menos acabar com a auto-estima de seus pais, que acham que seu filho merece tudo, até porque está pagando altíssimas mensalidades ou altíssimos impostos.

Não contentes com acabarem com a disciplina nos colégios, agora querem acabar com ela nas famílias também. Na Suécia ou não lembro qual país do norte da Europa, já é proibido por lei um pai dar palmadas no seu filho. Não duvido que no futuro próximo um garoto possa levar seus pais ao tribunal por ter levado uma chinelada por mau comportamento.

O problema desse pensamento é o seguinte: é baseado numa utopia, numa visão idílica da vida que não corresponde à realidade. Vivemos em um mundo onde há crianças escravas, crianças prostitutas, crianças sexualmente abusadas e espancadas pelos pais, crianças dando e levando tiros no tráfico, crianças drogadas, etc. Mas a preocupação da sociedade é com o adolescente punido pelo pai ou professor, algo inadmissível na nossa sociedade ultra-liberal.


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Lavagem cerebral obrigatória

Há uma interessante matéria na Folha sobre um casal que luta na justiça pelo direito de educar o próprio filho. Enquanto nos EUA e outros países o movimento de "homeschooling" cresce, no Brasil é proibido tirar os filhos da escola. Os pais podem até perder a guarda do filho se continuarem nesse rumo.

Pareceria que o Estado é que é o "dono" da criança. De fato, uma das educadoras citadas na matéria argumenta o seguinte:

“Do ponto de vista estritamente individual dá para compreender a atitude dos pais. Mas tem o ponto de vista maior, que é preservar uma política pública. Não dá para deixar que cada um resolva a escolaridade do seu filho à sua maneira.

Não-dá-para-deixar. Entenderam? Quem manda é o Estado.

Ora, o que se aprende hoje em dia na escola além de doutrinação? Pouca coisa. A qualidade de ensino no Brasil é péssima, e muito mais se aprende com a família, ainda que de forma indireta. Eu aprendi muito mais lendo em casa, pois venho de uma família na qual sempre se leu e estudou muito. Quem dependia só da escola se ferrou.

O sempre ótimo Pedro Sette Câmera fala aqui sobre sua experiência escolar:

Chega a ser comovente perceber como as pessoas esquecem a sua experiência escolar. No dia em que eu soube que nunca precisaria ter contato com a química orgânica, senti um alívio como jamais experimentei novamente. Esqueçamos os objetivos nominais da escola. A principal experiência que ela proporciona é a sensação de um nonsense institucional: você tem que aprender coisas pelas quais não tem o menor interesse, ouvir as respostas de perguntas que não fez nem faria, ditas por alguém que quase sempre também demonstra que preferia estar na praia, e o objetivo supremo disso é passar num exame para um curso universitário que você não sabe se quer fazer. Depois as pessoas ficam ressentidas, achando que essa parte da vida delas é uma mentira, e… elas têm toda razão. É um desperdício de tempo e dinheiro. (...)

O mais comum é que você preserve os seus interesses intelectuais apesar da escola, não por causa dela. No meu caso particular, sei que devo muito a algumas professoras de literatura, mas são exceções tão fortes que suas aulas constituem as únicas memórias vívidas que ainda guardo de situações de ensino. De resto, só tenho lembranças de momentos passados com meus amigos. E é por causa deles, dos nossos pares, que recordamos o passado com algum carinho.

Eu não tive uma experiência escolar particularmente ruim, mas se penso em tudo o que estudei e que hoje não me serve mais tampouco acho que esta tenha contribuído tanto assim. E acho que uma família deve ter o direito de educar os próprios filhos em casa se assim o desejar. Garanto que no fim das contas estarão muito mais aptos a enfrentar o Vestibular e a vida do que muitos garotos que freqüentam a escola pública atual.