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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O que é o mercado?

O Lula falou no outro dia uma coisa assim:

Eles venderam a lógica de que o Estado não prestava para nada, de que o Estado não podia nada e que o ‘deus mercado’ é que iria desenvolver os países, é que iria fazer justiça social. Esse ‘deus mercado’ quebrou. Quebrou por irresponsabilidade, quebrou por falta de controle, quebrou por causa da especulação.

Não sei quem são esses "eles" a quem o Lula se refere, provavelmente os banqueiros loiros de olhos azuis. E não acredito que ninguém tenha jamais dito que o "mercado" faria "justiça social", afinal não é sua função. Tampouco "quebrou", pois empresas - ou governos - podem quebrar, mas o "mercado" em si não quebra. Mas não importa o que o Lula falou porque ele é muito inguinorante. O problema mesmo é que muitas outras pessoas - mesmo pessoas com estudo e até PhD - tampouco têm a menor noção dos fundamentos mais básicos da ciência econômica.

Observo que isso ocorre especialmente na esquerda. Às vezes tenho a impressão que os esquerdistas acham mesmo que o mercado é uma espécie de deus. Na sua primitiva ignorância, acreditam que dinheiro cai das árvores, que é possível ter um almoço grátis, e que princípios tão básicos como a lei da oferta e demanda respondem a desígnios divinos impossíveis de compreender pelos comuns mortais.

Ora, mas o que é o tal "deus-mercado" de que tanto falam? Estou muito longe de entender de economia, mas, como serviço de utilidade pública, coloco aqui alguns breves vídeos de animação que achei no Youtube explicando alguns princípios básicos que toda criancinha de oito anos deveria saber.

O primeiro é uma breve explicação sobre o livre mercado, comparando com o Estado autoritário. Também há um cartoon bacana de 1948 explicando a diferença entre o capitalismo e o socialismo. E uma instigante versão em quadrinhos, também dos anos 40, explicando "A Road to Serfdom" do Hayek em 5 minutos. E ainda tem esta série mais longa que dá toda uma aula de economia em forma de cartum para crianças. Finalmente, o pessoal do South Park explica a recente crise econômica.)

Se uma criancinha de oito anos pode entender, porque Lula e Obama - que está novamente propondo aumento de impostos e gastos trilionários do governo - não podem?


terça-feira, 9 de junho de 2009

Leviatã

Políticos seriam uma coisa engraçada, se não fosse trágica. Embora o tal "stimulus package" não tenha ainda gerado um emprego sequer, e aliás o nível de desemprego só tenha crescido desde que o messias assumiu, Obama continua prometendo empregos a meio mundo. Hoje fala em 600.000 novos empregos. Até a Associated Press, normalmente obamista, está desconfiando, com uma manchete irônica: "Novo plano de Obama é o mesmo anterior". (Aliás, o único setor que está tendo aumento de empregos é o da burocracia governamental obamista.)

Para os desavisados, uma conselho amigo: se algum político prometer empregos, não acredite. Político não pode criar emprego, salvo para seus familiares e amigos. Na Argentina agora tem um político que quer criar a "lei do primeiro emprego": por lei, todo jovem argentino teria seu direito ao "primeiro emprego" garantido... Quem não entender a impossibilidade de tal lei ser algo mais do que frases em um pedaço do papel, que continue votando em políticos idiotas. Assim caminha a humanidade.

Gordon Brown, enquanto isso, está sendo humilhado pelos votantes na Inglaterra, mas nem isso o convence a se demitir. Ao contrário, em um encontro do seu partido, afirmou: "O que pensariam as pessoas se um governo Trabalhista enfrentasse com covardia um período de crise, e se afastasse do povo nesse momento de necessidade? Não, estamos ficando com eles." Lula não diria melhor. Poxa, não está vendo que o "povo" não quer ver você nem pintado?

O pior é que, lá como cá, e acolá também, o Estado - Leviatã - só tende a crescer. O fracasso do welfare state gera, paradoxalmente, um desejo por mais welfare state. Pessoas que perderam seu emprego querem um novo emprego ou ao menos uma boquinha no governo. Além disso, os políticos descobriram que, quando o povo cansar deles, podem sempre importar novos imigrantes para votar neles. Obama já está encaminhando a possibilidade para que os imigrantes ilegais votem nos EUA, de modo a obter a tirania Democrata para todo o sempre.

Aqui, um artigo bem interessante sobre a moderna vingança do Leviatã, pelo polêmico Takaun Seiyo.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O padre neoliberal

Em tempos de tantos padrecos petistas de batina vermelha, é interessante ler sobre o padre Pedro Pablo Opeka, que nasceu na Argentina mas mora há três décadas no Madagascar, ajudando a população local. Eis aqui algumas de suas declarações:

"El asistencialismo es una mala manera de ayudar al hombre. Hay que acompañarlo para que aprenda a bastarse por si mismo, a superarse. Puede ser un recurso para enfermos o discapacitados, pero a la gente en general hay que demostrarle que puede vivir de sus propias fuerzas".

"Los gobiernos que fomentan el asistencialismo están fomentando la delincuencia y la exclusión y están profundizando el problema. Y si no se atacan en serio las causas de la pobreza es para seguir aprovechándose de ellos, utilizándolos".

"La riqueza la tiene que crear el trabajo genuino, la capacitación, la superación de las condiciones de vida para que las personas se puedan independizar de los gobiernos. Pero entonces se acaba el clientelismo."

quarta-feira, 18 de março de 2009

A gente somos inútil!

Em nenhum país o nanny-state (Estado-babá) está tão evoluído quanto na Inglaterra, onde o governo controla praticamente todo aspecto da vida do cidadão. Estado-babá é a expressão mais correta: trata-se, de fato, de infantilizar todos os cidadãos, tratá-los como incapazes para melhor controlá-los. George Orwell estava certo, sua utopia totalitária só errou de ano e de modo: não é uma ditadura, é uma democracia na qual o povo se acorrenta por sua livre e espontânea vontade.

Uma recente notícia ilustram bem o caso. Os extintores de incêndio poderiam ser proibidos e retirados de vários prédios, pois seu uso inadequado em mãos inexperientes poderia causar mais danos do que soluções, dando uma falsa sensação de segurança. A recomendação em caso de incêndio é apenas fugir e chamar os bombeiros. Pode parecer surpreendente, mas é apenas a seqüência lógica do que já se faz com as armas de fogo. Se assaltado, não reaja, não use de meios próprios de autodefesa (os quais aliás você não tem o direito de possuir): apenas chame a polícia.

Que os políticos queiram cada vez mais controle sobre a vida (e sobre o bolso) do cidadão não espanta nem pode espantar ninguém com mais de 18 anos e alguma experiência de vida. O que espanta é a docilidade - eu diria até o alívio - com que tais esquemas são recebidos por grande parte da população. "A gente somos inútil", eles parecem querer dizer.

Em um comentário em outro blog, um jovem americano de 22 anos tem uma tese interessante sobre as causas do crescente estatismo mundial:

"We’ve all been sheltered by parents who try to protect us from risk and icky bad things, and so we think we’re special, and naively believe that most of the world’s problems really can be solved, and by government at that."

De fato, em um sentido mais amplo, podemos observar que o Estado-babá atual é resultado da prosperidade e segurança observadas até recentemente no mundo desenvolvido, e que acabaram por criar uma aversão a riscos que se aproxima da tolerância zero. A medicina moderna pode curar a maioria das doenças, portanto estar doente ou até fora do peso ideal já é visto como algo terrível. A violência urbana é relativamente pouco freqüente, portanto as pessoas querem manter o mesmo nível de vida sem risco em todas as facetas. A aversão a riscos - sempre existentes na liberdade - leva as pessoas a preferirem a segurança.

O curioso é que no Brasil, onde não se chegou a tais níveis de prosperidade ou segurança (o sujeito pode morrer de bala perdida na próxima esquina), onde a falha do Estado em proporcionar segurança, educação, saúde e qualquer coisa aproximando-se de um serviço meramente medíocre é palpável cada momento, o curioso é que mesmo assim o Estado é visto sempre como salvação. Aqui acho que a explicação é outra. Gostamos do Estado-babá simplesmente porque não conhecemos outra coisa. Não há infantilização, somos infantis por natureza. Ao contrário dos americanos, asiáticos ou europeus, nunca crescemos, nunca deixamos de ser crianças.

Unhéééé!

sábado, 31 de janeiro de 2009

Dinheiro na mão do Estado é vendaval


Lula anuncia o fim do capitalismo. Não é o único. Vários líderes mundiais também já anunciam que a era do "capitalismo sem limites" (quando existiu isso?) acabou, e é hora do Estado assumir cada vez mais as rédeas do mercado.

Cui bono? A quem beneficia que o governo tome conta de cada vez mais dinheiro? Ao governo, é claro. Quem é que faz essa propaganda pró-governo? O governo, é claro. Quod erat demonstrandum.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Fumantes terciários e polícia gastronômica

Bette Davis

Fumar tabaco faz mal, não há dúvida. (Marijuana também, atenção). Mas nunca foi claramente provado que o "fumo passivo" fosse tão prejudicial assim (as pesquisas divergem). Mas tudo bem: aceitemos que faz mal.

Pois agora, depois do "fumo passivo" ou "fumo de segunda mão", surgiu agora o "fumo de terceira mão". Está numa reportagem do sofisticado New York Times, traduzida aqui para o bom português. Basicamente, são os resíduos de fumaça ou tabaco que ficam nas roupas, cortinas, etc., e que poderiam ter terríveis efeitos sobre a população (é o que garantem os pesquisadores).

Parece mais um esquema para aumentar impostos ou criar proibições e novas formas de controle social tendo como desculpa, como sempre, os pobres fumantes (não, não fumo, obrigado).

Parece que viramos uma sociedade de idiotas, em que o governo precisa proteger a tudo e a todos das próprias escolhas, e cobrando impostos altos para isso.

Se o exemplo não convence, pense então neste outro: o governo inglês está testando um projeto que já foi apelidado pelos críticos de "polícia gastronômica": funcionários pagos pelo Estado que iriam de casa em casa explicando à população como utilizar as sobras de comida, como preparar as porções corretas para evitar restos, e até mesmo como armazenar melhor a comida no freezer. A idéia seria reduzir as sobras de comida que, segundo o governo inglês, são responsáveis por 18 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono, o que contribui para o aquecimento global. Por ora a idéia está apenas em testes, mas se aprovada teria um custo em escala nacional de dezenas de milhões de libras.

P. S. Fumar é sexy? Outras fotos de mulheres fumantes aqui.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O mundo que virá

Alguns leitores aqui, por motivos que desconheço, parecem não gostar muito nem de Olavo de Carvalho nem de Reinaldo Azevedo. E de J. P. Coutinho, o que será que acham? Eis o que ele escreve em sua última coluna sobre os distúrbios na Grécia:

Quando vejo os pequenos selvagens da Grécia, é impossível não perceber o drama central desses meninos: habituados ao conforto e à segurança de um Estado que os trata como menores, eles continuam a esperar da entidade paternal o manto protetor das suas existências: no ensino, na saúde, no trabalho, na habitação, no consumo, na educação dos filhos e até, quem sabe, no fabrico deles. Inevitável: educados na dependência, eles não se distinguem dos mais básicos dependentes.

Infelizmente para eles, para a Grécia e para a Europa, o pai dá sinais de falência e os filhos terão que procurar a sopa noutras panelas. A violência de Atenas, que a prazo se espalhará pelas restantes cidades do continente, faz parte do processo. Crescer dói.
O mundo está mudando, e não necessariamente para melhor. Todo um certo modo de vida está lentamente desmoronando. Curiosamente, ao mesmo tempo em que a Europa dá sinais de que o Velho Esquema está indo por água abaixo, a América de Obama quer importar a mesma idéia falida. Vai, naturalmente, se ferrar.

Mas é compreensível: quando a coisa aperta, todos ou quase todos corremos para o braço dos pais protetores.

O problema é que papai gastou todo o dinheiro no cassino, e está devendo até as calças.

E agora toda uma geração acostumada ao Papai-Estado vai ter que aprender a ganhar o pão com o suor do rosto. Se é que vai haver pão e trabalho para todo mundo, é claro.

É como diz aquela piada: o otimista acha que em breve todos estaremos comendo bosta. O pessimista acha que não vai ter bosta pra todo mundo...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Governo, protegei-nos de nós mesmos

A prefeitura de Los Angeles decidiu proibir por um ano a abertura de novos restaurantes de fast-food em uma área pobre da cidade. O argumento é que "é preciso estimular a criação de alternativas mais saudáveis", já que um dos grandes problemas na área é a obesidade da população.

Curioso. Tempos atrás, os ricos eram gordos e os pobres eram magros e seu problema era a fome. Hoje os ricos são magros e os pobres são gordos e seu grande problema é o colesterol.

A preocupação do LA City Council com os gordinhos de classe baixa é louvável, mas talvez não leve em conta alguns aspectos fundamentais da natureza humana.

Ora, se há tantos restaurantes de fast-food na cidade talvez seja simplesmente porque as pessoas querem comer fast-food. Proibir a criação de novos restaurantes de fast-food não vai necessariamente implicar na abertura de restaurantes mais "saudáveis" pois, se houvesse interesse em restaurantes "saudáveis", eles já estariam lá. Ou alguém comeria a salada oferecida pelo McDonald's em vez do hambúrguer com batatinhas.

Além disso, a "comida saudável" custa mais e é bem possível que os pobres não tenham o dinheiro para comprá-la, ou simplesmente prefiram gastar seu dinheiro de outra forma.

As pessoas são gordas porque comem mal. E comem mal porque querem comer mal, não por causa das malvadas companhias de fast-food. A obesidade é certamente um problema nos dias de hoje em que há comida demais e exercício de menos, mas o governo não pode nem deve ser babá de ninguém. E é melhor ser gordo do que morrer de fome.

A obesidade é um grave problema na América.


Atualização: Ótimo artigo da Slate a respeito:

I assumed this idea would go nowhere because we Americans don't like government restrictions on what we eat. You can nag us. You can regulate what our kids eat in school. But you'll get our burgers when you pry them from our cold, dead hands.

How did the L.A. City Council get around this resistance? By spinning the moratorium as a way to create more food choices, not fewer. And by depicting poor people, like children, as less capable of free choice.


quinta-feira, 17 de julho de 2008

No pasarán


Em dramático desenlace, a famigerada lei 125 das “retenciones agrícolas” não passou no Senado argentino. Deu empate, e coube ao vice-presidente da Cristina Kirchner decidir. Ele votou contra o próprio governo. A lei não passou.

A proposta, basicamente, aumentava enormemente os impostos à exportação dos produtos agrícolas. Os agricultores, naturalmente, não gostaram e protestaram de forma inédita.

O conflito entre os agricultores e o governo já dura mais de 4 meses, durante os quais o país praticamente paralisou. O crescimento econômico este ano vai ser bem abaixo do esperado, a inflação aumentou e o Wall Street Journal faz graves críticas à condução do país. A popularidade da Cristina Kirchner caiu dos 56% aos 20%.

Mas como neste país hermano nunca se dá um passo para frente sem dar dois para trás, o governo peronista (rima com vigarista) decidiu reestatizar as Aerolineas Argentinas. Talvez devam mudar o nome para Kirchner Air.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Fé no Estado

Leio aqui que mais de 14 mil funcionários públicos demitidos por Collor irão voltar a ser contratados pelo governo petista. Por que deveriam voltar? Quem precisa deles? Alguém por acaso sentiu a sua falta?

Diz na maior cara de pau o repórter da notícia (ou as fontes do governo que mandaram ele escrever isso, não sei) que trata-se de "acertar as contas com o passado e quitar uma dívida histórica com o funcionalismo."

Dívida histórica de quem? Minha é que não.

Mas a coisa fica ainda pior. Diz a notícia que: "A Comissão Especial Interministerial (CEI), responsável pela análise dos pedidos, passou por modificações estruturais, ganhou novos integrantes e melhorou sua produtividade" e agora "um grupo de técnicos, estagiários e advogados se debruça sobre fragmentos da vida profissional de milhares de brasileiros que tiveram de entregar o crachá e esvaziar as gavetas."

Ou seja, não apenas há o gasto com os 14 mil ou mais que serão re-contratados, como o gasto com uma comissão inútil que ainda por cima ganhou novos integrantes e trabalha exclusivamente para realizar essa re-contratação de imbecis.

Para mim é curioso que as mesmas pessoas que criticam a corrupção acreditam que o Estado deva investir cada vez mais em educação, saúde, lazer, cultura, turismo, etc, etc, etc. E portanto contratar mais e mais e mais pessoas. O que, naturalmente, aumentará a corrupção. A solução para os problemas do Estado é sempre mais Estado. Por que não um pouco menos de Estado, pra variar?

A maioria dos brasileiros (diria, dos latinoamericanos) tem uma fé inabalável no Estado. Ora, o Estado é apenas um grupo de pessoas, como eu e como você ou até mais incompetentes, que simplesmente estão sentados sobre uma montanha de grana dos nossos impostos, e a gerenciam por nós a seu bel-prazer.

Pessoalmente, preferia ter a minha parte comigo e decidir eu mesmo que fazer com ela.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Por que não sou de esquerda?

Às vezes alguém me pergunta porque não sou de esquerda, como se não sê-lo fosse algum tipo de aberração. Por que não sou de esquerda?

1. Porque não acredito no socialismo. Acho que é um sistema que nunca funcionou e, mesmo se funcionasse, seria injusto e infeliz e não valeria a perda de liberdade que necessariamente implica. Certo, nem todos os esquerdistas são ou se consideram socialistas, mas o socialismo é o “non plus ultra” da esquerda, sempre buscam políticas sociais que tendem ao controle estatal sobre o indivíduo. Preferem a igualdade à liberdade. Eu prefiro o contrário.

2. Porque não gosto de criminosos, ditadores, guerrilheiros ou malucos. A esquerda sempre parece apoiar, ou ao menos justificar esses tipos. Quando o exército colombiano resgatou a Ingrid das FARC, logo apareceram os esquerdistas para... criticar ou diminuir o Uribe. Quando houve o atentado em Jerusalém com o bulldozer, logo pensei, logo vai aparecer algum esquerdista justificando. Dito e feito: lá estava um blogueiro dizendo que “embora eu não concorde, posso entender suas ações...”. Quando no Brasil aquele menino ficou preso pelo cinto após o roubo de um carro e foi arrastado por quilômetros, ou quando o Luciano Huck foi assaltado, também apareceu algum esquerdista que entendia os criminosos. Curioso que esse entendimento seja unidirecional. O esquerdista pode entender o comportamento patológico de ladrões, terroristas, criminosos, ditadores e celerados em geral. Por que então não entende o policial sob pressão que tortura bandidos? Por que não entende o soldado americano que, na dúvida, atira? Por que não entende a vítima de um ataque terrorista que, segundos antes de ser esmagada por um veículo de construção, atira o próprio bebê pela janela do carro, salvando a sua vida?

3. Porque a esquerda nunca acha que é de esquerda o suficiente. Quando as políticas da esquerda começam a dar errado, já aparece alguém para dizer que o tal político esquerdista “virou de direita”. Claro, pois a esquerda não erra jamais, e se errar, vira de direita, ou alguma outra coisa. No site dos “marxistas e comunistas por Obama” (é, existe isso), seus autores colocam um disclaimer dizendo que “as políticas seguidas por Stalin, Mao, Cuba e Coréia do Norte nada tem a ver com o marxismo ou o comunismo.” Ah não?! Mas é assim: uma vez que o método desemboca em genocídio, ditadura, fome e desgraça, aparece alguém para dizer, “não era socialismo de verdade, era estalinismo”. Mas não se preocupem, o próximo Socialismo sim, esse vai ser o de verdade...Ora, e porque razão eu deveria dar ouvidos a você? É como se alguém disesse, “olha, o Nazismo que matou milhões de pessoas não era o Nazismo de verdade, vamos tentar de novo...”

4. Porque não pretendo ser popular. 90% dos esquerdistas, não é que o sejam realmente, não é que entendam alguma coisa de política, de economia ou de história. Consideram-se de esquerda porque seus amigos e quase todo mundo que conhecem são de esquerda, porque a mídia é de esquerda, porque os ideais da esquerda, na teoria, parecem coisas bacanas. Fim da pobreza. Educação e saúde para todos. Um mundo de paz e fraternidade. Quem poderia ser contrário a essas coisas? O problema é que, na prática, a esquerda jamais traz igualdade, educação e justiça, mas apenas slogans vazios. A esquerda faz o esquerdista sentir-se bem consigo mesmo, e isso é o que importa, o efeito real de suas políticas no mundo real é secundário.

5. Porque considero as camisetas do Che Guevara um atentado à estética...

6. Etc.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Lavagem cerebral obrigatória

Há uma interessante matéria na Folha sobre um casal que luta na justiça pelo direito de educar o próprio filho. Enquanto nos EUA e outros países o movimento de "homeschooling" cresce, no Brasil é proibido tirar os filhos da escola. Os pais podem até perder a guarda do filho se continuarem nesse rumo.

Pareceria que o Estado é que é o "dono" da criança. De fato, uma das educadoras citadas na matéria argumenta o seguinte:

“Do ponto de vista estritamente individual dá para compreender a atitude dos pais. Mas tem o ponto de vista maior, que é preservar uma política pública. Não dá para deixar que cada um resolva a escolaridade do seu filho à sua maneira.

Não-dá-para-deixar. Entenderam? Quem manda é o Estado.

Ora, o que se aprende hoje em dia na escola além de doutrinação? Pouca coisa. A qualidade de ensino no Brasil é péssima, e muito mais se aprende com a família, ainda que de forma indireta. Eu aprendi muito mais lendo em casa, pois venho de uma família na qual sempre se leu e estudou muito. Quem dependia só da escola se ferrou.

O sempre ótimo Pedro Sette Câmera fala aqui sobre sua experiência escolar:

Chega a ser comovente perceber como as pessoas esquecem a sua experiência escolar. No dia em que eu soube que nunca precisaria ter contato com a química orgânica, senti um alívio como jamais experimentei novamente. Esqueçamos os objetivos nominais da escola. A principal experiência que ela proporciona é a sensação de um nonsense institucional: você tem que aprender coisas pelas quais não tem o menor interesse, ouvir as respostas de perguntas que não fez nem faria, ditas por alguém que quase sempre também demonstra que preferia estar na praia, e o objetivo supremo disso é passar num exame para um curso universitário que você não sabe se quer fazer. Depois as pessoas ficam ressentidas, achando que essa parte da vida delas é uma mentira, e… elas têm toda razão. É um desperdício de tempo e dinheiro. (...)

O mais comum é que você preserve os seus interesses intelectuais apesar da escola, não por causa dela. No meu caso particular, sei que devo muito a algumas professoras de literatura, mas são exceções tão fortes que suas aulas constituem as únicas memórias vívidas que ainda guardo de situações de ensino. De resto, só tenho lembranças de momentos passados com meus amigos. E é por causa deles, dos nossos pares, que recordamos o passado com algum carinho.

Eu não tive uma experiência escolar particularmente ruim, mas se penso em tudo o que estudei e que hoje não me serve mais tampouco acho que esta tenha contribuído tanto assim. E acho que uma família deve ter o direito de educar os próprios filhos em casa se assim o desejar. Garanto que no fim das contas estarão muito mais aptos a enfrentar o Vestibular e a vida do que muitos garotos que freqüentam a escola pública atual.