quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O que é um intelectual?

Devo confessar uma coisa: não sou um intelectual. Quer dizer, tenho PhD e tudo, mas confesso que o obtive enrolando a mais não poder. Colocava uma citação de Derrida aqui e uma de Deleuze ali para alegrar os professores, mas sem ter lido mais do que duas páginas desses supremos imb... hã, pensadores pós-modernos.

Por exemplo, se não fosse essa discussão com o filósofo abortista alguns posts atrás, jamais teria sabido quem é o tal Lakatos; agora, ao menos, li o seu verbete biográfico na Wikipedia e posso morrer tranqüilo.

Gosto de pessoas que escrevem de modo claro e direto, e de preferência conciso. Que não puxam citações do bolso a cada dois por três, e especialmente que não vem com esse papo de que "a realidade não existe" ou "tudo é uma construção". Isso é mais velho do que o mundo. Os gregos e meu avô já falavam disso.

O que é ser um intelectual hoje em dia?

Difícil dizer. A maioria dos intelectuais consagrados pelo mundo moderno são uns velhos marxistas rompicoglioni. Por exemplo, Eric Hobsbawn. O cara acreditava no comunismo! Na sociedade utópica igualitária! Ele se quebrou, é claro. Não conseguiu nem prever a queda do muro de Berlim. E ainda está nessas de denunciar o capitalismo e o imperialismo americano...

Gosto de Theodore Dalrymple. Não sei se ele é considerado um intelectual; sei que escreve de modo preciso, direto e iluminador sobre os males do mundo moderno. Como Tchekov, é médico. Seu pai era comunista e sua mãe uma judia alemã que escapou ao nazismo (o que o tornaria também judeu, embora ele seja, até onde sei, agnóstico). Não é um ideólogo; de fato, não se alinha com nenhuma das correntes políticas mais em voga, nem à direita nem à esquerda. É culturalmente conservador, ou ao menos nostálgico.

Não creio que se considere um intelectual; neste artigo, por exemplo, explica por que "Os intelectuais gostam de um genocídio", o que não me parece ser o seu caso.

Outra grande qualidade de Dalrymple (nome real, Anthony Daniels) é falar da sua própria experiência pessoal em vez de citar tanto Popper e Lakatos. Viajou pelo mundo inteiro, do Chile ao Zimbabwe, da Índia à Bulgária, e suas descrições desses países e culturas são relatos sempre interessantes. Aqui ele tem um excelente e poético artigo sobre os recentes eventos de Mumbai.

E ele faz uma pergunta irrespondível aos "intelectuais" que justificam o terrorismo islâmico em nome de supostas injustiças sofridas pelos muçulmanos:

"Como é que pode o horror com a suposta desumanidade ou violação de direitos humanos de um povo conduzir à matança aleatória de seres humanos?"

(De fato, os terroristas muçulmanos devem ser os únicos que, horrorizados com o desrespeito aos direitos humanos, saem torturando e matando gente inocente por aí...)

Até um gato intelectual pode questionar a realidade objetiva.
(Clique aqui para mais lolcats)

12 comentários:

Anônimo disse...

Vale a pena ler o Livro de Paulo Johnson "Os Intelectuais" (não poeria ter outro nome). É grande, e sacaneia os mais importantes.

Anônimo disse...

Como é que pode um fã de táticas nazistas ser tão contra o aborto. Só pode ser por causa de que odeia mulher.

Mr X disse...

Rodrigo, você por aqui? :-/

Pax disse...

Não demora vai confessar que é um ex-comunista que por desilusão amorosa se tornou um rancoroso direitoba.

Pax disse...

Chesterton e Mr X

Obrigo-os a chibatadas democráticas a lerem este texto

http://antoniocicero.blogspot.com/2008/12/cioran-genealogia-do-fanatismo.html

Anônimo disse...

Pax, Pirro foi o relativista mor que iniciou a Insanidade Intelectual ocidental. Ele é o tal que dizia que a realidade não existia, mas que corria das mordidas dos cachorros, o que causava enormes risadas em seus contemporâneos.
O irmão da Marina nada mais é que um imenso relativista : acredita que não exista um principio moral absoluto (acredita que o certo ou errado depende do que os individuos ou a sociedade3 decidem que é).
Como intelectual se confessa preguiçoso, e como todo relativista, cai em 2 problemas, DETERMINISMO-COLETIVISMO (a vontade coletiva sobre o individuo, e a ausencia do livre arbítrio). No fundo creio que ele pretenda justificar sua preguiça e inação com o subjetivismo.
E termina escatologicamente...."tédio provinciano em escala universal". A extinção da humanidade como tal, afinal isso se aplica as vaquinhas do pasto, mas não ao que eu acho ser humano.

Anônimo disse...

Esse antonio sei-lá-quem fez o recorte de Cioran que mais lhe pareceu conveniente. Eis que abro minha edição do Breviário e copio o seguinte trecho - um lúcido contraponto a todo esse oba-oba de relativismo e tolerância irrestrita:


Quando se livra da tirania fecunda das idéias fixas, [o homem] se perde e se arruina. Começa a aceitar tudo, a envolver em sua tolerância não somente os abusos menores, mas também os crimes e as monstruosidades, os vícios e as aberrações: tudo vale o mesmo para ele; Sua indulgência destrói a si mesma, se estende ao conjunto dos culpáveis, das vítimas e dos carrascos; é de todos os partidos porque compartilha todas as opiniões; gelatinoso, contaminado pelo infinito, perdeu seu "caráter" na falta de um ponto de referência ou de uma obsessão. A visão universalista funde as coisas na indistinção. [...] Sua piedade se orienta à existência inteira e sua caridade é a da dúvida e não a do amor. É uma caridade cética, conseqüência do conhecimento e que perdoa a todas as anomalias.

Mr X disse...

Meu filosofo preferido e' Diogenes de Sinope, o cinico. :-)

Unknown disse...

O meu é o Paulo Coelho!!!

Anônimo disse...

Evans, é a fórmula para se acabar dando bom dia a cavalo.....

Estudar matemática com o filho de 13 anos (e olha que sou bom nisso) e ver a cria pensando mais rápido que você...não tem preço.

Anônimo disse...

Parabéns.

Não citou o Olavo, nem o Azedume como sua referência intelectual.

Botei FÉ.

Com RAZÃO, serás quase um Tomás de Aquino.

Anônimo disse...

mas tem um pessoal com fixação no Olavão.....