domingo, 28 de fevereiro de 2010

Poema do domingo

Soneto X

Nas intoxicantes ruas de Paris
Uma moça chamada Confetti
Trafega veloz em seu patinete
E masca chiclete com rosto feliz.

Eis que um sujeito meio amalucado
Chega do outro lado entretanto...
Gesticula a causar olhares de espanto
E fala sozinho com ar tresloucado!

Ah! É só Tiago, o comunista da praça...
Não importa o que todos dele falem
Como uma piada que já perdeu a graça

Ele eternamente repete o nome de Stalin...
(Bem, cada um tem sua obsessão - os reaças
Sonham co'as coxas brancas da Sarah Palin!)

Anônimo

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Marx e Lenin perderam; Gramsci venceu

Marx, Lenin e Stalin estão mais ultrapassados que o Rubinho Barrichelli. Não há a menor possibilidade de ocorrer uma Revolução Comunista em qualquer lugar do mundo. Guerrilhas marxistas foram derrotadas definitivamente do Sri Lanka ao Chuí. Na Rússia, Putin pode ser um nacionalista com possíveis intenções imperialistas, mas não pretende coletivizar os meios de propriedade nem trucidar os kulaks. Na América Latrina, último bastião do comunismo revolucionário, as FARC são um cachorro morto, e Cuba e Venezuela são poços de pobreza, irrelevantes em qualquer discussão séria.

Isso não quer dizer que não haja mais pessoas que sofrem sob a foice e o martelo da opressão comunista. Assisti estes dias ao depoimento de Shin Dong-hyuk, que fugiu de um campo de trabalho escravo na Coréia do Norte, onde ainda há dezenas de campos bastante similares aos GULAGs soviéticos. Seu relato é aterrorizador. Mas não há qualquer possibilidade dos comunistas implantarem esse sistema a nível mundial, como parecia possível a meras décadas atrás. Salvo na Coréia do Norte, esse tipo de comunismo está morto e enterrado.

E, no entanto, no entanto... Os comunistas venceram a batalha no campo educativo e cultural. Não precisam realizar Revolução alguma, pois suas idéias já têm o monopólio no debate político e cultural, tanto que, no Brasil, Lula se gaba abertamente da inexistência de qualquer tipo de direita política! Crianças são ensinadas desde pequenas o beabá da igualdade social e do politicamente correto. Não há escapatória. Ninguém nem mesmo contesta que possa haver algum tipo de debate sobre essas questões.

Marx e Lenin perderam. Mas Gramsci venceu. Gramsci, com sua teoria de revolução silenciosa, de "longa marcha através das instituições", quem diria, era quem realmente tinha a estratégia vencedora! Mesmo nos EUA, suposto bastião do capitalismo, nas escolas, universidades e na mídia raramente se ouve algo diferente das idéias socialistas ou semisocialistas (resistem apenas o talk radio e a Internet). Há posters do assassino psicopata Che Guevara em qualquer campus local.

Os verdadeiros comunistas de hoje são os que comandam as universidades, a política e a mídia, que falam em "direitos das minorias", "justiça social" e "saúde e educação para todos", mas o que querem é cada vez mais poder para o Estado sobre a vida e o dinheiro de cada um de nós. São "comunistas"? São "progressistas transnacionais"? São arautos do "governo global"? Não sei, só sei que esses é que são o "perigo vermelho" de hoje em dia. O resto - os comunistas de velha guarda que ainda falam em "ditadura do proletariado" e sonham com guerrilha e revolução e citam Marx, Lenin e Stalin - são meros zumbis.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O dinheiro acabou

Durante muitos anos os EUA foram, e ainda são, os grandes Papais Noéis do Mundo. Financiar a reconstrução européia no pós-guerra? Feito. Proteger os europeus da ameaça nuclear soviética? Feito. Após a Queda do Muro, dar mais alguns bilhões para reconstruir o Leste Europeu pauperizado pelos comunas? Feito. Dar bilhões à África, América Latina para salvar seus habitantes de si mesmos? Feito. Salvar as vítimas de desastres naturais ou guerras em longínquos rincões do planeta? Feito. Ajudar os muçulmanos nos Balcãs contra os cristãos, e ainda lhes dar de presente um pedaço da Sérvia? Feito. Levar democracia ao Afeganistão e ao Iraque? Hummm...

Bem, muitos desses planos podem ter sido equivocados, mal-sucedidos ou até idiotas, e não se pode negar que em grande parte dos casos o interesse norteamericano falava mais alto do que o altruísmo puro e simples. Mas o fato é que, bem ou mal, gastou-se muito dinheiro em todas essas empreitadas. Nenhum outro país sequer chegou perto. Mesmo a União Soviética gastou pouco em exportar a sua Revolução, em alguns casos abandonando comunistas espanhóis e latinoamericanos à própria sorte.

Isso se explica, é claro, pelo fato de que nenhum outro país foi tão próspero, graças às virtudes do capitalismo, curiosamente tão criticado por alguns idiotas.

O problema é que, agora, o dinheiro acabou. Os EUA estão devendo até as calças. Não há mais vontade de dar dinheiro ao Haiti ou à África, de gastar dinheiro e vidas em guerras para levar democracia a povos que não a querem, de proteger europeus e sul-coreanos ingratos. O contribuinte americano está farto, e com razão.

Crise do capitalismo, como sugerem os energúmenos? Ao contrário! É a crise do welfare state. É o fim da idéia de que o Estado deva ajudar permanentemente todos os desvalidos e deslavados, os famintos e os fracassados, e forçar a igualdade entre indivíduos que não são iguais:

Every advanced society, including the United States, has a welfare state. Though details differ, their purposes are similar: to support the unemployed, poor, disabled and aged. All welfare states face similar problems: burgeoning costs as populations age; an over-reliance on debt financing; and pressures to reduce borrowing that create pressures to cut welfare spending. High debt and the welfare state are at odds. It's an open question whether the collision will cause social and economic turmoil.

Enquanto o welfare state se concentrava apenas em ajudar temporariamemte as pessoas menos favorecidas de um único país, a coisa não ia tão mal. O problema é que alguém decidiu que isso não bastava, que as grandes potências deveriam não apenas ajudar os pobres do seu próprio país, como os pobres de todo o mundo, seja dando trilhões em ajuda financeira, seja aceitando milhões deles como imigrantes e pagando-lhes a estadia, seja em esquemas massivos de transferência de renda como o "combate ao aquecimento global". Some-se a isso a crise demográfica, a jihad e o envelhecimento da população, e temos uma bomba-relógio. No outro dia, um colunista sugeriu que os EUA deveriam não apenas financiar a reconstrução do Haiti, como abrir as portas e receber todos os milhões de habitantes que quisessem se mudar para o Grande Irmão do Norte. Foi justamente escorraçado pelos comentaristas.

O problema é que, no welfare state, só uns poucos trabalham, mas pagam a conta para todo o mundo. Vejam estes gráficos sobre o gasto em welfare na Califórnia, e entendam porque o estado está quebrado. Capitalismo? Não, redistribuição de renda massiva, dos trabalhadores aos não-trabalhadores e ilegais!

E, no entanto, os Democratas continuam querendo gastar trilhões em planos "ecológicos" (leia-se, reduzir o tamanho da indústria americana), em planos de anistia para imigrantes ilegais (isso num momento em que há 15% de desemprego), e em planos de saúde para beneficiar os "menos favorecidos" (leia-se, trabalhadores mais uma vez vão arcar com a conta dos que não trabalham).

O pensamento dos políticos parece ser - o dinheiro acabou, mas ainda tem o cartão de crédito.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

NASA rumo à Lua (Crescente)

Nos tempos de JFK, os americanos foram à Lua (embora alguns ainda garantam que tudo tenha sido uma farsa filmada em estúdio por Stanley Kubrick).

Nos tempos de Obama, projetos de novas viagens espaciais são cancelados, a frota de ônibus espaciais é aposentada sem previsão de renovação, e a NASA passa a ser utilizada como "ferramenta diplomática para ajudar os países muçulmanos."

É sério: a missão da NASA na era de Obama é ajudar países muçulmanos como a Indonésia a ter seu próprio programa espacial.


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Poema do domingo

No man is an island entire of itself; every man
is a piece of the continent, a part of the main;
if a clod be washed away by the sea, Europe
is the less, as well as if a promontory were, as
well as any manner of thy friends or of thine
own were; any man's death diminishes me,
because I am involved in mankind.

And therefore never send to know for whom
the bell tolls; it tolls for thee.

John Donne (1572-1631)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Licença para matar

Esta é para aqueles que gostam de histórias de espionagem. Um importante terrorista do Hamas, um certo Al-Mahoub, que estaria envolvido no contrabando de armas do Irã para Gaza, foi encontrado morto em um hotel em Dubai.

Descobriu-se posteriormente que os participantes da operação, em número de onze, teriam utilizado passaportes falsos para entrar no país, executado o serviço em vinte minutos e deixado o país em menos de duas horas. A TV árabe acusou imediatamente Israel e colocou um vídeo da câmera de segurança do hotel mostrando os supostos assassinos. Eles usaram peruca e bigodes falsos para se disfarçar. Também utilizaram passaportes britânicos e irlandeses alterados, o que está gerando uma crise diplomática entre vários países. (Curiosamente, também Mabhou usava passaporte falso, o que não parece ter criado controvérsia).

Estaria o famigerado Mossad por trás do ato? Segundo um artigo do Telegraph, sim. Embora controverso, o artigo não deixa de ser fascinante, mostrando que as histórias de espiões ainda não acabaram de todo. (Bem, a KGB também está bem ativa, assassinando um ativista com polônio aqui, uma jornalista polêmica acolá; só a CIA parece estar decadente, tendo virado mera oficina de burocratas que não conseguem nem impedir a entrada de um terrorista nigeriano trapalhão no país).

É claro, o autor da operação pode não ter sido o serviço secreto israelense: terroristas costumam ter muitos inimigos. Alguns deles mesmo dentro de sua própria organização. Fala-se de um acordo de entrega de armas não cumprido; nesse caso, os assassinos poderiam ser mafiosos, ou mesmo rivais terroristas: ao menos dois palestinos foram presos em Dubai em relação com o assassinato; um deles pareceria ser do Fatah, inimigos mortais do Hamas. Mas - convenhamos - a sofisticação do ataque parece indicar uma operação de Israel: fosse um agente islâmico, provavelmente teria explodido o hotel inteiro, com a sutileza típica dos terroristas.

Entretanto, vários elementos da história causam dúvida. Por que Mahoub foi a Dubai? Acredita-se que estaria envolvido em alguma negociação de armas, tinha viagem marcada para a China também. Mas por que estaria hospedado sem seus guarda-costas? E porque o uso de nomes de cidadãos reais de Israel na operação, descuido do Mossad, ou despiste proposital? E eram necessários onze para matar um, ou isso também foi despiste? Alguns dizem que ocorreram erros demais para ser uma operação do Mossad.

Israel - ou, como diz nosso amigo Tiago, "o opressor sionista" (que, curiosamente, foi apoiado pela União Soviética de Stalin no seu início) - nega rotundamente qualquer envolvimento. O silêncio só deixa os inimigos mais paranóicos. Segundo o Ministro de Relações Exteriores, no que se refere a operações de segurança, "Israel jamais responde, jamais nega, jamais confirma."

Mas afinal, foi o Mossad ou não?

Bem, como disse alguém certa vez em um filme de James Bond: "I could tell you, but I'd have to kill you."

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Direitos desumanos

Houve um tempo em que eu tinha grande respeito por organizações como Amnesty International, Human Rights Watch, Greenpeace, Cruz Vermelha, etc etc etc. Acreditava ingenuamente que eles realmente lutavam por um mundo melhor, com maior respeito à natureza e contra o sofrimento humano.

Talvez tenha sido assim algum dia.

Lamentavelmente, a ideologia corrompeu várias dessas organizações, e muitos dos principais membros essas organizações se revelaram radicais em pele de cordeiro. Em outros casos, digladiam-se mais em lutas internas e políticas do que em efetivamente promover a luta contra os abusos de poder. E algumas vezes parecem estar mais preocupados com os direitos humanos de criminosos e terroristas do que com o das pessoas comuns, que podem ser assaltadas, mortas e estupradas em cada esquina.

Vejam o caso da Amnesty International, que andou apoiando um fanático talibã, só porque este teria sido preso em Guantánamo. Ora, a prisão em Guantánamo pode ou não ter sido um abuso (eu acho que foi até pouco), mas, será que isso torna os que estiveram ali, todos inocentes? Afinal, sabemos todos como os talibãs são a favor dos direitos humanos, não é mesmo?

O fato é que Gita Sahgal, da ala feminista da Amnesty, protestou contra essa ligação com marmanjos que gostam de colocar burka em mulheres e obrigar meninas a casar aos dez anos. Como resultado, terminou demitida.

Também houve o caso de ambulâncias da Cruz Vermelha e ONU utilizadas para transportar, não doentes, mas munições e guerrilheiros do Hamas.

No Brasil, então, nem se fala. Qualquer lei mais forte contra criminosos é logo bombardeada por estes grupos, que no entanto não parecem preocupar-se com a vida e os direitos das cerca de 50 mil vítimas anuais de assassinato no Brasil.

O problema é que o próprio conceito de "direitos humanos" terminou sendo deturpado, podendo significar tudo e qualquer coisa - na maior parte das vezes, alguma coisa associada à ideologia esquerdista. Está aí o "Programa Nacional de Direitos Humanos" que não me deixa mentir, promovendo os "direitos humanos" do aborto, do casamento gay e da invasão de terras...

A situação lembra o famoso diálogo entre Alice e Humpty Dumpty em Alice através do espelho:

"When I use a word," Humpty Dumpty said in a rather a scornful tone, "it means just what I choose it to mean – neither more nor less."

"The question is," said Alice, "whether you can make words mean so many different things."

"The question is," said Humpty Dumpty, "which is to be master – that's all."

Quem decide o significado das palavras, manda.


Atualização (dica do leitor Meneses): em mais um caso que mostra o absurdo que se tornaram essas organizações, um dos assassinos de João Hélio já está na Suiça com a família "para recomeçar vida nova", graças ao apoio do governo brasileiro e de uma ONG chamada "Projeto Legal". Interessados em manifestar sua opinião a esses incentivadores do crime hediondo podem escrever para projetolegal@projetolegal.org.br

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Poema do domingo

My Life had stood—a Loaded Gun—
In Corners—till a Day
The Owner passed—identified—
And carried Me away—

And now We roam in Sovereign Woods—
And now We hunt the Doe—
And every time I speak for Him—
The Mountains straight reply—

And do I smile, such cordial light
Upon the Valley glow—
It is as a Vesuvian face
Had let its pleasure through—

And when at Night—Our good Day done—
I guard My Master's Head—
'Tis better than the Eider-Duck's
Deep Pillow—to have shared—

To foe of His—I'm deadly foe—
None stir the second time—
On whom I lay a Yellow Eye—
Or an emphatic Thumb—

Though I than He—may longer live
He longer must—than I—
For I have but the power to kill,
Without—the power to die—

Emily Dickinson (1830-1886)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O povo e as elites - e Sarah Palin

Os esquerdistas americanos unanimemente odeiam a Sarah Palin. O que é curioso, pois, entre os conservadores, a opinião é bem mais dividida. Há quem a idolatre - e são muitos - mas também há quem a elogie com ressalvas, quem a considere uma falsa conservadora, quem a ache burra e cretina, e até quem a considere um Obama de saias e de direita - isto é, uma mera jogada de marketing.

A questão é que ela dá muito Ibope. A última notícia é que ela tinha "cola" anotada nas mãos durante uma entrevista. Pronto. Só se falou disso nos blogs políticos locais.

Mas por que a Palin causa esse alvoroço? Acredito que tenha a ver com o seguinte: o povo americano está cansado de suas elites esquerdistas. Sim, pois a elite, por aqui - salvo talvez em certas indústrias como a do petróleo - é quase toda esquerdista, ou, vá lá, Democrata (mas o Partido Democrata de hoje não é o mesmo de anos atrás, radicalizou-se muito mais). Indústria da informática? Obamista. Hollywood? Obamista. Mídia? Obamista. Wall Street? Obamista. Bill Gates? Obamista. George Soros? Mais que Obamista, esse é o manipulador do fantoche-Obama.

Vários políticos e acadêmicos, revoltados com a rejeição popular ao plano de saúde de Obama (70% do país não quer essa joça), afirmaram que "vão continuar a luta" e que "o povo deve ser conduzido na marra por aqueles que são mais educados" e que "esse pessoal que protesta são todos uns racistas safados".

Para o esquerdista padrão, se o povo (ou, como diria o Tiago, o Povo) não aceita as leis que o esquerdista quer impor, só há três explicações possíveis:

a) o Povo não entendeu porque não explicamos direito;
b) o Povo não entendeu porque está sendo enganado pelos malvados direitistas;
c) o Povo é burro!!

(Aqui um bom artigo do Washington Post explicando um pouco a condescendência dos esquerdistas no contexto da história recente americana.)

Sarah Palin é popular, acredito, porque ela é vista como sendo do Povo, como sendo exatamente o contrário desses elitistas calhordas de esquerda que se acham superiores a todos, seja por seu poder, seja por seu status, ou seja por sua formação acadêmica. Então, mesmo sua alegada falta de inteligência ou cultura joga a seu favor. Em outras palavras, acredite se quiser - Sarah Palin é a Lula americana!

Por outro lado, a esquerda odeia Sarah Palin pelo mesmo motivo. A esquerda americana - centrada nas grandes cidades - odeia pessoas comuns, especialmente se elas são brancas, cristãs e conservadoras e rurais. A esquerda local gosta, ou de negros, latinos, árabes e gays (ou qualquer outro grupo que possa ser construído como "minoria oprimida") ou então de brancos super-ricos, chiques, artistas. O resto não passa de cristão fundamentalista, redneck, trailer trash, flyover country.

(Obs.: Eu não sou necessariamente contrário às elites; acredito que elas tenham sua função em uma sociedade saudável. O problema é quando as elites decidem se envolver em mirabolantes planos de revolução ou reconstrução social, e voltam-se contra o próprio povo e classe média que a sustenta.)

Ainda é cedo para dizer qual vai ser o futuro de Sarah Palin - ou mesmo o de Obama. Há um longo caminho até 2012. Mas por enquanto ela, para bem ou para mal, é a principal figura da oposição.

Corra Sarah corra.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Analfabetismo político

Foi Bertolt Brecht quem disse certa vez que o pior analfabeto era o analfabeto político. Lamentavelmente, o que ele queria dizer com analfabeto era "não doutrinado na ideologia socialista". Para Brecht, o alfabeto era o beabá marxista.

Hoje, não há mais esse problema. Todos, desde criancinhas, são educados pela mídia, pelas escolas, pelo establishment enfim, a repetir os dogmas políticos esquerdistas da atualidade. Não há quem não aprenda desde os tenros seis anos a importância da "justiça social" e da "saúde pública e gratuita para todos".

O problema é que essa doutrinação não torna as pessoas menos analfabetas, ao contrário. Se eu ensinar que 2+2 = 5 não estarei educando ninguém.

Ou, como disse certa vez Reagan: o problema dos esquerdistas (liberals no dialeto local) não é que eles sejam ignorantes, é que que eles 'sabem' muitas coisas erradas.

Eles acham que saúde pública é "de grátis", que Stalin matar 20 milhões de pessoas de fome em nome da coletivização é bacana, que todas as culturas são iguais e podem ser substituídas umas pelas outras, que tudo o que basta para que os povos convivam em paz é a boa-vontade, e que qualquer problema pode ser resolvido com aumento de impostos.

A loucura é tanta que é possível que hoje em dia um caipira ignorante esteja melhor informado sobre como o mundo real funciona do que um estudante de marxniversidade.

Não é à toa que os Governos persigam tanto aqueles que querem realizar homeschooling*.

* Foi Hitler quem promulgou as leis contra homeschooling na Alemanha que ainda valem e foram utilizadas contra as famílias dos links acima. Lenin ("dê-me uma criança por 4 anos e farei dela um Bolchevique para sempre") tornou o ensino caseiro ilegal na Rússia em 1919, a proibição durou até 1992.


Mió sê afarnabeto, uai.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Poema do domingo

SEYTON
The queen, my lord, is dead.

MACBETH
She should have died hereafter;
There would have been a time for such a word.
To-morrow, and to-morrow, and to-morrow,
Creeps in this petty pace from day to day,
To the last syllable of recorded time;
And all our yesterdays have lighted fools
The way to dusty death. Out, out, brief candle!
Life's but a walking shadow, a poor player
That struts and frets his hour upon the stage
And then is heard no more. It is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury
Signifying nothing.

Macbeth (Act 5, Scene 5, lines 17-28)

William Shakespeare (1564-1616)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Life's but a walking shadow

Em tempos em que ninguém mais parece preocupar-se com o Irã, e os EUA obâmicos já admitem aceitar a realidade de um Irã atômico - é bacana ler a incrível história de Totsumo Yamaguchi, o homem que sobreviveu a DOIS ataques nucleares. Sim: ele estava em Hiroshima em uma viagem de negócios no dia 6 de agosto de 1945. Surpreendido pela bomba americana, sofreu apenas queimaduras leves, e depois de ser tratado retornou no dia seguinte para sua cidade natal - Nagasaki.

Totsumo também sobreviveu ao segundo bombardeio - embora desde então reclamasse de uma ligeira surdez - e viveu até os 94 anos. Morreu recém agora em janeiro de 2010.

Se estão corretas as previsões de que ao menos uma bomba nuclear vai explodir em algum lugar do planeta nos próximos dez anos, é bom saber de alguém que sobreviveu não apenas a um, como a dois ataques.

Destino? Sorte (ou azar) incrível? Ou desígnio de Deus?

Existe também a história de Juliane Köpcke, única sobrevivente de um avião que explodiu em pleno ar ao ser atingido por um raio. O avião, que então sobrevoava a floresta amazônica, partiu-se em vários pedaços. A moça, ainda presa ao assento, caiu de uma altura de mais de três mil metros. No entanto, de modo inexplicável, sofreu apenas ligeiras escoriações, a quebra da clavícula, e um ferimento no braço que terminou infectado por larvas. Depois disso, ainda teve que caminhar durante dez dias pela selva amazônica, sem comida, até encontrar um povoado. Perdeu a família no acidente, mas está ainda viva e trabalha em um zoológico.

Há os que achem que a História seja apenas um acúmulo de eventos sem sentido. E há os que, no caos, tentam adivinhar algum tipo de ordem secreta.

Talvez as nossas mentes estejam criadas (ou tenham evoluído) para procurar um sentido em tudo, e por isso nos custa tanto aceitar que a vida não tenha - ou tem? - sentido algum.

Há os que acham que nada serve a coisa nenhuma. E há os que acreditam que tudo tem algum papel no Universo, até mesmo a menor das pedrinhas.

Tendo as duas possibilidades, prefiro - à maneira de Pascal - acreditar nessa segunda hipótese. Mas eu realmente não sei.

Der prozess

O artigo para se ler sobre o julgamento de Geert Wilders, que começa hoje, sob quase total silêncio midiático, ainda que dele talvez dependa o futuro de nossa civilização.

Galileu Wilders? Ou Geert Kafka?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O que é o mercado?

O Lula falou no outro dia uma coisa assim:

Eles venderam a lógica de que o Estado não prestava para nada, de que o Estado não podia nada e que o ‘deus mercado’ é que iria desenvolver os países, é que iria fazer justiça social. Esse ‘deus mercado’ quebrou. Quebrou por irresponsabilidade, quebrou por falta de controle, quebrou por causa da especulação.

Não sei quem são esses "eles" a quem o Lula se refere, provavelmente os banqueiros loiros de olhos azuis. E não acredito que ninguém tenha jamais dito que o "mercado" faria "justiça social", afinal não é sua função. Tampouco "quebrou", pois empresas - ou governos - podem quebrar, mas o "mercado" em si não quebra. Mas não importa o que o Lula falou porque ele é muito inguinorante. O problema mesmo é que muitas outras pessoas - mesmo pessoas com estudo e até PhD - tampouco têm a menor noção dos fundamentos mais básicos da ciência econômica.

Observo que isso ocorre especialmente na esquerda. Às vezes tenho a impressão que os esquerdistas acham mesmo que o mercado é uma espécie de deus. Na sua primitiva ignorância, acreditam que dinheiro cai das árvores, que é possível ter um almoço grátis, e que princípios tão básicos como a lei da oferta e demanda respondem a desígnios divinos impossíveis de compreender pelos comuns mortais.

Ora, mas o que é o tal "deus-mercado" de que tanto falam? Estou muito longe de entender de economia, mas, como serviço de utilidade pública, coloco aqui alguns breves vídeos de animação que achei no Youtube explicando alguns princípios básicos que toda criancinha de oito anos deveria saber.

O primeiro é uma breve explicação sobre o livre mercado, comparando com o Estado autoritário. Também há um cartoon bacana de 1948 explicando a diferença entre o capitalismo e o socialismo. E uma instigante versão em quadrinhos, também dos anos 40, explicando "A Road to Serfdom" do Hayek em 5 minutos. E ainda tem esta série mais longa que dá toda uma aula de economia em forma de cartum para crianças. Finalmente, o pessoal do South Park explica a recente crise econômica.)

Se uma criancinha de oito anos pode entender, porque Lula e Obama - que está novamente propondo aumento de impostos e gastos trilionários do governo - não podem?