sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Governo, protegei-nos de nós mesmos

A prefeitura de Los Angeles decidiu proibir por um ano a abertura de novos restaurantes de fast-food em uma área pobre da cidade. O argumento é que "é preciso estimular a criação de alternativas mais saudáveis", já que um dos grandes problemas na área é a obesidade da população.

Curioso. Tempos atrás, os ricos eram gordos e os pobres eram magros e seu problema era a fome. Hoje os ricos são magros e os pobres são gordos e seu grande problema é o colesterol.

A preocupação do LA City Council com os gordinhos de classe baixa é louvável, mas talvez não leve em conta alguns aspectos fundamentais da natureza humana.

Ora, se há tantos restaurantes de fast-food na cidade talvez seja simplesmente porque as pessoas querem comer fast-food. Proibir a criação de novos restaurantes de fast-food não vai necessariamente implicar na abertura de restaurantes mais "saudáveis" pois, se houvesse interesse em restaurantes "saudáveis", eles já estariam lá. Ou alguém comeria a salada oferecida pelo McDonald's em vez do hambúrguer com batatinhas.

Além disso, a "comida saudável" custa mais e é bem possível que os pobres não tenham o dinheiro para comprá-la, ou simplesmente prefiram gastar seu dinheiro de outra forma.

As pessoas são gordas porque comem mal. E comem mal porque querem comer mal, não por causa das malvadas companhias de fast-food. A obesidade é certamente um problema nos dias de hoje em que há comida demais e exercício de menos, mas o governo não pode nem deve ser babá de ninguém. E é melhor ser gordo do que morrer de fome.

A obesidade é um grave problema na América.


Atualização: Ótimo artigo da Slate a respeito:

I assumed this idea would go nowhere because we Americans don't like government restrictions on what we eat. You can nag us. You can regulate what our kids eat in school. But you'll get our burgers when you pry them from our cold, dead hands.

How did the L.A. City Council get around this resistance? By spinning the moratorium as a way to create more food choices, not fewer. And by depicting poor people, like children, as less capable of free choice.


2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é. Concordo plenamente. Só não entendo por que o mesmo argumento não pode valer para as drogas [atualmente] ilícitas.

Anônimo disse...

Sabe o que eu também acho bizarro?
Quando uma indústria do tabaco é obrigada a pagar indenização para fumante. Não é óbvio que faz mal? A padaria da esquina também vai ter que pagar se o freguês morrer com as artérias entupidas de tanto comer gorduras e carboidratos?