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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Os gays e o fim da amizade

Li um artigo bem interessante que afirma que o casamento gay é um equívoco e um sintoma da decadência ocidental, quando leis e direitos submetem-se a caprichos da hora. O autor faz uma comparação com a decadente Roma antiga, quando imperadores como Nero e Elagábalus casaram-se com seus escravos. Para o autor, o problema não são as relações homossexuais, que sempre existiram e sempre existirão, mas a destruição do conceito tradicional de casamento em nome de uma fictícia "igualdade". Não sei se concordo, mas o artigo faz refletir.

Mas mais interessante ainda foi a teoria que encontrei em meu passeio diurno pelos lugares mais recônditos da blogosfera, e quem a afirma é justamente uma leitora lésbica: segundo ela, a aceitação do homossexualismo acabou com a amizade masculina. Hein? Explico.

Em "Dom Casmurro" de Machado de Assis, há várias páginas em que o personagem Bentinho comenta a sua grande amizade por Escobar. Hoje já há críticos que vêem aí uma suposta atração sexual, e há mesmo teses de Doutorado sobre o tema, como esta:

Resumo: A partir de uma perspectiva queer desenvolvo uma análise do romance Dom Casmurro centrada no triângulo amoroso Bento-Capitu-Escobar. A ênfase é na homossociabilidade masculina em que o elo entre Bento e Escobar permite compreender as relações nas quais se assentava o patriarcalismo brasileiro da segunda metade do século XIX. A relação triangular permite explorar os limites que marcavam a compreensão das identidades de gênero masculina e feminina e, sobretudo, o temor e a recusa violenta da transgressão da ordem patriarcal da época, quer por uma mulher supostamente adúltera quer por um homem enamorado do provável amante de sua esposa. O vértice do triângulo é sempre um/a Outro/a e por mais que o identifiquemos com uma personagem ela é apenas o simulacro do que sua época e sociedade rejeitavam como desestabilizador da ordem vigente das relações amorosas.
(Esse deve ter tirado 10 só por ter usado a palavra "simulacro". Mas continuemos.)

Montaigne, em seus famosos ensaios, escreveu muitas páginas sobre grande sua amizade com Étienne de la Boetie, em frases tão exaltadas que também há hoje quem o considere um autor gay, não obstante fosse Montaigne conhecido em sua época por ser um mulherengo de marca maior.

Eram tais autores ou personagens realmente homossexuais? É claro que não. É que hoje, a amizade masculina tornou-se problemática. "Aí tem", pensam as pessoas ao ver dois homens que andam sempre juntos. A inocência acabou.

Mas acredito que a leitora lésbica não esteja de todo correta, pois o problema não se restringe à questão homossexual, mas encompassa todas as relações da vida moderna. Tudo é visto como sexual, mesmo o que não é.

Por exemplo, antigamente era natural que um adulto acariciasse a cabeça ou o rosto de crianças estranhas em sinal de afeto. Hoje, se alguém faz isso em um parque e não é o pai da criança, é bem capaz de ser visto como um maníaco sexual.

A liberação sexual, paradoxalmente, transformou tudo em sexo, mesmo o que não era, e assim envenenou as relações não-sexuais entre as pessoas. Ai de você se elogiar sua secretária ou sorrir para sua aluna: é assédio sexual. Nos Estados Unidos, ao menos, chegou-se a um nível de paranóia tal que qualquer olhar ou toque pode ser motivo de processo.

Acredito que o Brasil vai pelo mesmo caminho, embora em sentido inverso: por exemplo, dois juízes, em casos diferentes, já decretaram que um adulto que transa com crianças de doze anos, seja a garota sua "namorada" ou uma prostituta infantil, não é crime. Essa aceitação da pedofilia gera, paradoxalmente, uma paranóia cada vez maior com as relações não-sexuais: qual o pai que em sã consciência vai deixar um adulto estranho chegar perto de seu filho ou filha, sabendo que hoje no Brasil tá tudo liberado?

Batman e Robin: só amizade?

Atualização: o post ficou meio confuso; não tinha um ponto específico, mais citar várias idéias e artigos lidos recentemente sobre a sexualidade na sociedade contemporânea e as mudanças que estão ocorrendo, mas terminou misturando alhos com bugalhos. Aqui o Victor Davis Hanson fala sobre uma questão parecida. Quanto ao casamento gay, parece-me que não é uma questão de "igualdade", esse é apenas o discurso, o que se busca é alavancar minorias com direitos superiores aos demais e destruir os alicerces da sociedade tradicional. Outros se perguntam: será que depois dos direitos dos gays, virão os direitos dos pedófilos, como as notícias linkadas dão a entender? Ou o dos polígamos? Esse é o argumento da "slippery slope". Aqui a La Shawn Barber explica. Links, links, links. E afinal, Batman e Robin são gays?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A esquerda e o Irã



Mousavi é de esquerda e Ahamadinejad é de direita, ou é o contrário? Khamenei é "conservador" e o pessoal que protesta é "liberal"? Por que a esquerda em peso apóia Ahmadinejad, que segundo a mídia seria "conservador" e "de direita"? Por que Chávez e Lula foram enfáticos ao apoiar o regime vigente e afirmar que "não houve fraude", e por que os comentaristas de esquerda apoiam em peso a soturna figura de Ahmadinejad?

A resposta é simples, mas exige uma compreensão do que realmente significa "ser de esquerda", pois mesmo muitos esquerdistas não tem essa compreensão. Consideram-se "de esquerda" sem saber exatamente a que carroça estão atrelados.

A esquerda quer a destruição do Ocidente tradicional e seus valores, simples assim. Esse é e sempre foi seu objetivo, ontem através da luta de classes, hoje através do ressentimento racial, ontem através da luta armada, hoje através da infiltração gramsciana, mas o objetivo é o mesmo sempre - destruir o odiado Ocidente tradicional e suas patéticas tradições "burguesas", "imperialistas", "racistas" e "patriarcais".

Desse modo, Ahmadinejad e Khamenei são "conservadores", mas conservadores do sistema teocrático islâmico e, portanto, inimigos declarados do Ocidente. O que eles querem "conservar" não é de modo algum o que os conservadores ocidentais querem conservar.

Isso explica por que a esquerda apóia os mulás mais radicais - simplesmente porque são os que tem o discurso mais agressivo contra o Ocidente.

Como diz um comentarista lá no blog do PD:
Pedro Dória, o lider iraniano é a esquerda nacionalista. Acorda, camarada! A cãodidato derrotado pelo Islã e pelos que entendem a necessidade manter o satatu quo, são a direita porque estão atrelados ao jogo do capital sem pátria. É muito simples. Estamos em guerra, Pedro!
Quer saber? Ele tem razão.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Teorias sobre o Irã

O que está realmente acontecendo no Irã? Algumas teorias.

1) Uma disputa interna entre duas facções de mulás pelo poder, cujo resultado é irrelevante para o público em geral. Mousavi, afinal, não é nenhum revolucionário, nem mesmo o "reformista" vendido pela mídia, é "um antigo primeiro-ministro de Kohmeini, responsável pela execução maciça de opositores políticos na década de 80 (20 mil? 30 mil?)", ou seja, é tão parte do sistema quanto Amadinehjad. Trata-se apenas de uma briga pelas benesses e dinheiro que o poder político trazem. Nessa hipótese, os protestos da população urbana, cansada do regime, são apenas um efeito colateral indesejado.

2) Um truque ilusionista de proporções mundiais: na verdade, a idéia dos mulás é colocar no poder Mousavi. A fraude e os conseqüentes protestos foram orquestrados pelos próprios mulás, de modo a garantir a Mousavi sua imagem de "herói do povo" e líder popular contrário ao "truculento" Amahdinejad. Após uma falsa recontagem de votos, Mousavi assumiria o poder, visto como um candidato reformista provado nas ruas, mas que na realidade representa a continuidade do mesmo regime, com mudanças meramente cosméticas. Esta teoria, no entanto, suporia que os mulás tem pleno controle sobre todas as suas facções, o que não é de modo algum certo.

3) Uma luta real entre "reformistas" e "conservadores", como nos informa o Pedro Doria. Parece-me a menos provável das hipóteses. O grande problema da imprensa ocidental é que tende a enxergar tudo sob olhos ocidentais, como se as eleições em Teerã fossem como as de Washington ou São Paulo. Não são, não. O regime é que decide quem pode se candidatar e quem não; o Líder Supremo em teoria pode até ignorar o resultado dos votos e nomear quem ele achar melhor; e os próprios conceitos do que significa "conservador" ou "reformista" por lá não são os mesmos dos nossos. Segundo notícias, vários próprios jovens que protestam "contra o regime" levam fotos de Khomeini e gritam "Alá Ackbar". Ou seja, com Mousavi ou Amadinehjad, vai continuar a mesma droga, ao menos até o caráter "islâmico" do regime não ser destruído.

4) (Atualização) Faltou uma teoria: "tudo é culpa de Israel."® Na verdade, não houve fraude alguma, trata-se apenas de um maquiavélico plano Sionista de utilizar o Twitter para desestabilizar o Irã. Sério.

Democracia iraniana