Mas mais interessante ainda foi a teoria que encontrei em meu passeio diurno pelos lugares mais recônditos da blogosfera, e quem a afirma é justamente uma leitora lésbica: segundo ela, a aceitação do homossexualismo acabou com a amizade masculina. Hein? Explico.
Em "Dom Casmurro" de Machado de Assis, há várias páginas em que o personagem Bentinho comenta a sua grande amizade por Escobar. Hoje já há críticos que vêem aí uma suposta atração sexual, e há mesmo teses de Doutorado sobre o tema, como esta:
Resumo: A partir de uma perspectiva queer desenvolvo uma análise do romance Dom Casmurro centrada no triângulo amoroso Bento-Capitu-Escobar. A ênfase é na homossociabilidade masculina em que o elo entre Bento e Escobar permite compreender as relações nas quais se assentava o patriarcalismo brasileiro da segunda metade do século XIX. A relação triangular permite explorar os limites que marcavam a compreensão das identidades de gênero masculina e feminina e, sobretudo, o temor e a recusa violenta da transgressão da ordem patriarcal da época, quer por uma mulher supostamente adúltera quer por um homem enamorado do provável amante de sua esposa. O vértice do triângulo é sempre um/a Outro/a e por mais que o identifiquemos com uma personagem ela é apenas o simulacro do que sua época e sociedade rejeitavam como desestabilizador da ordem vigente das relações amorosas.(Esse deve ter tirado 10 só por ter usado a palavra "simulacro". Mas continuemos.)
Montaigne, em seus famosos ensaios, escreveu muitas páginas sobre grande sua amizade com Étienne de la Boetie, em frases tão exaltadas que também há hoje quem o considere um autor gay, não obstante fosse Montaigne conhecido em sua época por ser um mulherengo de marca maior.
Eram tais autores ou personagens realmente homossexuais? É claro que não. É que hoje, a amizade masculina tornou-se problemática. "Aí tem", pensam as pessoas ao ver dois homens que andam sempre juntos. A inocência acabou.
Mas acredito que a leitora lésbica não esteja de todo correta, pois o problema não se restringe à questão homossexual, mas encompassa todas as relações da vida moderna. Tudo é visto como sexual, mesmo o que não é.
Por exemplo, antigamente era natural que um adulto acariciasse a cabeça ou o rosto de crianças estranhas em sinal de afeto. Hoje, se alguém faz isso em um parque e não é o pai da criança, é bem capaz de ser visto como um maníaco sexual.
A liberação sexual, paradoxalmente, transformou tudo em sexo, mesmo o que não era, e assim envenenou as relações não-sexuais entre as pessoas. Ai de você se elogiar sua secretária ou sorrir para sua aluna: é assédio sexual. Nos Estados Unidos, ao menos, chegou-se a um nível de paranóia tal que qualquer olhar ou toque pode ser motivo de processo.
Acredito que o Brasil vai pelo mesmo caminho, embora em sentido inverso: por exemplo, dois juízes, em casos diferentes, já decretaram que um adulto que transa com crianças de doze anos, seja a garota sua "namorada" ou uma prostituta infantil, não é crime. Essa aceitação da pedofilia gera, paradoxalmente, uma paranóia cada vez maior com as relações não-sexuais: qual o pai que em sã consciência vai deixar um adulto estranho chegar perto de seu filho ou filha, sabendo que hoje no Brasil tá tudo liberado?

Atualização: o post ficou meio confuso; não tinha um ponto específico, mais citar várias idéias e artigos lidos recentemente sobre a sexualidade na sociedade contemporânea e as mudanças que estão ocorrendo, mas terminou misturando alhos com bugalhos. Aqui o Victor Davis Hanson fala sobre uma questão parecida. Quanto ao casamento gay, parece-me que não é uma questão de "igualdade", esse é apenas o discurso, o que se busca é alavancar minorias com direitos superiores aos demais e destruir os alicerces da sociedade tradicional. Outros se perguntam: será que depois dos direitos dos gays, virão os direitos dos pedófilos, como as notícias linkadas dão a entender? Ou o dos polígamos? Esse é o argumento da "slippery slope". Aqui a La Shawn Barber explica. Links, links, links. E afinal, Batman e Robin são gays?