É certamente um dos grandes dilemas da humanidade. Haverá sempre pobres? Jesus Cristo dizia que sim. Marx dizia que não. Em quem confiar?
Um dos grandes problemas que nos legou o pensamento marxista e pós-marxista (mesmo para quem jamais leu uma linha sequer de Marx) é essa idéia de que as classes sociais são estanques e de que é preciso "distribuir a riqueza" para criar maior "justiça social". Há até os que acham que os pobres estão certos em assaltar e seqüestrar os ricos, pois assim se "distribui a riqueza".
Ora, na verdade, a pobreza é o estado natural da humanidade, e não a riqueza. A riqueza se cria através do trabalho (ou, vá lá, do crime). O homem das cavernas, para todos os efeitos atuais, era um miserável. (Pobreza e riqueza são sempre relativas, o pobre de hoje é rico em relação ao pobre da Idade Média).
Mas a idéia de "distribuir a riqueza" é uma grande ingenuidade, por dois motivos: um, a riqueza é dinâmica, está sempre se criando e passando de um a outro; e dois, as pessoas nascem e morrem, e portanto nascem novos pobres a cada minuto.
Existe um plano, o tal do Global Poverty Act, que pretende que os EUA doem cerca de 845 bilhões de dólares aos países pobres para "reduzir à metade a pobreza no mundo até 2015". A idéia pode até ser bem-intencionada, mas é risível. Mesmo que o dinheiro não fosse parar na mão de atravessadores ou ditadores corruptos, e se acabasse com a pobreza da humanidade hoje, amanhã mesmo nasceriam novas pessoas que iriam querer o seu quinhão.
Sergio de Biasi coloca a coisa assim:
Distribuir toda a riqueza das elites pelo resto da humanidade produz um benefício quase ridículo em termos objetivos. Para dar um exemplo caricatural, a riqueza do Bill Gates distribuída por todos os seres humanos da Terra te dará mais uns cinco ou seis dólares. Concentrada nas mãos dele produz o Windows. O que tem mais valor para você?
A riqueza está sempre sendo gerada; a pobreza também.
Os pobres sempre estarão entre nós. Mas, como a pobreza é sempre relativa e a tecnologia e o crescimento econômico beneficiam a todos (claro que sempre a uns mais do que a outros), os pobres de hoje vivem em média melhor do que os pobres de ontem, e é razoável esperar que no futuro o sofrimento dos pobres será menor. Mas será que é o máximo que podemos esperar?
5 comentários:
otima reflexao...ta parecendo socialista, aqueles da compassion que vc tanto ironiza !
nao concordo que a pobreza seja sempre "relativa" ! ela é sempre vergonhosa nesse nosso mundo de abundancia ! ja esteve no haiti, chose ? eu ja...ao lado de miami, 2 hrs de vol...so o lixo de là daria pra alimentar metade da ilha...nenhuma relatividade...
bill e melinda gates sao generosos,visitam pessoalmente lugares precarios e ajudam as pessoas contruirem um futuro...isso tem tanto valor pra mim quanto seus softwares !
querer justiça social talvez seja utopico como vc diz, mas qual a alternativa ?
bota o copyright da foto, façavor
Num sei de quem é a foto, conffa. Vou procurar. Tem razão, nunca credito as fotos, né?
Sim, viva Bill e Melinda Gates, embora eu use Mac OS X e não Windows.
Oi Mr X
Eu só discordo desse final aí que a pobreza sempre existirá. No teu exemplo mesmo (homem das cavernas, homem medieval, homem moderno) dá pra ver que a fatia de miseráveis sempre diminui com o tempo e não há porque crer que será diferente no futuro. O curioso é que se você olhar os gráfico o decréscimo é logaritmico em vários indicadores, é como pegar uma corda e a cada dia você cortar metade do cumprimento total dela, vc nunca vai acabar de cortar mas a corda vai acabar sumindo de tão ínfima.
Ou não, sei lá
abraços
pobreza é um termo relativo, não absoluto. Logo a questão toda se torna irrelevante. Pobre em relação a quem?
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