O fato é que estou um momento bem delicado na minha vida pessoal e profissional, e isto naturalmente tem prioridade. Preciso decidir o que fazer com a minha vida, e o tempo gasto com o blog não ajuda. Além disso, gostaria de dedicar mais tempo a escrever sobre outros temas, não relacionados com política, e para isso talvez tenha que tirar a cabeça de assuntos políticos, ao menos momentaneamente. Quem sabe um blog sobre literatura e cinema?
Mas outra razão para parar é que não estou me divertindo mais. Não sei se foi coincidência ou não, mas a chegada de vários leitores de índole nacional-socialista meio que deturpou o objetivo original do blog. Não os culpo, afinal fui eu quem deu abertura e margem para certas discussões que hoje são tabu na mídia e, sinceramente, acho que algumas dessas questões são, sim, importantes. Até acho que alguns novos leitores contribuíram com boas informações. Por outro lado, ficou um pouco demais. Era divertido quando havia uma leitora nazista como a Bárbara, assim como era divertido quando tínhamos o Augusto Nascimento e seu positivismo. Porém, quando 90% dos comentários versam sobre a inferioridade racial dos negros, as traquinagens malignas dos judeus e um ódio totalmente desmesurado ao Brasil e aos brasileiros, começa a ficar meio entendiante.
Nada contra, não quero que pensem que acabo com o blog por causa de alguns comentaristas, nem tampouco pensem que tenho planos de censurar ou expulsar ninguém. Como diz o sujeito quando quer acabar com uma relação que tornou-se insatisfatória: "não são vocês, sou eu". É só que não sinto mais como se fosse o meu velho blog. Transformou-se em algo que nem sei mais o que é.
Agradeço a Chesterton, Confetti, Brancaleone, Gunnar, DD, Gerson B, KCT, Mais Valia, Cecília, Marcelo Augusto, Ana Beatriz, Microempresário, Klauss, Harlock, Woland, Diogo, Iconoclasta, Bachmaníaco, Bruno, Thiago, Edu, Fred, Pax e vários outros leitores antigos que me seguiram durante todo este tempo, ou quase todo. São meus amigos, e não tolero desrespeito com meus amigos. Jamais os conheci pessoalmente, é verdade, mas fazem tantos anos que discutimos online que é como se os conhecesse. Um abraço todo especial ao Augusto Nascimento, onde quer que ele esteja. Espero sinceramente que ainda ande por aí. Agora que penso, acho que o blog começou a morrer com a sua partida.
Agradeço o interesse que estes textos tem suscitado ao longo dos anos, aos leitores velhos e também aos novos. Mesmo os debates sobre a questão racial foram, em alguns casos, interessantes. Não renego aqui o que escrevi ou mesmo as discussões polêmicas que foram geradas. Mas talvez os leitores anônimos tenham razão, se certas discussões sobre raça me incomodam então eu não deveria falar sobre o assunto. Quem está na chuva é pra se molhar. Se eu não tenho uma visão clara sobre o assunto, ficar em cima do muro só complica mesmo. Por outro lado, sempre falei sobre tudo um pouco aqui, de sexo a religião, sem maiores problemas. O tema racial foi o único que chegou a me deixar estressado, sabe-se lá por que. Talvez por ser demasiado reducionista, ou implicar em uma visão demasiado estreita e determinista do mundo. Talvez porque discutir isso é tão tabu que seja tabu até para mim. Talvez porque, tendo tido uma namorada judia que ainda é boa amiga, eu fique meio sem jeito de ter um blog frequentado por nazis. Quem sabe?
Não acho que os problemas humanos tenham solução, não acredito em utopias nem em movimentos revolucionários. Se alguns aspectos do mundo moderno me incomodam, talvez seja por mera nostalgia de um passado idealizado que nunca existiu. Nem sei mais se sou conservador, libertário ou o quê. Talvez eu não seja nada. Sei que, por mais problemas que eu tenha com a democracia atual, não gosto de sistemas totalitários, seja de que ordem forem. O pensamento unificador do blog sempre foi a temática da liberdade, como ilustra a frase de Isaiah Berlin abaixo. Sempre preferi a liberdade, ainda que, como cantava a Janis, liberdade nada mais seja do que não ter mais nada a perder.
De qualquer modo, é um período meio estressante para mim por outros motivos e, como disse acima, estou com vários assuntos pessoais e profissionais que preciso resolver. Quando isso ocorrer, tudo poderá estar novamente em paz.
Como gosto mesmo é de poesia e não de política, deixo vocês com Yeats que é um pouco um resumo do modo em que vejo as coisas neste momento:
Civilisation is hooped together, brought
Under a rue, under the semblance of peace
By manifold illusion; but man's life is thought,
And he, despite his terror, cannot cease
Ravening through century after century,
Ravening, raging, and uprooting that he may come
Into the desolation of reality:
Egypt and Greece, good-bye, and good-bye, Rome!
Hermits upon Mount Meru or Everest,
Caverned in night under the drifted snow,
Or where that snow and winter's dreadful blast
Beat down upon their naked bodies, know
That day brings round the night, that before dawn
His glory and his monuments are gone.
Liberdade é também poder dizer adeus.
P.S. 14/01: Caros leitores, fechei o espaço pra comentários deste post pois não tenho tempo para entrar nas discussões, que de qualquer jeito estavam virando um pouco repetitivas. A internet brasileira está tão carente de espaços assim?
A boa notícia é que vou voltar a escrever, mas acho que em outro blog. Aguardem novidades. Abs.