domingo, 25 de julho de 2010

Poema do domingo

Súplica

Agora que o silêncio  é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga (1907-1995)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O fim da democracia?

Churchill famosamente observou que a democracia era a pior forma de governo, com exceção de todas as outras. Ele tinha razão. Porém, no momento em que vivemos, há muita raiva, aqui e ali, contra a classe política, que talvez termine se traduzindo em raiva contra todo o sistema democrático.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Malditos racistas!

O governo Obama finalmente encontrou uma razão para criticar os terroristas muçulmanos: a Al-Qaeda é racista.

Seria hilário, se não fosse trágico. Ou será o contrário? Agora só falta Obama processar a Al-Qaeda por eles discriminarem os homossexuais, as lésbicas, os vegetarianos, e não se importarem com o aquecimento global.

Será que ser racista é pior do que ser terrorista?

Um dos nomes mais engraçados que a esquerda dá a si mesma, ao menos aqui nos EUA, é "reality-based community", ou "comunidade baseada na realidade". É delírio demais. Mas a verdade é que a esquerda não só não entende o mundo, como não entende que não o entende. Pode um louco ser convencido de que ele não é Napoleão?

Os EUA são um país obcecado com o racismo, como mostram vários eventos ocorridos nas últimas semanas. A maior acusação na América, hoje, é chamar alguém de "racista" e, de fato, os progressistas usam e abusam do método para silenciar seus oponentes. Quase sempre funciona. Mas a palavra já não tem qualquer sentido. O que é ser racista? Ninguém sabe, como mostra este documentário aqui.

Antes diziam que Obama jamais seria eleito presidente, pois os EUA eram um país "fundamentalmente racista". Agora que o homem foi eleito, as acusações continuam. Se você é contrário a Obama, você é racista. E, de fato, os afro-americanos são os únicos que continuam apoiando Obama em quase 90%, o mesmo nível desde sua posse. Já a cotação entre hispânicos e brancos despencou.

O fato é que a divisão racial no país só está aumentando com Obama e suas desastradas políticas. O negócio é rezar para que esta tensão fique apenas nas acusações de racismo, e não termine descambando para a violência real. 

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O último a entrar apague a luz

Devem os países ricos acolher refugiados de países pobres, vítimas de violência, guerra, genocídio ou mera pobreza?

A caridade cristã indicaria que sim. Quem tem deve ajudar quem não tem. Mas, na prática, a situação é um pouco mais complicada.


domingo, 18 de julho de 2010

Poema do domingo

In Memory of W. B. Yeats  


I
He disappeared in the dead of winter:
The brooks were frozen, the airports almost deserted,
And snow disfigured the public statues;
The mercury sank in the mouth of the dying day.
What instruments we have agree 
The day of his death was a dark cold day.

Far from his illness
The wolves ran on through the evergreen forests,
The peasant river was untempted by the fashionable quays;
By mourning tongues
The death of the poet was kept from his poems.

But for him it was his last afternoon as himself,
An afternoon of nurses and rumours;
The provinces of his body revolted,
The squares of his mind were empty,
Silence invaded the suburbs,
The current of his feeling failed; he became his admirers.

Now he is scattered among a hundred cities
And wholly given over to unfamiliar affections,
To find his happiness in another kind of wood
And be punished under a foreign code of conscience.
The words of a dead man
Are modified in the guts of the living.

But in the importance and noise of to-morrow
When the brokers are roaring like beasts on the floor of the Bourse,
And the poor have the sufferings to which they are fairly accustomed,
And each in the cell of himself is almost convinced of his freedom,
A few thousand will think of this day
As one thinks of a day when one did something slightly unusual.

What instruments we have agree
The day of his death was a dark cold day.
II
You were silly like us; your gift survived it all:
     The parish of rich women, physical decay,
     Yourself. Mad Ireland hurt you into poetry.
     Now Ireland has her madness and her weather still,
     For poetry makes nothing happen: it survives
     In the valley of its making where executives
     Would never want to tamper, flows on south
     From ranches of isolation and the busy griefs,
     Raw towns that we believe and die in; it survives,
     A way of happening, a mouth.

III
Earth, receive an honoured guest:
          William Yeats is laid to rest.
          Let the Irish vessel lie
          Emptied of its poetry.

          In the nightmare of the dark
          All the dogs of Europe bark,
          And the living nations wait,
          Each sequestered in its hate;

          Intellectual disgrace
          Stares from every human face,
          And the seas of pity lie
          Locked and frozen in each eye.

          Follow, poet, follow right
          To the bottom of the night,
          With your unconstraining voice
          Still persuade us to rejoice;

          With the farming of a verse
          Make a vineyard of the curse,
          Sing of human unsuccess
          In a rapture of distress;

          In the deserts of the heart
          Let the healing fountain start,
          In the prison of his days
          Teach the free man how to praise.
 
W. H. Auden (1907-1973) 

sábado, 17 de julho de 2010

África para os Chineses

Neocolonialismo ou mera globalização? Os chineses estão invadindo e tomando controle da África, continente cheio de recursos subaproveitados. Há centenas de empresas chinesas e milhares de trabalhadores chineses investindo em países como Uganda, Congo, Botswana, etc.

Acho a notícia boa por um lado, e preocupante por outro. Quer dizer, é possível que os chineses sejam uma boa influência para a África, auxiliando no crescimento de um continente subaproveitado. Por outro lado, está claro que o interesse da China não é na população africana, mas nos minérios e outras riquezas naturais do continente. Sabendo que os chineses não preocupam-se demasiado com a ecologia ou os direitos humanos, é possível que isso termine por gerar uma devastação maior. Veremos.

Será a China a grande potência do século 21? Alguns apostam na Índia, embora o país tenha grandes problemas. Outros continuam apostando na supremacia americana, apesar de sua relativa decadência, e outros apostam no ressurgimento da União Européia. Há quem acredite num pouco provável ressurgimento do Japão, e mesmo quem pense que o Brasil finalmente chegue lá, afinal brasileiro não desiste nunca.

Seja como for, os chineses são os que mais estão expandindo sua influência por todo o planeta, do Oiapoque a Washington D.C. Eu apostaria neles.

Revolução Silenciosa

Enquanto nos EUA o Congresso americano aprovava um pacotão de controle governamental do sistema financeiro (não tenho idéia do que contenha a lei de 2.300 páginas, mas boa coisa não pode ser), na Venezuela o intelectual Alejandro Peña Esclusa era preso sob a espúria acusação de "terrorismo", e, na Argentina, graças a uma guerrinha particular dos Kirchner com a Igreja Católica, acabava de sair uma lei liberando o "casamento gay"

É o progressismo mundial festejando e mostrando toda a sua onipotência.



terça-feira, 13 de julho de 2010

A Internet é do mal?

Desde os anos 90, a grande moda entre os educadores é colocar mais e mais computadores nas escolas. Segundo reportagem recente, o governo brasileiro planeja colocar computadores com internet banda larga em 55 mil escolas até o final de 2010, e "Lula disse que sonha em dar um computador para cada uma das 34 milhões de crianças da rede pública do país." É computador pra burro (perdão pelo duplo sentido). Até a favela do Morro Santa Marta já tem wi-fi grátis (isto é, paga pelo contribuinte não-favelado).

Todos, naturalmente, assumem que é uma coisa positiva, já que o computador ajuda ao desenvolvimento intelectual e cultural da criança. Quer dizer... E se não fosse bem assim? 


segunda-feira, 12 de julho de 2010

O fim da era espacial

Um longo artigo (em inglês) no Brussels Journal fala sobre a decadência do programa espacial americano, que levou o homem à Lua e prometia levá-lo a Marte, mas que tem agora a maioria de seus projetos cortados por Obama, e cujo objetivo principal, nas palavras do atual diretor da NASA, é "aumentar a auto-estima dos muçulmanos". Longe das glórias passadas, a NASA virou agência de relações públicas e cabide de empregos multicultural.


domingo, 11 de julho de 2010

Poema do domingo

LLAMO AL TORO DE ESPAÑA

Alza, toro de España: levántate, despierta.
Despiértate del todo, toro de negra espuma,
que respiras la luz y rezumas la sombra,
y concentras los mares bajo tu piel cerrada.

Despiértate.

Despiértate del todo, que te veo dormido,
un pedazo del pecho y otro de la cabeza:
que aún no te has despertado como despierta un toro
cuando se le acomete con traiciones lobunas.

Levántate.

Resopla tu poder, despliega tu esqueleto,
enarbola tu frente con las rotundas hachas,
con las dos herramientas de asustar a los astros,
de amenazar al cielo con astas de tragedia.

Esgrímete.

Toro en la primavera más toro que otras veces,
en España más toro, toro, que en otras partes.
Más cálido que nunca, más volcánico, toro,
que irradias, que iluminas al fuego, yérguete.

Desencadénate.

Desencadena el raudo corazón que te orienta
por las plazas de España, sobre su astral arena.
A desollarte vivo vienen lobos y águilas
que han envidiado siempre tu hermosura de pueblo.

Yérguete.

No te van a castrar: no dejarás que llegue
hasta tus atributos de varón abundante
esa mano felina que pretende arrancártelos
de cuajo, impunemente: pataléalos, toro.

Víbrate.

No te van a absorber la sangre de riqueza,
no te arrebatarán los ojos minerales.
La piel donde recoge resplandor el lucero
no arrancarán del toro de torrencial mercurio.

Revuélvete.

Es como si quisieran arrancar la piel al sol,
al torrente la espuma con uña y picotazo.
No te van a castrar, poder tan masculino
que fecundas la piedra; no te van a castrar.

Truénate.

No retrocede el toro: no da un paso hacia atrás
si no es para escarbar sangre y furia en la arena,
unir todas sus fuerzas, y desde las pezuñas
abalanzarse luego con decisión de rayo.

Abalánzate.

Gran toro que en el bronce y en la piedra has mamado,
y en el granito fiero paciste la fiereza:
revuélvete en el alma de todos los que han visto
la luz primera en esta península ultrajada.

Revuélvete.

Partido en dos pedazos, este toro de siglos,
este toro que dentro de nosotros habita:
partido en dos mitades, con una mataría
y con la otra mitad moriría luchando.

Atorbellínate.

De la airada cabeza que fortalece el mundo,
del cuello como un bloque de titanes en marcha,
brotará la victoria como un ancho bramido
que hará sangrar al mármol y sonar a la arena.

Sálvate.

Despierta, toro: esgrime, desencadena, víbrate.
Levanta, toro: truena, toro, abalánzate.
Atorbellínate, toro: revuélvete.
Sálvate, denso toro de emoción y de España.

Sálvate.

Miguel Hernández (1910-1942)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Seu coração é vermelho

Já foi observado - não lembro se pelo Diogo Mainardi ou o Reinaldo Azevedo, renomados PTólogos  - que os petistas costumam confundir governo, partido e país. É como se o partido, tendo assumido a presidência, acreditasse ter obtido o direito de se apossar para sempre do país e seus símbolos. Não há outra maneira de interpretar o vermelho no símbolo da Copa de 2014, aprovado por um grupo de "notáveis" que incuía "Gisele Bundchen, Ivete Sangalo e Oscar Niemeyer".

De maneira similar (nada mais parecido a um governo progreçista do que outro), Obama têm mandado instalar em todas as obras realizadas com alguma parcela de fundos federais o seguinte cartaz:


O vermelho, ao menos, aqui está justificado pelas cores da bandeira americana, embora as engrenagens pareçam meio sovietizantes. Cada cartaz desses custa a bagatela de dez mil dólares. Superfaturamento? É provável. A colocação do cartaz, por lei, deveria ser opcional. Mas governo municipal ou federal que não colocá-lo, não recebe verba federal. As engrenagens precisam girar, você entende.

Brasil e EUA, tão iguais, tão diferentes.

De minha parte, vermelho por vermelho, fico com o do Internacional.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Mais futebol

Lula pode se enganar, mas o polvo tem sempre razão. A Espanha venceu a Alemanha, e com justiça. Os alemães, por medo ou desfalque, jogaram mal. A Espanha foi um festival de excelentes jogadas, ainda que falhassem muito na conclusão. Espero que sejam os campeões.

Enquanto isso, Theodore Dalrymple escreveu um artigo falando mal sobre o futebol, e quase terminou sendo apedrejado pelos comentaristas. Por que o futebol levanta tanto as paixões, em alguns casos conduzindo seus fãs à violência, à depressão ou à loucura?

Alguns dizem que o futebol seria um substituto da guerra, exaltando ânimos nacionalistas ou tribalistas e, como a guerra, termina suscitando as mesmas paixões. Outros acreditam que seja apenas uma questão de pão e circo. "Quando o pão está garantido, o circo enche a mente das pessoas", diz Dalrymple. Alguns querem arte, alguns dinheiro e alguns querem sexo. Para outras pessoas, é o futebol que preenche o vazio existencial. 

(E por falar em vazio existencial, em outra leitura indicada, Bill Whittle não fala sobre futebol, mas fala sobre os perigos da prosperidade excessiva, e como esta termina conduzindo ao "progressivismo" -- isto é, a crença de que mais e mais bonanças podem ser pagas com o interminável dinheiro público. É outra forma de esporte, mais radical.)

A Copa do Mundo vai tristemente chegando ao fim.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Eles vivem!

Não sei se alguém lembra do filme "Eles vivem" (They Live), clássico dos anos 80 de John Carpenter. Dá pra ver completinho no You Tube, com legenda em português e tudo mais. Em linhas gerais, a história era sobre um sujeito que descobria que uma elite de alienígenas estava na Terra e controlava secretamente o planeta, enviando mensagens subliminares através da mídia. Tais mensagens induziam ao consumismo e à passividade e (assim como o rosto dos alienígenas) só podiam ser vistas com óculos especiais.

Pois bem. Parece-me que vivemos uma situação parecida, só que as mensagens não são subliminares, mas bastante diretas, e não induzem tanto ao consumismo quanto a uma visão (neo)marxista do mundo. É impossível escapar aos seus sinais. Assistam por exemplo a este estranho anúncio da Rede Globo sobre a violência, que parece saído da cartilha do PT. Ué, mas a Globo não era porta-voz das elites malvadas? (De fato. Hoje as elites malvadas são todas progressistas).

É difícil escapar à influência das idéias progressistas, pois não há um único meio que não as divulgue, de livros infantis gays a romances a filmes a telenovelas. As mensagens, às vezes, são sutis. (Notem por exemplo como a Mulher Maravilha, em seu novo uniforme, abandona as cores da bandeira americana, para tornar-se mais "universal"). Outras vezes, são mais descaradas, como em qualquer filme brasileiro. (Somos mais toscos do que os americanos, não sabemos fazer propaganda subliminar muito bem).

Porém, pensando melhor, eu nem diria que tais idéias são "esquerdistas" ou mesmo "progressistas". Tratam-se simplesmente de mentiras deslavadas, com a única intenção de irritar e confundir. Quer dizer, será que alguém em sã consciência realmente acredita que "a dominação dos homens sobre as mulheres e dos ricos sobre os pobres" são formas de violência equivalentes a ter o filho morto com um tiro na testa em uma esquina por causa de um relógio ou um par de tênis?

E, no entanto, as mensagens continuam, dia e noite, sem parar. O que fazer para acabar com esse vendaval? Uns dizem que é impossível, e que devemos aguardar pacientemente o crash do sistema (as idéias progressistas têm um único inconveniente: não funcionam na prática) para, aí então, recomeçar do zero. Outros afirmam que a Internet e outros meios de informação alternativos seriam o caminho. Mas, com o Estado querendo controlar cada vez mais a Internet, talvez nem isso seja possível.

Não há escapatória. Eles vivem e estão entre nós. Obedeça!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O povo quer armas!

O povo americano quer manter seu direito a usar armas de fogo:

A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta segunda-feira que os estados federados não podem limitar ou proibir os cidadãos de possuir armas de fogo, como garante a Segunda Emenda da Constituição. Ao revogar uma proibição de Chicago (Illinois) sobre porte de armas de fogo, a máxima instância judicial americana declarou inconstitucional qualquer restrição nesse sentido por parte dos estados e dos governos locais. Em um duro golpe contra aqueles que buscam um maior controle das armas nos Estados Unidos, o juiz Samuel Alito disse que a Constituição é clara sobre o direito dos cidadãos de portar armas para sua defesa pessoal.
Depois do aborto e da pena de morte, o controle de armas talvez seja o tema mais divisivo e polêmico na sociedade atual. E com boa razão. Armas podem servir tanto para o bem quanto para o mal.

Guns don't kill people. Cats with guns kill people.