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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os melhores países do mundo

Saiu recentemente uma lista com os 100 melhores países do mundo, de acordo com a revista Newsweek. A Finlândia está no topo, seguida de Suiça e Suécia (não confundir). Japão está em 9, EUA estão em 11. Brasil em 48, logo atrás da Jamaica. O país latino-americano melhor colocado é o Chile, em 30. O pior país do mundo, ou ao menos desses 100, é Burkina Faso.

Nenhuma surpresa aí. Países pequenos, brancos e norte-europeus no topo. Países populosos e africanos lá no fim. Talvez seja politicamente incorreto observar isso, mas é isso mesmo. 

Para ser franco, essas listas pouco me dizem. Certo que vive-se bem na Finlândia e nos países escandinavos, apesar de fazer frio pracaray. Mas pode-se viver bem em quase qualquer lugar do mundo, tendo dinheiro suficiente para isso; não tendo dinheiro ou trabalho, vive-se mal também no Primeiro Mundo. Há milionários americanos que vão para a Costa Rica ou para as Bahamas para fugir do fisco e vivem vidas mais confortáveis do que teriam em seu país natal. Há muitos imigrantes que vivem mal nos EUA  e na Europa, ainda que claramente melhor do que em seus antros originais. Tudo é relativo. Tivesse eu dinheiro suficiente e não precisasse trabalhar, moraria na Itália ou na Espanha, que estão lá pela vigésima posição e não tem emprego mas têm sol e boa comida.

Alguns dizem que o sucesso do modelo escandinavo seria devido à tal social-democracia, mas na verdade tais países são bem menos "social-democratas" do que se pensa. No índice de liberdade econômica, a Dinamarca está em 9o, a Finlândia em 17o, e a Suécia em 21o. O Brasil? Na posição 113, atrás da Nigéria e do Camboja.

Naturalmente, não é possível replicar o modelo escandinavo em um país enorme e diverso como o Brasil, ainda mais com os políticos que temos. Continuaremos na posição 48 por algum tempo, se não cairmos mais alguns degraus. Mas temos sol, praia, futebol e carnaval, não é suficiente? O principal problema do Brasil é mesmo o crime e a política, mas me repito.

Segredo da Finlândia é a sauna.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Reductio ad absurdum

Obama mente mais uma vez. Depois de afirmar peremptoriamente que jamais criaria novos impostos, agora afirma que está nos seus planos criar o VAT (Value Added Tax), imposto aos produtos similar ao existente nos países europeus. (No Brasil não existe um VAT, existem três: IPI, ICMS, ISS). E ainda ri na cara dos contribuintes.

Enquanto isso, a Comedy Central censura previamente o "South Park", para não citar o nome ou a figura de Ma Aquele-Que-Não-Pode-Ser-Nomeado.

E agora ficamos sabendo que o bloqueio total de vôos em metade da Europa (que causou prejuízos de dois bilhões de euros) devido às cinzas do vulcão Eywhwhwhwyahwlla foi baseado em simulações de computador equivocadas, e poderia ter sido desnecessário. (Bem, melhor prevenir do que remediar.)

Os tempos atuais são mais loucos do que os anteriores, ou sempre foi assim?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Idiotas, inc.

Assisti ao filme Idiocracy no outro dia, do qual havia visto anteriormente apenas trechos. Alguns acreditam que seja uma comédia, mas, embora dê para rir em várias partes, achei o filme algo deprimente. Afinal, é possível que sua história realmente reflita o futuro. O próprio filme é um reflexo disso, de fato: para agradar o público, também teve que ser dumbed down em algumas cenas, por exemplo com a colocação de um narrador que explica coisas desnecessárias. É um filme paradoxal. Ao mesmo tempo em que critica a estupidez e vulgaridade do público americano mundial, precisa mostrar essa estupidez e vulgaridade o tempo inteiro. E é assim mesmo. Grande parte da cultura pop atual é, de fato, puro lixo.

O argumento do filme, na verdade, não é de todo original: é baseado em uma história de ficção científica dos anos 50 chamada The Marching Morons. No conto, há no mundo uma superpopulação de idiotas, e restam apenas uns poucos inteligentes que têm o trabalho de coordenar e alimentar os imbecis, que se reproduzem cada vez mais. No final, através de uma grande campanha publicitária, os morons são convencidos a subir em foguetes e viajar para Vênus, onde - diz a propaganda - encontrarão praias e belas mulheres (na verdade, morrerão todos incinerados).

Será mesmo que existe uma superpopulação de imbecis? Será que a cultura atual é mais estúpida do a que a de eras passadas, ou é mera reclamação de velhos ranzinzas, saudosos de um passado (inexistente) no qual tudo era melhor?

Bem, acho que uma das diferenças de hoje com o passado é a questão da educação. Esta realmente decaiu em grande parte do mundo ocidental, um pouco por culpa de professores marxistas-feministas-doidistas mais interessados em "conscientizar" os estudantes do que ensinar-lhes coisas úteis, um pouco pela eliminação do estudo dos clássicos em detrimento de coisas mais muderrnas, e um pouco pela atitude atual em relação ao ensino, com maior interesse em notas, currículo e vestibular do que em real aprendizado, atitude esta que envolve não apenas os professores como os pais e os próprios alunos, e que pode ser resumida pelo seguinte cartum:

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Multiculturalismo, bom ou ruim?

Aqui em Los Angeles há dezenas, centenas de restaurantes das mais variadas nacionalidades. Aproximadamente 40% da população é latina, e 12% é asiática. Há persas, gregos, judeus sefarditas, otomanos, visigodos e hunos. Na Universidade, a proporção de estrangeiros talvez seja ainda maior. Pessoas bacanas de todos os lugares.

No outro dia assisti o filme "A classe" (Entre le murs), que nossa ex(?)-leitora Confetti certamente deve conhecer. O filme é até bem interessante. Trata de uma escola de periferia francesa, na qual quase todos os alunos são de origem árabe ou africana ou caribenha. Há um chinês. Francês de pais franceses, talvez apenas um também. A escola é pobre, os alunos são quase todos péssimos e descontrolados.

Embora o filme termine numa nota positiva (atenção ao trocadilho infame), há algo de deprimente também. Você chega à conclusão que essas pessoas jamais vão se adaptar. Que apesar de toda a boa intenção há algo de profundamente ameaçador no multiculturalismo, que gera inevitáveis conflitos. E o futuro da França então parece negro (perdão pelo trocadilho infame).

Acho que o multiculturalismo é bom para os ricos, que podem ir a restaurantes diferentes toda noite e praticar diversos idiomas. Para os pobres, cria guetos. Um de cada nacionalidade. E gangues. Aqui em Los Angeles, nos bairros pobres, cada grupo étnico tem sua gangue. Negros, latinos, vietnamitas, coreanos, etc. É o neo-tribalismo em ação.

O multiculturalismo tem coisas boas e ruins. O problema principal mesmo talvez seja a falta de normas culturais gerais, de uma visão conjunta de sociedade e das leis a seguir.

Ou muito me engano, ou o Império Romano não tinha caído de um jeito parecido? Certamente também era um mundo bem multicultural.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O fim da liberdade

É um grande mito o de que os homens queiram ser livres. A maioria prefere ser escravo; ter um mestre que o cuide e o alimente, ainda que às vezes seja cruel e o obrigue a trabalhar. Tanto melhor se esse mestre for um grupo de homens e mulheres que sabem o que é bom para nós melhor do que nós mesmos; cuidam de nossa saúde, de nossa educação e nos prometem "mudança" e "esperança" quando nos sentimos tristes ou sós.

Em todo o mundo, o controle governamental sobre o indivíduo cresce. Mesmo nos EUA, supostamente "land of the free", o controle do governo sobre a sociedade aumentou cada vez mais nas últimas décadas, e tende a aumentar ainda mais agora que metade do eleitorado escolheu um candidato que prometeu novas fatias do bolo em tempos de crise.

Observa o pessoal do Samizdata que é natural que todo governo cresça e tenha cada vez mais dinheiro e poder: como o escorpião da fábula, "é da sua natureza". As pessoas votam no candidato que promete que vai fazer mais coisas, não naquele que promete que vai se meter menos na economia ou na sociedade. E assim cada vez mais controle sobre nossas próprias vidas é deixado nas mãos do governo.

Estamos ficando gordos? O governo que regule quantas calorias cada hambúrguer pode ter, e tasque imposto nos que ultrapassam. Sexo e moralidade, como usar camisinha? O governo é que precisa ensinar isso nas escolas. Corrupção? Não se preocupe, o governo acaba com isso, nomeamos uma comissão de 200 deputados pagos a ouro para investigar.

Mas o que é o governo? São pessoas, como nós. Pessoas a quem nós entregamos de mão beijada o controle de nosso dinheiro e de nossas vidas.

Liberdade cansa. Cadê minhas algemas?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Control + Alt + Del

Eu sei que havia prometido tirar férias, mas ando preocupado. Vivemos em tempos demasiado interessantes...

* * *

Na Califórnia, Flórida e outros estados venceram propostas que emendam a constituição local com a seguinte frase: "Somente o casamento entre um homem e uma mulher é permitido ou válido na Califórnia". Notem que trata-se apenas da definição de uma palavra. Quer dizer, os gays poderiam criar sua própria palavra, "gaysamento", "homosamento", já que ao menos na Califórnia, os gays têm direito a formar uniões civis. Isso não lhes basta. Nada tenho contra os gays e pouco me preocupa se casam ou não. Mas não seria que, mais do que lutar por um direito, os 2% de gays estão lutando para acabar com a definição tradicional de "casamento" dos outros 98%? Podem apostar: após obter o direito ao casamento (e vão obter), aposto que passarão a lutar pelo "direito" de casar na odiada Igreja Católica, de véu e grinalda...

* * *

Falaram que a eleição de Obama daria lugar à América "pós-racial"; no entanto, e se fosse o contrário? 95% dos negros votaram em Obama e não viram nada de "pós-racial" na idéia: de fato, votaram exclusivamente baseados na raça do candidato. E se agora então cada um só votar no candidato da sua cor? Brancos votando em brancos, latinos em latinos, asiáticos em asiáticos? Não estaríamos assistindo - em vez de uma era pós-racial - simplesmente a volta do tribalismo? No Iraque, por exemplo, xiita só vota em xiita e sunita só em sunita.

* * *

E por falar em sunitas e xiitas, os Jihadistas comemoram muito a vitória de Obama (mas sem champanhe, que é anti-islâmico) e afirmaram "quase fomos derrotados pelo maldito Bush mas, graças a Alá, Obama venceu e podemos continuar nossa luta". Não é brincadeira, disseram isso mesmo. Tá no New York Times.

* * *

Às vezes dá vontade de dar reboot no sistema e começar tudo de novo... Mas a História não pára.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O presente é dos progressistas, o futuro é dos conservadores

O presente, ninguém nega, é dos "progressistas". Eles são a atual elite na maioria dos países desenvolvidos, e agora estão chegando até à presidência americana.

Mas o futuro é dos conservadores.

Por quê? Três motivos:

a) Os progressistas não se reproduzem. Todas as pesquisas indicam claramente que as pessoas que têm mais filhos são os religiosos e tradicionalistas, bem como pessoas de índole naturalmente conservadora.

b) Os progressistas não gostam de hard sciences. Eles até falam em "ciência" quando discutem o aquecimento global, mas gostam mesmo é de profissões como ator, jornalista, publicitário, etc. Nas universidades americanas, um fato curioso: grande parte dos melhores alunos nas áreas de ciência e tecnologia são asiáticos ou indianos, países onde ainda vige uma educação mais tradicional. Não é acaso.

c) Os progressistas não gostam de armas nem de militares. Em caso de guerra, serão os primeiros a morrer.

Um dos exemplos mais claros dessa mudança de paradigma é Israel. Hoje, ninguém nega, a política no país está tomada pelos progressistas. Porém, os mais religiosos têm três vezes mais filhos do que os secularistas. Não apenas isso, esses jovens neo-religiosos ocupam já quase 20% dos postos no Exército, ao mesmo tempo em que os esquerdistas se recusam a servir e se afastam das armas como o diabo da cruz. Se Israel sobreviver à série de ameaças vitais que tem à sua frente (incluindo a presidência Obama), será em vinte anos um país mais conservador do que é hoje.

A mesma situação, com algumas mudanças, ocorre nos Estados Unidos, onde as novas gerações serão mais conservadoras do que a geração atual, ainda remanescente do velho sonho hippie com ecos dos protestos contra a guerra do Vietnã. Os jovens obamistas? Aprenderão com a crise econômica que na vida nada se obtém de graça.

A Europa também marcha para o conservadorismo, embora lá a situação seja mais complexa. Primeiro porque os que têm filhos não são conservadores nem progressistas, mas imigrantes estrangeiros. Segundo porque a direita na Europa costuma ser arcaica e mais ligada a fenômenos autoritários como o fascismo do que à tradição do livre-mercado. De qualquer modo, está para se ver o que vai acontecer.

O pêndulo sempre se move.

Se os progressistas não conseguirem nos destruir a todos no presente, o futuro será dos conservadores.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O lado bom da crise

Talvez a crise econômica seja boa. Talvez até a presidência Obama seja boa. Explico por que.

O Primeiro Mundo (ainda se usa essa expressão?) vive um momento de insanidade. Tornou-se tão próspero e eficiente que agora seus habitantes não exigem menos do que a perfeição. O blogueiro Wretchard cita dois exemplos vindo da Inglaterra: o primeiro, uma família de imigrantes afegãos com sete filhos que foi colocada em uma mansão, ao custo estatal de 13 mil libras esterlinas por mês, porque de acordo com a lei britânica "uma família com sete filhos deve viver em uma casa de pelo menos 5 quartos" (é, existem leis na Orwelliana Inglaterra de hoje que regulam até isso). O segundo exemplo é o de uma família britânica, esta branca e de classe média, que processou a sua agência de viagens por não ter se divertido bastante durante as suas férias.

Muito tempo atrás, imigrantes estariam felizes de poder ter o teto de uma ponte cobrindo suas cabeças, e famílias agradeceriam aos céus por poder ter quaisquer férias, nem que fosse em Capão da Canoa. Hoje não; hoje não se aceita menos do que a perfeição.

É isso também que explica a provável eleição de Obama, e é por isso que a sua presidência, não podendo realizar a tão desejada "mudança" que seu público votante espera, só poderá terminar em desilusão. (Aliás, há um único modo de Obama manter seu status mítico e entrar na galeria de personagens lendários da política como Martin Luther King, John F. Kennedy, Ghandi, Itzhak Rabin... Sim, exato: tendo uma morte trágica durante o exercício do poder. Não que eu recomende isso, é claro: prefiro ver o Obama reduzido à sua condição de político medíocre que é, terminando sem glória um mandato impopular).

Por isso tudo, pode que seja boa uma crise econômica e uma presidência Obama: um choque de realidade sempre é bom para os que vivem no mundo da fantasia.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O mundo odeia os EUA. Mas...

Percentagem da população dos seguintes países que gostaria de se mudar para os EUA se não existissem barreiras alfandegárias (segundo pesquisa):

Polônia - 16%
Alemanha - 20%
Finlândia - 21%
Canadá - 27%
Reino Unido - 30%
Brasil - 31%
França - 52%
Holanda - 55%
Índia - 73%

Pessoalmente, acho que o american way of life tem coisas positivas e negativas, mas por ora não tenho muito o que me queixar da Califórnia. E as universidades americanas (ainda) são as melhores do mundo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O mundo está ficando pior ou melhor?

Crise econômica no mundo. Ditadura teocrática maluca prometendo genocídio atômico de um outro país sem que ninguém faça nada. Estudantes matando outros estudantes em orgias de sangue em troca de quinze minutos de fama no Youtube.

O mundo está ficando pior ou melhor? Confesso que não sei. Às vezes me preocupo. E preferiria pensar que no passado tudo era mais simples.

E, no entanto, será que era mesmo? Setenta anos atrás ocorria o maior genocídio da História. Trinta anos atrás qualquer mal-entendido entre russos e americanos ameaçava explodir o mundo inteiro. Assasinos psicóticos sempre houveram. O mal sempre existiu, em toda a sua banalidade.

Por outro lado, a ciência, a tecnologia e a medicina nunca evoluíram tanto. A prosperidade espalhou-se pelo mundo. Não obstante os lamentos dos anti-capitalistas, radicais ecologistas, malucos socialistas, idiotas fundamentalistas e demais descontentes de plantão, a pobreza diminuiu muito nos últimos cem anos em todo o mundo. Há menos pobres e até menos desigualdade social. Maior longevidade e melhor qualidade de vida.

E, no entanto, nuvens cinzentas pairam (como sempre) no horizonte. E ninguém sabe bem o que vai acontecer.

O mundo está ficando pior ou melhor? Talvez esteja como sempre esteve.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O problema da miséria

Que atitude devemos ter frente à miséria? Não é agradável, de fato, saber que ela existe e està à nossa porta pedindo esmola. Mas o que fazer a respeito?

É certamente um dos grandes dilemas da humanidade. Haverá sempre pobres? Jesus Cristo dizia que sim. Marx dizia que não. Em quem confiar?

Um dos grandes problemas que nos legou o pensamento marxista e pós-marxista (mesmo para quem jamais leu uma linha sequer de Marx) é essa idéia de que as classes sociais são estanques e de que é preciso "distribuir a riqueza" para criar maior "justiça social". Há até os que acham que os pobres estão certos em assaltar e seqüestrar os ricos, pois assim se "distribui a riqueza".

Ora, na verdade, a pobreza é o estado natural da humanidade, e não a riqueza. A riqueza se cria através do trabalho (ou, vá lá, do crime). O homem das cavernas, para todos os efeitos atuais, era um miserável. (Pobreza e riqueza são sempre relativas, o pobre de hoje é rico em relação ao pobre da Idade Média).

Mas a idéia de "distribuir a riqueza" é uma grande ingenuidade, por dois motivos: um, a riqueza é dinâmica, está sempre se criando e passando de um a outro; e dois, as pessoas nascem e morrem, e portanto nascem novos pobres a cada minuto.

Existe um plano, o tal do Global Poverty Act, que pretende que os EUA doem cerca de 845 bilhões de dólares aos países pobres para "reduzir à metade a pobreza no mundo até 2015". A idéia pode até ser bem-intencionada, mas é risível. Mesmo que o dinheiro não fosse parar na mão de atravessadores ou ditadores corruptos, e se acabasse com a pobreza da humanidade hoje, amanhã mesmo nasceriam novas pessoas que iriam querer o seu quinhão.

Sergio de Biasi coloca a coisa assim:
Distribuir toda a riqueza das elites pelo resto da humanidade produz um benefício quase ridículo em termos objetivos. Para dar um exemplo caricatural, a riqueza do Bill Gates distribuída por todos os seres humanos da Terra te dará mais uns cinco ou seis dólares. Concentrada nas mãos dele produz o Windows. O que tem mais valor para você?
A riqueza está sempre sendo gerada; a pobreza também.

Os pobres sempre estarão entre nós. Mas, como a pobreza é sempre relativa e a tecnologia e o crescimento econômico beneficiam a todos (claro que sempre a uns mais do que a outros), os pobres de hoje vivem em média melhor do que os pobres de ontem, e é razoável esperar que no futuro o sofrimento dos pobres será menor. Mas será que é o máximo que podemos esperar?

Continua sendo um problema conviver com a miséria à nossa porta. Quiséramos que o mundo fosse diferente, e talvez isso explique a eterna ilusão da busca pela tal "justiça social".


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

As duas Américas

Acabo de assistir na TV ao discurso de Sarah Palin, e fiquei pensando que realmente existem duas Américas.

Uma é a América da West Coast e East Coast. New York e San Francisco. Locais descolados e liberais. Hollywood e intelectuais. Arte e cinema. É um bom lugar para se viver, namorar e se divertir sem se preocupar tanto com o futuro. É a América que vota em Obama.

E há outra América. Chamada de "flyover country", porque os aviões de turismo quase só a sobrevoam. É uma América de cidades pequenas, famílias conservadoras e cristãs. Gente careta e pacata. Armas e religião. É um lugar para se trabalhar e criar os filhos. É a América que se identifica com Sarah Palin.

Talvez a América de Obama seja mais divertida e interessante. Eu sei que preferiria mil vezes morar em New York do que caçando ursos em um povoado do Alaska. E, no entanto, sem a outra América, a tal "América profunda", ou "middle America", que acredita em criacionismo e acha que o aborto é um pecado, o país não seria a potência que é. Não sei o que seria, sei que seria alguma outra coisa.

Isto é o que o resto do mundo (e mesmo grande parte do povo americano que mora na América descolada) não entende. Que essa América careta e trabalhadora é a base que permite todo o resto.

E talvez as duas Américas sejam, na verdade, inseparáveis uma da outra. Falam muito nas tais "culture wars". Mas no fundo, como genialmente observa Richard Fernandez do Belmont Club, a América sempre foi um palco de luta entre visões opostas e contraditórias, desde a época da Guerra Civil passando pelas marchas dos Civil Rights e chegando até mesmo aos riots de Los Angeles. É a natureza do país. A luta e a divisão constante. A dialética, como diriam os marxistas.

E, a julgar pelo discurso desta noite, a eleição deste ano será decidida entre Barack Obama e Sarah Palin. São os grandes personagens desta eleição; os outros são meros figurantes.

domingo, 10 de agosto de 2008

Cadê os pacifistas?

Forçadas pelos crescentes bombardeios soviét... hã, russos, as tropas da Geórgia se retiraram da Ossétia do Sul (que não é ainda um estado independente mas se encontra dentro do seu território).

A Geórgia não é inocente, já que começou o conflito e matou muitos ossetas, segundo algumas contas mais de 1400 civis. No entanto não é páreo para a Rússia, provavelmente perderá o controle tanto da Ossétia do Sul quanto da outra província rebelde, a Abicásia. Ambas passarão, se não legalmente, ao menos informalmente à esfera de poder soviét... hã, russo.

O leste europeu está assistindo aos eventos com certo nível de pavor. Lembram do passado e sabem que eventualmente poderão ser os próximos se não se comportarem e esquecerem essa bobagem de sistema de defesa balístico.

O mais curioso de tudo é, na verdade, o incrível silêncio dos "pacifistas". Cadê os articulistas de jornal que vociferam contra a guerra do Iraque e a excursão de Israel no Líbano, cadê as multidões marchando em nome da paz, cadê os gritos pelos direitos humanos?

Enquanto Obaminha paz e amor fala em negociação pacífica e harmonia internacional, o mundo real espreita pela janela, e os vilões afiam seus dentes.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

É possível mudar a cabeça de alguém?

Nos meus velhos tempos de graduação na universidade tive um professor de Sociologia (matéria opcional) bastante bom (não era marxista, deve ser por isso) que dizia que não era possível mudar a mente ou a visão de mundo de uma pessoa, salvo em dois casos:

A) um líder muito carismático;

B) um evento muito catastrófico.

Todas as outras tentativas de mudar a mente de uma pessoa adulta (discutir, filosofar, provar por A + B, mandar estudar, mandar ler livros de História) seriam inúteis e infrutíferas, causando apenas que o sujeito se aferrasse cada vez mais à sua ideologia, por mais absurda e patética que esta fosse se revelando.

Já são anos que discuto via blogs, tentando – nem digo mudar a cabeça das pessoas – mas simplesmente tentar fazer com que pelo menos vejam ou tentem ver o outro lado. Vêm me falar sobre o tal “drama palestino” e aí eu mostro fatos e fotos. Nada. Continuam repetindo a mesma lenga-lenga como se não tivessem ouvido o que acabo de dizer.

Falam-me positivamente sobre o socialismo, o Chávez, o Fidel, as FARC... Nesses casos nem tento contra-argumentar, pois revelam ser casos perdidos... Mas apenas abrir-lhes ligeiramente os olhos... Inútil.

E no entanto, se penso na minha própria experiência, também mudei da esquerda genérica que seguia para a direita moderada que prefiro hoje, não através de discussões racionais, mas a partir de um evento catastrófico (11 de setembro, como a neo-neocon). Depois disso, sim, muitas discussões, leituras, pesquisas, análises, discussões em blogs, até ir passando cada vez mais para o “lado negro da força”. Mas o catalisador foi o evento que me fez repensar várias de minhas suposições sobre os EUA, o Bush, o Oriente Médio, o conservadorismo, o socialismo, etc.

Será mesmo que é o único modo de mudar? Será que não é possível convencer ninguém a partir da discussão?

Algumas pessoas parecem mudar de opinião apenas por causa da chegada da maturidade. Mudar da esquerda pra direita parece ser uma mudança natural: David Horowitz, Reinaldo Azevedo... Até o Olavão, quem diria, já foi de esquerda radical na juventude... Há também casos de conversões da direita para a esquerda, mas são mais raros. Um deles é o da Arianna Huffington, do Huffington Post.

Evidentemente, a questão da mudança de visão de mundo não se refere apenas à “esquerda” e “direita” (que no fundo são generalizações abstratas), mas às mais diversas concepções enraizadas no indivíduo sobre política, sociedade, ética, percepção da realidade... Em outras palavras, ou melhor, só uma: a sua Weltanschauung.


segunda-feira, 7 de julho de 2008

Passeio pelos blogs

Em absoluta falta de idéias, passeio pelos blogs. O Cláudio comenta a incrível sabedoria dos "especialistas", fenômeno que freqüentemente observo aqui. Ele pesca uma notícia segundo a qual:

Um estudo conduzido por pesquisadores americanos sugere que o sorriso de um bebê pode provocar na mãe uma reação de prazer semelhante a que se obtém com o uso de drogas. (...) Os especialistas afirmam que o estudo, divulgado na publicação científica Pediatrics, pode explicar a forte ligação entre mães e filhos.
Sem comentários...

Já o Némerson, além de dar algumas cacetadas no PD, comenta os resultados da votação online dos "maiores intelectuais" segundo os leitores da revista britânica Prospect. Fui no site conferir.

Está certo que foi uma votação online, sem qualquer validade científica, estatística ou qualitativa, mas dizer que o resultado é deprimente é pouco. Os dez primeiros da lista são autores muçulmanos dos quais ninguém ouviu falar, fora alguns clérigos radicais mais associados ao terrorismo do que à discussão de idéias. O décimo-primeiro é Noam Chomsky. O décimo-segundo, Al Gore... E por aí vai. A lista é tão ruim que não me surpreenderia se o Lula ou o Ronaldo Fenômeno aparecessem em algum lugar. Ou então os especialistas acima que descobriram que as mães são junkies viciadas no sorriso de seus bebês.

Se esses são mesmo os maiores intelectuais da atualidade, isso certamente explica a atual decadência do Ocidente.

O Olavo de Carvalho uma vez observou que uma vez que a elite se converte, tudo está perdido. A elite britânica converteu-se (direta ou indiretamente) ao islamismo e ao credo do politicamente correto, e portanto não é surpreendente que este seja o país no qual o islamismo está mais avançado, com direito a poligamia paga pelo cidadão britânico para muçulmanos, juízes e arcebispos propondo a sha'ria, e status de minoria privilegiada para os seguidores de Maomé.

Por sorte, o problema do extremismo islâmico estará logo resolvido, pois leio na Casa do KCT que os sauditas criaram uma clínica de recuperação para terroristas, onde estes aprendem a desenhar com canetinhas em aulas de arte, jogam pingue-pongue e têm terapia na qual aprendem a "controlar seus sentimentos" e "revelar seu lado mais sensível".

Certamente eles logo deixarão de ser perigosos terroristas e virarão alegres cidadãos participando da última parada gay de Ryhad. Ah, os gays são executados ou chicoteados e não tem parada gay em Ryhad? Calma, já vai ter, já vai ter...