O pastor americano Terry Jones, que havia ameaçado queimar um exemplar do Corão há alguns meses atrás, terminou queimando um exemplar do livro há algumas semanas -- sob completo silêncio da mídia.
Mas duas semanas após o evento, com a correspondente pregação de ódio nas mesquitas e as declarações polêmicas do presidente afegão Karzai (um suposto "aliado" do Ocidente), eis que um bando de muçulmanos enlouquecidos invadiu um escritório da ONU no Afeganistão e matou vários infelizes. Algumas das vítimas foram decapitadas.
Agora a mídia quer jogar a responsabilidade do ocorrido no pastor Terry Jones, dizendo que ele seria "moralmente responsável" pelo ato de fanáticos do outro lado do mundo. Curioso. Quando imbecis ocidentais pintam quadros da Virgem Maria com fezes ou inundam um crucifixo em urina, isso é chamado de "arte"; se algum fundamentalista cristão ousasse matar alguém em nome desse ultraje, será que os artistas seriam considerados pela mídia como "moralmente responsáveis"? Duvide-o-dó.
Para os progressistas, os muçulmanos não têm livre-arbítrio ou capacidade de raciocínio abstrato. Tudo o que fazem é em resposta a "provocações" do Ocidente. O pastor Jones queimou o Corão por considerar o Islã uma religião violenta. Indignados com essa acusação altamente injusta, os muçulmanos massacraram dezenas de inocentes... Ironia pouca é bobagem? Pois ainda protestam, mataram mais um e agora estão queimando bandeiras americanas e efígies de Obama. (É. Isso pode...)
Quer saber? Acho que os progressistas, de certa forma, têm razão. Muitos muçulmanos, e aliás grande parte das pessoas do mundo incivilizado, provavelmente não têm mesmo uma capacidade de raciocínio altamente desenvolvida. São irracionais e resolvem tudo com violência. No mesmo dia em que muçulmanos enlouquecidos continuam depredando e matando devido a um exemplar de um livro queimado na Flórida, muçulmanos no Paquistão se explodiram matando outros 40 muçulmanos. O motivo? As vítimas eram muçulmanos da seita sufi, considerada herege pelos sunitas...Quer dizer, nem eles se agüentam entre si.
Na Costa do Marfim, enquanto isso, uma nova guerra civil mergulha a África novamente em sangue. O motivo? Um presidente que não quer deixar o cargo, e outro que quer tomá-lo. Tudo resolvido à moda africana, com diálogo, harmonia, facões, tiros e tanques. O que a mídia não explica é que também lá o conflito é religioso e envolve muçulmanos: Outtara é apoiado pelos muçulmanos do norte, e seria o primeiro muçulmano presidente do país, não fosse a persistência de Gbago em continuar no poder.
É realmente deprimente. O melhor mesmo talvez seja os países ocidentais ficarem o mais longe possível dessa roubada chamada África e Oriente Médio, especialmente dos países muçulmanos. Achar que estes vão tornar-se democracias à moda americana ou européia é pura ilusão. Eles que se matem entre si e nos deixem em paz.
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segunda-feira, 4 de abril de 2011
sábado, 18 de abril de 2009
Existe historiador não-marxista?
Uma pedido aos caros leitores, que talvez possam me ajudar. Sempre que procuro informações algo mais detalhadas sobre algum evento da História do Brasil, na maior parte das vezes, por mais que pesquise, encontro apenas versões de historiadores que falam para cá e para lá em "classes dominadas oprimidas", reclamam que as guerras e revoluções de tal ou tal época "não tinham conteúdo social" ou informam que eram causadas pela "mão poderosa do imperialismo", interpretam tudo pela "luta de classes" e acreditam piamente - sim, ainda! - nas benesses do socialismo vindouro. Quase todos marxistas, quando não meramente lulistas e petistas.
Existe algum historiador brasileiro que não se enquadre nessa categoria?
Existe algum historiador brasileiro que não se enquadre nessa categoria?
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Machado de Assis não era comunista, e Capitu traiu Bentinho sim
Desculpem se saio um pouco dos temas habituais do blog, mas preciso dizer uma coisa.
Não suporto o Roberto Schwarz nem toda essa leitura sociológica de Machado de Assis, que o vê como um crítico do capitalismo e das "elites" e não sei mais o quê. (Aqui uma delas).
Ora, Machado de Assis não era comunista nem socialista nem anarquista. Machado de Assis não criticava o capitalismo, ou as elites, nem a sociedade brasileira da época: Machado criticava tudo e todos. Os vícios que via na classe alta eram os mesmos que via nas classes baixas. Era um pessimista moral, não social; não acreditava que uma "ordem social diversa" ou a "justiça social" fosse resolver os problemas. Aliás seu "humanitismo" (ver Quincas Borba) é uma cruel sátira do próprio conceito de utopia e de "justiça social".
Por exemplo, vejamos o conto Pai contra Mãe. Certamente pode-se dizer que há ali uma crítica do sistema escravocrata. Mas, passada a escravatura, a pena de Machado continua observando a exploração do homem pelo homem, como se nao houvesse existido mudança qualquer. Passa-se do Império à República e tampouco muda nada. Ou seja, seu problema não é com a sociedade escravocata, nem imperial, nem capitalista. É com a humanidade mesmo.
E outra coisa: Capitu traiu Bentinho sim. A explicação que me convenceu foi a seguinte: durante a vida de Machado, e mesmo muitas décadas depois, nenhum crítico ou colega escritor afirmava que Capitu não tivesse traído Bentinho. A visão canônica, ou melhor, óbvia, era que Capitu havia traído, sim. Afinal era o que o narrador dizia. Bentinho era um corno assumido. Essa visão de que o narrador tinha um "ponto de vista" enganador apareceu só muitos anos depois, parece que foi uma professora feminista que inventou essa idéia. Desde então nunca nos livramos dessa discussão. Pois bem, eu encerro ela aqui: a safada traiu, sim. Tinha olhos enganadores, lembram?
P.S. Não estou assistindo a série Capitu, mas até que achei bacana este projeto. Vocês podem participar também. Eu gravei um dos trechos, mas não vou dizer qual.
P.S. 2. O Pax tem razão, virei direitão reacionário depois que minha Capitu trocou-me por um comunista ecologista pró-palestino. Desde então odeio essa corja, grrr.

Não suporto o Roberto Schwarz nem toda essa leitura sociológica de Machado de Assis, que o vê como um crítico do capitalismo e das "elites" e não sei mais o quê. (Aqui uma delas).
Ora, Machado de Assis não era comunista nem socialista nem anarquista. Machado de Assis não criticava o capitalismo, ou as elites, nem a sociedade brasileira da época: Machado criticava tudo e todos. Os vícios que via na classe alta eram os mesmos que via nas classes baixas. Era um pessimista moral, não social; não acreditava que uma "ordem social diversa" ou a "justiça social" fosse resolver os problemas. Aliás seu "humanitismo" (ver Quincas Borba) é uma cruel sátira do próprio conceito de utopia e de "justiça social".
Por exemplo, vejamos o conto Pai contra Mãe. Certamente pode-se dizer que há ali uma crítica do sistema escravocrata. Mas, passada a escravatura, a pena de Machado continua observando a exploração do homem pelo homem, como se nao houvesse existido mudança qualquer. Passa-se do Império à República e tampouco muda nada. Ou seja, seu problema não é com a sociedade escravocata, nem imperial, nem capitalista. É com a humanidade mesmo.
E outra coisa: Capitu traiu Bentinho sim. A explicação que me convenceu foi a seguinte: durante a vida de Machado, e mesmo muitas décadas depois, nenhum crítico ou colega escritor afirmava que Capitu não tivesse traído Bentinho. A visão canônica, ou melhor, óbvia, era que Capitu havia traído, sim. Afinal era o que o narrador dizia. Bentinho era um corno assumido. Essa visão de que o narrador tinha um "ponto de vista" enganador apareceu só muitos anos depois, parece que foi uma professora feminista que inventou essa idéia. Desde então nunca nos livramos dessa discussão. Pois bem, eu encerro ela aqui: a safada traiu, sim. Tinha olhos enganadores, lembram?
P.S. Não estou assistindo a série Capitu, mas até que achei bacana este projeto. Vocês podem participar também. Eu gravei um dos trechos, mas não vou dizer qual.
P.S. 2. O Pax tem razão, virei direitão reacionário depois que minha Capitu trocou-me por um comunista ecologista pró-palestino. Desde então odeio essa corja, grrr.

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Mark Twain na Terra Santa
Estou lendo trechos de "The Innocents Abroad", livro com relatos de viagens do então jovem Mark Twain à Europa e à Terra Santa. O ano era 1867; a Palestina estava sob o controle do Império Otomano.
O mais refrescante é ler um livro que seja tão pouco politicamente correto. Twain não hesita em chamar os muçulmanos de "selvagens" e indolentes. Não que ele fale mal apenas dos muçulmanos, é claro. Os italianos são desorganizados e gananciosos; os franceses são ignorantes e esnobes; os gregos são mentirosos e ladrões; os armênios são insolentes; os judeus são narigudos. Nem os turistas americanos que o acompanham escapam: são em grande parte mal-educados que tentam levar pedaços de monumentos como souvenirs.
A Palestina (não, não é habitada pelos fantomáticos "palestinos" que só surgiriam em 1967) é vista por Twain como uma terra desolada e inóspita. Quase só há deserto, ruínas e decadência. Eis sua descrição de Jerusalém, onde viviam na época menos de 14 mil pessoas sob controle dos turcos:
Quanto aos judeus, Twain compara a vida superior que levam na América em relação à sua vida degradada nos guetos da Europa e nas Arábias:
Enfim; um livro interessante nestes tempos em que a Terra Santa volta a ser o centro das atenções. Está todo disponível online.
Atualização: O tal Portão Dourado de que fala Mark Twain é um dos oito portões da Cidade Antiga em Jerusalém, e o único que permanece fechado até hoje. Para os judeus é o Portão da Misericórdia; para os cristãos é o Portão Dourado; para os muçulmanos é o Portão da Vida Eterna.
O portão tem uma história fascinante. A tradição judaica diz que a Presença Divina costumava aparecer ali, e que é por ali que o Messias dos judeus entrará quando chegar a Jerusalém. Foi para impedir esse retorno que os muçulmanos, desde o tempo de Suleiman I em 1541, cobriram o portão com pedras e construíram um cemitério na entrada: acreditavam que o Messias, sendo um Kohen, não poderia passar por ali (Kohens ou Cohens seriam os descendentes diretos de Abraão). No entanto os muçulmanos estavam errados, pois um Kohen pode atravessar cemitérios de não-judeus.
Hoje sob administração de Israel, o portão permanece fechado, e assim permanecerá até a volta do Messias, que dada a volatilidade da situação atual pode ocorrer a qualquer momento.
O que teria pensado Mark Twain vendo a Terra Santa hoje após a fundação do Estado de Israel? Acredito que ficaria feliz ao ver o incrível desenvolvimento desta terra inóspita. De fato, os sionistas hoje tão odiados pela esquerda fizeram o deserto florescer. Literalmente. Mark Twain no fundo era bastante pró-judaico e certamente teria gostado de ver a Terra Santa livre do domínio dos malvados turcos.
O mais refrescante é ler um livro que seja tão pouco politicamente correto. Twain não hesita em chamar os muçulmanos de "selvagens" e indolentes. Não que ele fale mal apenas dos muçulmanos, é claro. Os italianos são desorganizados e gananciosos; os franceses são ignorantes e esnobes; os gregos são mentirosos e ladrões; os armênios são insolentes; os judeus são narigudos. Nem os turistas americanos que o acompanham escapam: são em grande parte mal-educados que tentam levar pedaços de monumentos como souvenirs.
A Palestina (não, não é habitada pelos fantomáticos "palestinos" que só surgiriam em 1967) é vista por Twain como uma terra desolada e inóspita. Quase só há deserto, ruínas e decadência. Eis sua descrição de Jerusalém, onde viviam na época menos de 14 mil pessoas sob controle dos turcos:
A população de Jerusalém é composta de Muçulmanos, Judeus, Gregos, Armênios, Sírios, Coptas, Abissínios, Católicos Gregos e um punhado de Protestantes. Abundam remendos, desgraça, pobreza e sujeira, esses sinais que indicam a presença de uma administração muçulmana com maior clareza do que a própria bandeira da lua crescente. Leprosos, aleijados, cegos e idiotas atacam você em cada esquina.(...)Os turcos e árabes revelam-se intolerantes com os forasteiros cristãos:
Como odeiam os Cristãos em Damasco! - e em quase todo o Império Otomano. Fere a minha vaidade ver esses pagãos recusar-se a comer comida que tenha sido preparada para nós, ou de um prato em que nós tenhamos comido; ou beber de um cantil que nós tenhamos poluído com os nossos lábios Cristãos, a não ser filtrando a água com um pano ou uma esponja! Nunca detestei os Chineses tanto quanto estes decadentes Turcos e Árabes, e ficarei feliz quando a Rússia declarar guerra a eles novamente.E algumas páginas mais adiante:
Os Muçulmanos observam o Portão Dourado com um olhar protetor e ansioso, pois seguem uma tradição que diz que quando ele cair, também cairá o Islã e com ele o Império Otomano. Não fiquei triste ao perceber que o velho portão estava ficando algo enferrujado...Não sei se o tal portão caiu; sei que o Império Otomano caiu, mas não caiu com ele o Islã, é claro. E os dois defeitos indicados por Mark Twain seguem bem vivos: a incompetência administrativa somada à suprema arrogância em relação aos "infiéis".
Quanto aos judeus, Twain compara a vida superior que levam na América em relação à sua vida degradada nos guetos da Europa e nas Arábias:
Os Judeus, lá [na América], são tratados como seres humanos e não como cães. Podem trabalhar no emprego que desejarem; podem vender o que quiserem; podem abrir farmácias; podem praticar a medicina entre os Cristãos; podem até apertar a mão de Cristãos se assim o desejarem; podem associar-se com eles assim como um ser humano pode se associar com qualquer outro ser humano; podem viver em qualquer parte da cidade que desejarem; (...) neste mesmo instante, nesse curioso país, um Judeu pode votar, ser candidato a um cargo, sim, erguer-se na rua e expressar a sua opinião sobre o governo se não o considerar bom! Ah, é maravilhoso.Chama a atenção o aspecto religioso do passeio, o interesse por locais citados na Bíblia e até a constante citação de passagens bíblicas (Mark Twain mais tarde iria criticar bastante a religião cristã, ou, de fato, todas as religiões; alguns dizem que teria se tornado ateu no fim da vida, embora não conste que tenha jamais se declarado tal e tenha morrido como um presbiteriano).
Enfim; um livro interessante nestes tempos em que a Terra Santa volta a ser o centro das atenções. Está todo disponível online.
Atualização: O tal Portão Dourado de que fala Mark Twain é um dos oito portões da Cidade Antiga em Jerusalém, e o único que permanece fechado até hoje. Para os judeus é o Portão da Misericórdia; para os cristãos é o Portão Dourado; para os muçulmanos é o Portão da Vida Eterna.
O portão tem uma história fascinante. A tradição judaica diz que a Presença Divina costumava aparecer ali, e que é por ali que o Messias dos judeus entrará quando chegar a Jerusalém. Foi para impedir esse retorno que os muçulmanos, desde o tempo de Suleiman I em 1541, cobriram o portão com pedras e construíram um cemitério na entrada: acreditavam que o Messias, sendo um Kohen, não poderia passar por ali (Kohens ou Cohens seriam os descendentes diretos de Abraão). No entanto os muçulmanos estavam errados, pois um Kohen pode atravessar cemitérios de não-judeus.
Hoje sob administração de Israel, o portão permanece fechado, e assim permanecerá até a volta do Messias, que dada a volatilidade da situação atual pode ocorrer a qualquer momento.
O que teria pensado Mark Twain vendo a Terra Santa hoje após a fundação do Estado de Israel? Acredito que ficaria feliz ao ver o incrível desenvolvimento desta terra inóspita. De fato, os sionistas hoje tão odiados pela esquerda fizeram o deserto florescer. Literalmente. Mark Twain no fundo era bastante pró-judaico e certamente teria gostado de ver a Terra Santa livre do domínio dos malvados turcos.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Livros usados
Mudando de assunto, já que política, economia e sociedade estão ficando temas demasiado aborrecidos ou deprimentes.
Falemos de livros usados.
O grande Theodore Dalrymple, talvez o maior pensador inglês da atualidade, escreveu um belo e até emocionante artigo sobre livros usados, sebos, dedicatórias, e as mudanças trazidas a tudo isso pela Internet e pela globalização.
Também gosto de livros antigos, de livrarias velhas e escuras, da idéia de encontrar em uma prateleira empoeirada coisas que você jamais sonhava existirem. Se tudo isso permanecerá nas próximas décadas, é difícil dizer. Provavelmente sim, mas para uma minoria cada vez mais extrema da população.
Sobre o citado caráter mal-humorado dos vendedores de livros usados (que em geral odeiam seus clientes), uma divertida série inglesa de alguns anos atrás mostrou isso muito bem. A série chamava-se Black Books, e pode ser assistida abaixo.
Falemos de livros usados.
O grande Theodore Dalrymple, talvez o maior pensador inglês da atualidade, escreveu um belo e até emocionante artigo sobre livros usados, sebos, dedicatórias, e as mudanças trazidas a tudo isso pela Internet e pela globalização.
Também gosto de livros antigos, de livrarias velhas e escuras, da idéia de encontrar em uma prateleira empoeirada coisas que você jamais sonhava existirem. Se tudo isso permanecerá nas próximas décadas, é difícil dizer. Provavelmente sim, mas para uma minoria cada vez mais extrema da população.
Sobre o citado caráter mal-humorado dos vendedores de livros usados (que em geral odeiam seus clientes), uma divertida série inglesa de alguns anos atrás mostrou isso muito bem. A série chamava-se Black Books, e pode ser assistida abaixo.
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sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Nelson Rodrigues e a decadência cultural do Brasil
Estou lendo "A Cabra Vadia" e "O Reacionário", livros de crônicas e memórias de Nelson Rodrigues. A maior parte são textos publicados entre 1968 e 1970, e tocam bastante o tema político e cultural da época. Na verdade, assisti sim algumas peças, mas nunca tinha tido tanto interesse em Nelson Rodrigues, talvez por associá-lo a alguns filmes muito ruins do cinema nacional, bem como às colunas do insuportável Arnaldo Jabor que sempre o cita. Mas as suas crônicas são o que há. São ainda em grande parte atuais, especialmente a gozação que ele faz das esquerdas. Eis um trecho:
Somado a esse fato, e provavelmente relacionado a ele também também, ocorreu uma incrível decadência cultural. Nos anos 50 e 60 apesar de tudo ainda existiam ótimos escritores e intelectuais no Brasil: Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, Otto Lara Resende, Sabato Magaldi, Lúcio Cardoso, Manuel Bandeira, etc. Na música, Tom Jobim, Vinicius de Moraes. Hoje o maior intelectual do Brasil é Paulo Coelho. E o grande fenômeno musical é a dança do créu.
Nelson Rodrigues tinha um conselho aos jovens: "Envelheçam". Eu tenho outro: "Leiam as crônicas de Nelson Rodrigues".
O brasileiro simples formou do esquerdista patrício uma imagem inteiramente irreal. O pai de família imagina que um socialista tem uma barricada em cada bolso. Eu próprio, no 31 de março e 1 de abril, andei tecendo fantasias hediondas. Imaginava que o sangue jorraria e que as ratazanas iam sair dos ralos para bebê-lo. E não se derramou nem groselha.Ou ainda:
Só muito tempo depois eu descobriria a verdade, que é a seguinte: - as nossas esquerdas não têm nenhuma vocação do risco. E possuem a vocação inversa da segurança. Ainda ontem, falava eu da sábia distância que vai do Antonio's ao Vietnã. Aí está tudo dito. E, assim, sem arredar pé do Antonio's, e bebendo cerveja em lata, as esquerdas não morrerão jamais.
O leitor há de perguntar, com irritação e escândalo: "Mas elas não fazem nada?" Responderei: - "Fazem." Insistirá o leitor: - "E fazem o quê?" Direi: - "Autopromoção". É a pura verdade. A esquerda não sai por aí, derrubando bastilhas e decapitando marias antonietas, porque está ocupada em se autopromover.
Temos uma massa de intelectuais. Numericamente, não estamos atrás de ninguém, nem da União Soviética. Na Rússia há, registrados, seis mil e tantos escritores (e o sujeito que não foi registrado não é escritor. Mesmo que tenha escrito A divina comédia, não é escritor).Nelson Rodrigues era um profeta que via o óbvio. Mas o que aconteceu no fim foi o seguinte: as esquerdas não só sobreviveram, como venceram. Estão no poder e dominam 99% do discurso.
Pode parecer que, numericamente, a União Soviética está à frente dos Estados Unidos. Dos Estados Unidos, talvez. Do Brasil, não. Vocês se lembram da última passeata. Antes do desfile, fui ver a concentração. Levei comigo o Raul Brandão, pintor de grã-finas e igrejas. E espiamos o espaço reservado aos intelectuais. Parecia uma massa de Fla-Flu. Jamais nos ocorrera que a "inteligência brasileira" fosse tão abundante. No seu horror, o Raul Brandão perguntava: "Tudo isso é intelectual?"
Fomos olhar, outra vez, a tabuleta. Lá estava escrito, acima de qualquer dúvida ou sofisma: - "Intelectuais." Portanto, os intelectuais eram intelectuais. E então, passo a passom, tratamos de identificar os nossos poetas, os nossos ensaístas, os nossos dramaturgos, os nossos sociólogos, os nossos professores. Eis a lamentável e quase grotesca verdade: - depois de buscas ingentes, não identificamos ninguém. (...)
Quem devia estar ali era a Academia Sueca, apalpando, farejando, a "literatura brasileira". Se pose é um dado válido, todo mundo ali era Proust, era Joyce, era Balzac, era Cervantes. Uns ficavam de perfil, outros de frente, outros de três-quartos, outros punham as mãos nas cadeiras. Atrás de mim, o Brandão gemia: - "Como são inteligentes!" Eram, sim, inteligentíssimos.
Somado a esse fato, e provavelmente relacionado a ele também também, ocorreu uma incrível decadência cultural. Nos anos 50 e 60 apesar de tudo ainda existiam ótimos escritores e intelectuais no Brasil: Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, Otto Lara Resende, Sabato Magaldi, Lúcio Cardoso, Manuel Bandeira, etc. Na música, Tom Jobim, Vinicius de Moraes. Hoje o maior intelectual do Brasil é Paulo Coelho. E o grande fenômeno musical é a dança do créu.
Nelson Rodrigues tinha um conselho aos jovens: "Envelheçam". Eu tenho outro: "Leiam as crônicas de Nelson Rodrigues".
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terça-feira, 2 de setembro de 2008
Melhores primeiras frases
O blog pode ter que fazer uma pausa de alguns dias. Deixo, inspirado por isto aqui, uma breve lista pessoal das melhores primeiras frases de obras literárias. E os seus começos preferidos, quais são? Coloque nos comentários...
1. "Quando certa manhã Gregor Samsa acordou, após um sono intranqüilo, encontrou-se em sua cama transformado em um monstruoso inseto." (Franz Kafka, A Metamorfose).
2. "Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte." (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
3. "Tudo isto aconteceu, mais ou menos." (Kurt Vonnegut, Matadouro Nr. 5)
4. "Todas as famílias felizes são iguais; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira." (Leon Tolstoi, Anna Karenina)
5. "Você está começando a ler o novo romance de Italo Calvino, 'Se um viajante uma noite de inverno'." (Italo Calvino, Se um viajante uma noite de inverno)
5. "Devo à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia o descobrimento de Uqbar." (Jorge Luis Borges, Tlön, Uqbar, Orbis Tertius)
6. "Num lugar da Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me, vivia, não há muito, um fidalgo, dos de lança em cabido, adarga antiga, rocim fraco, e galgo corredor." (Miguel de Cervantes, Dom Quixote)
7. "Nel mezzo del cammin di nostra vita
Mi ritrovai per una selva oscura
Ché la diritta via era smarrita" (Dante Alighieri, Divina Comédia)
8. "Pessoas que tentem achar um motivo nesta narrativa serão processadas; pessoas que tentem achar uma moral nela serão banidas; pessoas que tentem achar uma história serão fuziladas." (Mark Twain, As aventuras de Huckleberry Finn)
9. "A raça humana, à qual muitos de meus leitores pertencem, esteve brincando de jogos infantis desde o seu começo, e provavelmente continuará assim até o seu fim, o que é um incômodo para aqueles poucos que crescem." (G. K. Chesterton, O Napoleão de Notting Hill)
10. "No princípio Deus criou os céus e a terra." (Bíblia)
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sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Valores familiares

Algumas pessoas devem achar que o cérebro da criança é um pequeno recipiente vazio pronto para ser enchido com a ideologia da moda. Na Suécia, saiu uma série de livros infantis cujos personagens incluem meninos que gostam usar sapatos cor-de-rosa e maquiagem, e famílias formadas por pais gays ou mães solteiras. "Essas famílias existem, são normais e precisam ser aceitas”, diz uma das editoras. Talvez tenha razão.
Mas já existem dezenas de livros infantis sobre pingüins gays, mamães lésbicas, pais aidéticos, ursinhos polares que morrem devido ao aquecimento global, e até um belo livrinho ilustrado sobre um garoto que tem um titio pedófilo.
Saudades de Branca de Neve, Bela Adormecida, Barba Azul e Chapeuzinho Vermelho, de quando as coisas eram algo mais sutis... (Se é que eram realmente).
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