segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O restaurante da vida

Muitos consideram um horror que o homem mate industrialmente vacas, galinhas e ovelhas para se alimentar. "Se os matadouros fossem de vidro, todos seríamos vegetarianos", disse alguém certa vez.

Mas mesmo tirando o homem de fora da jogada, observamos que a morte de um ser por outro é uma constante. Assistimos compungidos aos documentários da National Geographic em que um inocente filhote de zebra é brutalmente atacado por leões - ou melhor, leoas - selvagens, e devorado na frente dos nossos olhos. "A Natureza é um grande restaurante", disse Woody Allen certa vez.

Por que Deus - ou vá lá, a Evolução - criou este mundo tão cruel, onde a vida se alimenta da vida, onde a vida mata constantemente a vida e o peixe maior come o peixe menor (salvo os raros casos em que o peixe menor tenta comer o maior)?

Por que, enfim, todo ser tem que tirar sua fonte de energia de outros seres? Não podíamos viver todos de energia solar? Da água e do ar? Do CO2, quem sabe?

Aí aparecem Peter Singer e outros supostos bioeticistas que dizem que usar os outros animais para nossos próprios nefastos fins seria "especiecismo". Que não somos diferentes do resto das espécies animais e que todos, homem, rato ou verme, temos exatamente os mesmos "direitos".

Mas é um raciocínio contraditório: afinal, se somos animais iguais aos outros, então, como eles, justamente nos devemos alimentar de outros animais para viver. Fazemos parte da grande cadeia do restaurante da vida. Se fôssemos diversos, se fôssemos especiais, apenas aí estaria justificado que agíssemos de algum modo diverso.

Além disso, o que o malucão do Singer e os ecologistas radicais fazem é considerar a "dor" como principio de igualdade geral. Aparentemente, só podemos comer as plantas porque estas não sentem "dor", já que não têm o sistema nervoso. No entanto, não significa que não sofram. Uma planta murcha ou seca, por acaso não indica que está sofrendo? Enquanto escrevo, já há uma comissao da ONU e da União Européia trabalhando em prol do direito das árvores. Não estou brincando: há mesmo. (Já comentei o assunto outra vez).

Mas o que nos diferencia dos outros animais (e vegetais) não é a capacidade de sentir dor, mas a consciência da própria existência como seres humanos. Isto é, sabemos que somos homens, temos consciência da Natureza e damos nomes aos outros animais, podemos estudar a nós mesmos como se estivéssemos fora da nossa própria espécie. Nenhum outro animal tem essa capacidade. Não há exemplos de tigres que tenham se tornado vegetarianos.

Aqueles que nos igualam com as galinhas e as pitangueiras nos diminuem. No fundo, talvez seja esse mesmo o objetivo. Não amam os animais: apenas odeiam os humanos e especialmente a civilização. E desse modo justificam a morte e a desgraça: quando Singer argumenta que a matança de galinhas é um "genocídio", está dizendo na verdade que o massacre de milhões de humanos é tao irrelevante quanto comer uma galinha ao molho pardo no jantar.

A vida humana é mais importante do que a das galinhas? Queremos crer que sim. Nem que seja pelo fato de sermos homens e não galinhas. Talvez quando as galinhas evoluirem e se tornarem seres superiores, poderemos discutir a respeito de uma forma mais democrática.

Enquanto isso, que os eco-malucos vão pastar.

19 comentários:

Anônimo disse...

Sinceramente, não sei se nossa vida é mais importante do que a das galinhas.

Nem sei se somos mais importantes do que uma pedra.

Só quero comer meu bife em paz.

Mas tenho meus princípios: vitelo e foie grass jamais.

Anônimo disse...

Bife de vitelo, pode? Ora, que bobagem. Ortodoxia de HK Chesterton explcia porque o cristianismo resolve essa equação.

Mr X disse...

Até a Bíblia condena a crueldade com os animais. Não há razão para não tentar ser éticos e ao menos diminuir o sofrimento desnecessário dos outros seres. Há certos usos de animais que são absurdamente gratuitos e cruéis, como os ursos na China dos quais se extrai a bílis. Sou contra a caça de baleias. Etc.

Animais devem ser tratados sem crueldade, e a crueldade com os animais pode ser punida por lei. Mas atenção, não é a mesma coisa que dizer que os animais têm "direitos". Nós humanos é que temos o dever de tratá-los razoavelmente bem.

O resto é insanidade.

Pax disse...

Bem, quem acredita em Olavão e Reinaldo Azevedo não vai acreditar numa foto dessas?

Anônimo disse...

Peraí, Pax, Olavão é esquisito, mas o Reinaldão? Só sendo idiota para fazer troça do cara.

Pax disse...

Chesterton,

O Reinaldo Azevedo é psicopata. Minha dúvida aqui é zero.

E rebato no ping pong, só sendo muito idiota pra idolatrar um doente desses.

Leonardo de Oliveira Martins disse...

O mais ridículo é que eles defendem a castração em massa de rebanhos e até de animais de estimação. Quanto amor pelos animais! Participei de uma discussão com esse povo uma vez, mas desisti de responder quando começou o "lá lá lá, não estou te ouvindo" [1]. Volta-e-meia eles promovem "debates" pró-vegan que devem ser na verdade aulas de retórica vagabunda, onde decoram os argumentos enquanto rodopiam como derviches.

[1]
http://stoa.usp.br/oliveiraramon/weblog/31147.html#cmt8645
http://stoa.usp.br/mauriciokanno/weblog/32093.html#cmt9098

Anônimo disse...

Esse não é o Pax. Não é possível.

Pax disse...

Velho e bom Chesterton,

Sou eu sim senhor. E não tenho a menor dúvida que o RA tem sério problemas psicológicos. Vou um pouco além. Não só tem suas psicopatias como não é lá muito honesto, em minha opinião.

Pra finalizar deixo uma simples pergunta: porque um cara que defende tanto a democracia é um censor de qualquer comentarista que não o aplaude? Poderia ficar só nesse último item pra afirmar que não merece um tostão furado.

Mr X disse...

Pôu, problemas psicológicos? Pegou pesado. Problemas psicológicos tenho eu, que tenho que aturar o Pax querendo me internar todo dia. :-P

Pax disse...

Ué, Mr X, é só você me bloquear. Siga os caminhos do mestre RA.

Fácil.

Anônimo disse...

Parece que o Pax não que pax...

E o RA não é maluco. Não concordo com muito do que ele diz, e não ponho a mão no fogo pela honestidade dele, mas maluco ele não é.

E sou a favor do lactovegetarianismo. Por razões éticas e de saude. Mas aqui em casa, como sou o unico, ainda como peixe em ocasiões festivas. Falta infra.

Pax disse...

Vejam, não acuso o Reinaldo de levar bola, ou toco na linguagem jornalística. Até procurei saber. Perguntei pra um jornalista amigo e conhecido por aí (não vou abrir quem) e ele afirma que RA não leva bola. Acredito nesse jornalista que é amigo do cara.

Acuso de desonesto intelectual mesmo. Já é o suficiente.

Pax disse...

Gerson,

Não se assuste. Faz um tempo que me coube a árdua tarefa de tentar recuperar o Mr X dos caminhos do Mal. Ele e o Chesterton. Me dão um trabalho inacreditável. Mas gosto da perseverança como mote.

Anônimo disse...

É velha, mas está no contexto:

http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI2765150-EI188,00.html

Será o futuro?

E quanto ao "reinaldão", tomara, mesmo, que Lula não reelega seu sucesssor.

Quem sabe esse mala caia no ostracismo, novamente, sem ter uma tomada para enfiar o dedo.

Cara chato, parece um pré-púbere acnoso, de mal com o mundo.

Anônimo disse...

RA é muito inteligente e sabe transformar raciocínios em palavras como poucos. Infelizmente, é também intelecutalmente desonesto e muitas vezes lança mão da sua forte capacidade argumentativa para disfarçar a falta de lógica na sustentação de certas crenças pessoais. É uma pena.

Anônimo disse...

Ah sim, em tempo: Acho que, se eu posso evitar que um animal seja morto para virar minha comida, por que não fazê-lo? Sempre achei nojento ter pedaços de cadáver no meu prato.

Sou ovo-lacto-vegetariano. Só não aderi ao veganismo total ainda por inviabilidade prática. Mas se tudo der certo, isso muda nos próximos tempos...

Anônimo disse...

Pax, um blog não é democrático, deu para entender ou é preciso desenhar?

Anônimo disse...

Gunnar e Pax tem obrigação de demonstrar a desonestidade intelectual do Reinaldão. Intelectualmente ele é impecável.