O “consenso cientifíco” não é a ciência. Ciência é um ato da inteligência, um ato que só pode se dar na alma individual. (...) [O] consenso científico não é a ciência, e se os dois se confundissem nem sequer poderia haver progresso científico, já que este depende de alguém que rompa com o consenso. Isso me parece um tanto óbvio. Se não é, bem, pense que um dia a inexistência de micróbios foi consenso.Pensando bem, acho que essa última frase resume 90% da blogosfera... Talvez até este famigerado blog.Do mesmo modo, atacar o prestígio dos cientistas incessantemente não contribui para a famosa ciência, ainda que possa mexer no famoso consenso e ponha em evidência a atividade científica enquanto profissão. Ataques ao prestígio são eminentemente retóricos, e digo isso sem os desmerecer; nada se produz nesse mundo sem retórica, e até Aristóteles já afirmou que a verdade precisava da retórica. Mas também não são científicos, e matar o cientista / filósofo / escritor de prestígio de plantão não vai aumentar o conhecimento de ninguém sobre nenhum assunto. Exceto, talvez, o do médico legista e de seus estagiários.
A marca dos idiotas é exatamente essa: ficam discutindo-se uns aos outros, tornando-se cada vez mais semelhantes a si mesmos, enquanto fingem de maneiras por vezes até sofisticadas que disputam um objeto - como a ciência ou a verdade. Crêem ser sinceros na sua busca, mas apenas participam de uma frenética competição de esnobismo e pseudo-narcisismo.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Direto no queixo
Não sei em que exatamente o Pedro Sette Câmara pensava ao escrever este post, mas veio bem a calhar em relação a certas polêmicas da blogosfera tupiniquim. Tomo a liberdade de reproduzir sem autorização:
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7 comentários:
ei, a idéia é minha! Calma, brincadeira.
Talvez, o Pedro Câmara tenha se referido a isso aqui.
Depois disso, virão isso, isso, isso, isso, isso, isso, isso, isso, e isso.
Isso, isso, isso... é algo tão Chaves! Mas não o palhaço bolivariano! :)
Você, eu, ele, todo mundo tá perdido, cara. Formamos uma geração, vamos estar a duas ou três pessoas do presidente em 2022, e neste dia seremos os culpados do Brasil não ter deixado de ser Brasil.
É um mito de origem bem óbvia isso do apaixonado sem narcisismo, buscando "a verdade". O monge, eremita da ciência, literatura, poesia, filosofia. No claustro de sua solidão, sem se importar com as reações de seus pares. Digo pares, não público: podemos não querer ser reconhecidos pelo Seu Nonha do Churrasquinho Mimi, mas há muita gente que consideramos dignas de nossas atenções. Caso contrário, por que não fazer um blog fechado e definir a si próprio como o único usuário autorizado?
Não, não, isso não existe, o santo pensador. Não se importa em estar sendo ouvido quem não pretende viver disso, ou pensa por hobby ou está com a vida ganha.
Eu, ao menos, não posso ser metafísico o bastante para achar que uma verdade que morra comigo mesmo valeu a pena ser conhecida.
M. Augusto,
Criacionismo? Não acho que o Pedro Câmara pensasse nisso. Aliás, acho exagero toda essa preocupação com o ensino do criacionismo. Quantas pessoas entendem realmente a teoria da evolução, em todos os seus detalhes? Nem eu posso dizer que seja uma delas. E a quem isso faz diferença, fora a quem vai fazer pesquisa na área biológica ou genética? E essas pessoas certamente não vão aprender criacionismoo na faculdade de ciências. Então, não vejo como um problema assim tão grave a perspectiva que o criacionismo possa ser ensinado nas escolas. Já tem tanta besteira anti-científica sendo ensinada ou passada por outros meios. De fato, mesmo não sendo ensinado hoje, muitas pessoas acreditam nisso. Não acho que a proporção mude muito mais. E as pessoas que acreditam em OVNIs então? O resto é pânico de ateus.
Escrevi um post sobre isso até, agora. :-)
Mas e o post do Pedro Câmara, então?
O FM talvez tenha razão, é um mito o do sábio isolado em busca da verdade. Todos queremos algo em troca, prestígio, status, dinheiro, fama, mulheres. Principalmente mulheres. ;-)
Marcelo Augusto, isso não tem nada a ver com criacionismo, mas com o combate contra a junk-science.
Na verdade, não estava pensando em disputas sobre criacionismo ou evolucionismo. Especulação darwinista contra a interpretação literal do Gênesis? Espero que ninguém me ache esnobe por não me interessar por isso.
Mas só gostaria de clarificar - e acho que outras coisas que escrevi podem corroborar isso - que não quis dizer que o prestígio não vale nada, nem quis sugerir que eu mesmo não aprecio a idéia de prestígio, e sim que é melhor falar de um assunto motivado pelo amor que se tem por ele do que para ostentar suas opiniões chiques. Não que as duas coisas não possam estar misturadas; ainda assim, est modus in rebus.
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