segunda-feira, 19 de abril de 2010

Copa do Mundo explosiva

Como estou longe do Brasil há algum tempo, não sei muito como vai a seleção do Dunga. Será que eles têm alguma chance?

Bom, mas o que eu ia falar é que esta Copa do Mundo vai acontecer em um país em ebulição. Embora as notícias sobre a África do Sul que chegam à mídia internacional sejam poucas desde o final do apartheid, o fato é que o país enfrenta sérios problemas e está muito longe da utopia racial que foi prometida após o fim do sistema de separação.

No último dia 4 de abril, foi assassinado o militante separatista branco Eugene Terreblanche. Não sei se ele tinha esse nome ridículo de nascença (significa "terra branca" em francês) ou era uma espécie de pseudônimo. O fato é que o homem de 69 anos, líder de um grupo que desejava a separação dos brancos, foi morto a golpes de facão. E tudo isso poucas semanas depois de um funcionário do partido do governo ANC cantar uma música conclamando os negros a "matar os Boers" (fazendeiros brancos).

Alguns ficarão felizes com a morte de um racista, pois ele de fato o era. Mas o fato é que racismo, embora tenha virado crime em alguns países incluindo o Brasil, que eu saiba ainda não é punido com a pena de morte.

Se fosse apenas Terreblanche, seria um caso isolado. Mas, desde o fim do apartheid, mais de 3100 fazendeiros brancos (de um total de 40.000) foram assassinados, em crimes muitas vezes horríveis e extremamente sadísticos e brutais. Sem motivo. Ou, melhor, por um motivo específico: racismo. Por parte dos negros.

(É verdade que a maior parte das vítimas de crime no país são negros, que afinal representam mais de 80% da população, mostrando que os marginais não discriminam ninguém. O país está hoje entre os dez mais violentos do mundo, e é o campeão absoluto em estupros. Mas os chamados "crimes rurais" são um caso específico, motivado mais por violência do que por ganância, já que em muitos casos pouco ou nada é roubado.)

Se parte da população negra ainda sente desejos de vingança pelos anos de injustiça e sofrimento, a minoria branca sente-se acuada e procura se armar. Pelo menos 2 milhões já fugiram para outros países. Restam hoje apenas 4 milhões de brancos no país. Há quem tema que o governo atual da África do Sul tente repetir a triste história do Zimbabwe, confiscando terras e indústrias dos brancos.

O problema é que, com a expulsão dos brancos do Zimbabwe, quem mais acabou perdendo, paradoxalmente, foram os negros: hoje milhões de refugiados de um apocalíptico Zimbabwe tentam imigrar ilegalmente para... a África do Sul. Sendo recebidos muitas vezes com violência por seus irmãos negros, que não querem esses intrusos que roubam seus empregos. Alguns já têm saudades do colonialismo, e até mesmo do apartheid, quando havia injustiça e humilhação mas também, aparentemente, mais emprego e menos crime.

É também preciso observar que a divisão na África do Sul não é apenas entre brancos e pretos: no país há Zulus, Xhosa, Khoisan, brancos Afrikaaners, brancos descendentes dos ingleses, indianos, asiáticos e os coloured (como são chamados os mestiços). Um caldeirão. Que, na realidade, até que convive relativamente em paz, se você considerar como é a situação na maior parte da África.

É provável que eles façam como o Rio e coloquem batalhões de Polícia em todas as cidades por um mês. Todos poderão assistir à vitória do Brasil na Copa do Mundo em paz. Mas, e depois? Se os diversos grupos não encontrarem um jeito de conviver, e os problemas de crime e corrupção não forem resolvidos, a coisa pode ir piorando cada vez mais.

7 comentários:

Anônimo disse...

...e Woland, escreve: Lá, com cá, o populismo reina ! O racismo só acabará por lá( por aqui é velado mas existe )com boa politica conservadora aliada ao poder do liberalismo econômico. E que, em 1º lugar, ocorra isso por aqui. Mas duvido... Países e cidades competem com países e cidades. Só os tolos socialistas não vêem isso ! E por falar em concorrência, na competição mundial, acabamos de perder o 9º posto de parque industrial para India ! Putz...

Chesterton disse...

aconteceu no estado de Roraima praticamente a mesma coisa que aconteceu na Rodésia (Zimbabwe), os índios tomaram e destruiram as plantações de arroz com apoio do governo federal, com prejuizo enormes ao estado.
Agora é bolsa familia para todo mundo, o igualitarismo transformou o povo de Roraima em seres igualitários ('a força).

Mr X disse...

O Reinaldo Azevedo fez um post sobre esse tema de Roraima. Vejam só: os arrozeiros ocupavam apenas 0,7% das terras, mas, ao serem expulsos, a produtividade do estado caiu à metade.

Ora, isso no fim só termina por prejudicar os próprios cofres públicos. Os governos, por fazer uma demagogia barata, terminam ferrando a si mesmos. Lá como acolá.

Mr X disse...

Update: epa! E o pior, estão querendo desarmar a população sul-africana:

http://www.examiner.com/x-1417-Gun-Rights-Examiner~y2010m4d10-South-African-police-disarming-citizens-as-their-need-for-protection-grows

Lembrem que uma das primeiras medidas de Hitler foi desarmar a população com confisco de armas. A coisa vai ficar preta. (sem trocadilhos).

Klauss disse...

X, essa história que vc conta nesse post eu já tinha ouvido falar por cima... A coisa lá tá mesmo feia, e com o fim do Apartheid, quem diria, o racismo ficou pior ainda (mas invertido).

E depois ainda querem sempre colocar a culpa nos malditos brancos (especialmente se forem americanos, heterossexuais e cristãos, né?).

Eeeita nós!

Anônimo disse...

O nome Terreblanche é de nascença, ele era descendente de Huguenotes que fugiram da perseguição religiosa na Europa e junto com os calvinista holandeses e alguns escoceses colonizaram inicialmente a região do Cabo e posteriormente, com o domínio britânico migraram (o que eles chamam de Voortrek, ou grande marcha) para as regiões interioranas do Transvaal e Orange.
Quanto a política de desarmamento, ela é típica dos momentos pré-genocídio, mas an África do Sul não será tão fácil implementá-la. Primeiro, pela corrupção pública estratosférica (pagando propina você consegue tudo),depois,pela porosidade das fronteiras e pelo fato de existir um grande ódio por parte de alguns negros (principalmente zulus do antigo partido nacionalista Inkhata) contra o CNA.Some-se a isto o grande interesse geopolítico quanto as enormes reservas minerais variadas do país, colocando nesse jogo americanos, russos e chineses (europeus já não contam para nada- é triste, mas é a pura realidade)

Mr X disse...

Informativo o comentário do Anônimo.

Mas é possível que russos e chineses tenham interesse na derrocada total dos afrikaaners? Afinal, o ANC é, ou era, comunista.