Uma das coisas curiosas do progressismo é seu aspecto totalitário. Não lhes basta afirmar que ser homossexual, travesti, transexual,
sadomasoquista, etc seja uma "opção de vida" exatamente igual a outra qualquer: querem que todos aceitem isso como a verdade suprema, sem questioná-la ou julgá-la.
Nada tenho contra os gays e, no entanto, acho que os heterossexuais, celibatários ou quem mais quiser deveria ter o direito de, se assim quiser, criticar tal estilo de vida.
Acho que o Theodore Dalrymple tem razão quando fala que vivemos em uma época em que, por um lado, não se pode julgar ninguém por suas "opções de vida"; por outro lado, nega-se que tais opções sejam as culpadas pelos problemas que a pessoa tem. A culpa é sempre da "sociedade injusta", do "sistema" que não aceita as opções da pessoa, etc.
Dou um exemplo, afastado da área sexual. Vejam este sujeito
aqui, por exemplo, que decidiu tatuar-se da cabeça aos pés. Ora, ele provavelmente jamais vai ter um emprego decente na vida, salvo talvez de atendente em uma loja de quadrinhos underground. Por quê? Por que seu aspecto não é socialmente aceitável, causa estranheza na maioria das pessoas, simples assim.
Qual a solução do progressista para isso? Emitir uma lei protegendo os "tatuados"; quem sabe até estabelecer cotas de "tatuados" nos empregos. Afinal, do ponto de vista progressista, todo comportamento é exatamente igual a qualquer outro, ninguém pode julgar ninguém. Portanto, é o empregador quem está discriminando o pobre tatuado.
Os jornais estão dizendo que o Papa afirmou que "salvar a humanidade do homossexualismo é tão importante quanto salvar as florestas". Mas não foi bem isso que ele falou. Vejamos aqui o
trecho do discurso em questão:
The Church speaks of human nature as 'man' or 'woman' and asks that this order is respected. "This is not out-of-date metaphysics. It comes from the faith in the Creator and from listening to the language of creation, despising which would mean self-destruction for humans and therefore a destruction of the work itself of God.
What is often expressed and signified with the word 'gender' leads to the human auto-emancipation from creation and from the Creator. The human being wants to make himself on his own and to decide always and exclusively by himself about what concerns him. But, in so doing, the human being lives against the truth and against the Spirit creator. Rain forests deserve, yes, our protection but the human being - as a creature which contains a message that is not in contradiction with his freedom but is the condition of his freedom - does not deserve it less.
O Papa, todos sabem, não é muito amigo do homossexualismo. Aliás nenhuma das religiões monoteístas o é. Há razões para isso, mas não vou entrar nesse aspecto agora. Mas o que ele critica aqui é algo mais profundo, ou seja: o discurso que tenta eliminar toda distinção entre o homem e a mulher, que diz que o próprio gênero é uma questão de "escolha pessoal", e pode ser realizada mesmo por
crianças.
Não é ficção, isso de fato acontece: uma menina de
doze anos na Austrália - mesmo com a proibição do pai! - foi autorizada por uma Corte liberal a realizar uma mudança de sexo através do tratamento hormonal (e futura cirurgia quando chegar aos dezoito. Ah: com o tratamento todo pago pelo Estado...). Na Alemanha, Tim, ou melhor,
Kim, que começou a tomar hormônios também com doze anos, é hoje um dos mais jovens transexuais do mundo. Em um hospital dos EUA, crianças de até
nove ou dez anos que são diagnosticadas com "distúrbios de identidade sexual", isto é, que se sentem desconfortáveis com seu corpo, podem realizar um tratamento para interromper a puberdade, de modo a que possam "refletir" se querem ou não escolher um novo gênero. A partir dos dezesseis anos, podem tomar hormônios para iniciar a "troca de sexo"...
O que acho disso? Sou, na vida diária, extremamente liberal. Acho que cada um tem suas escolhas de vida e não costumo me intrometer nelas. Tampouco acho que o Estado deva se intrometer. Tenho vários conhecidos gays e acho os travestis simpáticos (ao menos nos filmes do Almodóvar). Porém, confesso que o transsexualismo - assim como o body piercing extremo, e outros tipos radicais de modificação corporal - me causa estranheza. E, se um adulto tem o direito de fazer o que se lhe der na telha com o seu corpo (pagando o preço social disso, é claro), acho que ao menos as crianças e adolescentes deveriam ser protegidas, ao invés de
influenciadas a realizar esse tipo de modificação corporal brutal. O Papa está certo. Isso vai acabar mal.
Na verdade, nunca havia tido preconceito com o transexualismo, até que assisti um filme documental a favor dos transexuais. Chamava-se
Gendernauts, e argumentava justamente que não existia distinção entre os sexos, que tudo era escolha, que o próprio gênero era uma construção social, que podia navegar-se de um a outro (daí o título) sem maiores problemas. Tudo condimentado por imagens e entrevistas de pessoas que, algumas décadas atrás, estariam talvez em um circo de freaks: uma mulher barbada, um homem com seios, outro que implantava objetos sob a pele, etc.
Desde então, nada me tira da cabeça que a maioria dessas pessoas têm sérios problemas psicológicos. (OK, podem me chamar de preconceituoso.)
Voltando aos tatuados:
Felipe Klein, o filho do ex-ministro Odacir Klein havia tatuado todo o o corpo e estava realizando uma serie de modificações corporais extremas, incluindo o corte parcial da língua e a aplicação de chifres: seu objetivo era aproximar-se fisicamente ao aspecto de um homem-lagarto. Digam o que quiserem, era óbvio que era um garoto com graves problemas psicológicos e uma vida familiar turbulenta, e isso se refletia claramente no seu aspecto físico. Mas a sociedade, é claro, "não podia julgar". Mesmo sua psicóloga jamais interferiu com sua escolha. A mãe discordava, mas achava que ele tinha o direito de fazer o que quisesse.
O garoto culminou a tragédia atirando-se de um prédio de doze andares. E a culpa, para quase todos, é da "sociedade que não o aceitou".
Kim, hoje uma bela garota de 16.
Felipe Klein antes de implantar os chifres subcutâneos.