segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mama África

Agora todos criticam o Mugabe, mas poucos anos atrás o mesmo sujeito estava recebendo diplomas honorários em diversas universidades ocidentais. Era considerado um campeão da libertação negra. Expulsou e confiscou as terras dos "opressivos fazendeiros brancos". Hoje, como resultado, sem mais produção alimentar, o país naufraga na fome, na hiperinflação e na violência.

O que poucos sabem é que a África do Sul (cujo presidente atual, Thabo Mbeki, é aliado de Mugabe) está indo pelo mesmo caminho. Economia estagnada e leis de cotas raciais (ha-ha) fazem com que os brancos estejam indo embora para outros países. O desemprego, a violência e a corrupção aumentam. Helen Suzman, deputada branca sul-africana que lutou pelo fim do apartheid, hoje afirma que o governo da ANC segue políticas de discriminação aos brancos, e que também tornou a vida pior para os negros mais pobres.

E a África do Sul é prossivelmente um dos melhores lugar de toda a África. Por onde se veja, só há ditadores, guerra civil, miséria, AIDS, ebola, corrupção, pobreza, desgraça.

Dar dinheiro não resolve. Termina tudo no bolso de ditadores. Depor ditadores tampouco serve. Logo vem outro e toma o seu lugar.

Qual o problema da África, afinal?

Será que era melhor nos tempos da colonização?

Em um artigo que já citei aqui, Theodore Dalrymple fala sobre o tempo que morou no Zimbabwe, quando ainda se chamava Rodésia, e observa que as coisas eram melhores naquele período. Mas disso não resulta que ele acredite nas benesses da colonização. O problema, segundo ele, é que a África herdou um modelo para o qual não estava de modo algum preparada. O tribalismo juntou-se ao conceito de Estado-nação, gerando os horrores que viriam:

In fact, it was the imposition of the European model of the nation-state upon Africa, for which it was peculiarly unsuited, that caused so many disasters. With no loyalty to the nation, but only to the tribe or family, those who control the state can see it only as an object and instrument of exploitation. Gaining political power is the only way ambitious people see to achieving the immeasurably higher standard of living that the colonialists dangled in front of their faces for so long. Given the natural wickedness of human beings, the lengths to which they are prepared to go to achieve power—along with their followers, who expect to share in the spoils—are limitless. The winner-take-all aspect of Africa’s political life is what makes it more than usually vicious.

Entretanto, há países que também sofreram colonização mas não terminaram na mesma situação degradante após a independência. Vejam a Índia, por exemplo: como a Rodésia/Zimbabwe, também era colônia britânica, também inclui dezenas de grupos étnicos diversos (que falam idiomas diversos), e no entanto virou uma democracia, produz até alta tecnologia e hoje está crescendo a níveis quase chineses. Qual a diferença?

Talvez o fato de que, ao contrário da África onde só havia tribos iletradas, na Índia havia uma civilização mais avançada e com milhares de anos de existência. Talvez.

De qualquer modo, a África é um mistério.


Mugabe recebendo um diploma honorário da Universidade do Massachussets em 1986. Só este ano a honraria foi retirada, por pressão dos estudantes.

4 comentários:

Anônimo disse...

A África está uma áfrica.

Pax disse...

É o bicho às terças?

Ih, não, é o Mugabe. Confundi. Tá muito parecido.

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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