Acabo de assistir na TV ao discurso de Sarah Palin, e fiquei pensando que realmente existem duas Américas.
Uma é a América da West Coast e East Coast. New York e San Francisco. Locais descolados e liberais. Hollywood e intelectuais. Arte e cinema. É um bom lugar para se viver, namorar e se divertir sem se preocupar tanto com o futuro. É a América que vota em Obama.
E há outra América. Chamada de "flyover country", porque os aviões de turismo quase só a sobrevoam. É uma América de cidades pequenas, famílias conservadoras e cristãs. Gente careta e pacata. Armas e religião. É um lugar para se trabalhar e criar os filhos. É a América que se identifica com Sarah Palin.
Talvez a América de Obama seja mais divertida e interessante. Eu sei que preferiria mil vezes morar em New York do que caçando ursos em um povoado do Alaska. E, no entanto, sem a outra América, a tal "América profunda", ou "middle America", que acredita em criacionismo e acha que o aborto é um pecado, o país não seria a potência que é. Não sei o que seria, sei que seria alguma outra coisa.
Isto é o que o resto do mundo (e mesmo grande parte do povo americano que mora na América descolada) não entende. Que essa América careta e trabalhadora é a base que permite todo o resto.
E talvez as duas Américas sejam, na verdade, inseparáveis uma da outra. Falam muito nas tais "culture wars". Mas no fundo, como genialmente observa Richard Fernandez do Belmont Club, a América sempre foi um palco de luta entre visões opostas e contraditórias, desde a época da Guerra Civil passando pelas marchas dos Civil Rights e chegando até mesmo aos riots de Los Angeles. É a natureza do país. A luta e a divisão constante. A dialética, como diriam os marxistas.
E, a julgar pelo discurso desta noite, a eleição deste ano será decidida entre Barack Obama e Sarah Palin. São os grandes personagens desta eleição; os outros são meros figurantes.
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5 comentários:
E você vai votar em quem? Hein?
Análise brilhante.
Bob Fields
Eu não vou votar, nem lá nem aqui. :-P
linda foto...
É, né? Mas não sei quem tirou, não fui eu.
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