segunda-feira, 31 de maio de 2010

Frota da paz?

Falarei sobre este tema mais adiante. Por ora, o vídeo.

Petróleofobia

Uma coisa que os esquerdistas e ecofascistas americanos sempre reclamam é do "Big Oil": as supostamente terríveis e gananciosas companhias de petróleo, que destróem a Boa Natureza em nome do Malvado Lucro, e que são responsáveis por todas as guerras. Pior que a "Big Oil", só os maçons e os sionistas.



domingo, 30 de maio de 2010

Poema do domingo

Mettimi un dito in cul, caro vecchione,
e spinge il cazzo dentro a poco a poco;
alza ben questa gamba a far buon gioco,
poi mena senza far reputazione.

Che, per mia fé! quest'è il miglior boccone
che mangiar il pan unto appresso al foco;
e s'in potta ti spiace, muta luoco,
ch'uomo non è chi non è buggiarone.

- In potta io v'el farò per questa fiata,
in cul quest'altra, e in potta e in culo il cazzo
mi farà lieto, e voi farà beata.

E chi vuol essre gran maestro è pazzo
ch'è proprio un uccel perde giornata,
chi d'altro che di fotter ha sollazzo.

E crepi in un palazzo,
ser cortigiano, e spetti ch'il tal muoja:
ch'io per me spero sol trarmi la foja.

Pietro Aretino (1492-1556)

sábado, 29 de maio de 2010

Coréia

Pobre Kim Jong Il. Quer porque quer uma guerra, mas ninguém o atende. Fez testes nucleares, seqüestrou jornalistas estrangeiros, sem resultados. No outro dia até mandou torpedear um navio sul-coreano, para ver se conseguia. Nada. A Coréia do Sul ameaçou, mas não passou disso. A ONU assobiou e passou de largo. A União Européia acenou vagamente com sanções, que não se concretizaram. Obama estava demasiado preocupado em inventar novas formas de gastar bilhões do erário público americano e só fez um rápido pronunciamento.

O solitário ditador norte-coreano novamente fracassou. Seus grandes sonhos de glória militar, mais uma vez, terão que esperar.

Pobre, pobre Kim Jong Il.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Quem é Maomé?

Uma das coisas curiosas sobre a fúria dos muçulmanos com os cartunistas é que ninguém sabe como era realmente o rosto do profeta islâmico. Então as supostas "imagens blasfemas" só o são quando alguém identifica um certo desenho como sendo "Maomé". Afinal, homens com turbante há milhares por aí.

Jesus, ainda que tampouco se saiba como ele era realmente, possui uma iconografia histórica criada ao longo dos séculos, sendo facilmente identificável. Não é o caso de Maomé, justamente em razão da proibição (muito embora tenham sim existido gravuras de Maomé feitas por muçulmanos - ver algumas aqui no Mohammed Image Archive). 

Toda essa discussão lembrou-me da velha confeitaria Maomé, de Porto Alegre: terão que trocar de nome? Ainda por cima o slogan é "doces bárbaros", insuniando que Maomé seria um "bárbaro". Ou um urso:



segunda-feira, 24 de maio de 2010

As invasões bárbaras

Em uma matéria sobre os horríveis mascotes dos jogos olímpicos ingleses (espero que ao menos isso os brasileiros consigam fazer melhor), leio o seguinte trecho:

"They remind you of aliens, which is really weird and cool," said 10-year-old Ali. "It reminds you of the Olympics, which is worldwide so it's something you'll want to remember forever," added 11-year-old Zanyab as they cavorted with life-size mascots for the cameras.

Não é preciso entender inglês. Basta observar que os nomes das únicas crianças citadas na reportagem são Ali e Zanyab. Nomes britânicos da gema, é claro. É verdade que o jornal Guardian é praticamente um porta-voz da Al-Qaeda, e pode ter escolhido entrevistar muçulmanos por pura simpatia. Mas, quando o nome mais popular entre as crianças britânicas é Mohammed, também pode ser apenas acaso.

Se a Europa está às voltas com a invasão muçulmana, nos EUA o grande problema é o México. Hordas de mexicanos ilegais tomam conta do país. Alguns querem ampliar o território do México:




domingo, 23 de maio de 2010

Poema do domingo

Último Soneto

Que rosas fugitivas foste ali!
Requeriam-te os tapetes, e vieste...
--- Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço ---
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...
 
Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A direita não existe

Lendo um interessante artigo sobre a (im)possibilidade de se conviver com a esquerda, o que chamou mais a minha atenção foi um comentariasta afirmando que "a direita não existe". Cheguei à conclusão que concordo com ele.

A direita é apenas um fantasma na mente da esquerda, que fala em "direita raivosa", em "elite direitista", em "mídia golpista" e por aí vai. Mas não existe como tal. Pode ver. Cadê o movimento unificado de direitistas? Cadê sua ideologia? Se até os blogueiros "de direita" vivem brigando entre si! Como bem observou o leitor Woland, no Brasil, nenhum partido se assume como "direita." Até o DEM se considera Democrata, isto é, se vêem como espelho do partido mais esquerdista dos EUA. Serra e Lula, os principais candidatos presidenciais, são ambos de esquerda, mais ou menos assumida.

Mas não é só no Brasil, é em todo o mundo, a direita não existe mesmo. Nunca existiu. O que existem são indivíduos, que pensam de modo muito diferente entre si, e cuja única característica em comum é simplesmente querer ser deixados em paz. Não querem participar das revoluções da esquerda. Não querem transformar o mundo. Não querem pagar impostos para sustentar metade do planeta. Não querem participar de radicais experimentos sociais e sexuais. Por isso, apóiam em maior ou menor medida um Estado reduzido e têm algumas causas em comum entre si. Mas divergem na questão do aborto, da política externa, dos direitos individuais, etc etc etc.

E a esquerda, existe?

Bem, vejam esta pequena lista de organizações militantes esquerdistas durante o governo militar no Brasil:

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A mídia e o poder

Leiam esta hilariante entrevista (em inglês) com o prefeito de Joanesburgo, África do Sul, sobre se a cidade está mesmo preparada para enfrentar a Copa do Mundo. Quem dera os jornalistas brasileiros agissem da mesma forma ao questionar o poder! Que nada. No Brasil, ser jornalista é pouco mais do que ser puxa-saco dos poderosos...

Por outro lado, assistam também este outro divertido vídeo, em que um jornalista de esquerda acusa um governador Republicano de ser "confrontational" (algo como agressivo, ou hostil) e leva a merecida resposta. (Obs.: No linguajar da mídia esquerdista americana, os Republicanos são "agressivos", já os Democratas são "passionais"; os Republicanos "atacam e agridem", mas os Democratas "debatem").

Os neandertais entre nós

A notícia não foi muito divulgada, o que é curioso, já que se trata de algo bastante revolucionário. Geneticistas descobriram que grande parte da humanidade (mais precisamente, os não-africanos) ainda possui genes dos neandertais (Homo neandertalensis), em proporção de 1% a 4%. Isso significa que, após saírem da África, alguns homo sapiens cruzaram com neandertais, absorvendo alguns de seus genes. Ou seja, os neandertais não estariam ainda de todo extintos, vivendo parcialmente entre nós.

Os neandertais, humanóides que ocupavam o continente europeu e parte do Oriente Médio, ficaram com fama de truculentos e burros. A palavra virou sinônimo de pessoa agressiva ou inculta. Mas, na realidade, eles tinham capacidade cranial maior do que o homo sapiens. Eram mais inteligentes? Apesar do cérebro maior, pareceria que não. As evidências arqueológicas indicam que não tinham instrumentos mais desenvolvidos do que os dos homo sapiens da mesma época, e de fato estariam até mais atrasados. Fora que o próprio fato de não terem sobrevivido, ao contrário do sapiens, indicaria que tinham menores habilidades. Alguns argumentam que o problema dos neandertais seria mesmo a dificuldade de articular linguagem, e por isso terminaram sendo dizimados pelos sapiens, apesar de serem fisicamente mais fortes. Seja como for, é uma discussão interessante. 

O que é lamentável mesmo é que este blog está sendo tomado pelos neandertais (no mau sentido). É bizarro como certas pessoas são obcecadas com um certo tema, e terminam alugando o blog para expor seus repetitivos pensamentos. Primeiro o Tiago, depois a Ana Cláudia, agora um certo A Pátria. Nada contra leitores com idéias contrárias às minhas, ou mesmo contrárias à maioria do establishment, ou até mesmo polêmicas. Mas leitores que tendem a colocar as culpas de tudo em um certo grupo, ou que utilizam o blog para exorcizar seus fantasmas pessoais ou promover suas utopias delirantes terminam por incomodar e espantar o resto. Certos assuntos, como o estalinismo explícito ou o antisemitismo invocado, ou ataques pessoais a outros escritores ou comentaristas, dizem mais sobre os problemas psicológicos de seus autores do que sobre o tema em discussão. Este é um blog contrário ao comunismo e a favor da existência de Israel (vejam a figurinha ao lado). Descontentes são bem-vindos, mas também são convidados a procurar outro local mais adequado às suas idéias caso não se sintam à vontade. A Internet é vasta.

 Discurso civilizado.

domingo, 16 de maio de 2010

Poema do domingo

Judeus são pecadores,
Eles matam criancinhas Cristãs
Eles cortam suas gargantas
Danados e sujos Judeus

(A PátriaPoema lido em escolas alemãs em 1935)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Imagens do futuro

Enquanto, nos EUA, uma estudante muçulmana confirmava a David Horowitz que apóia o genocídio de judeus, o cartunista Lars Vilk era atacado na Suécia por maometanos ferozes durante uma conferência sobre "liberdade de expressão" na Universidade de Uppsala. A Universidade, amedrontada, posteriormente afirmou que não mais convidará o polêmico artista, que tinha desenhado Maomé como um cachorro.

Observem que os policiais suecos são formados em grande parte por mulheres loiras (prendam-me, por favor), armadas apenas com spray de pimenta. Parece-me que os suecos estão muito pouco preparados para o que está por vir (A cidade de Malmö é hoje 25% muçulmana; amanhã será 50%).

Que pena. Sempre gostei dos filmes de Ingmar Bergman.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Nota noturna

Há um pássaro que costuma começar a cantar às duas da madrugada, atrapalhando meu sono. Parece que ultimamente isto anda ocorrendo muito aqui em Los Angeles, assim como em outras grandes cidades. Pássaros diurnos que cantam à noite. Uma das explicações possíveis é que, durante o dia, o ruído do trânsito impede que suas "serenatas" sejam ouvidas. Por isso a mudança para a noite.

Pode ser.

Uma outra coisa que não dá para fazer nas grandes cidades é ver estrelas, muito menos meteoros. As luzes da cidade ofuscam o céu.

Eis abaixo o mapa da Terra em versão noturna. Nas regiões claras, luz e progresso. Nas regiões escuras, subdesenvolvimento, céus estrelados, e pássaros diurnos que só cantam de dia.


As megacidades modernas são, quem pode negar, maravilhas do engenho humano. Mas também têm seus problemas. Não há quem, após um engarrafamento monstruoso ou um dia pleno de trâmites burocráticos, não pense em abandonar tudo, como Gauguin, e dirigir-se para uma remota ilha do Pacífico.

São os selvagens mais felizes do que nós? Antes que alguém pense que estou virando um ludita ou um rousseauiano elogiador de bons selvagens, me corrijo. Viver na selva ou no campo, só se rodeado com todas as benesses da tecnologia moderna, como a raquete mata-mosquitos

(Outra curiosidade sobre cidades é que - ao menos nos EUA - nas megacidades, em geral a maioria dos eleitores vota Democrata; no campo, a população rural ou de pequenas cidades é essencialmente Republicana. Alguém tem alguma teoria a respeito?)

Os filmes de ficção científica quase sempre mostram um futuro cheio de megacidades, que às vezes cobrem todo o planeta. Mas e se o futuro fosse diverso? Uma das possibilidades das mais recentes tecnologias é justamente permitir a possibilidade de viver longe das cidades e seus problemas. Nos EUA ocorre cada vez mais uma migração dos ricos para os subúrbios; em alguns casos, para zonas quase que totalmente rurais. Se a economia piorar e a sociedade se desintegrar, comunidades rurais high-tech poderiam se tornar a nova moda, equivalentes modernos dos fortes medievais.

De qualquer modo, devido à superpopulação do planeta, salvo epidemia ou guerra atômica (Deus não queira), as megacidades continuarão entre nós.

O que fazer com os piratas?

Faz um ano, americanos capturaram um pirata somaliano, que foi levado à corte americana e ainda aguarda julgamento. Europeus continuam discutindo longamente quais "leis internacionais" deveriam reger o crime de pirataria, e como resolver essa difícil parada.

Os russos são diferentes. Poucos dias atrás, capturaram um grupo de piratas que havia tentado seqüestrar um de seus navios. Afirmaram que os piratas tinham sido libertados. Hoje admitem que, após serem libertados, "os piratas morreram." Não explicou-se as causas. Naturais, provavelmente.

No mesmo dia, o líder da "Comissão Anti-Pirataria da Comunidade Européia" afirmou que um navio que estava há mais de um mês em poder dos piratas foi finalmente liberado -- após o pagamento de resgate.

É provável que os piratas agora ataquem menos navios russos, e mais navios americanos e europeus.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Terra da oportunidade e do débito

Falamos sobre riqueza e pobreza no outro dia, e de como elas são sempre relativas.

Será que, nestes tempos de crise geral, os EUA ainda seriam a "terra da oportunidade", onde qualquer um pode ascender socialmente desde que se esforce para isso?

A experiência de Adam Shepard pareceria dizer que sim. Com apenas 25 dólares no bolso, ele mudou-se para uma cidade desconhecida, com a idéia de começar do zero, sem utilizar nenhum de seus contatos nem informar ninguém que tinha curso superior. Após ficar alguns dias no homeless shelter, arranjou um emprego carregando móveis. Após dez meses tinha um carro usado e morava em um apartamento alugado em um bairro razoável da cidade, tendo também economizado 5.000 dólares. Sua experiência parece demonstrar que muito da questão de pobreza versus riqueza está na atitude.

Na mesma reportagem linkada acima, vemos como várias pessoas de classe média americana, em empregos simples como jardineiro, policial ou vendedor, levam um estilo de vida em alguns casos próximo ao nível da classe alta de países de terceiro mundo, ao menos no que se refere a conforto e lazer.

Então por que tanta reclamação? O que acontece é que, como pobreza e riqueza são relativas, o que configura "classe média" também é. As pessoas querem ter um estilo de vida cada vez superior ao dos vizinhos, e assim o custo de vida aumenta também. Muitos passam a viver no crédito, gastando além do que ganham. Quando o governo se mete no meio querendo "ajudar", ocorrem coisas como a housing bubble.

O grande problema mesmo é que a dívida dos EUA hoje é de 12 trilhões de dólares, ou 85% do PIB, e o governo continua gastando sempre muito mais do que ganha. Em 2009, por exemplo, o governo coletou 2,1 trilhões. Gastou quase 4. Naturalmente, o Obamacare e outros projetos faraobâmicos aumentarão ainda mais os gastos. Não é só a classe média que vive no crédito, é o país inteiro.

Portanto, um problema similar ao da Grécia não está fora do baralho. Com a diferença que, nos EUA, seria duzentas vezes pior e afetaria o mundo inteiro.

O documentário I.O.U.S.A. fala um pouco sobre tudo isso. Se a coisa estourar, serão muitos os que terão que se virar como Adam, recomeçando com apenas 25 dólares no bolso.

domingo, 9 de maio de 2010

Prosa do domingo

É curioso observar como o seguinte trecho de "Os Bruzundangas", de Lima Barreto, continua atual, provando que o Brasil não evoluiu desde 1908, ou então que o autor tinha raros poderes de previsão futurística.

A República dos Estados Unidos da Bruzundanga tinha, como todas as repúblicas que se prezam, além do presidente e juízes de várias categorias, um Senado e uma Câmara de Deputados. (...)
O país vivia de expedientes, isto é, de cinqüenta em cinqüenta anos, descobria-se nele um produto que ficava sendo a sua riqueza. Os governos taxavam-no a mais não poder, de modo que os países rivais, mais parcimoniosos na decretação de impostos sobre produtos semelhantes, acabavam, na concorrência, por derrotar a Bruzundanga; e, assim, ela fazia morrer a sua riqueza.
Naquele ano, isto há dez anos atrás, surgiu na sua Câmara um deputado que falava muito em assuntos de finanças, orçamentos, impostos diretos e indiretos e outras cousas cabalísticas da ciência de obter dinheiro para o Estado. A sua ciência e saber foram logo muito gabados, pois o Tesouro da Bruzundanga, andando quase sempre vazio, precisava desses mágicos financeiros, para não se esvaziar de todo. Chamava-se o deputado Felixhimino Ben Karpatoso. Se era advogado, médico, engenheiro ou mesmo dentista, não se sabia bem; mas todos tratavam-no de doutor. O doutor Karpatoso tinha uma erudição sólida e própria em matéria de finanças. Não citava Leroy-Beaulieu absolutamente. Os seus autores prediletos eram o russo-polaco Ladislau Poniatwsky, o australiano Gordon O'Neill, o chinês Ma-Fi-Fu, o americano William Farthing e, sobretudo, o doutor Caracoles y Mientras, da Universidade de Caracas.(...)
Para o orçamento de 1908, o doutor Karpatoso escreveu o seguinte trecho profundo: "Os governos não devem pedir às populações que dirigem, em matéria de impostos, mais do que elas possam dar, afirma Ladislau Poniatwsky. A nossa população é em geral pobríssima e nós não devemos sobrecarregá-la fiscalmente". Não impediu isto que ele propusesse o aumento da taxa sobre o bacalhau da Noruega, pretextando haver produtos similares nas costas do país.
No orçamento do ano seguinte, ainda como relator da receita, ele dizia: "É missão dos governos modernos, em países de fraca iniciativa individual (o nosso o é), fomentar o aparecimento de riquezas novas, no dizer de Gordon O'Neill. A província das Jazidas, segundo um sábio professor francês, é um coração de ouro sob um peito de ferro. O pico de Ytabhira, etc.". E lembrava à Câmara que indicasse medidas práticas para o aproveitamento do ouro e do ferro da província das Jazidas. A Câmara e o Senado ouviram-no e votaram algumas centenas de contos para uma comissão que estudasse o meio prático de aproveitar o ferro da rica província central. A comissão foi nomeada, montaram o escritório de pesquisas na capital, em lugar semelhante ao Largo da Carioca, e o pico de Ytabhira ficou intacto.
A fama do doutor Karpatoso subia e a sua elegância também. Fez uma viagem à Europa, para estudar o mecanismo financeiro dos países do Velho Mundo. Voltou de lá naturalmente mais sábio; o que, porém, ele trouxe de fato, nas malas, e foi verificado pelos elegantes do país, foram fatos, botas, chapéus, bengalas (...) e foi tido como o parlamentar mais chic do Congresso Nacional.

Lima Barreto (1881-1922)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Eu, Robô

Às vezes acho que eu deveria falar menos sobre política e fazer um blog só sobre ciência, tecnologia e comportamento. O texto sobre os seres alienígenas, afinal, foi o que terminou suscitando maior discussão ultimamente. Além disso, agora que o Mídia Sem Máscara passou a reproduzir alguns artigos daqui, confesso que, apesar de honrado e agradecido, começo a me sentir algo preocupado.

Jamais passou pela minha cabeça ser uma espécie de "porta-voz" do conservadorismo, da direita, ou qualquer coisa no estilo. A verdade é que, ao contrário de outros articulistas que já escrevem com certezas prontas, eu tenho cada vez menos certezas. Não sei nem mesmo mais qual é a minha ideologia. É por isso que, não sei se perceberam, grande parte dos títulos dos artigos aqui terminam com pontos de interrogação. São perguntas, não afirmações. Não sei de nada, e não tenho intenção de fazer propaganda ou de "conscientizar" ninguém de coisa alguma. Vejo-me, modestamente, mais como um simples observador atônito da loucura mundial, escrevendo para tentar entender.

Portanto -- robôs.

A ficção científica falou muito sobre eles, mas, hoje, eles são uma realidade. Ainda não são os andróides de "Blade Runner" ou de "O Exterminador do Futuro", mas pouco a pouco há avanços bastante impressionantes.

É no Japão, onde o envelhecimento populacional e a crise demográfica são um fato cada vez mais marcante, que os robôs apresentam maiores avanços. Eles se dão em dois tipos: os robôs "humanóides" e os robôs funcionais.

Já há restaurantes de fast-food no Japão em que robôs conseguem preparar o prato sozinhos. Imagine se essa moda chegasse nos EUA: não sobraria um único mexicano. A verdade é que, não tendo muitos imigrantes (legais ou ilegais), o Japão se arranja com tecnologia.

Mais fascinantes ainda são os robôs "atores", ou actróides. Robôs com características faciais humanas, projetados para se relacionar com o público. Já fiz um post, tempos atrás, sobre eles. Aqui um link para um desses vídeos, de uma andróide bastante sexy.

Finalmente, os japoneses também estão experimentando com o desenvolvimento da capacidade de aprendizado em robôs. Eis um vídeo bastante perturbador de um "bebê robô" que, em teoria, teria a inteligência de um menino de um ano e a capacidade de aprender.

Mas nem todos os avanços vêm do Japão. Dos EUA e de Israel vêm vários protótipos de robôs militares, prontos a ingressar no campo de batalha: o robô-cachorro, o Petman ou robô-caminhador, e o robô-cobra. Some-se a isso os UAVs (Unmaned Aerial Vehicles) controlados por controle remoto, e temos a possibilidade de atacar e destruir completamente um acampamento inimigo sem colocar em risco a vida de um único soldado humano.

Será que a existência de robôs cada vez mais sofisticados não vai trazer problemas também? É bem possível. Por um lado, reduzindo a oferta de emprego manual e mesmo na indústria de serviços, que cada vez mais será realizado por máquinas. Pelo outro, causando uma séria dependência tecnológica nas pessoas.

Afinal, já vivemos em um mundo em que dependemos massivamente de aparelhos eletrônicos. A nossa interação com a inteligência artificial, ainda que limitada, já existe, na forma de sistemas telefônicos automatizados ou de diversos tipos de software. Neste curioso mundo de hoje, muitas vezes, o virtual importa mais do que o real. Vejam por exemplo este triste caso de um jovem casal coreano: por terem ficado viciados em cuidar de um bebê virtual, terminaram negligenciando seu bebê real, que morreu de inanição.

Ainda estamos longe do tempo em que os robôs precisarão ser inculcados com o respeito às três leis da robótica. Mas talvez não tão longe assim.





Atualização: Não me entendam mal. Eu gosto do Mídia sem Máscara. Acho que eles realizam um serviço essencial, dar voz a uma causa que quase não tem voz no Brasil atual. E não sou necessariamente tão libertário, não tanto quanto já fui. Aceito grande parte do pensamento conservador, embora tenha algumas dúvidas. Talvez seja só modéstia, é só que eu não me vejo como um articulista "sério", não tenho formação em Filosofia ou História e muito do que escrevo aqui são "chutes", meras observações desde este país chamado USA. Mas gosto de escrever sobre qualquer coisa, sejam robôs, alienígenas ou política internacional, não sempre artigos que tenham a ver com o MSM ou sob uma ótica necessariamente conservadora. De qualquer modo, não é como se a MSM estivesse me pautando, afinal eles escolhem os artigos que mais tenham a ver com seu site, e eu continuo aqui escrevendo sobre tudo um pouco. Portanto, agradeço ao pessoal da MSM pela divulgação. É isso.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Por que os pobres são pobres?

Que existe a pobreza, e que é um fator impossível de eliminar, todos sabem. Afinal, a pobreza é relativa. Eu, que ganho míseros xxx por mês, sou mais pobre do que A que ganha xxxxx. Os pobres na Índia são mais pobres do que os pobres nos EUA. Essa variação sempre vai existir. O que não se sabe exatamente é, por que os pobres são pobres? Isto é, por que logo eles e não outros?

Teoria marxista. Os pobres são pobres porque são explorados pela indústria capitalista malvada, que os mantém propositalmente na pobreza enquanto ri com um copo de uísque na mão e um charuto na outra. De todas as teorias, esta é provavelmente a mais estúpida, e vamos desconsiderá-la já de cara. Quer dizer, o senhor Y abre uma fábrica, dá emprego a centenas de pessoas que antes viviam de esmola, mas ei, ele os está explorando, afinal os infelizes deveriam ter "direito" a pelo menos metade da fortuna de Y cada um. Bah.

Teoria biológica. Os pobres são pobres porque são burros. Bem, apesar da afirmação geral ser falsa, há um quê de verdade nisto. O caso é, aliás, longamente elaborado no livro "The Bell Curve", onde se estuda a relação entre classe social e QI. Uma grande parte dos pobres (não todos) tem provavelmente baixo QI, e o máximo que podem aspirar é a um emprego no McDonalds. É triste, mas realmente, mesmo que tentem, nem todos podem ser físicos nucleares, CEOs ou engenheiros espaciais (eu não posso, por isso vivo de picaretagens aqui e acolá). Mas a teoria é injusta com os pobres inteligentes. Muitas pessoas, apesar da inteligência, estão na pior, simplesmente tiveram azar ou não tiveram estudo e oportunidade. Algumas dessas pessoas conseguem até subir de vida, o que é admirável. De fato, é preciso ser MAIS inteligente do que a média para subir desde baixo. Nascer em berço de ouro e continuar rico não é difícil. Nascer na lama e subir de patamar, mesmo à classe média, demanda esforço e inteligência sem par.
O problema desta teoria é também que, se os pobres são burros, não haverá jamais solução para a pobreza. Bem, há uma sim, colocá-los no funcionalismo público: não sei se você percebeu, mas são quase sempre as pessoas mais burras, ignorantes e preguiçosas que trabalham ali. (Usá-los como bucha de canhão em guerras ou em revoluções e "movimentos sociais" é tambem uma estratégia bastante eficiente.)

Teoria da estratificação social: Certas sociedades são organizadas de modo a que certos grupos fiquem sempre por cima, e certos grupos sempre por baixo. Na Índia, isso se dá (ou dava) diretamente, pelo sistema de castas. Mas se pensarmos nas sociedades aristocráticas européias, onde a nobreza era transmitida hereditariamente, é claro que a ascensão social ficava mais difícil para os de fora do clube. (No Brasil temos um sistema parecido, em que os políticos e aqueles bem relacionados com eles ficam por cima, e o resto por baixo. Pense um pouco: enquanto nos EUA para abrir uma empresa você precisa de no máximo 6 dias, no Brasil há tanta papelada e regulação - para não falar em corrupção - que a média é de 152 dias. Não vejo demonstração mais clara do interesse dos políticos em impedir a ascensão social no Brasil).
Alexis de Tocqueville, em seu famoso livro sobre a democracia americana, afirmou que o sistema americano funcionava e funcionaria - desde que aqueles que eram ricos mudassem a cada geração. Ao contrário da estratificação social das aristocracias européias, nos EUA havia um sistema de grande mobilidade social, na qual qualquer um poderia ascender socialmente desde que tivesse esforço e inteligência. (Hoje o que está ocorrendo é que uma casta de políticos e seus amigos quer se eternizar para sempre na Elite).

Teoria calvinista. Os pobres são pobres porque foram castigados por Deus. Bem, de acordo com certas teorias populares sobre o calvinismo (a teologia é na verdade bastante mais complexa), a riqueza era um dos modos com que Deus indicava quem eram os eleitos. Afinal, os que se esforçavam e trabalhavam em geral obtiam mais sucesso do que os preguiçosos. Embora isso também seja parcialmente verdade (esforço e trabalho ajudam, e a mentalidade calvinista foi em parte responsável pelo sucesso da sociedade americana), também é verdade que nem todos os ricos são esforçados, muito menos bons ou justos.
Esta é, também, a mais deprimente das teorias. Quer dizer, os pobres levam uma vida de sofrimento, degradação, fome, cansaço. E, ao morrer, ainda vão para o inferno.

Pobres porém felizes.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um mundo sem regras?

No outro dia, a leitora Confetti chamou-me de reacionário. Magoei. Sempre me considerei de centro, razoavelmente libertário. Mas recentemente me surpreendi comigo mesmo e pensei: será que estou à direita do Reinaldo Azevedo?

Afinal, ele se declarou a favor da adoção por parte de gays enquanto eu tendo a ser contrário, embora considere argumentos a favor. Nada tenho contra os gays. Nada tenho contra as lésbicas (Vi duas se beijando no outro dia na minha frente. Moças simpáticas e alegres. Bonitas. Bem, uma das duas era.).

De acordo com a natureza, pessoas do mesmo sexo não podem ter filhos entre si. Por mais que tentem. Se os gays querem passar a vida ao lado de um ou mais companheiros do mesmo sexo, é porque escolheram não se reproduzir. Ou assim era, até agora.

Mas estamos em tempos diferentes, em que a tradicional família papã-mamã-filhinhos está em franca decadência, substituído por um modelo em que todo tipo de relação é considerado igual. E por que não? A tecnologia permite e a moral moderna também. Deus está morto e não tem nada com isso.

Em outros tempos, o sexo gay era "o amor que não podia dizer seu nome". Oscar Wilde casou e teve dois filhos, amava sua mulher e depois saía com Alfred Douglas. Hipocrisia? Talvez. Mas acredito que nem nos seus momentos de maior loucura ele pensou em criar os filhos com seu amante. Imagina! Amor era uma coisa, criar filhos uma coisa bem diferente.

No outro dia alguém disse assim: "Isso tudo é só porque fomos inculcados com os velhos modelos. As crianças do futuro acharão normal ter dois pais, ou duas mães."

Pode ser. Mas que importa? Casamento e adoção gay são mero preâmbulo para o que está por vir.

Leiam sobre este curioso caso (nota: alguns dizem que é hoax): uma avó de 72 anos que está transando com o neto biológico de 26, e os dois terão um filho através de uma barriga de aluguel (bem, ele será pai; o óvulo é de uma doadora anônima já que a velhota não é mais fértil).

Eles afirmam: "Somos felizes assim e ninguém tem nada com isso."


Quer saber? De acordo com a ideologia contemporânea, eles têm razão. Não há um único progressista que possa dizer por que este ou casos similares são moralmente errados. Avó com neto, filha com pai, irmão com irmã, transsexual grávido com mulher. Por que tais casos deveriam causar repulsa? Se são maiores e vacinados, que mal há?

Quem entende o coração humano? Todos temos desejos autodestrutivos, vícios, problemas. São poucos os casamentos que duram, e não é por culpa de ninguém, é por que é difícil mesmo. Então por que impedir gays de casarem, ou avós e netos de fazerem sexo entre si e criarem um filho juntos, ou pessoas trocarem de sexo?

Bem, eu acho que o seguinte. As pessoas precisam de regras. A única regra da sociedade contemporânea é: "Não devemos julgar ninguém. Todos são iguais. Vale tudo. Faça você também o que quiser, você é livre."

Ora, isso não é suficiente. Há claramente modelos, já testados, que funcionam melhor do que outros. Há vários estudos indicando os problemas de crianças nascidas sem família ou em famílias disfuncionais. E não acho que fazer experimentação social com crianças seja uma coisa boa.

Será que não está faltando autoridade? Será que não estão faltando regras mais precisas e disciplina? Será que esta "liberdade" toda é boa para as crianças das próximas gerações?

Vejam este outro caso, na Inglaterra. Os alunos adolescentes barbarizavam na sala de aula, provocando um professor que sofria de problemas emocionais. Um dia, um aluno zombou dele e gritou-lhe um sonoro "fuck you", e o professor irritou-se. Acertou com um halteres na cabeça do garoto. "Die, die, die!", disse o professor, enquanto batucava com o halteres na cabeça do jovem.

Ei, já dei aulas. Eu o entendo. Também eu, se pudesse, teria dado uns bom golpes na cabeça de certos alunos. (O garoto não morreu. O professor foi absolvido.)

O caso é que os alunos eram extremamente mal-educados e rebeldes, mas o professor pouco ou nada podia fazer. Tocar em alunos? Nem pensar. Pode-se ser acusado de abuso infantil ou coisa pior. (Eis por que uma professora chamou os policiais para algemarem uma criança de seis anos.) Expulsão? Suspensão? Que nada. Na escola moderna, o aluno é rei. Como ensinou Paulo Freire, aluno e professor, professor e aluno, é tudo a mesma coisa, fazem parte de um mesmo coletivo social. Mas não são só os professores: nem mesmo os pais podem punir as crianças, ou terminarão presos. Diversos psicólogos advertem sobre os terríveis traumas que as palmadas causariam às crianças (Uma chega a comparar as palmadas com o estupro).

Nelson Rodrigues falou certa vez sobre a tirania do jovem. É o que vivemos hoje, com a diferença que agora todos somos "jovens". Todos somos perpétuos adolescentes, do começo ao fim da vida. Todos. Eu inclusive. Queremos tudo, emprego, saúde, roupa lavada, casamento gay, direitos humanos. Responsabilidade? Autoridade? Limites? Castigo? Limitação do desejo por questões morais, financeiras ou de ordem social? Ora, vá se catar.

Só que, pouco a pouco, a sociedade vai se desintegrando, e ninguém consegue entende por quê.

Talvez precisemos de um pouco menos de "liberdade", e um pouco mais de disciplina.

Disciplina é importante.