terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Conflito em Israel é a prova da existência de Deus?

Por que sempre tanto barulho em relação a Israel? Por que tanta luta e tanta gritaria por esse lugar que, como os leitores daqui que leram o post sobre Mark Twain sabem, há cento e cinqüenta anos era pouco mais do que um deserto povoado por alguns poucos miseráveis?

Por si só, a região não justifica toda essa luta. O país é menor do que o Sergipe. Não tem petróleo. Aliás, não tem nem água. Não tem riquezas minerais. A terra é ruim.

Mesmo em número de mortes, o conflito Israel vs. palestinos é pouco relevante para justificar toda essa atenção midiática e toda essa emoção popular. Mata muito menos do que qualquer conflito na África hoje em dia, menos do que a cólera no Zimbabwe, menos até do que os tiroteios nas favelas do Rio de Janeiro.

Nem mesmo em termos de vítimas palestinas as ações de Israel são tão relevantes. Os países árabes mataram mais palestinos do que Israel. O Líbano, ano passado, matou algumas centenas. A Jordânia, no Setembro Negro, matou 20 mil, que é dez vezes mais os que Israel matou em 40 anos. Até os próprios palestinos se mataram entre si às centenas.

Será que haveria então alguma Razão Superior para todo esse barulho? O colunista que assina como Spengler acredita que sim. Segundo ele, só a existência de Deus poderia explicar que haja tanto barulho por esse pedaço de terra meramente simbólico.

Bem, sou demasiado ignorante nesses assuntos para meter-me a discutir questões teológicas. Mas um comentarista anônimo escreveu o seguinte poucos posts atrás:

Mr. X, Israel é o centro do mundo e os Judeus são o povo no qual estão enxertados todos os Cristãos. Por isso Israel não sai do noticiário nem nunca sairá. Os ódios dirigidos ao povo judeu são insuflados pelo diabo que é o principe da terra. O diabo não conhece fronteiras nem mesmo se detem na frente dos que se dizem cristãos da boca pra fora mas não têm intimidade com Cristo. Muito pseudo cristão odeia os Judeus. Quando a conversão (a Cristo) é genuina esse sentimento não existe mais, mesmo que o convertido seja um palestino.

O diabo existe? Não sei, mas a incrível história de Walid Shoebat parece confirmar de algum modo a parte final do comentário do leitor. Walid é um ex-terrorista palestino que converteu-se ao cristianismo e hoje é um dos maiores defensores de Israel. Vale a pena visitar seu site e conferir alguns de seus textos e entrevistas. Magdi Allam é outro ex-muçulmano convertido ao cristianismo - pelo Papa em pessoa - que tornou-se um dos grandes defensores de Israel.

Será que Deus existe? Será que o ódio irracional contra Israel é insuflado pelo Demônio? Será que existe algum Plano Divino para nos tirar desta enrascada?

Não sei. Só sei que a situação por lá está uma confusão dos diabos... Talvez só Deus pra resolver. ;-)

Idelberg, agente sionista?

Amigos, tenho lido com atenção o blog de um certo Idelber Avelar, e fiz uma descoberta terrível. Seu nome na verdade é Idelberg Abravanel, e trata-se de um agente sionista disfarçado. Seu maquiavélico plano é o de fazer acusações tão absurdas e delirantes contra os judeus que terminarão por desacreditar de vez a causa dos palestinos, fazendo com que estes virem apenas motivo de piadas de salão. Eis o que ele diz:

A chacina começou a ser preparada há seis meses. Isso, por si só, desmantela qualquer uma das desculpas usadas por Israel para justificar o pior massacre da história de Gaza, desde o começo da ocupação ilegal da Palestina, em 1967.

O fato de que os alvos tenham sido cuidadosamente selecionados ao longo de vários meses, para Idelberg, é um crime terrível. Parece que ele preferia que os israelenses fizessem como os palestinos, e atirassem a esmo em qualquer lugar onde houvesse civis, sem qualquer planejamento prévio. Bem, por outro lado, isso sim seria uma "reação proporcional"...

(vejam depressa, porque há uma verdadeira operação de censura sionista sobre o YouTube; vários vídeos já foram retirados):

Os judeus controlam a mídia! Onde é que eu havia lido isso antes? No Mein Kampf ou no Protocolo dos Sábios de Sião? Bem, não importa. Rápido, amigos, assistam logo!

Na chamada "blogosfera progressista" norte-americana, nem uma palavra. Silêncio sepulcral.

Idelberg é o único a alçar sua voz contra a injustiça e a opressão! A única esperança dos palestinos! Idelberg, herói de nossa gente! Pena que poucos palestinos leiam português.

Este blog considera que o jugo criminoso sob o qual vive o povo palestino é a questão humanitária definitiva do nosso tempo.

Já este blog acha que as centenas de milhares de mortos no Zimbábue e no Sudão pareceriam uma catástrofe humanitária mais aguda. Mas Idelberg, sionista racista, acha que a vida de afro-africanos não conta.

A cada dia, fica mais longe a solução biestatal com que a comunidade internacional e os palestinos já concordaram há tempos: uma partilha ao longo das fronteiras de 1967.

Beleza! Então falta apenas combinar com o Hamas, que até hoje não reconhece Israel.

Mas são 7 milhões de israelenses, dos quais 20%, árabes, jamais defenderiam o estado sionista. Em volta dele, 1 bilhão de muçulmanos.
Finalmente, como quem não quer nada, Idelberg revela a verdade que todos teimam em ignorar: é o Islã contra Israel. 1 bilhão contra meros 7 milhões. Uma luta desigual, não resta dúvida.

Mas o que mais causa desconfiança é que Idelberg não apenas não permite comentários nos posts sobre o conflito, como também está tirando férias do blog para voltar apenas no dia 5 de janeiro... Hummm... Ele desaparece justamente neste momento em que Israel realiza uma operação militar em Gaza? Será que são férias mesmo, ou será que ele tem algum compromisso com seus amigos... do Mossad?!?

Idelberg trabalha sob ordens diretas de Tzipi Livni (foto).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A idiotice da "reação desproporcional"

Uma das frases em voga ultimamente, que praticamente só é aplicada a Israel, embora possa eventualmente vir a ser aplicada em outros casos (não duvido que venha a ser utilizada pelas ONGs de direitos humanos ao criticar a ação da polícia contra os bandidos) é a tal da "reação desproporcional".

A narrativa é a seguinte: os palestinos, apesar de terem lançado mais de 6 mil foguetes antes, durante e depois de um fingido "cessar-fogo", são muito ruins de pontaria e "só" conseguiram matar uma dezena de judeus (e duas crianças palestinas), embora o trauma causado em crianças (muitos mísseis caem em ou próximos a escolas) também deva contar como um de seus efeitos negativos. Aí Israel realiza uma ofensiva, destrói vários campos de treinamento e lançamento de foguetes e mata 200 militantes do Hamas. E lá vem os progressistas chorar pelos seus terroristas mortos e gritar, "reação desproporcional!"

(Curiosidade: de acordo com dados de organizações de direitos humanos palestinas, as lutas fratricidas entre Hamas e Fatah mataram em apenas uma semana 161 pessoas, mas por esses palestinos ninguém chorou - o que prova que o problema mesmo para os progressistas não é quem morre, mas quem mata).

Na verdade, qualquer reação de Israel que não fosse agüentar em silêncio seria considerada "desproporcional", mas não vem ao caso. É desproporcional? É. É sim.

Os progressistas, obcecados com a idéia de igualdade, acham que na guerra também deveria haver uma espécie de igualdade de mortos. Eu mato um, aí o inimigo tem o direito de matar um. Com os mortos contados pela ONU e certificados pelo Jimmy Carter. Ou seja, no fundo o que eles gostam mesmo é do tal "ciclo de violência" que tanto dizem lamentar.

Ora, a idéia da guerra é justamente ser desproporcional. Vencer o inimigo, custe o que custar. Woody Allen, no filme "Love and Death", paródia do "Guerra e Paz" de Tolstói, explicou isso direitinho: "Soldado, nós estamos em guerra contra os franceses. Se nós matarmos mais franceses, nós ganhamos. Se eles matarem mais russos, eles ganham".

Mas na mente do progressista, todos devem ser iguais. Todos, até o inimigo que quer matá-lo e esquartejá-lo. Tanto que já vi muitos esquerdistas torcendo para Irã ter logo a sua bomba nuclear, afinal, "não é justo que Israel e EUA e alguns países europeus tenham a bomba, e Irã não tenha." Não, não é justo. Ainda bem!

Se os palestinos tivessem uma bomba nuclear, pode ter certeza que a teriam já usado. Sob aplauso dos progressistas de plantão.

O poeta Robert Frost uma vez definiu o liberal como alguém que é tão compreensivo que tenta ficar neutro até numa briga em que ele mesmo participa.

Já vi esquerdistas americanos, por exemplo, que estavam tão incomodados com a invasão do Iraque que sonhavam com a invasão dos EUA por inimigos poderosos, "para aprender uma lição". Quer dizer, os infelizes torciam pela possibilidade de que sua família, amigos, vizinhos ou colegas fossem bombardeados ou fuzilados para que o governo do país em que eles moram aprendesse uma lição.

Acho que nunca na História da humanidade aconteceu coisa semelhante. O número de idiotas aumentou muito nos últimos tempos. Talvez seja culpa do "aquecimento global"...

domingo, 28 de dezembro de 2008

Poema do domingo

Guerra a la guerra por la guerra

Guerra a la guerra por la guerra. Vente.
Vuelve la espalda. El mar. Abre la boca.
Contra una mina una sirena choca
Y un arcángel se hunde, indiferente.

Tiempo de fuego. Adiós. Urgentemente.
Cierra los ojos. Es el monte. Toca.
Saltan las cumbres salpicando roca
Y un arcángel se hunde, indiferente.

¿Dinamita a la luna también? Vamos.
Muerte a la muerte por la muerte: guerra.
En verdad, piensa el toro, el mundo es bello

Encendidos están, amor, los ramos.
Abre la boca. (El mar. El monte.) Cierra
Los ojos y desátate el cabello.

Rafael Alberti (1902-1999)

Os vivos e os mortos

Nelson Rodrigues observou certa vez que nos comove mais a morte de um cachorro vira-lata na porta da nossa casa do que cem mil mortos em um terremoto na África. Feliz ou infelizmente, ele tem razão. Aquilo que nos é próximo nos causa mais dor. É da natureza humana.

Portanto, não deixo de achar curioso ou até forçado o vendaval de comentaristas lamentando tão profundamente a morte de 200 palestinos, tenham sido eles terroristas ou não. Afinal, esses zeloso seres que tanto amam a humanidade não lamentaram da mesma forma os 300 mortos em Mumbai, nem os 1.000 mortos de cólera no Zimbabwe, nem os 100.000 mortos na Chechênia, nem os milhares que morreram em atentados terroristas no Iraque, nem os 5.000 que morreram na recente guerra de traficantes no México, nem as centenas que morrem toda semana nas favelas do Rio de Janeiro. O que há nos palestinos que os toca tanto?

Toda guerra é um horror. Toda morte é uma tragédia. E, embora eu lamente pelas vítimas inocentes, que sempre existem, não posso deixar de acreditar que os militantes do Hamas escolheram esse destino. Ontem mesmo não estavam prometendo "guerra total"? Pois agora a tiveram.

Porém, pessoalmente, devo confessar certa insensibilidade. Entristece-me a morte de inocentes palestinos, sim, e não há nenhuma hipocrisia aqui. Mas me tocou mais a morte dos 300 indianos e turistas de Mumbai, ou os mortos nos atentados no metrô de Londres, ou os mortos nos atentados de Madri. Por quê? Por um motivo também egoísta. Tais mortos são, se não na distância, ao menos na afinidade, mais parecidos a mim. Imagino que, fossem diversas as circunstâncias, poderia ter acontecido comigo ou com algum conhecido. Enquanto que eu jamais poderia me imaginar em um campo de treinamento do Hamas bombardeado por Israel.

(E observem que os alvos do ataque foram cuidadosamente selecionados, não foi - como parecem pensar muitos - um ataque randômico a áreas civis. Foi uma operação planejada ao longo de vários meses.)

Um dos melhores blogueiros do mundo em língua inglesa, Richard Fernandez, acredita que o problema entre Israel e os palestinos são justamente os "acordos de paz". Os diplomatas bebem champanhe e celebram o "processo de paz", mas é tudo mentira. Não há processo de paz nenhum, nunca houve. Acreditar nesse delírio em vez de ver as coisas como elas são é justamente o que faz a violência continuar e a prolonga através das gerações. Já imaginou a ONU pedindo pros Aliados moderarem os seus ataques contra os nazistas? A II Guerra não teria acabado jamais:

There are some things which can’t be settled by diplomacy, ever. Not if people choose not to. War settles things which are non-negotiable. The destruction of Israel is not for our discussion or debate. That’s not my opinion. It’s Hamas’. What you want and what I want is not what they want. War is a terrible thing. But if the Peace Process people were around in World War 2, Patton’s grandchildren would still be on the Rhine, forever on the verge of beating the Nazi armies before the UN called for restraint. The Nazi armies would recover and a new Battle of the Bulge would be fought on odd or even years. America would still be dropping the odd atomic bomb on Japan every so often. And three generations of Germans, Japanese and Americans would know nothing but this horrible stop and go; this parody of “peacemaking”.

Terrible as it was, the best thing about World War 2 was that it ended in 1945. And as a result the relations between Germans and Americans and Japanese are far better than between the Israelis and Palestinians. Why? Because the war ended. When does this war end? Never, if the peace process people have anything to do with it. What they’ve given us isn’t peace, but a slow, prolonged, poisonous and endless war.
Oceania está em guerra contra a Eurásia. Oceania sempre esteve em guerra contra a Eurásia.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Israel vs. Hamas

Os recentes ataques de Israel parecem ter pego de surpresa o Hamas. Alguns se espantam com o número de mortos, ao redor de 200 (ainda por confirmar). No entanto, pouco antes dos ataques, o Hamas afirmava ter mais de quinze mil palestinos armados prontos para a guerra, bem como mísseis mais modernos e planos ambiciosos de seqüestrar soldados e civis israelenses. Assim, ao invés de esperar o ataque anunciado, Israel antecipou-se e atacou primeiro. É o que diz a interessante análise do Haaretz, jornal esquerdista israelense.

Claro, há outros fatores em jogo: eleições em Israel, Obama prestes a assumir, Irã à espreita, etc. Ou seja, a coisa está apenas começando.

Aqui outro artigo interessante do Debka sobre o tema, perguntando-se sobre a reação de Amadinehjad & seus Hizballah selvagens. E aqui um artigo mais crítico, afirmando que é mera jogada eleitoral do Kadima (que subiu nas pesquisas...)

Uma curiosidade: poucos dias antes, em pleno período natalino, o parlamento do Hamas havia legalizado a crucificação dos "inimigos do Islã"...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Como ajudar os pobres? (2)

Vale tudo para deixar de ser pobre? Em certos filmes brasileiros recentes nota-se o uso justificado de atos imorais ou não-convencionais por parte de personagens de baixa extração social. Em "Quanto vale ou é por quilo" (2005), sugere-se que o seqüestro é uma boa forma de distribuição de renda. Em "O céu de Suely" (2006), a protagonista rifa o próprio corpo para comprar uma passagem de ônibus para Porto Alegre. Em "Estômago" (2007), um nordestino pobre obtém o sucesso cozinhando carne humana.

Já no filme "O homem que copiava" (2003), de Jorge Furtado, o herói do filme falsifica dinheiro, assalta um banco, mata seu amigo de infância e o pai da sua namorada e finalmente sobe na vida. Mas ele não aparece em momento algum como um personagem "malvado". Todos os seus crimes são justificados pelo roteiro: o protagonista rouba e falsifica por necessidade; o amigo de infância é um traficante de drogas que se vira contra ele; o pai da namorada é um tarado que abusa da menina e portanto merece morrer, etc.

Aí ao ler uma divertida crítica do filme, uma das poucas que encontrei que comenta essa perturbadora amoralidade do protagonista, encontro o seguinte comentário ao final:

Eu vi esse filme. Gostei pra carai!!! O cara tah certo, manu. Se eu tivece a chance de fazer dinhero falso, eu fazia na ora, porra!!! A burgesia me esfola o dia intero, pq é q eu num vo mi vingah? Eu só tenho medo de ir preso, esses coxinha fdp num daum arrego naum, bro. Mais porra, a gente naum tem escola decente, naum tem oportunidade de cresceh na vida, sacoh??? O unico jeito de subir na vida eh assim, na malandragem. Ou entaum virar pagodero ou jogador de futebol. Aih a mulherada cai em cima, neh!!!! Mais quando nois eh pobre assim, nem pensar! E voce aih, querendo da uma de bonzinho. Se liga, ô cuzaum! Vai nas perifa veh como eh a vida de verdade, valeu??

Não sei se é uma paródia, mas acho que representa bem uma certa parcela do Brasil, que cresce adaptando o velho "jeitinho brasileiro" ao discurso pseudo-(?) marxista em voga.

Como ajudar os pobres?

O leitor Rolando visitou o Nordeste e verificou uma coisa curiosa:

Estou escrevendo do sertão pernambucano, lugar que conheço por primeira vez, e hoje fui até Patos na Paraíba (aqui pertinho, dá uns 60 km). Passei por vários vilarejos, além de três cidades, de repente perguntei para o motorista da caminhote em que estava:
-- O senhor já viu gente passando fome? Ele pensou e disse que talvez no tempo dos avós dele, sem muita convicção. Foi o que eu já desconfiava há muito, aquele papo de 16 milhões de famintos no Brasil foi mais uma jogada da intelectualidade da esquerda para chamar a atenção de um problema inexistente. Hoje a questão da fome está menos em voga, a falácia do momento - bem sucedida por sinal - é a questão indígena.
Aliás, estou hospedado em casa de um casal de médicos que atende na região. Perguntei se há políticas de natalidade. Disseram-me que no posto tem camisinha, pílula, panfletos, etc... Mas a taxa de natalidade está altíssima por conta do Bolsa Família, já que não estipula um limite de filhos por mulher; a cada bebê que nasce, o mesmo valor é repassado, fazendo com que essas mulheres "acumulem" bolsas.
O bolsa-família ajuda os pobres? De modo direto, sim. É mais dinheiro no fim do mês. Por outro lado, se cada família faz cada vez mais filhos para continuar ganhando o sustento governamental, cria-se uma espécie de círculo vicioso que gera cada vez mais "pobres" na fila para receber o subsídio. Então, em vez de diminuir progressivamente o número de dependentes, parece tender a aumentá-lo. Há pequenas cidades do nordeste com mais de 70% da população recebendo o benefício.

Alguns observam que programas de assistencialismo criam dependência do Estado e desestimulariam a pessoa a trabalhar. Afinal, uma das coisas mais difíceis é ter que abandonar um benefício recebido. Tanto que muitos escondem suas fontes de renda paralelas ou então fazem filhos para continuar recebendo a bolsa depois que o filho cresce. Essa dependência não se dá apenas entre os mais pobres: nos EUA, um maluco escondeu o cadáver da mãe morta no freezer apenas para poder continuar recebendo o dinheiro da aposentadoria dela.

O bolsa-família ajuda os pobres? Sim, e também ajuda o governo Lula:
Da eleição para a reeleição, o presidente aumentou os votos em todas as cidades com mais população atendida pelo Bolsa-Família, registrando, em alguns casos, votações fenomenais: os 3.408 votos de Araioses (MA), em 2002, por exemplo, viraram 12.958 votos na campanha da reeleição; os 2.996 votos de Girau do Ponciano (AL) subiram para 12.550 votos.

Os governantes mais amados pela população são aqueles que dão alguma coisa de graça aos pobres. Perón ainda é lembrado hoje pelas classes populares argentinas pelos seus programas assistenciais. Evita ia pessoalmente distribuir presentes de Natal aos "descamisados". Outras políticas peronistas deixaram o país na absoluta decadência em que se encontra hoje, mas os pobres ainda amam Perón e Evita. Também assim Chávez e Evo Morales: são bufões autoritários, não resta dúvida; mas as classes populares recebem seu quinhão e votam neles. Do mesmo modo, quem recebe bolsa-família vota em Lula. O que há aqui de diferente do velho coronelismo, da compra de votos por farinha? Não muita, na verdade. Mas por acaso há alguma outra solução? Não é de qualquer modo bom ajudar os mais necessitados?

Claro, devemos observar que a pobreza é sempre relativa, portanto sempre haverá pobres, isto é: sempre haverá aqueles que recebem mais e aqueles que recebem menos. Segundo dados do Censo Americano, nos EUA 80% dos considerados "pobres" tem carro, ar condicionado e DVD player. Mesmo no Brasil, grande parte dos "pobres" tem televisão, e sua capacidade aquisitiva aumentou muito desde o Plano Real, é fato. Mas, se a crise econômica afetar também o Brasil - como parece que está afetando - os beneficiados pelo bolsa-família não terão que ser ainda em maior número?

Como ajudar os pobres? Respostas na caixa de comentários.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Papa, os transexuais e a modificação corporal

Uma das coisas curiosas do progressismo é seu aspecto totalitário. Não lhes basta afirmar que ser homossexual, travesti, transexual, sadomasoquista, etc seja uma "opção de vida" exatamente igual a outra qualquer: querem que todos aceitem isso como a verdade suprema, sem questioná-la ou julgá-la.

Nada tenho contra os gays e, no entanto, acho que os heterossexuais, celibatários ou quem mais quiser deveria ter o direito de, se assim quiser, criticar tal estilo de vida.

Acho que o Theodore Dalrymple tem razão quando fala que vivemos em uma época em que, por um lado, não se pode julgar ninguém por suas "opções de vida"; por outro lado, nega-se que tais opções sejam as culpadas pelos problemas que a pessoa tem. A culpa é sempre da "sociedade injusta", do "sistema" que não aceita as opções da pessoa, etc.

Dou um exemplo, afastado da área sexual. Vejam este sujeito aqui, por exemplo, que decidiu tatuar-se da cabeça aos pés. Ora, ele provavelmente jamais vai ter um emprego decente na vida, salvo talvez de atendente em uma loja de quadrinhos underground. Por quê? Por que seu aspecto não é socialmente aceitável, causa estranheza na maioria das pessoas, simples assim.

Qual a solução do progressista para isso? Emitir uma lei protegendo os "tatuados"; quem sabe até estabelecer cotas de "tatuados" nos empregos. Afinal, do ponto de vista progressista, todo comportamento é exatamente igual a qualquer outro, ninguém pode julgar ninguém. Portanto, é o empregador quem está discriminando o pobre tatuado.

Os jornais estão dizendo que o Papa afirmou que "salvar a humanidade do homossexualismo é tão importante quanto salvar as florestas". Mas não foi bem isso que ele falou. Vejamos aqui o trecho do discurso em questão:
The Church speaks of human nature as 'man' or 'woman' and asks that this order is respected. "This is not out-of-date metaphysics. It comes from the faith in the Creator and from listening to the language of creation, despising which would mean self-destruction for humans and therefore a destruction of the work itself of God.

What is often expressed and signified with the word 'gender' leads to the human auto-emancipation from creation and from the Creator. The human being wants to make himself on his own and to decide always and exclusively by himself about what concerns him. But, in so doing, the human being lives against the truth and against the Spirit creator. Rain forests deserve, yes, our protection but the human being - as a creature which contains a message that is not in contradiction with his freedom but is the condition of his freedom - does not deserve it less.

O Papa, todos sabem, não é muito amigo do homossexualismo. Aliás nenhuma das religiões monoteístas o é. Há razões para isso, mas não vou entrar nesse aspecto agora. Mas o que ele critica aqui é algo mais profundo, ou seja: o discurso que tenta eliminar toda distinção entre o homem e a mulher, que diz que o próprio gênero é uma questão de "escolha pessoal", e pode ser realizada mesmo por crianças.

Não é ficção, isso de fato acontece: uma menina de doze anos na Austrália - mesmo com a proibição do pai! - foi autorizada por uma Corte liberal a realizar uma mudança de sexo através do tratamento hormonal (e futura cirurgia quando chegar aos dezoito. Ah: com o tratamento todo pago pelo Estado...). Na Alemanha, Tim, ou melhor, Kim, que começou a tomar hormônios também com doze anos, é hoje um dos mais jovens transexuais do mundo. Em um hospital dos EUA, crianças de até nove ou dez anos que são diagnosticadas com "distúrbios de identidade sexual", isto é, que se sentem desconfortáveis com seu corpo, podem realizar um tratamento para interromper a puberdade, de modo a que possam "refletir" se querem ou não escolher um novo gênero. A partir dos dezesseis anos, podem tomar hormônios para iniciar a "troca de sexo"...

O que acho disso? Sou, na vida diária, extremamente liberal. Acho que cada um tem suas escolhas de vida e não costumo me intrometer nelas. Tampouco acho que o Estado deva se intrometer. Tenho vários conhecidos gays e acho os travestis simpáticos (ao menos nos filmes do Almodóvar). Porém, confesso que o transsexualismo - assim como o body piercing extremo, e outros tipos radicais de modificação corporal - me causa estranheza. E, se um adulto tem o direito de fazer o que se lhe der na telha com o seu corpo (pagando o preço social disso, é claro), acho que ao menos as crianças e adolescentes deveriam ser protegidas, ao invés de influenciadas a realizar esse tipo de modificação corporal brutal. O Papa está certo. Isso vai acabar mal.

Na verdade, nunca havia tido preconceito com o transexualismo, até que assisti um filme documental a favor dos transexuais. Chamava-se Gendernauts, e argumentava justamente que não existia distinção entre os sexos, que tudo era escolha, que o próprio gênero era uma construção social, que podia navegar-se de um a outro (daí o título) sem maiores problemas. Tudo condimentado por imagens e entrevistas de pessoas que, algumas décadas atrás, estariam talvez em um circo de freaks: uma mulher barbada, um homem com seios, outro que implantava objetos sob a pele, etc.

Desde então, nada me tira da cabeça que a maioria dessas pessoas têm sérios problemas psicológicos. (OK, podem me chamar de preconceituoso.)

Voltando aos tatuados: Felipe Klein, o filho do ex-ministro Odacir Klein havia tatuado todo o o corpo e estava realizando uma serie de modificações corporais extremas, incluindo o corte parcial da língua e a aplicação de chifres: seu objetivo era aproximar-se fisicamente ao aspecto de um homem-lagarto. Digam o que quiserem, era óbvio que era um garoto com graves problemas psicológicos e uma vida familiar turbulenta, e isso se refletia claramente no seu aspecto físico. Mas a sociedade, é claro, "não podia julgar". Mesmo sua psicóloga jamais interferiu com sua escolha. A mãe discordava, mas achava que ele tinha o direito de fazer o que quisesse.

O garoto culminou a tragédia atirando-se de um prédio de doze andares. E a culpa, para quase todos, é da "sociedade que não o aceitou".

Kim, hoje uma bela garota de 16.

Felipe Klein antes de implantar os chifres subcutâneos.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ho ho ho!

Jingle bells, jingle bells
Não tem mais papel

Nem inspiração, nem inspiração
Pra um post qualquer

O blog tá chato, chato pra chuchu

Postarei só fotos, quem não gostar sifu


Jingle bells, jingle bells (repete 2x)



Imagens das celebrações oficiais de Natal no Iraque, as primeiras desde 2003. Ué! O país não estava sob o jugo da brutal ocupação americana? (Dica do Bruno Mota).

Mais Natal: crianças brincam na neve na Califórnia... Hein? Isso mesmo. Caiu neve em algumas regiões da Califórnia. Ué! Não estava havendo um tal "aquecimento global"?

Soldadas israelenses celebram o Hanucá (começou ontem) antes de sair para esquartejar indefesas criancinhas palestinas (é o que diz a legenda da BBC).

"Estou rica!" - Turista inglesa voluntariando num sítio arqueológico em Jerusalém encontra dezenas de moedas de ouro da época bizantina (~ 610 d.C.).

O Papa diz que "salvar a humanidade do homossexualismo é tão importante quanto salvar a Floresta Amazônica". (Bem, não; isso é o que as manchetes dos jornais dizem: o que o Papa fez foi uma crítica às teorias do gênero que negam a distinção entre o homem e a mulher, que segundo ele seriam auto-destrutivas para a humanidade.) Salvem as flores?

Mais Hanucá: na Praça dos Heróis, em Budapest, tentam bater o recorde mundial de maior número de velas de menorá acesas em um só lugar.

Antecipando-se ao Ano Novo, a empresa italiana de café Lavazza lança seu Calendário 2009... Hummm... Bom apetite!

(E Feliz Natal - Hanuká - Solstício a todos!
)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

De boas intenções a África está cheia

O Zimbábue talvez seja o país mais fodido da face da Terra. Como se não bastasse a inflação que faz o governo imprimir notas de 500.000.000 de dólares zimbabuanos que não compram nem um pão (até porque não tem pão), agora milhares de pessoas estão morrendo de cólera sem que ninguém faça nada.

Enquanto isso o ditador Mugabe bebe champanhe, tortura opositores e diz que não sai do poder nem a pau. Do ótimo blog do Guterman (que, eu não sabia, parece ter voltado à ativa):

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe – aquele que Chávez chamou de “guerreiro da liberdade”, presenteando-o em 2004 com uma réplica da espada de Bolívar –, resumiu nesta sexta-feira o que o país significa para ele: “O Zimbábue é meu”.

Em meio a uma violenta epidemia de cólera e a uma forte pressão internacional para deixar o poder, Mugabe disse a correligionários que não será intimidado. “Eu nunca, nunca, nunca me renderei”, discursou.

Para Mugabe, o número de mortos pela cólera – mais de mil, segundo a ONU – é “um monte de mentiras”, uma invenção do Ocidente para recolonizar o Zimbábue. “O Zimbábue pertence a nós, e não aos britânicos.”

A epidemia de cólera é apenas a última das más notícias para o Zimbábue, país que atravessa uma catástrofe econômica sem precedentes graças ao “guerreiro da liberdade”. A inflação está na casa do trilhão, e a fome já obriga milhares de zimbabuanos a buscar melhor sorte em outros países.

Mas isso não envergonha Mugabe. Na reunião de seu partido, o presidente e seus 5.000 correligionários puderam degustar 124 bois, 81 cabras e 18 porcos durante os quatro dias do encontro. Isso dá 40 pessoas por boi, sem falar do resto da carne e dos acompanhamentos.
O que muita gente esquece agora é que Mugabe é um ditador socialista, que começou - quem diria! - expropriando as terras dos fazendeiros "brancos opressores". Por conta dessa sua "luta pela igualdade", foi elogiado pelos esquerdistas mundo afora. Em 1986 até foi homenageado pela Universidade de Massachussets como um "campeão dos direitos humanos" e celebrado por ter "criado a fundação para a harmonia entre brancos e negros". (Este ano a universidade revogou a homenagem, uma medida algo tardia).

Entre os que apoiaram Mugabe desde o nascedouro estão políticos conhecidos como Jimmy Carter (onde há algo de podre, esta pessoa nefasta sempre aparece - aliás, foi ele quem "certificou" a eleição de Mugabe em 1980, assim como mais recentemente "certificou" aquela do Chávez), o corrupto Kofi Annan e até São Mandela, cujo legado hoje talvez devesse ser reexaminado.

São os esquerdistas cegos? Na sua sanha por "corrigir as injustiças passadas", não percebem que acabam criando mais miséria e destruição do que Átila o Huno. No Zimbábue de hoje, nem a grama cresce.

Agora o esquema parece estar se repetindo na África do Sul, ainda que de um modo menos violento. Em vez da expropriação forçada, o país criou uma Comissão de Restituição de Direitos de Terras, a qual basicamente examina pedidos de pessoas da população negra que acreditam ter direito a terras que são hoje propriedade de brancos. Uma vez qualificado o pedido, o governo compra a terra de grandes proprietários brancos para criar pequenas propriedades para fazendeiros negros. Tudo muito bacana, certo?

Mais ou menos. Segundo o próprio governo admite, as pequenas propriedades são "economicamente ineficientes" e produzem muito menos do que as grandes propriedades tradicionais. Além disso, há muita corrupção envolvida no esquema. Assim, muitos fazendeiros brancos descontentes estão emigrando para outros países, o que curiosamente piora a economia sul-africana. No ano passado a África do Sul deixou de ser um exportador agrícola e passou a ser importador.

O governo, no entanto, continua com o esquema, pois é um modo de "reparar injustiças passadas". Assim, em nome da igualdade racial, cria a fome para todos. "A agricultura praticamente parou. Em alguns anos isto vai virar o Zimbábue", diz um dos fazendeiros.

Boas intenções com resultados desastrosos (os quais depois são colocados na conta do "colonialismo", "capitalismo" ou "opressão branca"). É a melhor definição para o progressismo.

Por outro lado, o Zimbábue é o país com maior número de bilionários da face da Terra.

domingo, 21 de dezembro de 2008

A guerra contra o Natal

Vejo que temos um número respeitável de ateus que lêem o blog (ver pesquisa abaixo). Espero que não se ofendam se eu desejar a todos um Feliz Natal.

Aqui nos EUA está acontecendo uma coisa engraçada. Vários ateus militantes e a brigada do Politicamente Correto fazem pressão para acabar com qualquer tipo de celebração natalina. Mensagens de "Feliz Natal" são substituídas pelo neutro e sem graça "Happy Holidays". Presépios e até árvores de Natal em lugares públicos são retirados pelas autoridades a mando de ONGs, sob a desculpa de "não misturar Estado e Igreja". Em alguns casos, os ateus exigem o direito de colocar em público sua "mensagem de Natal alternativa", afirmando que não existem deuses e, pasmem, nem mesmo Papai Noel. Recomendam que se celebre o solstício de inverno...

O que me parece tudo isso? Francamente, a boa e velha inveja. Não podendo celebrar o Natal, e não tendo sido convidados para nenhuma festa por serem tão chatos, querem acabar com a alegria dos outros.

O que pode haver de "ofensivo" em deixar que os outros celebrem publicamente aquilo que gostam? Ninguém é obrigado a participar ou mesmo a olhar. Se eu passo por uma loja ou restaurante judeu decorado com motivos do Hannukká, por acaso deveria me ofender? Deveria eu pedir que eles coloquem também uma árvore de Natal ou quem sabe um despacho de macumba ao lado da menorá? E os muçulmanos que comemoram o Ramadã, deveria eu sentir-me ofendido pelo seu jejum e obrigá-los a comer ao menos um pão com manteiga?

Os velhos comunistas, acreditando que a "religião é o ópio do povo" (o que transformaria o pensamento comunista no LSD ou na heroína injetável do povo), também quiseram acabar com os símbolos religiosos; curiosamente, os substituíam por estátuas de Marx, Lenin e Stalin feitos à imagem dos velhos ícones religiosos, ainda que muito mais feios.

Mais do que nada, isso mostra a vocação destrutiva de todos esses "militantes progressistas" que supostamente querem o nosso bem. Não é que queiram dar aos gay o direito de casar, querem é acabar com a alegria dos que ainda acreditam no casamento tradicional. Não é que queiram dar "direitos iguais" a negros, latinos, índios e mamelucos: querem mesmo é discriminar brancos e cristãos. Não querem "não ofender ninguém"; ao contrário, a idéia é justamente ofender todos aqueles que ainda acreditam no Natal ou na religião tradicional.

(Aliás, estou aguardando ansioso o post do Idelber explicando freudianamente esta data que "comemora a exploração capitalista de pobres elfos no Pólo Norte".)

Feliz Natal a todos. E Feliz Hannuká aos leitores judeus. E - tá bom! - Feliz Solstício aos ateus.

A visão que os progressistas têm do Natal...


Atualização: Proponho um concurso: quem consegue achar o texto anti-natalino mais patético? Achei um bacana aqui:
De todos los espíritus, el navideño es el más cruel, el menos tolerable: un espíritu burlón, hastiado de la vida, como un enano borracho que sólo puede expresar la maldad constitutiva del Occidente cristiano. La Navidad es el trance más extraño, sobre todo porque funciona al amparo de la melodía hipócrita Noche de paz, noche de amor. A partir del 8 de diciembre, cuando las costumbres dicen que hay que armar el arbolito navideño, el espíritu terrorista de la celebración obligatoria domina nuestras conciencias.

* * *
Outra opção para os ateus: Festivus.

Poema do domingo

Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te.
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.

Fernando Pessoa (1888-1935)

sábado, 20 de dezembro de 2008

O futuro do socialismo

Agradeço aos que participaram da nossa pesquisa exclusiva (ver post abaixo). Fiquei aliviado em saber que a maioria é de "direita normal" e "direita tacanha", com alguns poucos de "esquerda" e "centro". É que visitando novamente o blog do Pedro Dória, descobri que há uma pá de gente que ainda acredita no Comunismo. Com comentários do tipo:
Eu não só acredito, como vejo o socialismo avançando lento mas inexoravelmente no mundo todo.

O futuro realmente será socialista.

Mas não acredito na eliminação do Estado, talvez num futuro distante, um Estado universal e a supressão dos países, como já está acontecendo na Europa.

De fato, o socialismo - entendido como um Estado cada vez maior e mais presente na vida do indivíduo - de certa forma está avançando no mundo todo, e está aí o Obama que não me deixa mentir. Mas isso não é nada bom, ao contrário do que pensa nosso infeliz amigo, que conflui socialismo com a "eliminação do Estado", talvez ainda acreditando na velha teoria comunista de que, quando finalmente se chegar a último estágio da "evolução social", o Estado poderá ser abolido, pois todos viveriam felizes e em harmonia e este não seria mais necessário... (Esta parte da promessa socialista sempre me lembra esses emails nigerianos de alguém que promete depositar alguns milhões na sua conta. Socialismo é 171.)

Enfim, confesso que às vezes me preocupo. Não obstante o total fracasso da experiência socialista - cem milhões de mortos! - ainda há quem queira repetir. Acho que o Olavo de Carvalho tem razão: a mentalidade revolucionária é uma forma de incapacidade intelectual, um retardamento mental auto-imposto. Não é que quem acredite no "socialismo" apenas tenha uma idéia política diferente da minha ou da sua; não - é realmente um celerado, uma pessoa que tem a mente torta e não consegue compreender nem os fatos básicos da vida:
A mentalidade revolucionária é uma incapacidade adquirida, é uma privação de autoconsciência e de percepção. Por isso mesmo, é inútil discutir o "conteúdo" das idéias revolucionárias. Elas estão erradas na própria base perceptiva que as origina. Discutir com esse tipo de doente é reforçar a ilusão psicótica de que ele é normal.
É por isso que eu não discuto mais com os "socialistas"do blog do Pedro Doria, pois descobri que seria como tentar dialogar com insanos em um asilo que acreditam ser Napoleão.

Se alguém aqui nos seus áureos tempos de estudante já viveu compartindo uma casa com outras pessoas, sabe o complicado que é: sempre tem alguém não vai pagar a sua parte da conta da luz ou aluguel; alguém que vai brigar com outro alguém; alguém vai roubar a comida de outro alguém; alguém que vai chegar bêbado e fazer barulho todas as noites, etc. Pois bem, nossos amigos socialistas, que mal conseguiriam gerir uma pensão estudantil, acreditam que poderiam coordenar uma sociedade de milhões de pessoas com grande eficiência, com todos vivendo em igualdade e harmonia e paz, tudo graças a um "novo sistema mais justo".

A crise dos subprimes americana que os socialistas de plantão estão chamando agora de "crise do capitalismo", na verdade é uma crise causada justamente pelo inchaço do Estado, que se meteu onde não devia, obrigando os bancos por demagogia a emprestar dinheiro a membros de "minorias", que naturalmente não podiam pagar.

O estudo ainda aponta que o crescente welfare-state poderia ser também em parte responsável pela cada vez mais baixa taxa de natalidade nos países ocidentais:
In the old days, it was understood clearly what manhood was: start a family, provide for it, defend it if necessary, yourself. With all of those things now outsourced to the state, what is the point of life? Does this not lead to a certain kind of slow creeping nihilism? And if there’s no point, why make a large family? This is the ultimate legacy of the baby boomers in Europe and to a lesser extent in the US. They overturned all known traditions in the 1960s, then started the accelerated the central power of the state in the decades since. And now we see the results.
O grande problema é que, quanto mais o Estado causa problemas, mais as pessoas - agora transformadas em viciadas - querem que o Estado as ajude. O Estado, não: as pessoas que trabalham e pagam via imposto os auxílios e a casa própria dos que não trabalham. Até que um dia o dinheiro ou a paciência dos que pagam a farra acaba.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pesquisa: você é de direita tacanha?

O Pedro Doria fez um post sobre a possibilidade de um "governo global". O tema é interessante e em breve escreverei algo a respeito. Porém, o que mais chamou a atenção é que o post criticava uma tal "direita tacanha", cujas características seriam citar a Bíblia, usar armas de fogo, não acreditar no Aquecimento Global, ter horror à ONU e a qualquer forma de governo global. Gente terrível, como se vê. Bem ao contrário dos sofisticados obamistas.

Sei que não sou de direita tacanha, já que sou moderado de centro e só citei a Bíblia umas duas vezes aqui. Porém fiquei pensando, e os leitores deste blog, de que lado do espectro político será que estão?

Então vão aqui duas pesquisas. Respondam, por favor.

Qual a sua orientacao politica?
Direita tacanha
Direita normal
Centro
Esquerda
Esquerda tacanha
Comunista
Anarquista
Petralha
Tucanalha
Nao acredito em esquerda e direita
  
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Qual sua visao religiosa?
Catolico praticante
Catolico nao-praticante
Judeu
Muculmano
Espirita
Budista
Ateu
Agnostico
Cristao (outras denominacoes nao catolicas)
Nao acredito em Deus, apenas na Energia das Piramides
  
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Atualização: Se alguém está confuso sobre o que é "esquerda" e "direita", a Ingrid Bentancour, que passou vários anos seqüestrada pelas FARC, explica: "Eu sempre serei de esquerda. Mas não uma esquerda boba ou ingênua. Eu acho, por exemplo, que as FARC não são de esquerda. Acho que são a extrema direita de alguma esquerda de outro tempo pré-histórico. Mas não são de esquerda."

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pode o Islã dominar o Ocidente?

O leitor Marcelo Augusto pergunta: "você acha que futuramente o islamismo venha a devorar completamente o mundo ocidental"?

Já o leitor Diego questiona se eu teria alguma "ojeriza" pelos muçulmanos (curiosidade, "ojeriza" não é palavra de origem árabe?)

Muito bem. Comecemos com a primeira pergunta. Dominará o Islã o Ocidente? Não, não creio. O que não quer dizer que não possa causar mal. Na verdade, existem vários graus de ameaça. Os que estão mais em perigo são, naturalmente, Israel e a Europa. Israel é um minúsculo país cercado de países islâmicos que não aceitam sua presença ali, e poderá eventualmente ser derrotado e conquistado pelos muçulmanos, especialmente quando se considera que os restantes países ocidentais podem perfeitamente entregar o país judeu em troca de promessas de paz, mais ou menos como fizeram com a Tchecoslováquia. A tentação é grande. Israel tem armas e um bom exército, mas nem sempre isso é suficiente.

Já a Europa sofre com a imigração, a baixa natalidade, e uma crise moral inusitada, resultante provavelmente do quase-fim do cristianismo (ver post abaixo). É possível que ocorra com a Europa algo parecido com o que ocorreu com o Império Romano: começou perseguindo cristãos, terminou impondo o cristianismo. O país mais avançado na auto-islamização é, acredito, a Grã-Bretanha: lá já são praticamente legais a sha'ria e a poligamia. Por que parar aí? Com o progressivo aumento do número de muçulmanos, as exigências serão cada vez maiores. Lembrem que o Líbano, antigamente, era um enclave cristão no Oriente Médio. Hoje os cristãos - muitos dos quais fugiram durante a guerra civil e outras perseguições - são minoria. Uma coisa similar poderia ocorrer ao menos em alguns países europeus.

De qualquer modo, o grande perigo do islamismo não é necessariamente que vença a sua batalha de "conquista do Ocidente". Mesmo sem chegar a tal objetivo, pode causar danos terríveis. Por exemplo, explodindo bombas nucleares, químicas ou biológicas em algum país ocidental. Quem duvida que isso poderia eventualmente acontecer? Uma única bomba dessas seria suficiente para sumir o planeta inteiro em uma crise sem precedentes.

Quando ocorre algum atentado como o de Mumbai, muitos jornalistas se perguntam. "Mas por que fizeram isso? Qual era o objetivo?" É a pergunta errada. A maioria dos terroristas simplesmente odeiam judeus, hindus, cristãos e demais infiéis; basta-lhes isso muitas vezes.

O grande gênio de Maomé foi o seguinte: unificou as tribos árabes que viviam brigando entre si, mas virando-as contra os povos de fora. Tinham elas então um inimigo comum contra o qual lutar. A mesma coisa ocorre até hoje: xiitas e sunitas se odeiam, mas lutam de igual para igual contra EUA, Israel e demais infiéis.

Mas, respondendo à pergunta do Diego: não, não sinto ojeriza alguma pelos indivíduos muçulmanos. Acredito mesmo que a maioria seja gente boa. Os poucos que conheço sei que são. Mas o problema não é esse: o problema é que a sua religião é expansionista e tende portanto a se expandir - por todos os meios possíveis. Inclusive a violência, que não renega.

Observem que o que chamamos de terrorismo não é necessariamente considerado algo negativo por muitos muçulmanos. Pesquisem por exemplo quais são os comentários mais comuns nos países árabes após algum atentado como o de Mumbai. Alguns poucos criticarão, é certo; mas a maioria das respostas se encaixará em uma das três possibilidades:

1) Foi tudo um plano do Mossad e da CIA. (É alarmante o número de muçulmanos que acreditam piamente nessas teorias).

2) Alá seja louvado! Morte aos infiéis!

3) Não devemos nos precipitar e acusar uma maioria pelos crimes de uma minoria. Não persigam os muçulmanos pois, se vocês fizerem isso, a maioria moderada poderia se radicalizar e então teremos mais terrorismo! (Esta é a resposta que acho mais engraçada: assume tacitamente que o islamismo é violento, e que mesmo a maioria "moderada" pode se transformar em um grupo de terroristas sanguinários à primeira provocação).

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A América é de Marte, a Europa é de Vênus

Costuma-se falar que os americanos conhecem pouco do resto do mundo, mas a verdade talvez seja a oposta: o resto do mundo conhece menos ainda os EUA. Por exemplo: nos últimos anos, bem mais americanos visitaram a Europa do que europeus visitaram os EUA, e portanto têm uma visão mais direta do que os europeus sabem somente de ver na televisão.

Desse modo, a visão que a maioria dos europeus tem dos EUA é lamentavelmente caricatural: parecem ter sido informados exclusivamente por Michael Moore. A mídia européia, nesse aspecto, é péssima, pois apenas reforça os estereótipos mais conhecidos.

Além disso, há um outro aspecto - não sei se chamar inveja ou schadenfreude: a mídia européia parece procurar incessantemente notícias negativas sobre os EUA, tentando demostrar o "outro lado do sonho americano", a pobreza de seus "esquecidos", etc. Ontem mesmo um artigo no jornal italiano La Repubblica falava sobre não sei qual miserável trailer park de New York, como se na Itália não houvessem similares acampamentos, só que povoados de zingari (ciganos).

Na época do furacão Katrina, a mídia européia tinha absoluto prazer em mostrar as imagens do desastre. Eram a comprovação de que os EUA eram uma sociedade falida e que não se importava com suas minorias. Curiosamente, poucos anos antes, vários milhares de velhinhos haviam morrido na Europa devido a uma onda de calor, sem qualquer clamor midiático sobre "o lado negro da Europa".

Gosto da Europa, não me entendam mal. O que acho triste é justamente o seguinte: essa rivalidade EUA vs. Europa é um erro terrível. Americanos e europeus têm bem mais em comum do que pensam. Têm os mesmos inimigos e sofrem com os mesmos problemas. Precisam se unir, não se dividir.

Nesse sentido, será interessante observar a presidência Obama. Alguns europeus tiveram uma espécie de curto-circuito mental ao saber de sua eleição. Por um lado, estavam felizes com sua retórica globalista. Por outro lado, perguntavam-se como um país tão "racista" poderia ter eleito um "crioulo nascido no Quênia" para o seu cargo máximo...

Não é garantido que Obama seja melhor do que Bush nas relações com a Europa. Vai apenas ser mais difícil para os europeus acharem um bode expiatório para seus problemas.

A pílula que destruiu o mundo


O mundo ocidental está em decadência. As pessoas não têm filhos em número suficiente para repor a população. A família tradicional se desagrega. Ondas de imigrantes destróem a unidade dos países. Terroristas atacam com impunidade. Pornografia substitui a arte. Crises econômicas se alastram sem piedade.

Muitos acreditam que a culpa seja do fato do Ocidente ter abandonado a religião judaico-cristã. O secularismo materialista faz com que as pessoas se concentrem no presente em vez do que no futuro. Hedonismo e riquezas materiais em vez de planejamento, sacrifício e filhos.

É uma boa teoria. Mas o culpado pode ser outro.

Ao menos, de acordo com este blogueiro, toda a culpa é da pílula anticoncepcional.

A pílula, junto com outros métodos anticoncepcionais de massa (e inclui-se aí o famigerado aborto), liberou a mulher do sexo procriativo. Casamento e filhos passaram a ser opcionais. Isso, por sua vez, resultou no famoso fim da família tradicional e no crescimento do fenômeno das mães solteiras.

Na Inglaterra, hoje mais de 50% dos filhos nascem de mães solteiras. Nos EUA, o número chega perto: 40%.

Esse curioso fenômeno, por sua vez, mudou completamente a sociedade. Não apenas desagregou a família papai-mamãe-cinco filhos, que era a base da sociedade tradicional, e portanto acabou com os mesmos valores tradicionais que esta representava - como, além disso, está resultando em uma "feminização" cada vez maior do mundo político e social.

Percebam: 79% das mulheres solteiras votaram em Obama. Obama é o candidato metrossexual por excelência. Não é à toa que mulheres e gays o adoram. Suas propostas são "femininas": dialogar com os inimigos; dar mesada aos desvalidos; dar saúde e educação a todos os "filhinhos"; aceitar sem perguntas os imigrantes de diversas culturas e backgrounds.

Lamentavelmente - sempre segundo a teoria, é claro - as sociedades femininizadas são presas fáceis das sociedades masculinas predadoras. Como é o caso da sociedade islâmica.

Assim, um dia destes, muçulmanos malucos explodirão alguma cidade ocidental com uma bomba nuclear.

E a culpa terá sido toda da pílula.

O mundo que virá

Alguns leitores aqui, por motivos que desconheço, parecem não gostar muito nem de Olavo de Carvalho nem de Reinaldo Azevedo. E de J. P. Coutinho, o que será que acham? Eis o que ele escreve em sua última coluna sobre os distúrbios na Grécia:

Quando vejo os pequenos selvagens da Grécia, é impossível não perceber o drama central desses meninos: habituados ao conforto e à segurança de um Estado que os trata como menores, eles continuam a esperar da entidade paternal o manto protetor das suas existências: no ensino, na saúde, no trabalho, na habitação, no consumo, na educação dos filhos e até, quem sabe, no fabrico deles. Inevitável: educados na dependência, eles não se distinguem dos mais básicos dependentes.

Infelizmente para eles, para a Grécia e para a Europa, o pai dá sinais de falência e os filhos terão que procurar a sopa noutras panelas. A violência de Atenas, que a prazo se espalhará pelas restantes cidades do continente, faz parte do processo. Crescer dói.
O mundo está mudando, e não necessariamente para melhor. Todo um certo modo de vida está lentamente desmoronando. Curiosamente, ao mesmo tempo em que a Europa dá sinais de que o Velho Esquema está indo por água abaixo, a América de Obama quer importar a mesma idéia falida. Vai, naturalmente, se ferrar.

Mas é compreensível: quando a coisa aperta, todos ou quase todos corremos para o braço dos pais protetores.

O problema é que papai gastou todo o dinheiro no cassino, e está devendo até as calças.

E agora toda uma geração acostumada ao Papai-Estado vai ter que aprender a ganhar o pão com o suor do rosto. Se é que vai haver pão e trabalho para todo mundo, é claro.

É como diz aquela piada: o otimista acha que em breve todos estaremos comendo bosta. O pessimista acha que não vai ter bosta pra todo mundo...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Jornalismo desonesto

Eu nem ia comentar, mas o Bush escapou por pouco de uma sapatada e o Pax chamou a atenção para a notícia. Deu no G1:

Os números de civis iraquianos mortos variam de 90 mil a 1 milhão de pessoas,

Com todo o respeito, que raio de estatística é essa? De 90 mil a 1 milhão vai uma bela diferença...

Sobre poucos temas se mentiu tanto como sobre o número de mortos no Iraque, talvez porque ninguém saiba realmente. O Iraq Body Count, mais honesto dos sistemas (só contabiliza mortes confirmadas), diz que morreram entre 90 e 100 mil. Já o Lancet publicou o famigerado estudo que falava em quase um milhão de mortos. O que não explicaram era que era um estudo estatístico pra lá de furado, baseando-se num critério adivinhatório com enquetes, não numa contagem de mortos real.

Isso sem falar que quem mais matou foram os terroristas.

Enfim, por sorte os EUA venceram a guerra, e agora são raras as matérias sobre o tema. Obama pode até tirar as tropas americanas de lá (para invadir o Paquistão) e deixar sunitas e xiitas voltarem a se matar entre si. Ou então deixa os russos invadirem: quando eles matam, ninguém parece se importar...

Imagem: Casa do KCT

Um bicho às terças


OK: já falei mal dos comunistas, dos terroristas e dos ecologistas, posso então ficar tranqüilo e passar para o famoso Bicho às Terças.

O simpático bichano da foto é a cobra de Gumprecht, uma nova espécie descoberta recentemente no vale do Mekong, no Sudeste Asiático.

De fato, recentemente nas selvas da região foram descobertas mais de mil novas espécies de plantas e animais até então desconhecidos. Embora grande parte dos animais descobertos sejam peçonhentos ou venenosos, não deixa de ser uma boa notícia nestes tempos em que quase só ouvimos falar de espécies em extinção. Outros animais descobertos incluem uma centopéia cor-de-rosa altamente tóxica e uma aranha caçadora gigante.

A cobra da foto é venenosa e alimenta-se principalmente de rãs e lagartos.


Certas pessoas querem demais

Os ecologistas australianos estão furiosos.

É que o primeiro-ministro australiano prometeu cortar as emissões de CO2 da Austrália entre 5% e 15%. Os ecologistas acharam pouco: queriam 40%.

Pensem bem: em um tempo em que a economia mundial dá todos os sinais de ir para o brejo, certos ecologistas malucos querem que ela piore ainda mais.

Quando o desemprego aumentar, o custo de vida subir, e eles tiverem que pagar muito mais pela mesma coisa, será que continuarão pensando igual? As elites liberais que tem bolso pra isso, talvez. As "massas ignorantes" certamente não.

No outro dia assisti ao filme Wall-E, em que se imagina uma Terra destruída cheia de lixo, abandonada pelos humanos, os quais viraram gordalhões viciados em tecnologia. O curioso é o seguinte: no final do filme, os humanos retornam à Terra para recolonizá-la. Plantar, colher e viver do produto das plantas e animais é então visto de forma positiva e até romântica.

Ora, mas realizar agricultura também significa "mexer com a Natureza", seria apenas o reinício do mesmo processo que - no filme - destruiu o planeta.

Mas o filme pode também ser interpretado de outra forma. Os gordalhões abobados representam uma sociedade próspera que perdeu o real contato com a Natureza, e acha que esta significa apenas animais fofinhos e paisagens coloridas. A subsistência humana é algo tão garantido que não concebem que a vida possa ser bastante dura.

Ora, quem realmente estuda a Natureza sabe o difícil que é para os animais selvagens conseguirem alimento e sobreviverem no dia a dia. É uma tarefa extremamente àrdua à qual muitos não sobrevivem, e também foi assim para os humanos nas sociedades do Neolítico. A atual tecnologia é a única coisa que permite a subsistência razoavelmente fácil de bilhões de pessoas. Acabar com esse sistema é decretar que vários milhares devam morrer de fome para que o ecologista chic com seu iPod se sinta melhor por "estar salvando o planeta". Quer dizer - esqueça o iPod.

O Zimbabwe, hoje um país economicamente paralisado, certamente cortou suas emissões de CO2. Milhões estão morrendo de fome e de cólera. Mas quem se importa? O importante mesmo para a ONU é que o ditador Mugabe instituiu uma lei que coletaria 4 milhões de dólares anuais em "imposto sobre o carbono"...

Ora, o que deveria ser feito com certos ecologistas é abandoná-los na Floresta Amazônica, com nada nas mãos salvo o "Manual do Escoteiro Mirim". Aí veríamos quantas horas eles agüentariam antes de querer voltar correndo para os confortos da civilização poluidora.

Digo e repito: certos ecologistas não amam a Natureza (de fato, mal a conhecem). Apenas odeiam os humanos...



segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

The Soviet Story

Por que será que o comunismo não é considerado uma ideologia tão doentia e assassina quanto o nazismo, mesmo tendo matado muito mais, e inclusive colaborado com o nazismo e inspirado este?
Por que será que a expressão "justiça social" não é considerada tão perversa quanto a expressão "raça ariana", mesmo sendo ambas justificativas para o genocídio de milhões?

O restaurante da vida

Muitos consideram um horror que o homem mate industrialmente vacas, galinhas e ovelhas para se alimentar. "Se os matadouros fossem de vidro, todos seríamos vegetarianos", disse alguém certa vez.

Mas mesmo tirando o homem de fora da jogada, observamos que a morte de um ser por outro é uma constante. Assistimos compungidos aos documentários da National Geographic em que um inocente filhote de zebra é brutalmente atacado por leões - ou melhor, leoas - selvagens, e devorado na frente dos nossos olhos. "A Natureza é um grande restaurante", disse Woody Allen certa vez.

Por que Deus - ou vá lá, a Evolução - criou este mundo tão cruel, onde a vida se alimenta da vida, onde a vida mata constantemente a vida e o peixe maior come o peixe menor (salvo os raros casos em que o peixe menor tenta comer o maior)?

Por que, enfim, todo ser tem que tirar sua fonte de energia de outros seres? Não podíamos viver todos de energia solar? Da água e do ar? Do CO2, quem sabe?

Aí aparecem Peter Singer e outros supostos bioeticistas que dizem que usar os outros animais para nossos próprios nefastos fins seria "especiecismo". Que não somos diferentes do resto das espécies animais e que todos, homem, rato ou verme, temos exatamente os mesmos "direitos".

Mas é um raciocínio contraditório: afinal, se somos animais iguais aos outros, então, como eles, justamente nos devemos alimentar de outros animais para viver. Fazemos parte da grande cadeia do restaurante da vida. Se fôssemos diversos, se fôssemos especiais, apenas aí estaria justificado que agíssemos de algum modo diverso.

Além disso, o que o malucão do Singer e os ecologistas radicais fazem é considerar a "dor" como principio de igualdade geral. Aparentemente, só podemos comer as plantas porque estas não sentem "dor", já que não têm o sistema nervoso. No entanto, não significa que não sofram. Uma planta murcha ou seca, por acaso não indica que está sofrendo? Enquanto escrevo, já há uma comissao da ONU e da União Européia trabalhando em prol do direito das árvores. Não estou brincando: há mesmo. (Já comentei o assunto outra vez).

Mas o que nos diferencia dos outros animais (e vegetais) não é a capacidade de sentir dor, mas a consciência da própria existência como seres humanos. Isto é, sabemos que somos homens, temos consciência da Natureza e damos nomes aos outros animais, podemos estudar a nós mesmos como se estivéssemos fora da nossa própria espécie. Nenhum outro animal tem essa capacidade. Não há exemplos de tigres que tenham se tornado vegetarianos.

Aqueles que nos igualam com as galinhas e as pitangueiras nos diminuem. No fundo, talvez seja esse mesmo o objetivo. Não amam os animais: apenas odeiam os humanos e especialmente a civilização. E desse modo justificam a morte e a desgraça: quando Singer argumenta que a matança de galinhas é um "genocídio", está dizendo na verdade que o massacre de milhões de humanos é tao irrelevante quanto comer uma galinha ao molho pardo no jantar.

A vida humana é mais importante do que a das galinhas? Queremos crer que sim. Nem que seja pelo fato de sermos homens e não galinhas. Talvez quando as galinhas evoluirem e se tornarem seres superiores, poderemos discutir a respeito de uma forma mais democrática.

Enquanto isso, que os eco-malucos vão pastar.

Machado de Assis não era comunista, e Capitu traiu Bentinho sim

Desculpem se saio um pouco dos temas habituais do blog, mas preciso dizer uma coisa.

Não suporto o Roberto Schwarz nem toda essa leitura sociológica de Machado de Assis, que o vê como um crítico do capitalismo e das "elites" e não sei mais o quê. (Aqui uma delas).

Ora, Machado de Assis não era comunista nem socialista nem anarquista. Machado de Assis não criticava o capitalismo, ou as elites, nem a sociedade brasileira da época: Machado criticava tudo e todos. Os vícios que via na classe alta eram os mesmos que via nas classes baixas. Era um pessimista moral, não social; não acreditava que uma "ordem social diversa" ou a "justiça social" fosse resolver os problemas. Aliás seu "humanitismo" (ver Quincas Borba) é uma cruel sátira do próprio conceito de utopia e de "justiça social".

Por exemplo, vejamos o conto Pai contra Mãe. Certamente pode-se dizer que há ali uma crítica do sistema escravocrata. Mas, passada a escravatura, a pena de Machado continua observando a exploração do homem pelo homem, como se nao houvesse existido mudança qualquer. Passa-se do Império à República e tampouco muda nada. Ou seja, seu problema não é com a sociedade escravocata, nem imperial, nem capitalista. É com a humanidade mesmo.

E outra coisa: Capitu traiu Bentinho sim. A explicação que me convenceu foi a seguinte: durante a vida de Machado, e mesmo muitas décadas depois, nenhum crítico ou colega escritor afirmava que Capitu não tivesse traído Bentinho. A visão canônica, ou melhor, óbvia, era que Capitu havia traído, sim. Afinal era o que o narrador dizia. Bentinho era um corno assumido. Essa visão de que o narrador tinha um "ponto de vista" enganador apareceu só muitos anos depois, parece que foi uma professora feminista que inventou essa idéia. Desde então nunca nos livramos dessa discussão. Pois bem, eu encerro ela aqui: a safada traiu, sim. Tinha olhos enganadores, lembram?

P.S. Não estou assistindo a série Capitu, mas até que achei bacana este projeto. Vocês podem participar também. Eu gravei um dos trechos, mas não vou dizer qual.

P.S. 2. O Pax tem razão, virei direitão reacionário depois que minha Capitu trocou-me por um comunista ecologista pró-palestino. Desde então odeio essa corja, grrr.



domingo, 14 de dezembro de 2008

Poema Prece do domingo

PATER NOSTER,
qui es in caelis,
sanctificetur nomen tuum.
Adveniat regnum tuum.
Fiat voluntas tua,
sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum quotidianum da nobis hodie,
et dimitte nobis debita nostra sicut
et nos dimittimus debitoribus nostris.
Et ne nos inducas in tentationem,
sed libera nos a malo.

Amen.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Darwin de chuteiras

Houve, dizem, três grandes revoluções científicas na Era Moderna: Einstein, Freud, Darwin. Einstein estava em grande parte certo, embora tenha dançado com a questão da física quântica. Freud influenciou a literatura e as artes, mas do ponto de vista científico errou quase tudo. E Darwin? Poucos hoje questionam Darwin. E, no entanto, é possível que ele estivesse apenas chutando em vez de fazer ciência de verdade. (Dica do Chesterton)

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Um evento que é costumeiramente considerado prova da seleção natural é a história das traças Biston betularia, que mudaram de cor predominante do branco para o preto durante o início da Revolução Industrial. De fato, tal mudança ocorreu, e pode talvez ser explicada pelo processo de seleção natural, já que a camuflagem branca ou preta permitia a sobrevivência de uma ou outra traça de acordo com a variação ambiental. Um pequeno porém: não houve o surgimento de nenhuma espécie ou mesmo uma cor nova: tanto a traça branca quanto a preta já existiam, tudo o que ocorreu foi uma variação nas suas respectivas populações. E mesmo isso é debatido.

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Por que os religiosos odeiam Darwin e vice-versa? Talvez porque o Darwinismo venha sendo distorcido como uma teoria de negação de Deus, quando esta teoria nada tem a ver com religião. Acho a teoria da evolução fascinante. No entanto, confesso ter alguns problemas com ela. Biólogos como Richard Dawkins explicam o surgimento de novas espécies como se fosse uma "corrida armamentista" entre predadores e presas. No entanto, o paradoxo é que a corrida armamentista entre os homens é fruto do design, não pode ser concebida como algo aleatório como é na seleção natural.

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Talvez o nome "evolução" esteja errado. Se a evolução é de fato cega, se não tem nenhum propósito e é apenas um "relojoeiro cego", não há então uma verdadeira evolução. Quer dizer, não há um movimento de seres simples a seres cada vez mais complexos, mas apenas a randômica sobrevivência de um ser aqui e outro ali de acordo com o ambiente e mutações genéticas sem causa ou propósito. Se amanhã a raça humana for extinta por um asteróide, as baratas sobreviverão. Não quer dizer que sejam mais "evoluídas" do que nós. Não quer dizer que devam evoluir até tornar-se superbaratas gigantes. A complexidade não é necessariamente melhor do que a simplicidade.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mark Twain na Terra Santa

Estou lendo trechos de "The Innocents Abroad", livro com relatos de viagens do então jovem Mark Twain à Europa e à Terra Santa. O ano era 1867; a Palestina estava sob o controle do Império Otomano.

O mais refrescante é ler um livro que seja tão pouco politicamente correto. Twain não hesita em chamar os muçulmanos de "selvagens" e indolentes. Não que ele fale mal apenas dos muçulmanos, é claro. Os italianos são desorganizados e gananciosos; os franceses são ignorantes e esnobes; os gregos são mentirosos e ladrões; os armênios são insolentes; os judeus são narigudos. Nem os turistas americanos que o acompanham escapam: são em grande parte mal-educados que tentam levar pedaços de monumentos como souvenirs.

A Palestina (não, não é habitada pelos fantomáticos "palestinos" que só surgiriam em 1967) é vista por Twain como uma terra desolada e inóspita. Quase só há deserto, ruínas e decadência. Eis sua descrição de Jerusalém, onde viviam na época menos de 14 mil pessoas sob controle dos turcos:
A população de Jerusalém é composta de Muçulmanos, Judeus, Gregos, Armênios, Sírios, Coptas, Abissínios, Católicos Gregos e um punhado de Protestantes. Abundam remendos, desgraça, pobreza e sujeira, esses sinais que indicam a presença de uma administração muçulmana com maior clareza do que a própria bandeira da lua crescente. Leprosos, aleijados, cegos e idiotas atacam você em cada esquina.(...)
Os turcos e árabes revelam-se intolerantes com os forasteiros cristãos:
Como odeiam os Cristãos em Damasco! - e em quase todo o Império Otomano. Fere a minha vaidade ver esses pagãos recusar-se a comer comida que tenha sido preparada para nós, ou de um prato em que nós tenhamos comido; ou beber de um cantil que nós tenhamos poluído com os nossos lábios Cristãos, a não ser filtrando a água com um pano ou uma esponja! Nunca detestei os Chineses tanto quanto estes decadentes Turcos e Árabes, e ficarei feliz quando a Rússia declarar guerra a eles novamente.
E algumas páginas mais adiante:
Os Muçulmanos observam o Portão Dourado com um olhar protetor e ansioso, pois seguem uma tradição que diz que quando ele cair, também cairá o Islã e com ele o Império Otomano. Não fiquei triste ao perceber que o velho portão estava ficando algo enferrujado...
Não sei se o tal portão caiu; sei que o Império Otomano caiu, mas não caiu com ele o Islã, é claro. E os dois defeitos indicados por Mark Twain seguem bem vivos: a incompetência administrativa somada à suprema arrogância em relação aos "infiéis".

Quanto aos judeus, Twain compara a vida superior que levam na América em relação à sua vida degradada nos guetos da Europa e nas Arábias:
Os Judeus, lá [na América], são tratados como seres humanos e não como cães. Podem trabalhar no emprego que desejarem; podem vender o que quiserem; podem abrir farmácias; podem praticar a medicina entre os Cristãos; podem até apertar a mão de Cristãos se assim o desejarem; podem associar-se com eles assim como um ser humano pode se associar com qualquer outro ser humano; podem viver em qualquer parte da cidade que desejarem; (...) neste mesmo instante, nesse curioso país, um Judeu pode votar, ser candidato a um cargo, sim, erguer-se na rua e expressar a sua opinião sobre o governo se não o considerar bom! Ah, é maravilhoso.
Chama a atenção o aspecto religioso do passeio, o interesse por locais citados na Bíblia e até a constante citação de passagens bíblicas (Mark Twain mais tarde iria criticar bastante a religião cristã, ou, de fato, todas as religiões; alguns dizem que teria se tornado ateu no fim da vida, embora não conste que tenha jamais se declarado tal e tenha morrido como um presbiteriano).

Enfim; um livro interessante nestes tempos em que a Terra Santa volta a ser o centro das atenções. Está todo disponível online.

Atualização: O tal Portão Dourado de que fala Mark Twain é um dos oito portões da Cidade Antiga em Jerusalém, e o único que permanece fechado até hoje. Para os judeus é o Portão da Misericórdia; para os cristãos é o Portão Dourado; para os muçulmanos é o Portão da Vida Eterna.

O portão tem uma história fascinante. A tradição judaica diz que a Presença Divina costumava aparecer ali, e que é por ali que o Messias dos judeus entrará quando chegar a Jerusalém. Foi para impedir esse retorno que os muçulmanos, desde o tempo de Suleiman I em 1541, cobriram o portão com pedras e construíram um cemitério na entrada: acreditavam que o Messias, sendo um Kohen, não poderia passar por ali (Kohens ou Cohens seriam os descendentes diretos de Abraão). No entanto os muçulmanos estavam errados, pois um Kohen pode atravessar cemitérios de não-judeus.

Hoje sob administração de Israel, o portão permanece fechado, e assim permanecerá até a volta do Messias, que dada a volatilidade da situação atual pode ocorrer a qualquer momento.

O que teria pensado Mark Twain vendo a Terra Santa hoje após a fundação do Estado de Israel? Acredito que ficaria feliz ao ver o incrível desenvolvimento desta terra inóspita. De fato, os sionistas hoje tão odiados pela esquerda fizeram o deserto florescer. Literalmente. Mark Twain no fundo era bastante pró-judaico e certamente teria gostado de ver a Terra Santa livre do domínio dos malvados turcos.

Perdendo as esperanças

Obama fez uma proposta a Israel que pode ser traduzida da seguinte forma: "vamos deixar o Irã ter armas atômicas, mas se eles jogarem um míssil em vocês, nós jogamos um míssil neles."

A proposta é insana: afinal de contas, de que adianta a retaliação, uma vez que Israel tenha sido destruído? É preciso prevenir, não remediar.

Aqui, um judeu ortodoxo radical perdeu as esperanças e acredita que Israel será de fato destruído em breve por bombas iranianas, sem que o mundo faça nada a respeito.

O extermínio nazista dos judeus era facilmente previsível, Hitler o vinha prometendo desde os anos 20, mesmo antes de chegar ao poder. Mas nem os próprios judeus alemães acreditaram, e muitos lá ficaram, esperando que tudo se revelasse apenas um mau sonho. O extermínio nuclear de Israel é assustadoramente similar: há anos os malucos iranianos e demais terroristas o vem prometendo, sem que ninguém faça nada. Agora todos parecem resignar-se a aceitar um Irã com armas atômicas (o que criará, além de tudo, uma nova corrida nuclear entre os bárbaros países islâmicos).

Lamentavelmente, mesmo em Israel a atitude geral é de negação. Ninguém quer se arriscar a um ataque preventivo. Afinal, não poderia acontecer de verdade, não é mesmo?

Kabum. Ops.