terça-feira, 31 de março de 2009

Os ecologistas que odeiam a Natureza

Assim como os socialistas querem reformar a Humanidade sem entendê-la, da mesma forma muitos ditos ecologistas querem salvar a Natureza sem ter a mínima noção de como ela funciona.

A última loucura é querer acabar com a flatulência das vacas, pois esta aumentaria o "aquecimento global". (Qual será o próximo projeto desses loucos? Impedir os cães de mijarem nas árvores?) Ora, quase todos os animais produzem gases, inclusive os seres humanos. Mas agora os ecologistas acreditam que os peidos das vacas sejam um "problema" que deve ser corrigido. Querem alimentar os quadrúpedes ruminantes com peixe, pois cientistas descobriram que o Ômega-3 reduziria a flatulência bovina. (Podemos imaginar as conseqüências dessa mudança de dieta ao lembrar que a epidemia da doença da vaca louca ocorreu quando as vacas foram alimentadas com derivados de carne).

Da mesma forma, alguns se surpreenderão ao descobrir que a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) mata animais. Isso mesmo: os cães e gatos perdidos entregues à entidade são "eticamente" eliminados. A PETA é contra animais domésticos, o que considera uma forma de escravidão. Melhor um cãozinho morto do que um escravo.

Tão radical é a PETA que alguns ativistas chegaram a roubar coelhinhos de estimação de crianças para "liberá-los". Ora, a média de vida dos animais "livres" é grandemente inferior à de qualquer animal doméstico ou em cativeiro. Em alguns casos, um animal que vive até 30 anos em cativeiro não consegue viver mais do que 1 ou 2 anos em média no seu ambiente natural. Viver é muito perigoso, ainda mais para um animal que jamais foi selvagem.

Mas os ecologistas não entendem a Natureza. De fato, a odeiam. Querem mesmo é dinheiro para seus planos megalomaníacos de reforma mundial.

A esquerda caipira

O leitor Stefano chama a atenção para um post do Pedro Sette Câmara que (partindo de uma outra discussão no blog do Alexandre Soares Silva) observa que "a caipirice é um componente essencial e definidor do esquerdismo."

É verdade.

Talvez a diferença entre a esquerda e direita seja que, enquanto os direitistas costumam entender razoavelmente bem os esquerdistas, os esquerdistas não têm a mesma facilidade de entender seus "inimigos direitistas".

Acho que é porque a esquerda é acima de tudo autoreferencial. Como o garoto-bolha, vive dentro de um universo à parte, e tudo aquilo que está fora da sua bolha lhe parece inconcebível ou absurdo.

A esquerda é narcisista e megalomaníaca: pensa que fala por todos, quando fala apenas por um reduzido número de pessoas, as quais, no entanto, tem uma representação midiática muito acima de seus números reais.

Para ocultar as suas idéias jecas - caipiras, mesmo - a esquerda adota um discurso altamente enganador, camuflando o sentido das palavras.

Por sorte, saiu agora um dicionário de esquerdês.

Morte e ressurreição do cristianismo

Um assassinato tristemente simbólico na Inglaterra: após uma discussão tola, um garoto matou outro violentamente em uma padaria com uma fôrma de assar.

Ambos os garotos eram de classe humilde, ambos vizinhos na modesta região do Sul de Londres.

A vítima: Jimmy Mizen, 16 anos, coroinha católico, britânico da gema, careta, calmo, educado e jovial, apesar da pouca idade já estudando e trabalhando.

O assassino: Jake Fahri, 19 anos, filho de imigrantes turcos, fumante de maconha, amante do rap, vagabundo violento acusado de estupro com sonhos de ser um gangsta e ingressar no mundo do crime.

Um caso isolado, talvez. Ou, talvez, de certa forma, o caso represente metaforicamente as mudanças sociais, políticas, demográficas, culturais e de comportamento que estão acontecendo na Inglaterra (e na Europa, e no mundo) de modo geral. A lenta morte do tal ocidente tradicionalista branco judaico-cristão ®, em suma, e sua substituição por alguma coisa que ainda não sabemos bem o que é.

Por outro lado, de acordo com a simbologia cristã, toda morte tem sua ressurreição. Na Geórgia, o patriarca da Igreja Ortodoxa local aumentou sozinho o número de nascimentos do país em 20%, ao prometer que batizaria pessoalmente os novos filhos de famílias que já tivessem duas crianças ou mais. Causou um baby boom.

A História continua. O futuro não está escrito em lugar algum.

segunda-feira, 30 de março de 2009

2009, o ano em que vivemos perigosamente

O Chest reclamou, mas ando sem muito tempo para blogar esta semana. Observo no entanto uma série de eventos aparentemente randômicos, que no entanto podem modificar completamente o mundo em que vivemos ao longo de 2009.

Com a atual crise, a China está considerando a criação de uma moeda internacional alternativa ao dólar, o que enfraqueceria instantaneamente a moeda americana.

A Coréia do Norte anunciou que vai testar um míssil de longo alcance, e o Japão já avisou que vai reagir. O Irã, que prepara sua própria bomba, está colaborando com a Coréia do Norte.

Israel prepara-se para uma possível operação contra o beligerante Irã.

O Paquistão implode lentamente: até o fim do ano, o país (e suas armas nucleares) pode estar nas mãos de fanáticos radicais.

Obama, enquanto isso, demite o diretor da General Motors em preocupante intromissão estatal na iniciativa privada, e - mais do que com os graves eventos internacionais mencionados - parece preocupado com o "aquecimento global", querendo organizar acordos para reduzir ainda mais o crescimento das economias ocidentais. Como observa Richard Fernandez, a fraude do "aquecimento global" é acima de tudo uma questão de dinheiro: trilhões de dólares estão em jogo. E os vampiros da ONU querem a sua parte.

Como diz aquela maldição chinesa, vivemos em tempos interessantes...

domingo, 29 de março de 2009

Poema do domingo

(Dose dupla de Emily Dickinson, exclusivamente para uma certa moça*...)


I LOST a world the other day.
Has anybody found?
You ’ll know it by the row of stars
Around its forehead bound.

A rich man might not notice it; 5
Yet to my frugal eye
Of more esteem than ducats.
Oh, find it, sir, for me!

* * *

THEY say that “time assuages”,—
Time never did assuage;
An actual suffering strengthens,
As sinews do, with age.
Time is a test of trouble, 5
But not a remedy.
If such it prove, it prove too
There was no malady.

Emily Dickinson (1830-1886)

It never ends

O Sudão continua matando sudaneses aos milhares em Darfur. Meio milhão de mortos, com mais de dois milhões de refugiados. A esquerda pediu intervenção humanitária. A ONU embromou e não fez nada. Os políticos americanos e europeus deram os discursos de sempre. Mas, no fim, ninguém fez nada a respeito. A mídia já esqueceu.

Aí agora descobre-se que em janeiro Israel bombardeou um comboio de traficantes de armas no Sudão que levava armamento para o Hamas em Gaza, e pronto. Os israelenses agora são "criminosos de guerra" que estão atacando um "país soberano"...

sábado, 28 de março de 2009

O Vietnã de Obama

Uma coisa bizarra dos progressistas é que acreditam que as palavras ou as boas intenções sejam suficientes para resolver os problemas. Depois de passar a chamar os atos terroristas de "desastres causados pelo homem", agora Obama diz que acabou a "guerra ao terror". A operação afegã passou a chamar-se "Overseas Contingency Operation", ou "Operação de Contingência Além-mar". O que significa? Nada, só que é menos agressivo do que usar palavras feias como "guerra" ou "terror".
Outra das medidas obâmicas no Afeganistão é, em plena crise, dar 1.5 bilhões anuais de ajuda ao Paquistão por cinco anos, e propor a negociação com os "radicais moderados".

Os talibãs devem estar morrendo de medo em suas cavernas.

Talibãs apaixonadas. Dica: Israellycool, que também tem uma série bacana sobre os perfis de terroristas reais do Hamas.

Atualização: notícias indicam que membros do governo Obama estão se encontrando com iranianos e russos... para discutir o Afeganistão. Como diz um comentarista, quem confia nos iranianos é otário, e quem confia nos russos é imbecil. As coisas não vão acabar bem.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A inveja é uma merda

Faz alguns meses passou uma limusine ao meu lado enquanto eu esforçadamente subia a lomba em uma bicicleta. A limusine andava lentamente, e quase pude ver ou imaginar através dos vidros fumês o seu rico ocupante, bebendo champanhe cercado por belas mulheres, apontando para mim e rindo. Refreei o natural desejo de erguer o dedo médio na direção do imaginário ocupante do veículo, e segui adiante.

Ao mesmo tempo, do outro lado da rua, um mero pedestre me observava, verde de inveja da minha reluzente bicicleta que, afinal de contas, é um modelo novo e sofisticado que custou 500 dólares (tomem, invejosos!).

Aponto esse fato para indicar que a ocasional inveja é um fenômeno comum e bastante humano, mesmo em quem não acredita absolutamente que a igualdade social seja algo positivo ou natural.

O que a esquerda faz é canalizar a inveja natural do ser humano para insuflar a população e assim poder roubar dos ricos e dar aos pobres a si mesmos em nome da "igualdade social" - já que, para muitos, o importante não é dar aos pobres, mas sim tirar dos ricos.

É demagogia da mais barata, mas sempre funciona. A empresária Eliana Tranchesi, dona da Daslu, foi condenada a 94 anos de prisão, para mostrar que a "justiça" lulista também persegue os ricos. Enquanto isso, centenas de políticos, funcionários públicos, empresários amigos do PT, lucraram rios de dinheiro em casos que jamais irão aos tribunais. Não são pobres contra ricos, não. É a neo-aristocracia contra os capitalistas selvagens.

Nos EUA, a mesma coisa. Banqueiros e investidores de Wall Street são as bruxas do momento. Obama critica os "empresários gananciosos" da AIG que pagaram um bônus a seus CEOs com o dinheiro do "bailout". Detalhe: o bônus estava incluído na legislação que Obama assinou e, pelo visto, não leu. Afinal, melhor desviar o olhar para meros 167 milhões, quando alguns trilhões são acumulados nas mãos do governo Obama e seus aliados que fraudam o imposto de renda.

Mas é provável que ambos os casos, lá e cá, tenham sido planejados: os bônus foram incluídos propositalmente na legislação para depois poderem ser atacados e justificarem aumento dos poderes estatais, bem como a prisão da dona da Daslu é um ótimo pretexto para a intimidação e o achaque de vários outros empresários não-alinhados.

Reichstagsbrand, alguém?

De novo, a luta de classes nunca é de pobres contra ricos, é da nomenklatura contra a burguesia. Os pobres são só massa de manobra.

Atualização: Tanto Lula quanto os obamistas aumentam a excitação popular ao juntar o ódio racial ao ódio de classe. Quem critica Obama muitas vezes é tildado de racista. Já o Lula falou que a atual crise foi criada por "brancos de olhos azuis" para prejudicar negros e indígenas. A bizarra declaração causou estupor na mídia americana e inglesa (exemplos aqui, aqui e aqui). Afinal, todos sabem que os banqueiros malvados são sempre judeus.

A Europa "secularista"

Eis a Europa atéia, secularista, pós-cristã. O gráfico representa o aumento do número de mesquitas ativas na França. Ué! Mas não é que íamos ter uma sociedade atéia ultra-desenvolvida?

quinta-feira, 26 de março de 2009

Il faut cultiver notre jardin

Gosto do "Cândido" de Voltaire, e gosto da frase que encerra o livro.

Il faut cultiver notre jardin. É preciso cultivar nosso jardim.

Voltaire era anticlerical, e, dizem, antipático. Mais que jardins, gostava de cultivar inimigos. Não era um democrata: acreditava no despotismo esclarecido, isto é, em um monarca absoluto, desde que orientado por filósofos (como ele mesmo). Segundo alguns, suas idéias conduziram ao banho de sangue também conhecido como Revolução Francesa.

Verdade ou não, pouco importa. O livro é bom, e a frase é boa.

Os utopistas, os socialistas, os fascistas, os ecologistas - todos querem mudar o mundo. À sua imagem e semalhança, é claro. Para nosso bem, sem dúvida. Já eu não tenho tal intenção, nem creio que esta seja saudável.

Acredito apenas que: é preciso cultivar nosso jardim. Nada de planos megalômanos de reforma total social mundial. Para que tanta ambição? Se cada um cuidar cultivar com cuidado seu próprio jardim, já estará de bom tamanho. E mesmo isso é difícil.

Haverá, é certo, momentos em que nem isso os poderosos do momento nos deixarão fazer. Entrarão no nosso jardim, roubarão nossos frutos e pisarão nas nossas flores.

E então será preciso defender o jardim.

Com palavras, sempre.

Com armas, se preciso for.

Porque não queremos mudar o mundo, mas tampouco queremos que o mudem contra a nossa vontade, e nos retirem a única coisa que temos.

Cultivar o jardim é nosso dever e nosso direito.

Il faut cultiver notre jardin.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ainda sobre religiões e ateísmo

Na discussão do post sobre a Bioética Racional do Peter Singer, um anônimo falou o seguinte:

MrX, eu concordo com o Kbção quando diz que "há uma moral agnóstica que contrapõe,..etc". Chama-se moral do Kbção e deve ser ótima mas tem um problema: é humana. Esse é o problema das morais agnósticas..."vareiam" do Kbção(para o bem) ao tolo do Singer(para o mal). Já a minha moral que não é minha, pertençe ao Deus de Abraão de Isaque e de Jacó e não tem sombra de variação. Posso partir que ela permaneçerá igual para os meus filhos.

Então dei-me conta de uma coisa, a razão pela qual o ateísmo puro e simples não pode substituir as religiões, por mais esforço que façam Dawkins, Hitchens e cia. A moral agnóstica muda de indivíduo para indivíduo, ou no máximo de geração para geração e, portanto, não permanece no tempo. A religião permanece.

Além disso, a moral agnóstica é obra do homem e, portanto, falível e passível de ser desrespeitada por qualquer um que não concorde. A moral religiosa é obra de Deus. Bem, mesmo que você não acredite em Deus, o argumento se mantém: ao apelar a um ser ou uma ordem superior, a moral religiosa coloca-se acima do homem e sua falibilidade e incompetência, coisa que é negada pelo relativismo dos ateus e especialmente dos esquerdistas, que não acreditam em um "bem maior", portanto medem o bem de acordo com seus próprios mesquinhos ideais. Ou, como explica Lawrence Auster:

Having gotten rid of the traditional, religious-based idea of the moral good, liberals embrace the liberal idea of the moral good, which is compassion, equality, diversity, inclusion, stopping global warming, etc. Unlike believing in the traditional moral good, believing in the liberal moral good does not involve hypocrisy, because for a person to be good in the liberal sense no actual moral behavior, with its inevitable failures, is required: the person merely needs to affirm that he believes in compassion, equality, diversity, inclusion, and stopping global warming. By signing on to liberalism, one is simply and truly good. This is the source of liberals' inordinate self-esteem. Believing in a liberal good that is not higher than the self but identical to the self, liberals feel themselves to be perfectly good, even as they look with contempt and hatred at conservatives who hypocritically affirm, and seek to impose on society, some false higher good that they themselves don't follow.

Embora possa se adaptar, a religião muda devagar, e raramente conforme a moda do momento. Vejam o caso das camisinhas do Papa. A esquerda chia porque o Papa recomenda abstinência e fidelidade, ou seja, coisa que a Igreja recomenda há mais de dois mil anos...

É claro que nada impediria que o Kbeção, a partir de sua moral individual, criasse uma religião própria, digamos, o Kbecismo. Aí esta poderia ser transmitida de geração para geração, com seus ritos e regras, hinos e métodos.

O homem é um animal moral, e tem necessidade de regras morais que permaneçam no tempo. Eis porque as religiões permanecem.

Ou será que é Deus que escreve certo por linhas tortas?

Qual o seu grau de culpa?

Um quiz do People's Cube.

Presidente bebum.

Assassinos de crianças

Vários dos meus leitores não acreditam em Deus; será que no entanto acreditam no Diabo? Às vezes parece-me que ele existe, especialmente ao ler sobre assuntos tão macabros que custa a crer que sejam inspirados por meras mentes humanas. Ou, pensando melhor, talvez não custe muito não...

Há poucos posts coloquei um vídeo que relata o caso dos chamados "moor murders", em que um casal nos anos 60 torturou e matou várias crianças e adolescentes, inspirados, aparentemente, pela leitura de obras do Marquês de Sade. Foi chocante por ser o primeiro caso famoso do gênero na Inglaterra, mas não seria o único. De fato, em poucos anos ocorreriam crimes que deixariam Myra e Ian no chinelo: nos anos 90, Fred e Rose West, um outro casal de assassinos, seqüestrou, algemou, estuprou, torturou e matou entre 12 e 20 crianças e adolescentes, inclusive duas de suas próprias filhas, como conta aqui Theodore Dalrymple.

Uma das coisas que mais nos horroriza é, sem dúvida, o assassinato de crianças e adolescentes, especialmente quando este tem motivos sexuais.

Há uma pergunta que não quer calar: estariam ocorrendo mais crimes de assassinos pervertidos hoje do que em outras épocas? Embora tais crimes tenham ocorrido desde sempre, a aparência pareceria indicar que sim - afinal, as pessoas da minha geração e anteriores ainda brincavam sozinhas na rua até à noite, sem a preocupação dos pais, o que hoje é quase impensável (embora isso possa meramente significar que o pânico aumentou, mas não necessariamente o número de crimes). No entanto, mais significativamente, também algumas pesquisas mostram que o número de assassinatos seriais de crianças e adolescentes aumentou de 1960 para cá. Se isso for realmente verdade, seria interessante tentar descobrir as razões. Levantemos algumas hipóteses:

1) Liberalização dos costumes:
Tal começou a se radicalizar a partir dos anos 60. Quando sadomasoquismo, voyeurismo, travestismo, zoofilia e qualquer tipo de comportamento sexual alternativo é considerado tão normal como qualquer outro, quanto falta para considerar a pedofilia como outra mera variante da sexualidade humana que não deve ser julgada por ninguém?

(Evidentemente, não quero aqui dizer que comportamentos sexuais "alternativos" mas que não fazem mal a terceiros sejam equivalentes à pedofilia ou o estupro e assassinato; mas acredito que vários psicopatas estupradores estejam convencidos que seus casos se enquadram na categoria de sexualidade incompreendida.)

2) Leniência maior da lei:
Também uma herança dos benditos anos 60. Graças aos progressistas, que vêem os assassinos muitas vezes como meras vítimas do sistema, ou então como pessoas incompreendidas desrespeitadas em seus "direitos humanos", ou então entendem que a prisão deveria "reabilitar" e não "punir", crimes muitas vezes hediondos terminam tendo penas leves (aqui no Brasil já temos a progressão de pena para crimes hediondos). Muitos pseudointelectuais sentem mais pena do criminoso do que de suas vítimas.

Uma das coisas mais assustadoras é como, tantas vezes, assassinos seriais de crianças e adolescentes deixaram de ser presos ou foram liberados rapidamente após crimes violentos. Quase sempre, a impunidade apenas estimulou a ousadia do criminoso. Algumas pessoas não entendem a lógica dos assassinos, mas, no cálculo do psicopata, é muito simples. Como Theodore Dalrymple cita, o casal West foi liberado com uma mera fiança de 75 dólares após o seqüestro e estupro de uma moça. A partir daí, para evitar que as novas vítimas os denunciassem, passaram a matar as suas vítimas sexuais. Em um outro caso recente, ainda na Inglaterra, um homem que fora condenado duas vezes por estupro, foi liberado após poucos anos de prisão. Uma semana depois de sair, seqüestrou e matou uma garota de 16 anos. Hoje as autoridades inglesas já pensam em liberá-lo de novo... (É impressionante o número de criminosos sexuais que são liberados após poucos anos de prisão e voltam, naturalmente, a estuprar e matar).

No Brasil, isso é regra. Fábio Marton comenta o recente caso da menina de 13 anos estuprada por cinco, com a Justiça impedindo a prisão dos criminosos. (E cita ainda o caso do americano John Gacy, o palhaço assassino pedófilo, que matou 33 meninos e adolescentes. Também ele só não foi preso porque a polícia muitas vezes decidiu não investigar as acusações e liberou-o sem maiores preocupações.)

3) Sexualização precoce das crianças:
Ninguém pode negar que esta ocorre cada vez mais, e que muitas vezes é culpa dos mesmos bem-intencionados que dizem querer combatê-la. Como devemos considerar, por exemplo, esta notícia, que mostra que meninas de 11 anos de idade podem pedir a "pílula do dia seguinte" na própria escola por mensagem de texto de celular? O que é isso se não o incentivo ao sexo infantil? Que a idéia seja vendida pelas autoridades como uma forma de combate à gravidez adolescente só pode ser considerado como uma piada de mau gosto. (Sim, no Brasil de Lula também há idéias parecidas - aliás, neste país, de letras de música popular a apresentadoras de programas infantis a programas de educação sexual, somos campeões em sexualização infantil).

Todos esses motivos, no entanto, são insuficientes. Há algo de profundamente aterrador no abuso e morte de crianças e adolescentes, que nenhuma psicologia ou sociologia poderá explicar.

Acredito que as pessoas que abusam sexualmente e matam crianças e adolescentes poderiam perfeitamente ser condenadas à morte. A razão é simples: uma sociedade saudável deve ter empatia com as vítimas, não com os assassinos. E deve deixar claro que tal comportamento é inaceitável, sejam quais forem as circunstâncias.

Mas talvez vivamos em uma sociedade doente.

terça-feira, 24 de março de 2009

A solução final (variante verde)

Um certo Jonathon Porrit (é, é JohnaTON mesmo, pessoas idiotas muitas vezes tem nomes idiotas), importante assistente para assuntos ambientais de Gordon Brown, sugere a solução definitiva para o problema do aquecimento global: reduzir a população do país à metade, dos atuais 62 para 30 milhões.

Como fazer isso? O ministro não explica, mas há poucos modos de realizar a hercúlea tarefa: emigração massiva compulsória, limitação do número de filhos por casal, esterelização em massa, ou seguir o infalível método da escolinha de Pol Pot.

O primeiro método, podemos esquecer. Há poucos dias os britânicos decidiram não limitar a imigração de estrangeiros ao país. De fato, para os neomalthusianos, o controle populacional é recomendando apenas para os habitantes dos países desenvolvidos, a tal civilização ocidental branca cristã:
Each person in Britain has far more impact on the environment than those in developing countries so cutting our population is one way to reduce that impact.
Limitar o número de filhos, então, poderia ser uma opção. Porrit tem duas filhas. Elas poderiam ser proibidas de serem mães. Ainda assim, como mesmo com a política de "um filho por casal" rigidamente cumprida, a China aumentou sua população em 400 milhões em vez de diminuir, não seria suficiente.

Esterilização massiva é uma idéia interessante, especialmente se organizada de modo aos esterilizados nem se darem conta. Seria possível talvez colocar alguma coisa na água? Porém, provavelmente demoraria muito tempo para obter resultado.

Não, para que inventar moda? O melhor mesmo é o método já testado por Stalin, Hitler, Mao e Pol Pot. Só falta escolher quem serão os 30 milhões a serem "dispensados", mas não será difícil. Eu começaria por todos aqueles que negam o "aquecimento global". Depois, o pessoal de direita. Depois, os traidores e inimigos do sistema. Depois...

Os cadáveres poderão ser usados para adubar as plantinhas.

Heróis e vilões

Um jovem blogueiro iraniano acusado de insultar o Aiatolá Supremo do Irã e criticar o apoio dos mulás ao Hezbollah foi suicidado na prisão, possivelmente após sofrer tortura. Há vários outros blogueiros presos, incluindo Hoder Darakshan, considerado o pai da blogosfera iraniana. Ele está preso por traição por ter visitado Israel, "crime" que no Irã é passível de execução. (Esse é o governo com o qual os obamistas querem dialogar, e que os esquerdistas querem que tenha armas nucleares). Repercussão internacional? Zero.

Li a notícia no Times londrino. Enquanto isso, na seção "fotos do dia" do mesmo jornal, das nove fotos internacionais publicadas, três - um terço das imagens consideradas mais relevantes no mundo todo pela editoria do jornal! - são dedicadas aos palestinos, vítimas dos malvados sionistas. Fotos que, aliás, não se referem a qualquer fato importante acontecido, apenas mostram criancinhas palestinas sorrindo em meio às ruinas ou na suposta miséria.

Não é tanto que a mídia supervalorize os palestinos. É que desvaloriza todos os outros seres humanos.

Nossos respeitos a Omid Sayafi, blogueiro iraniano.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O enigma Obama

Os leitores aí no Brasil não estão por dentro das discussões que rolam aqui nos EUA em relação às medidas de Obama. Assistem talvez clipes da CNN ou da Globonews que não dão uma medida exata do descontentamento e perplexidade com que estão sendo recebidas várias das medidas do novo governo pelo povo. A sensação, mesmo entre vários dos que votaram no negro maravilha, é de um certo amadorismo.

Claro, ainda há os entusiastas e os esperançosos, e ainda haverá por um bom tempo.

Todo entusiasta de programas sociais fala como se o dinheiro para pagá-los nascesse em árvores. Poucos posts abaixo discutia-se sobre os maravilhosos hospitais públicos franceses que oferecem serviço "de graça" até a clandestinos. O Pax continua falando sobre as maravilhas da educação pública na Finlândia (Além de outras questões, sabe quantas pessoas moram na Finlândia? 5 milhões. É mais ou menos o número de pessoas que da região metropolitana de Porto Alegre. Tamanho importa, sim.)

Obama está alocando trilhões e mais trilhões de dólares para programas sociais (outros trilhões são os bailouts a empresas várias para supostamente resolver a crise financeira). De onde sai esse dinheiro? Está todo sendo colocado na conta dos jovens que votaram em Obama e suas políticas. São eles que, quando forem adultos, pagarão por tudo isso com o suor do seu rosto - se conseguirem. Mark Steyn explica aqui.

Mas se fosse apenas isso, seria até tranquilo. O mais grave é que Obama está piorando a economia, e gerando o risco de trazer a desvalorizaçao do dólar e o colapso financeiro. A cada medida, a cada pronunciamento seu o Dow Jones cai mais alguns pontos. A sua solução para o problema do crédito hipotecário, sabem qual é? Emprestar mais dinheiro aos que não conseguiram pagar suas casas, para que possam fazê-lo. Já os que pagaram tudo em dia, só ganham aumento de imposto. Premiar os delinquentes, punir os que pagam em dia. Mesmo os obamistas estão achando estranho.

Outra lei obamista de controle de alimentos está prejudicando os mercados populares e vendedores de alimentos orgânicos. Ora, quem compra e vende alimentos orgânicos? Os eleitores de Obama, é claro. Alguns já começam a se incomodar.

E nem falemos do Afeganistão, onde a palavra de ordem é "estratégia de saída". Quem fala assim, já começou perdendo. Melhor retirar as tropas amanhã mesmo, então. Ao menos salva a vida dos soldados.

Obama é uma charada envolvida em mistério, dentro de um enigma.
Barack Obama

domingo, 22 de março de 2009

Poema do domingo

Idealização da humanidade futura

Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos séculos futuros
-- Homens que a herança de ímpetos impuros
Tomara etnicamente irracionais!

Não sei que livro, em letras garrafais,
Meus olhos liam! No húmus dos monturos,
Realizavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animais!

Como quem esmigalha protozoários
Meti todos os dedos mercenários
Na consciência daquela multidão...

E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefação!

Augusto dos Anjos (1884-1914)

sábado, 21 de março de 2009

Suffer little children

Lido em um comentário de uma moça "feminista" de 22 anos por aí:
It's none of your business what myself or the next woman does with her body. At 24 weeks or less, a fetus would not be able to survive without feeding off the mother, therefore it is not killing a human life, merely a parasite.
Independentemente do que você pense sobre a questão do aborto, quando uma moça começa a se referir ao seu próprio (ainda que hipotético) filho como "parasita" e "não-humano", você sabe que alguma coisa está errada.

Ecologia versus Economia


O gráfico de uma pesquisa da Gallup mostra uma coisa interessante. O número de pessoas que acham que a preservação ecológica deve ser mais importante do que o crescimento econômico era constantemente maior desde os anos 80. Recentemente, a tendência inverteu-se.

Conclusão óbvia: enquanto há prosperidade, as pessoas preocupam-se com o verde. Quando há escassez, preocupam-se mais com as verdinhas.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Rumo ao espaço sideral?

Em um blog por aí que agora esqueci, alguém fez uma observação que me pareceu interessante: ele diz que sempre, na história do mundo, as pessoas insatisfeitas com o sistema opressivo reinante, os perseguidos ou os desejosos de aventura e liberdade, terminavam migrando para fronteiras, regiões inexploradas, onde podiam começar do zero de novo. Foi assim com a viagem dos primeiros colonos para a América. Depois, a conquisda do Oeste. Etc, etc. (Ignorando o fato de que havia índios lá e tal, que é outra discussão que não interessa aqui).

Enfim, a conclusão é que o que falta, hoje, são mundos novos para conquistar ou para onde escapar. Digamos que a crise econômica ferre com tudo, que Europa vire islâmica e os EUA um governo socialista. Para onde migrar?

Simples: o espaço. Há projetos de terraformar e colonizar Marte. As viagens espaciais estão ficando mais econômicas, e a tecnologia avança a saltos. Em breve o que hoje é apenas sonho poderá tornar-se realidade.

Eu, acho que prefiro ficar por aqui mesmo.

Comunismo: modo de usar

Alguns acreditam, ingenuamente, que o Comunismo seja um sistema político que estava em voga desde 1917 e que vigorou até aproximadamente 1989, tendo desde então sobrevivido em apenas uma ilha do Caribe e alguns outros países marginais.

Fosse assim, e vocês todos poderiam rir às gargalhadas das ocasionais invectivas deste blog contra esses fantomáticos seres que costumam morar embaixo de camas alheias.

Mas o Comunismo não é um sistema político. O Comunismo é um engodo que, em nome da falsa promessa de igualdade, dá poder imenso a uma nova aristocracia - aquela formada pelos reformadores sociais e seus amigos. Todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros, já dizia Orwell séculos atrás.

O Comunismo é, na verdade, um conto do vigário e, como todos os contos do vigário, tem dezenas de variantes de acordo com a circunstância histórica. A variante stalinista. A variante maoísta. A variante pseudodemocrática chavista. A variante lulista. A variante obamista. A variante ecologista. A variante capitalista.

Todos são graus, maiores ou menores, do mesmo 171. Prometa igualdade, obtenha mais poder e dinheiro para seus amigos através do aumento de impostos, transferência de renda, nacionalização de empresas, confisco de propriedades e assim sucessiva e gradativamente.

Há Comunistas na Rússia e na América. Há Comunistas em Beijing e em New York. É um erro crer que os ricos não gostam do Comunismo. Há Comunistas milionários. Há Comunistas bilionários. Há Comunistas trilionários!

O Comunista não é um ideólogo nem um dogmático, engana-se muito quem pensa assim. O Comunista é um mafioso. O Comunista é um parasita. O Comunista é um... vampiro.

Onde quer que haja um trabalhador dedicado que deseja subir na vida, ali estará um Comunista para roubar seu dinheiro.

Onde quer que haja uma pessoa de bem que respeita as leis, ali estará um Comunista para corrompê-la.

Onde quer que haja uma moça virtuosa e honesta, ali estará um Comunista para prostituí-la.

Onde quer que haja uma criancinha orfã e inocente, ali estará um Comunista para comê-la.

O Comunismo não morrerá jamais!

Horror público e gratuito

O Pax é um desses que vive falando nas maravilhas da saúde pública. Eis aqui o retrato da saúde pública em um país considerado desenvolvido, a Inglaterra:

Mais de 400 pacientes mortos em um único hospital sem que ninguém saiba a causa.
Remédios faltando por semanas.
Monitores cardíacos desligados para economizar energia.
Pacientes aguardando meses por um atendimento e morrendo antes deste acontecer.
Doentes cujas operações foram adiadas esquecidos no quarto sem água ou comida, tomando água dos vasos de flores para sobreviver.

Há histórias similares no Canadá, na França e mesmo na Suécia tão amada, onde algumas pessoas precisam esperar anos para obter um tratamento. E nem falemos do Brasil, onde as histórias de horror são demasiado numerosas para contar.

A idéia da saúde pública e gratuita para todos é bacana. A idéia. Mas, na prática, não há um único lugar em que funcione perfeitamente. Como não me canso de repetir, você não pode ter Bom, Rápido e Barato ao mesmo tempo. Escolha um.

Mas, para muitas pessoas, o importante são as idéias, as boas intenções, não o resultado destas na prática. Melhor acreditar que o sistema de saúde em Cuba é o melhor do mundo.

A "saúde pública, gratuita e de qualidade para todos" está muito longe de ser gratuita, jamais consegue atender a todos, raramente é de qualidade e muitas vezes nem mesmo é saúde.



quinta-feira, 19 de março de 2009

Tá tudo dominado

Que os alunos de uma universidade americana sejam simpatizantes do socialismo é até compreensível. São jovens e ignorantes, e quase só receberam instrução marxista na escola e na mídia. Mas quando há professores comemorando abertamente a vitória do FMNL em El Salvador, consolidando a neocomunização da América Latina, é preciso parar e pensar. Epa. Onde diabos fui me meter?

Festa comunista: Marx rebola, levantando o dedinho.

The Touch

Eu achava que não havia uma mídia mais ridícula do que a brasileira, mas depois de acabar de ver os apresentadores e repórteres de um telejornal local extasiados com o fato de Obama ter tirado a sua jaqueta durante um discurso - "He still has got the touch!!" - acho que posso modificar minha opinião. Eita raça essa dos jornalistas...

No Brasil, Obama seria um excelente pastor da Igreja Universal.

quarta-feira, 18 de março de 2009

A guerra contra as palavras (2)


O governo Obama acabou com o terrorismo. Isso mesmo, o terrorismo não existe mais. Agora a administração não utiliza mais o termo "terrorismo" para se referir a massacre de civis ou atentado-bomba, mas apenas o termo "man-caused disasters", ou "desastres causados pelo homem".

A explicação da ministra obâmica para a mudança é que "Isso demonstra que estamos preparados para abandonar a política do medo e nos concentrarmos na política de enfrentar riscos."

Enquanto isso, a União Européia baniu os termos considerados discriminatórios de gênero como "senhora", "senhor", "senhorita", e até mesmo - contradizendo Obama - "causados pelo homem" (deve-se utilizar a palavra "sintético", afinal poderiam ser desastres "causados pela mulher".)

Às vezes me pergunto se existe uma epidemia de retardamento mental no mundo que ainda não foi descoberta pelos cientistas.

De qualquer modo, em termos de política externa, o governo Obama está cometendo tantas gafes, que já começa a ser apelidado de governo ostra.

Os trapalhões.

Ceci n'est pas Obama.

A gente somos inútil!

Em nenhum país o nanny-state (Estado-babá) está tão evoluído quanto na Inglaterra, onde o governo controla praticamente todo aspecto da vida do cidadão. Estado-babá é a expressão mais correta: trata-se, de fato, de infantilizar todos os cidadãos, tratá-los como incapazes para melhor controlá-los. George Orwell estava certo, sua utopia totalitária só errou de ano e de modo: não é uma ditadura, é uma democracia na qual o povo se acorrenta por sua livre e espontânea vontade.

Uma recente notícia ilustram bem o caso. Os extintores de incêndio poderiam ser proibidos e retirados de vários prédios, pois seu uso inadequado em mãos inexperientes poderia causar mais danos do que soluções, dando uma falsa sensação de segurança. A recomendação em caso de incêndio é apenas fugir e chamar os bombeiros. Pode parecer surpreendente, mas é apenas a seqüência lógica do que já se faz com as armas de fogo. Se assaltado, não reaja, não use de meios próprios de autodefesa (os quais aliás você não tem o direito de possuir): apenas chame a polícia.

Que os políticos queiram cada vez mais controle sobre a vida (e sobre o bolso) do cidadão não espanta nem pode espantar ninguém com mais de 18 anos e alguma experiência de vida. O que espanta é a docilidade - eu diria até o alívio - com que tais esquemas são recebidos por grande parte da população. "A gente somos inútil", eles parecem querer dizer.

Em um comentário em outro blog, um jovem americano de 22 anos tem uma tese interessante sobre as causas do crescente estatismo mundial:

"We’ve all been sheltered by parents who try to protect us from risk and icky bad things, and so we think we’re special, and naively believe that most of the world’s problems really can be solved, and by government at that."

De fato, em um sentido mais amplo, podemos observar que o Estado-babá atual é resultado da prosperidade e segurança observadas até recentemente no mundo desenvolvido, e que acabaram por criar uma aversão a riscos que se aproxima da tolerância zero. A medicina moderna pode curar a maioria das doenças, portanto estar doente ou até fora do peso ideal já é visto como algo terrível. A violência urbana é relativamente pouco freqüente, portanto as pessoas querem manter o mesmo nível de vida sem risco em todas as facetas. A aversão a riscos - sempre existentes na liberdade - leva as pessoas a preferirem a segurança.

O curioso é que no Brasil, onde não se chegou a tais níveis de prosperidade ou segurança (o sujeito pode morrer de bala perdida na próxima esquina), onde a falha do Estado em proporcionar segurança, educação, saúde e qualquer coisa aproximando-se de um serviço meramente medíocre é palpável cada momento, o curioso é que mesmo assim o Estado é visto sempre como salvação. Aqui acho que a explicação é outra. Gostamos do Estado-babá simplesmente porque não conhecemos outra coisa. Não há infantilização, somos infantis por natureza. Ao contrário dos americanos, asiáticos ou europeus, nunca crescemos, nunca deixamos de ser crianças.

Unhéééé!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Bioética racional

O filósofo Peter Singer dá aulas de "bioética" na prestigiosa universidade de Princeton. Sua "bioética" funda-se em princípios que parecem bizarros para a maioria de nós que, por mais agnósticos que sejamos, ainda estamos acostumados à moral tradicional judaico-cristã, a qual, queiramos ou não, permeia quase todo o sistema legal e ético atual. Apesar disso, as idéias radicais de Singer estão ficando na moda em certos círculos. Algumas delas aqui:

- A vida de um chimpanzé adulto pode valer mais do que a de um bebê humano, que não tem ainda a consciência formada: seria mais ético salvar de um incêndio um macaco do que um bebê humano retardado, que talvez seja até menos inteligente do que o chimpanzé.

- Não há diferença entre matar um feto e um bebê, pois nenhum deles tem a consciência totalmente formada e portanto, se os pais quisessem deveriam poder matar seus bebês tanto antes quanto após o parto.

- Pode ser mais ético matar bebês recém-nascidos que tenham defeitos físicos ou mentais que possam causar infelicidade a seus pais do que obrigá-los a viver uma vida de sofrimento para eles próprios e para seus pais (para Singer, um bebê não tem consciência de si mesmo nem grande noção do futuro e do passado, e portanto sua morte é ruim na medida em que causa sofrimento àqueles que o amam, como seus pais; porém, se a vida do bebê "defeituoso" for causar mais sofrimento do que sua morte, é permissível matá-lo).

- Embora ele não o recomende, não vê nada de moralmente errado se um casal decidisse gerar uma criança com o único intuito de matá-la após o nascimento e retirar seus órgãos para dá-los a um irmão doente, se assim desejarem (idem ao argumento acima, de que seres com consciência tem precedência sobre seres sem consciência ou com consciência limitada).

- É perfeitamente permissível matar velhinhos com Alzheimer que não reconheçam mais ninguém, se todos os parentes concordarem (o velhinho não tem poder de decisão).

- Não há nada de moralmente errado com a necrofilia ou o bestialismo ou o sadomasoquismo ou até mesmo a pedofilia desde que sejam comprovadamente consensuais: tudo o que dá prazer e é consensual é, por natureza, ético (a pedofilia poderia, no entanto, ser condenada já que em certos casos seria difícil provar que a atividade é consensual).

- Matar não é errado em si mesmo, mas apenas na medida em que causa ou diminui o sofrimento de terceiros. Por exemplo, matar Hitler teria sido um bem já que teria evitado a morte de milhões. Mas matar assassinos condenados à morte na prisão é errado pois não podem mais fazer mal a ninguém.

- Realizar experimentos científicos ou médicos com seres humanos em estado de coma seria mais ético do que realizar os mesmos experimentos com macacos plenamente conscientes.

- Em seu novo livro, que promete "uma solução para o problema da pobreza", argumenta que a vida de nossos próprios filhos não é, em si, mais importante do que a vida de criancinhas famintas na África (todas as vidas têm o mesmo valor), portanto os ricos deveriam dar dinheiro aos pobres em vez de gastá-lo em coisas fúteis como uma Ferrari ou educação universitária para seus próprios filhos (mais urgente é evitar a morte de fome);

O pavoroso em Singer não é que suas idéias sejam malucas. É que, ao contrário, são extremamente racionais. São o racionalismo levado ao extremo. Singer é um utilitarista, isto é, acredita que um ato é moral ou não apenas de acordo com o sofrimento mensurável que causa. Se um ato causa sofrimento é imoral, se causa felicidade (ou evita sofrimento) é moral. Singer vai além dos utilitaristas clássicos em apenas dois aspectos:

a) utilitaristas clássicos afirmavam que o Bem pode ser definido como "aquilo que traz felicidade". Singer, que considera a felicidade um conceito problemático, utiliza o conceito de "preferência". As decisões morais são baseadas apenas na intensidade da preferência de um indivíduo ou grupo.

b) seu radicalismo consiste em não limitar tal ética utilitarista aos seres humanos, mas, ao contrário, colocá-los no mesmo plano de todos os outros seres vivos conscientes. Matar uma vaca ou um homem, para Singer, tem o mesmo valor moral. (Para ele, a única razão pela qual matar um ser humano poderia ser mais grave do que matar uma vaca seria pelo fato de que a morte do ser humano causaria mais dor a outros seres (parentes, amigos, etc.) do que a da vaca a seus companheiros bovinos, e devido à maior autoconsciência humana - mas não devido a qualquer diferença de importância entre homem e vaca).

Aos que o acusam de ter idéias "nazistas", Singer - que embora seja um ateu radical é filho e neto de judeus - argumenta que seu avô morreu em um campo de concentração, e que toda sua filosofia, influenciada por essa história familiar, busca justamente minimizar o sofrimento. Tudo para ele, assim, se divide em seres autoconscientes passíveis de sofrer (animais superiores, pessoas) e seres que não sofrem ou não tem autoconsciência (velhinhos em coma, bebês, plantas).

É a ética de um mundo materialista e racional ao extremo. E é justamente por isso que, ao menos para mim, é tão pavorosa. Mesmo (ou especialmente) quando efetivamente resulta no "bem maior" (a filosofia de Singer lembra um pouco a filosofia de Quincas Borba). Pois o terrível em Singer é justamente seu frio racionalismo. Se Deus não existe, se Bem e Mal não existem, se não há absolutos morais, se a vida não apenas não é sagrada como não tem qualquer sentido, se a diferença entre o homem e os demais animais é apenas quantitativa e não qualitativa (maior inteligência, maior consciência, etc.), se o que caracteriza um ser humano como "pessoa" é meramente a sua autoconsciência, então a ética de Singer é a ética mais lógica a seguir.

Pessoas como Singer me dão vontade de converter-me à primeira religião que encontrar. Acho que até um mundo dominado pelo islamismo radical seria mais humano do que um regulado pela ética singeriana.

Atualização: Roger Scruton contesta as idéias de Singer. Aqui.

O silêncio dos inocentes

Um dos grandes problemas na questão do aborto é que o principal interessado no assunto - ou seja, o feto - não pode dar a sua opinião. Desse modo, mães, médicos, padres e políticos discutem a seu belprazer e decidem o destino (ou não-destino) da nascedoura criatura.

Devemos crer, no entanto, que a "opinião" do feto seja a de querer viver, por mero instinto natural: tudo o que é vivo deseja permanecer vivo, mesmo que não tenha consciência. As plantas têm consciência? Alguns dizem que sim, mas provavelmente não. Porém, estas buscam o sol e, se morrem, jamais é por suicídio. (Aliás, é apenas a consciência que nos permite o suicídio).

Para um dos lados do debate, então, tudo está em reduzir o feto a um ser "sem consciência" ou "incompleto" (afinal, está literalmente em gestação), e que, sendo mera "possibilidade", não deveria causar sofrimento a outros seres humanos já perfeitamente formados - os quais têm, segundo esta opinião, maior valor na escala vital. Falam assim então de um "feto de poucos milímetros" que é "precariamente formado, sem sensações ou sistema nervoso", em contraposição à mãe ou aos pais da criança, que, sendo adultos plenamente conscientes, deveriam ter o direito de "escolher".

Já o outro lado enfatiza justamente o caráter de inocência, fragilidade e sacralidade - o feto, afinal, é um ser desprotegido que precisa de amparo. Um ser que, não tendo nascido, ainda não pecou, e portanto é "superior" aos pecadores adultos (*). Justamente por não poder viver por si só, justamente por estar ainda em formação, é que precisaria dos maiores cuidados possíveis. O direito de "escolha" dos pais é inferior ao direito da criança à vida. Até porque, segundo esta concepção, sua vida não tem origem (apenas) biológica, mas divina. Não está ao homem, portanto, decidir sobre ela.

Não há como conciliar as duas opiniões. Em casos delicados como o da menina de 9 anos estuprada pelo padrastro e grávida de gêmeos, a polêmica se acende ainda mais. Até porque, neste caso, não só não levaram em conta a opinião do feto, como tampouco a da mãe, que aos 9 anos não foi considerada como tendo ainda o direito de escolher.

Mas o mais curioso da história toda é que o estupro acabou sendo relegado como uma questão menor. O grande crime seria a gravidez infantil (para uns) ou o aborto (para outros).


(*) Isto não leva em considerações aspectos teológicos como o "pecado original", conceito que aliás em teoria não existiria mais em razão do sacrifício de Cristo (? - há algum teólogo na sala?). Só enfatizo o aspecto de inocência do feto ou bebê, conceito existente mesmo para os não-religiosos.

(**) Uma coisa curiosa é que a esquerda, campeã em inventar nomes bacanas para práticas horríveis, não tenha conseguido ainda encontrar uma palavra para substituir "aborto". Até tentaram com "escolha reprodutiva", mas não pegou, e acabaram utilizando "aborto" mesmo. Aliás, vocês sabiam que nos EUA dia 10 de março passado foi o "Dia Nacional da Apreciação aos Provedores de Aborto"?

(***) Este blog é contrário ao aborto (salvo em casos muito específicos), por considerar os fetos como seres humanos vivos - coisa que, inegavelmente, são. (Se não acreditam, assistam a este fantástico ultrassom de um feto chorando).

domingo, 15 de março de 2009

Poema do domingo

                Those gifts you left
have become my enemies:
without them
there might have been
a moment's forgetting.

Ono no
Komachi (825-900)

sábado, 14 de março de 2009

Os arquitetos do futuro

O Belmont Club chama a atenção para um artigo do Guardian, no qual um jornalista se emociona contemplando o brilhante futuro da Economia Verde Pós-Capitalista que se avizinha. Ele sonha com um mundo sem capitalismo selvagem e sem combustiveis fósseis, movido a energia alternativa, onde todos trabalharão em incríveis empregos ecológicos, próximos da Natureza e do bem-estar.

O jornalista encontra ainda motivos para alegrar-se com a crise econômica, afirmando que:
Agora é a hora de uma crítica positiva do consumismo. Agora é a hora de assegurar que a recuperação econômica não signifique a volta da sociedade cheia-da-grana.
Milhares de pessoas perderam seus empregos, suas casas e suas aposentadorias, mas hey, ao menos estão colaborando para acabar com a praga do consumismo!

O jornalista imbecil provavelmente vive na cidade, com seu Blackberry e sua internet sem fio, e não se dá conta que em um mundo sem combustíveis fósseis ele não só vai perder seu próprio emprego como provavelmente vai ter que cortar lenha se não quiser morrer de frio; que os milhões de empregos perdidos com o fim da indústria petrolífera não vão se transformar automaticamente em empregos na incrível indústria da energia solar, mas provavelmente serão reduzidos a trabalhos de subsistência mais árdua. Os poluentes carros poderão ser substituídos - por ecológicas carroças.

Há algo de apavorante nos arquitetos do futuro, naqueles que querem resolver todos os problemas do mundo com grandiosos projetos mirabolantes. Não lhes basta tentar resolver o problema do seu prédio ou do seu bairro: não lhes interessa nada menos do que o mundo, com seus bilhões de pessoas. Para isso sim eles sabem a solução. Curiosamente, são em geral pessoas que, se deixadas sós, provavelmente não conseguiriam nem amarrar os sapatos. E no entanto acreditam que podem transformar e governar o mundo inteiro.

São, no fundo, religiosos messiânicos enrustidos.

(Outro dessa laia é o professor (sic) Emir Sader, que tem livro novo no pedaço: "A Nova Toupeira". Parece ser uma continuação ilustrada de "O Perfeito Idiota Latinoamericano".)

Mas aqueles que sonham com o fim do capitalismo terão uma grande surpresa ao descobrir que este não nos levará a uma brilhante sociedade ideal - apenas nos levará de volta ao maravilhoso mundo pré-capitalista, também conhecido como feudalismo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Blog de comédia

Eu queria ser o Theodore Dalrymple. Ninguém escreve tão bem sobre a decadência ocidental e os problemas contemporâneos - com o mérito adjunto de raramente perder a serenidade. Se eu tento escrever algum texto na mesma linha, ou xingo todo mundo ou sai um texto hiperbólico, exagerado, quase em tons de comédia. O Pax tem razão, meu lance é mesmo o humor. Sou o Woody Allen dos direitrópicos.

E, no entanto, mais engraçado é o que leio nos jornais por aí, tanto que, em termos de humor, acaba ficando difícil competir. Por exemplo esta frase (ou algo similar a ela), pinçada de um artigo por aí: "O crime ocorre devido à pobreza, e a culpa pela pobreza é do governo por não dar emprego aos pobres." Tantas coisas erradas nessa única frase que nem sei por onde começar.

Ou então esta incrível notícia, que nos informa que países europeus, preocupados com os gases que causam "aquecimento global", querem cobrar um imposto sobre o peido das vacas. Não é brincadeira não, os políticos falam a sério mesmo: e seriam treze euros por cabeça (quer dizer, pela outra extremidade). Já pensou se o Lula resolve aderir? Considerando que há cerca de 200 milhões de cabeças-de-gado no Brasil, ao custo de 13 euros (40 reais), isso daria... 8 bilhões de reais. Suficiente para pagar a eleição da Dilma, e mais alguns litros de cachaça pra comemoração.

Eu não sei, meus caros. Frente a situações como essa, penso logo em desistir. Blogar pra quê? Como ridicularizar o que já é ridículo?

Talvez o Pax e o novo chato anônimo tenham razão. O negócio é mudar de ramo. Quem sabe dedicar-me à apicultura - ao menos enquanto não criam um imposto sobre o zumbido das abelhas.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Momento Weimar

Com a crise econômica em pleno andamento e uma crise política internacional em preparação (diga "bomba nuclear iraniana"), com a cada vez mais gritante incompetência das elites governantes, o povo começa a mostrar sinais de irritação.

Já vimos protestos violentos na Grécia e em outros países europeus. Nos EUA, o descontentamento com os diversos pacotes trilionários que não conseguem resolver a crise aumenta cada vez mais. A popularidade de Obama caiu de 80% a 60% em um mês, e tende a piorar:



Articulistas como Takuan Seiyo observam o crescente descontentamento do povo com as elites progressistas transnacionais que impõe medidas impopulares como aumento de impostos, aumento da imigração, aumento do crime por meio de maior leniência aos criminosos, etc.

Estamos talvez iniciando a viver um período similar ao da República de Weimar na Alemanha, momento de crise econômica e descontentamento popular geral.

O grande problema é que depois de Weimar veio coisa muito pior.

Islã moderado

Na Arábia Saudita, uma velhinha de 75 anos foi condenada a 40 chicotadas, quatro meses de prisão e expulsão definitiva do país árabe. Motivo? Recebeu em sua casa a visita de dois homens que não eram seus parentes diretos.

No Egito, muçulmanos queimaram vivo um jovem cristão, mataram seu pai a facadas e ainda tentaram matar seu irmão, que está no hospital. O motivo de tudo isso? O rumor de que ele estaria tendo uma relação com uma garota muçulmana.

No Paquistão, uma turba de muçulmanos enfurecidos atacou famílias cristãs resultando em 16 feridos e uma mulher cristã de 45 anos morta a pauladas. O motivo? Um cristão (não relacionado de modo algum com as vítimas) teria tido a ousadia de prestar queixa na delegacia contra dois muçulmanos que acusava de roubo e tentativa de estupro.

E olha que esses são os muçulmanos moderados, quer dizer, muçulmanos comuns que não pertencem a nenhum grupo terrorista radical.

Vamos falar sério? Não há hoje em dia religião mais racista, misógina, violenta, supremacista e discriminatória do que o Islã. Não há grupo mais perseguido do que os cristãos em terras muçulmanas. E, no entanto, por algum motivo que desconheço, a mídia quase sempre trata os muçulmanos como coitadinhos, vítimas incompreendidas do ocidente imperialista cristão, quando não dos "sionistas".

Enquanto isso, Obama promete dialogar com os "talibãs moderados". E os talibãs se ofendem: moderados, nós?

Nem sei se essas barbaridades todas provém do Corão ou meramente da cultura tribal preexistente ao Islã. Não sei, e não importa. Não existem "muçulmanos moderados" - existem muçulmanos laicos, é tudo. Muçulmanos só no nome, como grande parte dos católicos no Brasil.

Podemos ficar tentando por anos buscando o "Islã moderado", é uma quimera tão inútil quanto a busca pelo Santo Graal. E, de qualquer modo, para que serve? Que os muçulmanos tenham uma "cultura" diversa, tudo bem, é direito deles. Mas ela lá, e nós aqui. O que não se entende é porque os países ocidentais deveriam importá-los e dar-lhes ainda direitos especiais, direitos que os cristãos jamais terão em seus miseráveis países.

terça-feira, 10 de março de 2009

Quem inventou o avião?



Polêmica na blogosfera tupi. Começou com a coluna do Diogo Mainardi, explodiu no blog do Reinaldo Azevedo, e agora chega às páginas do Not Tupy.

Afinal, quem inventou o avião, Santos Dumont ou os irmãos Wright?

Nenhuma das alternativas, é claro. A idéia de voar com o uso de uma máquina mais pesada do que o ar é bem mais antiga. Alguns dizem que Leonardo da Vinci teria "inventado" o avião, já que desenhou uma série de projetos de máquinas voadoras. No entanto, tais não resultaram em nenhuma máquina voadora real e concreta, e portanto não podemos dizer que tenha, a rigor, inventado nada. Ao longo dos anos muitos outros tentaram pôr em prática idéias similares - e fracassaram.

Se por "inventores" do avião queremos dizer simplesmente os primeiros a criar um artefato voador motorizado funcional, os irmãos Wright teriam tido essa primazia. Porém, Santos Dumont também tem seu mérito. Podemos dizer que ele "inventou" a decolagem, se isso servir para acalmar os ânimos dos mais exaltados.

As invenções são muitas vezes motivo de disputa nacionalista, o que ocorre especialmente nos casos em que o invento não tem uma paternidade bem definida. Lamentavelmente, devido à globalização das tecnologias, isso ocorre muito freqüentemente desde o fim do século XIX. Quem inventou o cinematógrafo? Há uma disputa até hoje entre os irmãos Lumière (alguém deveria investigar também porque há tantos irmãos inventores) e Thomas Alva Edison, bem como vários outros que realizavam experimentos similares praticamente ao mesmo tempo.

Porém, pode ocorrer também o contrário, que as invenções ou falta delas sejam utilizadas para a chacota antinacionalista. É o caso de Diogo Mainardi, que afirma que o Brasil só realizou inventos imbecis. Ora, na verdade, nada impede que exista um brasileiro genial em meio ao marasmo geral. Nosso mal, até onde sei, não é atávico ou genético. Santos Dumont tem seu mérito.

Segundo alguns, por sinal, ele também teria inventado o relógio de pulso, mas essa idéia já me parece bastante mais fajuta e - aí sim - mero nacionalismo chinfrim. "Santos Dumont, o pai da relojoaria?"

domingo, 8 de março de 2009

Poema do domingo


A Ballade of Suicide

The gallows in my garden, people say,
Is new and neat and adequately tall;
I tie the noose on in a knowing way
As one that knots his necktie for a ball;
But just as all the neighbours on the wall
Are drawing a long breath to shout "Hurray!"
The strangest whim has seized me. . . After all
I think I will not hang myself to-day.

To-morrow is the time I get my pay
My uncle's sword is hanging in the hall
I see a little cloud all pink and grey
Perhaps the rector's mother will NOT call
I fancy that I heard from Mr. Gall
That mushrooms could be cooked another way
I never read the works of Juvenal
I think I will not hang myself to-day.

The world will have another washing-day;
The decadents decay; the pedants pall;
And H.G. Wells has found that children play,
And Bernard Shaw discovered that they squall;
Rationalists are growing rational
And through thick woods one finds a stream astray,
So secret that the very sky seems small
I think I will not hang myself to-day.

ENVOI
Prince, I can hear the trumpet of Germinal,
The tumbrils toiling up the terrible way;
Even to-day your royal head may fall
I think I will not hang myself to-day.


G. K. Chesterton (1874-1936)

sexta-feira, 6 de março de 2009

Premiar os maus, punir os bons

O leitor Cohen menciona uma coluna da Melanie Philips sobre a censura da Inglaterra a Geert Wilders, um caso clássico de "culpe o mensageiro". Geert Wilders, que nada mais faz do que denunciar a violência dos islamistas radicais, é proibido de entrar no país. Enquanto isso, os islamistas radicais são livres para se manifestar nas ruas de Londres sem qualquer punição.

É a lógica dos esquerdistas e covardes em geral. Premiar os que pregam a violência, punir os que a denunciam.

Mugabe, presidente do Zimbábue, parece ter tentado matar seu rival, o primeiro ministro Tsvangirai, que acaba de sofrer um estranho acidente de trânsito, com um caminhão vindo na contramão. Sua esposa morreu e ele está gravemente ferido. Enquanto isso, Mugabe tem uma luxuosa festa de aniversário e a população morre de fome. Mugabe, há poucos anos, foi um herói das esquerdas e recebeu vários elogios de intelectuais esquerdistas. Premiar os tiranos, punir os democratas.

Obama quer conversar abertamente com o Irã, país que declara "morte à América" em cada sermão. E, em plena crise, quer dar de graça 900 milhões de dólares para os palestinos, mesmo sabendo que grande parte certamente será desviada para o terrorismo. De Israel, exige concessões e corta ajuda financeira. Também esnoba a Inglaterra, enquanto corteja os árabes.

Punir os amigos, premiar os inimigos. Trata-se de uma lógica, além de imoral, imbecil e contraprodutiva. Quando um país recompensa inimigos e trai amigos, tudo o que pode esperar é ter cada vez mais inimigos e cada vez menos amigos. Lei da oferta e demanda.

Enquanto isso, o maluco canadense que esfaqueou, decapitou e comeu parte do rosto de um passageiro de ônibus no Canadá, foi considerado inimputável por loucura graças a um juiz esquerdista. Pode ser solto em um ano, se os psicólogos determinarem que esteja "apto a voltar ao convívio em sociedade".

Loucura? Louco é o juiz e os psicólogos. Percebam: um sujeito que esfaqueou, decapitou e devorou partes do rosto de um jovem escolhido ao acaso pode ser solto novamente - e novamente atacar alguém. Ora, é óbvio que um sujeito desses deveria ficar trancado para o resto da vida, não importa se em um manicômio ou em uma prisão.

Mas é a lógica da esquerda: punir o cidadão de bem desarmando-o, e premiar os psicopatas soltando-os o mais rápido que pode.

Punir os bons, premiar os maus. A esquerda faz isso com tanta freqüência, que já não pode ser entendido como algo meramente casual, ou fruto de uma visão equivocada ou ingênua da realidade. Não: a esquerda faz isso conscientemente. E o faz por que está efetivamente do lado dos tiranos, dos assassinos, dos bandidos, dos ladrões, dos guerrilheiros, dos terroristas, dos esquartejadores, dos decapitadores, dos canibais.

Se eu fosse um fanático religioso, acreditaria que o que chamamos de "esquerda" não é um movimento político, mas um projeto de inspiração claramente satânica. Vade retro, Satanás! Cai fora, Demo! Xô, Exu! Pé de pato mangalô três vezes!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Energia alternativa

Talvez nada seja mais indicativo do idealismo equivocado da esquerda do que a questão da energia alternativa.

Obama e os Democratas, crentes da bizarra religião do Aquecimento Global, querem produzir fontes de energia alternativas ao petróleo, que segundo eles produz demasiado CO2. Afinal, os EUA tem vastos depósitos de petróleo que há anos não são explorados por motivos supostamente ecológicos. (Enquanto a China não tem pudor em explorar petróleo a poucos quilômetros da costa da Flórida)

Ao mesmo tempo, Obama acaba de praticamente decretar o fim do uso da energia nuclear nos EUA - a única forma de energia alternativa comprovadamente capaz de competir com os combustíveis fósseis.

Os Democratas preferem investir em energia eólica e solar - energia "limpa". Ou seja, como sempre, a esquerda prefere fantasias teóricas a realidades práticas. Em teoria a energia eólica e solar são bacanas. Na prática, no entanto, são absurdamente caras para o baixo nível de energia que produzem, além de ser extremamente dependentes de fatores incontroláveis, como o clima.

Para pior, há alguns ecologistas radicais que são até mesmo contra a energia eólica - acreditam que suas gigantescas hélices "enfeiam" o ambiente, e afirmam que produzem "poluição sonora". Ao mesmo tempo, é pouco provável que tais críticos estejam dispostos a abandonar sua internet e seus iPods e viver sem eletricidade no meio do mato. Talvez acreditem no moto perpétuo: afinal, querem apenas uma forma de energia perfeita, sem qualquer aspecto negativo. São, em suma, imbecis.

O etanol ou biodiesel é outra fonte de energia ineficiente - a quantidade de terra de plantio que ocupa é demasiado extensa para a quantidade de energia que produz, aumentando o preço dos alimentos e dos próprios combustíveis. E - claro! - também já há "aquecimentistas" reclamando que o biodiesel produz mais carbono do que os combustíveis fósseis...

A ênfase em energia alternativa ineficiente vai ter como resultado apenas maiores dificuldades econômicas para os EUA - e mais gente vivendo na pobreza.

Por outro lado, talvez um dia no futuro tenhamos favelas movidas a energia solar (com os caros painéis solares providenciados pelo governo). Pobres, mas limpinhos.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Meninas que correm com cães


Corre o mundo o caso de Madina, a menina de 3 anos criada por cães. A palavra "criada" não é bem exata: afinal, ainda vivia com a mãe, esta é que a tratava como um cachorro. Ela comia e dormia com os cães. Andava de quatro e aprendeu a rosnar.

(Não é o pior caso de maltrato de crianças. Vejam, se tiverem estômago, o horrível caso de Baby P, na Inglaterra, onde as maiores violências aconteceram por meses sem que nenhum dos assistentes sociais ou médicos que examinaram a criança repetidas vezes se desse conta, garantindo à mãe a guarda da criança até não ser tarde demais. Como pode? Dalrymple explica.)

Alguns interpretaram a história de Madina como superioridade dos cães sobre os homens no trato de crianças. Mark Twain já dizia, "Alimente um cão e ele não vai morder sua mão. Essa é a principal diferença entre um cão e um homem."

Animais também são capazes de coisas terríveis. Há animais que matam e comem suas próprias crias. Houve mais de um caso de um cão que matou um bebê. No entanto, a crueldade é um aspecto unicamente humano, assim como o próprio conceito de crueldade.

Em "Os irmãos Karamazov", de Dostoyevsky, o maltrato de crianças é objeto de uma discussão sobre a existência de Deus. Como Deus permitiria o maltrato de crianças, seres sem pecado? - pergunta Ivan.

Não vou meter-me em discussões filosóficas. Realmente é algo que ultrapassa a minha capacidade de entendimento a crueldade de certos pais com seus próprios filhos.

Madina, ao menos, foi salva. É possível que, dada sua idade, os danos não tenham sido irreversíveis, e ela possa crescer como uma criança normal.

Duas capas

Capa da Newsweek anterior:


Capa da Newsweek atual:



"Aceite o socialismo, aceite o islamismo radical. São fatos inevitáveis."
E esta é a mensagem da mídia americana mainstream.
Às vezes me pergunto, o que é que ensinam nas escolas de jornalismo?
Depois se espantam que a mídia perca cada vez mais credibilidade...

terça-feira, 3 de março de 2009

Malditos pacifistas!

Acho que foi o Ambrose Bierce quem disse que os maiores provocadores de guerras são os pacifistas.

Em um ótimo post recente, Fábio Marton observou:

[P]acifismo é apenas a ilusão infantil, mimada, de que não existem inimigos verdadeiros e não existe derrota, uma ilusão que depende de jamais se estabelecer um limite para até onde se pode ceder, que há as coisas que podem ser negociadas e coisas que não podem. "Átila quer nossas irmãs e sobrinhas? Hmm... pode ser só as irmãs mais velhas?". Como várias outras idéias fracas mas populares, o pacifismo é tomado por sabedoria porque é o caminho de menor esforço aos moralmente preguiçosos.

De fato, o pacifista é, muitas vezes, um covarde que celebra as humilhações impostas pelo inimigo, desde que pareçam um "acordo". Ao aceitar as mais ultrajantes pretensões de igual para igual, o pacifista fica à mercê de qualquer tirano ou agressor.

O verdadeiro pacifista não é aquele que cede a tudo em nome da paz, é o que deixa claros os limites e tem a força ao seu lado.

Mas nossa época é única ao ter, não apenas pacifistas covardes, como "pacifistas preventivos". Antes de que qualquer guerra estoure, lá estão eles entregando de bandeja todos os seus mais preciosos bens, em nome da "paz".

Na guerra do Irã contra o Iraque, o governo iraniano importou 500.000 chaves de plástico de Taiwan. Os mulás entregaram as chaves a equivalente número de crianças e disseram a elas que eram as chaves do paraíso. Logo as mandaram caminhar por campos minados. Como as crianças explodiam em mil pedaços, os mulás logo determinaram que estas primeiro se enrolassem em lençóis, para que as partes não se espalhassem e elas pudessem ser enterradas sem perda de tempo.

Pois foi com esse grupo de assassinos de crianças que, recentemente, um grupo de atores Hollywoodianos quis dialogar. A comitiva foi a Teerã a mando de Obama, justamente com o intuito de celebrar o "diálogo cultural entre os povos". A reação dos mulás foi de desprezo e rejeição. Exigiram que antes de querer dialogar com o Irã, Hollywood pedisse desculpas pelos "abjetos" filmes "300" (onde os persas sao derrotados pelos gregos) e "The Wrestler" (onde há um lutador chamado "Aiatolá" e uma bandeira iraniana é rasgada).

Mas o mais curioso de tudo é mesmo ver como o pacifismo mais johnlennoniano se transforma rapidamente em brutal sede de sangue humano. No blog do Orlando Tambosi, um comentarista anônimo irritado com o "genocídio em Gaza" afirma:

Espero que o Irã desenvolva logo sua bomba atômica, pois só assim a região finalmente terá paz. A paz atômica. (*)

Preocupado com a morte de algumas centenas, o pacifista deseja como "solução" a morte de milhões. Alias, acho que isso define bem o que é um pacifista.


Máfia Sem Terra

Antes era:
Dê a um homem um peixe e o alimentará por um dia, ensine-o a pescar e o alimentará por toda a vida.

Agora é:
Dê a um homem um peixe e ele vai pedir batatas fritas e molho tártaro (*), vai querer ser alimentado por toda a vida e ainda insistir que é seu direito básico enquanto cidadão, e dê logo esse peixe seu burguês maldito se não quer que esta vara de pesca seja enfiada você sabe onde.

(*) Parafraseando Thomas Sowell

segunda-feira, 2 de março de 2009

Por que precisamos de Deus?


Deus existe?
Se não existe, por que tantos acreditam nele?
A ciência torna Deus irrelevante?
Se é irrelevante, por que certos "evangelistas ateus" gritam tanto para convencer os crentes a descrerem?
Será que até os ateus precisam de religião?
Crer ou não crer é escolha ou necessidade?
A ciência pode explicar Deus?
Deus pode explicar a ciência?

As respostas - ou melhor, as perguntas - em um brilhante artigo de Roger Scruton, filósofo inglês que acabo de descobrir.