quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A festa do chá e a mídia

Eu não sei bem como o fenômeno "Tea Party" está sendo representado pela incompetente imprensa brasileira, mas não tenho muitas ilusões. Uma das manchetes que li agora diz assim:

"Candidata de grupo xenófobo é destaque na campanha dos EUA"

Como fazer imprensa internacional no Brasil nada mais é do que copiar tudo do New York Times e da Newsweek, não surpreende o viés extremamente negativo dado ao grupo, o que é normal na grande mídia americana. Ainda assim, a notícia do portal Terra passou dos limites, tornando-se um grosseiro festival de desinformações.

Pelo texto, que não é assinado, ficamos sabendo que o "Tea Party" é um grupo de extrema-direita xenófobo, contrário aos direitos humanos, à masturbação e à teoria da evolução, e que é inexplicavelmente contrário às sensatas políticas de Obama. (Nada naturalmente é dito sobre o altíssimo percentual de desemprego, os gastos absurdos de Obama que em nada resolveram o problema econômico, e sobre o principal elemento de motivação dos "tea parties" e que explica seu próprio nome, que são os impostos cada vez mais altos.)

A deslegitimização do movimento aparece não só nas informações veiculadas pela mídia, por vezes falsas ou exageradas, mas nas próprias palavras escolhidas. Voltanto ao exemplo citado, os membros do grupo estariam "presos a ideias como um governo mínimo, zero política social e mercados financeiros sem regulação". Presos a idéias ultrapassadas, entende?

Ora, mas afinal o que são os "tea parties"? Meros grupos de pessoas de classe média que decidiram protestar contra o governo e contra os políticos em geral. Nada mais, nada menos. Não têm nem mesmo uma posição política totalmente definida, englobando desde libertários a religiosos a ex-progressistas desiludidos, e criticam tanto Democratas quanto Republicanos, tanto que os chamados RINOs (Republicans in Name Only) foram até agora suas principais vítimas. Se tendem mais em direção a políticos conservadores, é porque estes estão mais alinhados com a idéia "superada" de menos impostos e governo mínimo. Se são em sua maioria brancos, é porque o partido Democrata está lentamente virando o Partido dos Benefícios para as Minorias, mas quem paga a conta é a classe média branca.

Mas até que entendo o jornalista. Ver o povo protestando em massa contra o excesso do estatismo é um fenômeno que deve ser realmente inconcebível para um brasileiro.

3 comentários:

Anônimo disse...

Na Banânia ser de direita é ser extremista e radical e ser de esquerda é ser PROGRECISTA E HUMANISTA, arre!!!


maisvalia

Beto disse...

Essa ilustração de Alice no Reino do Espelho ou no País das Maravilhas é genial.
Um abraço Mr. X.!

Bachmaníaco disse...

Parabéns pelo post, é a primeira vez que vejo o Tea Party corretamente descrito para brasileiros, e fico me perguntando porquê aquele pessoal do Mídia Sem Máscara não o reproduziu por lá.