segunda-feira, 16 de junho de 2008

O mundo ainda vai sentir saudades de Bush

Estes dias tive um sonho. I had a dream... Mas nada a ver com o sonho de paz do MLK: sonhei que o Bush finalmente invadia o Irã e fazia chover mísseis sobre os mulá nucleares. Acordei faceiro. Aí li o jornal e só tinha o mesmo blablablá de sempre, sanções, ONU, etc. Teremos um Irã com armas atômicas.

Estranho como possa parecer, o mundo ainda vai sentir saudades de George W. Bush. É o que argumenta este articulista do Times londrino, e não posso senão concordar.

A primeira e principal razão é que o mundo não vai ter mais um arqui-vilão sobre o qual descarregar seu ódio e suas culpas. Antes, era simples: qualquer coisa que acontecesse, do terrorismo ao aquecimento global, era culpa do Bush. Sunitas versus xiitas? Culpa do Bush. Prisão de ventre? Culpa do Bush.

Quando George W. deixar o poder nas mãos de Barack Hussein Obama, haverá júbilo. Logo depois, apreensão. Finalmente, pânico. "Quem vamos poder culpar agora?", se perguntarão os europeus. Afinal, os europeus são amplamente favoráveis a Obama, segundo inumeráveis pesquisas. Mas a tendência de Santo Obama vai ser, naturalmente, o isolacionismo dos EUA. Os europeus não vão poder esperar muita ajuda de Obama quando uma nova confusão se instaurar nos Balcãs, ou contra o terrorismo islâmico, ou contra um Irã atômico com mísseis que não poderão alcançar Nova York, mas sim Roma, Paris e Berlim.

Obama não poderá resolver o "aquecimento global" nem ajudar a Europa ou a América Latina; como todos os Democratas será mais protecionista, e provavelmente insistirá com políticas vistas com certa negatividade entre os europeus, como a inclusão da Turquia na União Européia. Rússia/Gazprom controlará a seu bel-prazer os friorentos europeus, sem muito que o Obama possa ou queira fazer.

Provavelmente ele continuará também a mesma política bushista de ignorar completamente a América Latina, deixando-a chafurdar na lama chavista e populista. A diferença é que fazer discursos e organizar passeatas contra o Obama vai ser mais difícil. O Chavez se verá em apuros sem um arqui-vilão imperialista para culpar pela crise que o país atravessa e que certamente vai piorar com a recessão mundial.

Daqui há quatro anos, o mundo sofrerá com a falta de petróleo e alimentos caros; a suposta paz no Oriente Médio com a retirada das tropas americanas se revelará uma ilusão, com massacres intra-árabes e uma nova guerra contra Israel dos fantoches iranianos; a política econômica de altos impostos de Obama piorará a recessão nacional e mundial e o pêndulo econômico estará voltado definitivamente para a Ásia. Aproveitando o neo-isolacionismo, o terrorismo islâmico ressurgirá com força total.

Multidões se aglomerarão nas praças pedindo a volta de George W. Bush. Mas será tarde demais.


Atualização: a última coluna do Spengler também é sobre Bush (e sobre sua relação com o Papa Bento XVI)

3 comentários:

Anônimo disse...

O novo Carter vem aí?

Mr X disse...

Esperemos que não...

Anônimo disse...

Não gosto desse Bush. Olhando em retrocesso o pai tampouco foi lá grande coisa, mas ao menos tinha uma razão sólida para invadir o Iraque. Bush Junior é desqualificado, é grotesco demais e cínico além da cota tolerada em políticos. Nesse quesito, Lula é mais esperto, pois como não gosta de assumir responsabilidades, já teria queimado o Dick Cheney e toda aquela trupe evangélica conservadora que fabricou o factóide "árabe é tudo igual, é tudo terrorista e vão estourar bomba no seu quintal a qualquer momento". Tampouco me deslumbro com Obama; se eu fosse americano votaria em McCain sem nenhum peso na consciência. Já que entrou na guerra, agora não dá para sair às pressas.
Agora, já ouvi de muita gente a respeito de Bush o seguinte: "só podia dar nisso, um caipirão do Texas na Presidência". É claro que se o Obama falhar, quem disser "é claro, um presidente cujos únicos trunfos são a fala doce não-raivosa (contra brancos e o mundo) e a cor de pele escura", será rotulado de racista, reacionário, fascista, etc e tal. A culpa será sempre das circunstâncias. E dos americanos.