sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sexo, moralismo e comportamento de turbas na era da Internet

Um dos comentários mais perspicazes sobre o caso da aluna da UNIBAN foi este que encontrei de um leitor do blog do Reinaldo Azevedo:
Douglas disse:

Não sei se você vai me entender, espero que sim. Não vi nada de estranho neste vídeo. Só a natureza humana na sua forma mais pura.

O ser humano vive em permanente guerra entre a sua natureza e a sua inteligência. A natureza humana é capaz de fazer uma pessoa se sacrificar por outra. A natureza humana é capaz de fazer isso que se viu.

Eu não estava lá, mas me identifiquei com aqueles estudantes. Eu poderia ser um deles? Acho que sim. Eu me sentiria arrependido depois? Com certeza.

Chamar esses estudantes de animais e colocar nas costas deles as nossas culpas é fácil. Acho até que o que estão fazendo com eles aqui e em outros blogs é quase o mesmo que eles fizeram com a moça.

De fato, muitos psicólogos e estudiosos da natureza humana já observaram que os seres humanos quando em multidões comportam-se de modo muito diferente do que individualmente. Observando-se o mais recente vídeo dá para ver a magnitude do protesto contra a "indecente" moça e de como as pessoas, nesses contextos, reduzem-se ao comportamento mais básico, mais primitivo: os homens, à luxúria ou à violência contra a "puta" que os provocava sexualmente sem se entregar; as mulheres, à inveja e à raiva pela "concorrência desleal".

Aqui acho que entra de novo a questão dos conservadores vs. libertários (e progressistas), e de como estes últimos idealizam a natureza humana. Afinal, para o libertário, "cada um pode se vestir como quiser e ninguém tem nada com isso". Para o progressista, "homens e mulheres são iguais e têm os mesmos direitos de ir e vir como desejarem." Na prática, no entanto, uma moça que vai vestida com roupas sumárias à universidade pode terminar sendo brutalmente hostilizada por uma multidão. É a natureza humana em seu estado mais bruto.

Sim, seria bom que as mulheres pudessem ir a qualquer lugar que quisessem, vestidas como quisessem, sem ser importunadas. Seria bom que drogados não matassem os outros ou a si mesmos. Seria bom que todos pudessem controlar seus instintos e ninguém fosse preconceituoso, cretino ou psicopata. Infelizmente, vivemos no mundo real, onde garotas de 15 anos podem ser estupradas coletivamente em uma festa na escola pelos seus próprios colegas.

Há ainda um segundo elemento que causa reflexão, que é a questão tecnológica. Todo o evento foi filmado por câmeras de celulares e colocado imediatamente na Internet, onde repercutiu ainda mais, somando-se a dezena de casos folclóricos, como a da professora primária que dançava o "Todo Enfiado", ou o caso recente de jovens adolescentes anos praticando sexo oral no banheiro da escola. Os vídeos acabaram indo parar online, onde foram baixados por milhares de pessoas. Com a repercussão, a professora de um caso foi demitida e a aluna do outro caso terminou tendo que ser transferida de escola, pois todas as demais estudantes do colégio ficaram com fama de "boqueteiras". A Internet influencia o mundo real. (E já tem petista afirmando que o que faltou foi mais aula de "educação sexual", como se os adolescentes não soubessem já o suficiente).

De qualquer modo, é possível que, em um país esquizofrênico como o Brasil, a moça da UNIBAN, que já conquistou fama virtual, termine ganhando uma pequena fortuna ilustrando as capas de uma revista masculina, ou apresentando algum programa televisivo para crianças.



Qué pasa en Honduras?

São os americanos, quem diria, que estão forçando o retorno de Zelaya ao poder. Com direito a aplauso de Hillary. Anteontem, por mera coincidência, o sobrinho de Micheletti foi assassinado: mãos dos zelayistas, ou da própria CIA? O governo Obama está apoiando o neo-comunismo na América Latina, não restam dúvidas. Até o comuna pedófilo e estuprador que quer virar ditador na Nicarágua os canalhas estão promovendo.

É um pouco assustador. "EUA, EUA, por que nos abandonaste?", gritam os (poucos) arautos da liberdade que restam na América Latrina. Mas é inútil. Cada um deve carregar sua cruz; a das nossas terras é o caudilhismo eterno.

Mensagem de Obama à A.L.

Libertarados versus conservotários

Sou libertário ou conservador? - perguntei-me tempos atrás. Sem chegar a uma conclusão, decidi assumir que sou uma mistura indigesta dos dois. Em alguns aspectos sinto-me mais seduzido pelo argumento libertário, em outros vejo mais coerência no argumento conservador.

O fato é que mesmo a tal "direita" não é unitária e, embora não tenha todas as correntes de um partido como o PT, tem ao menos dois campos bem distintos - como se pode ver por este post do Not Tupy.

Mas as posições de ambos os lados são, por vezes, caricaturizadas.

Os libertários têm fama de utópicos ou libertinos - libertarados, chamemo-los: todo mundo tem o direito que fazer o que bem entender, desde que isso não prejudique diretamente aos outros. Casamento gay? Tudo bem. Aborto? On demand. Drogas? Basta que o Estado não se meta no negócio.

Do outro lado estão os conservadores, com fama de quadradões, puritanos, recaldados - em suma, conservotários. Nada de casamento gay, aborto e muito menos drogas, que são coisa do demo.

Ambos grupos só parecem concordar na economia e na redução do poder e tamanho do Estado, mas nos temas sociais a diferença é radical. Qual a solução?


O comunismo/marxismo, não obstante o que diga o nosso colaborador Tiago, morreu de morte morrida. Depois do desastre soviético, qualquer tentativa de acabar com a propriedade privada e coletivizar os meios de produção será sempre vista com um revirar de olhos ou o sorriso benevolente de quem se dirige a um retardado mental. Essa parada econômica (e só essa) o capitalismo venceu.

Mas no cultural perdeu, playboy, perdeu. A ideologia de nosso tempo não é o socialismo, mas sim o progressismo. Embora este mantenha alguns aspectos socializantes como o aumento progressivo do poder estatal e a distribuição de riquezas (ainda que não tanto sob a forma do confisco como da taxação progressiva), trata-se de um outro bicho. Seu principal objetivo continua sendo a igualdade, mas agora não é tanto (ou apenas) a igualdade financeira, como a igualdade total entre todos e todas. Entre branco e preto, entre homem e mulher, entre hetero e gay, entre feio e bonito, entre cidadão e imigrante ilegal, entre muçulmano e cristão, entre terrorista e democrata, entre criminoso e vítima. Todos são e devem ser iguais, mas atenção!, não perante a lei (de fato, a lei é distorcida justamente para criar a tal "igualdade"). Estamos falando de uma utópica igualdade de resultados.

Os libertários são economicamente conservadores, mas, no que se refere às questões sociais, são muitas vezes indistinguíveis dos progressistas. Também eles querem liberação de drogas, casamento gay, etc. Tudo em nome, não da igualdade de grupos, mas da liberdade individual. Afinal, não se deve impedir o indivíduo de fazer nada.

Já os conservadores são contrários a essas teorias de vale-tudo, mas não porque sejam malvados ou "racistas". É que, para os conservadores, existe um tipo de sociedade que funciona, e muitos que não. Nem todos os grupos são iguais. O homem é um ser imperfeito, e portanto não adequado à liberdade total. Além disso, segundo o argumento conservador, as pessoas na verdade não querem liberdade. A liberdade total é uma tortura. O que as pessoas querem é seguir regras claras. Para muitos, e é o caso da maioria dos conservadores, ainda que não todos, essas regras morais que sustentam a sociedade vêm, não do Estado, mas da religião.

Em última análise, os libertários são otimistas; os conservadores são pessimistas.

Como sou agnóstico e indeciso, ainda não tomei uma decisão concreta sobre por qual time torcer. Ultimamente, em virtude do meu próprio pessimismo natural mais do que qualquer outra coisa, tendo a concordar mais com o pessimismo conservador do que com a utopia libertária. Por outro lado, gosto das idéias deste cara aqui.

O que fazer?


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Há algo na água ou no ar

Eu sempre disse que os esquerdistas e assemelhados estão todos loucos, mas ultimamente parece que estamos chegando ao limite do absurdo, se é que tal existe. Cito apenas dois trechos de recentes reportagens. A primeira vem da Inglaterra, onde, enquanto terroristas andam livres, as autoridades podem vigiar e filmar secretamente o cidadão por crimes tão graves quanto não juntar o cocô do cachorro:
Under a law enacted in 2000 to regulate surveillance powers, it is legal for localities to follow residents secretly. (...) Local governments use them to catch people who fail to recycle, people who put their trash out too early, people who sell fireworks without licenses, people whose dogs bark too loudly and people who illegally operate taxicabs.
A outra notícia vem da Austrália, onde professores ecologistas sugerem, para evitar o aumento do carbono na atmosfera, que as pessoas comam seus próprios animais de estimação:
The eco-pawprint of a pet dog is twice that of a 4.6-litre Land Cruiser driven 10,000 kilometres a year, researchers have found. Victoria University professors Brenda and Robert Vale, architects who specialise in sustainable living, say pet owners should swap cats and dogs for creatures they can eat, such as chickens or rabbits, in their provocative new book Time to Eat the Dog: The real guide to sustainable living.
E ainda há quem queira liberar as drogas. Precisa?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vai um lótus aí?

As drogas e sua proibição continuam causando intenso debate. Mesmo na tchurma da direita, muitos acreditam que a legalização seja a solução.

Eu penso que a descriminalização do uso das drogas, como tantas outras coisas citadas pelo bom e velho Dr. Theodore Dalrymple, seria um experimento social de resultados imprevisíveis, desejado pela classe média, mas cujo preço será pagado principalmente pelos pobres. (De fato, já o é.)

Considerando que:

a) O vício em drogas é um mito. Não existe dependência química, apenas psicológica. O viciado não é um doente, mas apenas um idiota.

b) Viciados não causam problemas apenas a si mesmos, como a terceiros, como o recente caso do viciado que enforcou a namorada, ou a mãe que matou o próprio filho viciado.

c) Alguns acreditam que a solução para o problema das drogas seria o Estado obrigar os viciados a se tratarem (o próprio pai do viciado assassino afirma que a culpa é do Estado por não ter obrigado seu filho a se tratar e ainda pagar o custo disso, já que ele, coitado, não podia pagar a internação); a liberação das drogas provavelmente traira mais Estado na vida do indivíduo, e não menos.
Levando tudo isso em conta, a solução que este blog sugere seria a criação de parques temáticos estatais onde a liberação da droga seria geral e irrestrita para maiores de 21 anos vacinados, com o detalhe de que os usuários estariam cercados por altos muros e não poderiam sair de lá para interagir com o restante da população. Viveriam no local, na sua Drogolândia particular.

Não consumo drogas fora o álcool e o café, e portanto não tenho interesse algum na liberação da cocaína ou da maconha -- mas não tenho ilusão. Assim como a sodomia antes era crime nos EUA e em vários outros países e hoje os gays estão casando (perdão pela comparação, é apenas para mostrar o avanço do liberalismo dos costumes), o mesmo deve ocorrer com as drogas. Não há volta.

Acredito que em menos de uma década teremos maconha liberada na maioria dos países ocidentais, e posteriormente se avançará para a liberação da cocaína e drogas sintéticas.

Só que, ao contrário dos liberacionistas, não acredito que isso vá ser liberação alguma. Ao contrário: temo que vá apenas aprofundar a decadência e o marasmo ocidentais. Uma sociedade de comedores de lótus. Se antes a religião era o ópio do povo, agora o ópio será uma religião.

O que vai ocorrer é que a sociedade eventualmente se tornará tão caótica que será tomada pelo Islã ou alguma outra forma repressiva de controle social. Ao contrário do que pensam os ultralibertários, a liberdade individual só funciona dentro do contexto de uma sociedade que tenha condições de permitir-se a esse "luxo".

Não esqueçamos que os comunistas, embora hoje inundem a América Latina de drogas, sempre foram rígidos com seu consumo em seus próprios países. Na China - que tem uma historinha bastante edificante com o ópio - ainda há pena de morte para traficantes.

Por outro lado, quem é que pode saber realmente o que acontecerá?

sábado, 24 de outubro de 2009

Poema do domingo

La cuna

Hoy no pudimos más. Y envueltos
Del crepúsculo azul en la penumbra,
Nos fuimos por el pueblo lentamente
A comprar una cuna.

Y compramos de intento la más pobre,
Mimbre trenzado a la manera rústica,
Cuna de labradores y pastores...
Hijo: la vida es dura.

Baldomero Fernández Moreno (1886 - 1950)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Será que sou um self-hating Latino?



Estava em uma roda de doutorandos latinoamericanos, quando de repente, no meio da conversa, descobri algo muito triste. Não tenho grande identificação com a cultura na qual supostamente nasci e cresci. Fora músicas antigas, não gosto muito de samba, muito menos de pagode ou axé, e a música contemporânea brasileira com seus funks e lenines me causa alergia. Gilberto Gil, então, é de lascar.

Minha relação com a cultura hermana latinoamericana é ainda pior. Tango, tudo bem, mas salsa, regueton e merengue são abomináveis, e nem falemos da cultura que acha graça em ver crianças realizando danças sexuais (sim, isso acontece também no Brasil). Não danço nem jogo futebol. Raramente gosto de cinema brasileiro. Não gosto de comida mexicana ou baiana. Escritores latinoamericanos? Alguns me interessam, mas muito poucos, diria que não mais de quatro ou cinco. Gosto em termos gerais do Brasil, mas é mais devido aos amigos que tenho aí; não posso dizer que esteja orgulhoso do país. Não sinto grandes saudades da América Latina morando aqui fora. Tenho mais curiosidade em conhecer a Austrália ou o Japão do que a Guatemala ou o Peru. Devo sentir-me culpado?

Os judeus falam em "self-hating jews", isto é, pessoas que odeiam ou rejeitam a própria cultura e religião. Seria também o meu caso em relação à latinidade? Bem, na verdade, eu não odeio nada. Simplesmente não me identifico demasiado com essa cultura alegre e faceira, só não sei por quê. Talvez eu devesse ter nascido em algum deprimente país escandinavo. (Tampouco posso dizer que me identifique com a cultura norte-americana, no entanto. E não nego ter várias características brazuco-latinas, como a preguiça, a impuntualidade e a informalidade.)

Sei que meu caso não é único, e que são vários os que têm esse mesmo sentimento ambíguo em relação ao Brasil e à América Latina em geral. A maioria do pessoal de classe média aí no Brasil que conheço odeia carnaval e capoeira, não assiste cinema brasileiro e tem referências culturais que vêm quase todas de fora.

Pergunto-me: será que, ao menos desta vez, os esquerdistas não estão corretos? Será que os que reclamam eternamente do Brasil não são todos uns direitistas antipatrióticos que envergonham-se do país e preferem fazer turismo em Paris e New York? Elitistas que desprezam a Cultura do Povo e preferem formas artísticas burguesas ultrapassadas, ou simplesmente o imperialismo cultural yankee?

Por outro lado, qual a opção? Ser como o cara aí da foto abaixo?

Gulp.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Por que as mulheres gostam de bad boys?

Não tenho uma resposta para a pergunta, mas a questão vem à luz devido a um pavoroso evento ocorrido na Inglaterra: uma jovem loira, bonita, rica e medianamente famosa (era apresentadora de televisão) conheceu um rapaz via Internet e começou imeditamente um romance com ele. Meras duas semanas depois, a jovem foi estuprada por ele e, quando ela decidiu acabar com a relação, o rapaz - através de um capanga - atirou ácido sulfúrico no rosto dela, desfigurando-a para sempre. Vejam aqui a moça antes do ataque:


E, se tiverem coragem, cliquem aqui para ver como a moça ficou depois.

Uma tragédia, certo? Mas a coisa é mais complicada do que isso. Vejam o rosto do namorado, que não precisou nenhum ataque de ácido para ficar assim:


Talvez eu tenha sido indevidamente afetado pelas teorias de Lombroso, ou talvez a foto do mugshot lhe dá um ar mais ameaçador do que de costume, mas parece-me que qualquer pessoa de bom senso poderia ver que se trata de uma pessoa violenta, ou, como se diz em português, um bad boy.

Mas aceitemos que "as aparências enganam" e que "não se deve julgar um livro pela capa". A moça nem mesmo checou as referências do jovem. Segundo a reportagem, ela viu a foto, soube que ele praticava artes marciais (mais um sinal de possível violência), e sentiu-se imediatamente atraída. Eles saíram juntos poucos dias depois; no segundo encontro ele lhe disse que "a amava". Ela acreditou.

Bem, resulta que o rapaz já tinha estado na cadeia por ter jogado água fervente no rosto de outro sujeito. Se a moça tivesse procurado o nome dele no Google, talvez descobrisse alguma coisa. (Eu não sei vocês, mas eu sempre googleio o nome da pessoa; é impressionante a quantidade de informação que se pode obter sobre alguém). A moça não sabia de seus antecedentes, mas, mesmo depois que começou a perceber que o sujeito tinha ataques de agressividade, continuou a relação.

Poucos dias depois, os dois foram a um hotel, onde o "namorado" a estuprou, deu-lhe uma surra que resultou em um ferimento na cabeça, e manteve-a presa por oito horas. (Ele alegou depois estar sob o efeito de drogas). Porém, a moça não chamou a polícia e, no hospital que a tratou, inventou uma história qualquer em vez de contar a verdade. Bem, sabemos que muitas mulheres continuam tendo relações com homens que as maltratam; em muitos casos, isso é justificado pelo medo de serem mortas em caso de denúncias. É o que ela alega também.

O que aconteceu depois é um pouco bizarro. Segundo a reportagem, nos dias seguintes, o rapaz telefonou várias vezes e mandou dezenas de e-mails pedindo desculpas. A moça aceitou ir a um Internet café para ler os seus e-mails, já que aparentemente sua conexão em casa não funcionava. Disse-lhe, ao telefone, até mesmo como estaria vestida. (Esta parte me parece um pouco difícil de acreditar. A Internet não funcionava? A moça chique não tinha um Blackberry ou similar? E por que a moça responderia como estaria vestida, sem desconfiar da estranha pergunta? Não era mais fácil dizer que veria os e-mails depois, sem especificar quando?)

Bem, o fato é que, a caminho do cybercafé, ela foi abordada por um capanga do "ex-namorado" que jogou-lhe ácido no rosto, desfigurando-a para sempre. (Hoje estão os dois presos, com direito a academia de musculação e uso de celular).

O evento dá margem a várias discussões sobre a sociedade contemporânea. Uns dizem que a culpa é do feminismo e da liberação sexual. Afinal, antigamente uma "moça direita" não sairia com o primeiro sujeito que aparecesse, mas esperaria mais. Que a moça tenha escolhido o sujeito exclusivamente pela atração física e que tenha iniciado uma relação com ele imediatamente parece algo impulsivo e descuidado.

Outros afirmam que é o mero efeito colateral da independência financeira feminina. De fato, antigamente as mulheres precisavam casar, e havia toda uma luta para conseguir um "bom partido", como se vê nos romances de Jane Austen. Hoje, porém, mulheres como Katie Piper têm sua independência garantida, podendo mesmo não casar e dedicar-se a relações com jovens de caráter duvidoso, por mera aventura ou interesse sexual.

Outros ainda colocam a culpa no politicamente correto promovido pelos esquerdistas e pós-modernos, segundo os quais não se deve julgar ninguém. Por essa ótica, sair com um executivo ou com um jovem de baixa instrução fissurado em artes marciais seria a mesma coisa, afinal não devemos discriminar ninguém por sua classe, cultura, origem ou religião - e isso valeria mesmo para o mundo do namoro.

É evidente que a moça não tem culpa e não poderia adivinhar a tragédia que se abateria sobre sua vida; além disso, é admirável a sua coragem e capacidade de recuperação psicológica de fronte a um evento similar; mas também é verdade que uma série de fatores da sociedade atual colocam muitas mulheres ingênuas à mercê de predadores.

E afinal, voltando à pergunta do título, por que certas mulheres gostam de bad boys?

Atualização: novo post sobre o tema.

Abram alas para o governo mundial

Todo mundo hoje já conhece o Foro de São Paulo. Mas alguém ouviu falar no Partido dos Europeus Socialistas? É uma agrupação de várias organizações socialistas da comunidade européia. Eles têm contato direto com o Partido Democrata dos Estados Unidos, e planejam estabelecer políticas a nível mundial.

Pouco mais de um ano após ter votado contra o Tratado de Lisboa, que confere poderes superiores à União Européia, a Irlanda recentemente votou de novo. Por quê? Porque com tudo o que se refere à UE é assim, vota-se até o Povo "acertar". Desta vez os irlandeses foram bons meninos e votaram a favor do pacote. O Tratado de Lisboa é o começo do fim das nações européias, substituídas por um Superestado Europeu. O começo do governo mundial?

Bem... Não é de hoje que a idéia de um governo global flutua por aí. Ela vem sendo promovida incessantemente desde o pós-guerra, com a idéia de que, não havendo nações, não poderia haver guerra entre nações, e portanto haveria paz para sempre.

A ingenuidade da idéia é rebatida já neste artigo de 1953, onde o autor observa que o fim das nações não acabaria jamais com os conflitos humanos, e que simplesmente passaríamos a chamar o conflito entre povos de guerras civis ou de insurreições. De fato, mesmo na Europa é possível que, com ou sem União Européia, o conflito entre locais e muçulmanos termine em uma guerra civil como a dos Balcãs.

E tem outra: para ter poder efetivo de impor a paz, ao invés de ser uma mera ONU da vida, um governo global precisaria ter um poderoso exército global. Pense nas dificuldades disso.

O pacífico governo global é uma ilusão.

domingo, 18 de outubro de 2009

O problema do Rio de Janeiro é o tráfego

Por que Theodore Dalrymple voltou a assinar como Anthony Daniels? Não importa. O que importa é que ele escreveu, tempos atrás, um artigo contrário à liberação das drogas, que parece-me sempre oportuno indicar quando se debate o espinhoso tema.

no Tibiriçá encontro uma interessante discussão sobre a liberação das drogas. Ele parece ser cautelosamente a favor.

Bem, o assunto já foi tema diversas vezes aqui no blog. A única novidade é que agora os traficantes do Rio de Janeiro derrubaram até helicóptero da polícia.

Alguns acham que a legalização das drogas acabaria com o tráfico e seus males, porém eu não sei se a coisa funcionaria exatamente assim. Parece-me ser mais um desses "brilhantes planos de marketing" que são maravilhosos no papel mas fracassam rotundamente na prática. (Para quem não sabe, existe uma coisa chamada "lei das conseqüencias não-previstas").

Evidentemente, eu tampouco tenho uma solução para o problema das drogas, mas não acho que despenalizar o consumo resolva qualquer coisa, ainda mais quando não se despenaliza ao mesmo tempo a venda - ou proíbe-se os dois, ou libera-se os dois, o resto é aumentar a demanda e portanto a oferta.

É claro que muitos gostariam de poder continuar a fumar o seu baseado ou cheirar sua carreirinha sem sentir-se culpados pela morte de milhares de pessoas na guerra pelo mercado da droga. Lamentavelmente, a coisa não funciona bem assim. Como dizia John Donne, nenhum homem é uma ilha, e mesmo ações individuais ou "crimes sem vítimas", quando multiplicados por mil, dez mil ou cem mil, têm conseqüências bastante nefastas. Como mínimo, a liberação das drogas traria uma explosão do seu consumo, e os costumeiros problemas sociais e de saúde que conhecemos muito bem.

Na verdade, acho que a solução de Cingapura é melhor. Penas draconianas para os usuários, e ações rigorosas contra os traficantes.

A Colômbia, também golpeando fortemente traficantes e terroristas, teve algum êxito em reduzir a violência relacionada ao tráfico: em 2001 a taxa de homicídios por 100.000 era de 65, em 2008 caiu a 35.

Eu iria mais longe e observaria que as mortes dos ataques do Hamas e demais terroristas palestinos em Israel ficam muito aqüém das mortes causadas pelos traficantes cariocas. Porém, Israel revida e aqui... Por que hesita-se tanto em usar o exército contra os terroristas locais?

Estranho. Pareceria até que alguns são a favor do crime organizado.

P. S. Quis escrever "tráfego" mesmo. O título do post é citação de uma cena de Johnny Stecchino. Assistam.

Poema do domingo

Scatological observations

Young romantic readers
Skip this part of the book
If you want a glimpse of life
You're free to take a look

Shit machine shit machine
I'm an incredible shit machine
Piss machine Piss machine
Inexhaustible piss machine

Piss & shit machine
That's the Golden Mean
Whether young or old
Move your bowels of Gold

Piss & shit machine
It always comes out clean
Whether you're old or young
Never hold your tongue

Chorus
Shit machine piss machine
I'm an incredible piss machine
Piss machine piss machine
Inexhaustible shit machine.

Brown or black or green
everything will be seen
hard or soft or loose
shit's a glimpse of truth

Babe or boy or youth
Fart's without a tooth
baby girl or maid
Many a fart in laid

Shit piss shit piss
fuck & shit & piss
Fuck fart shit Piss
It all comes down to this

Beautiful male Madonnas
Wrathful Maids of Honor
To be frank & Honest
Stink the watercloset

Shit machine piss machine
Much comes down to this
Piss machine shit machine
Nature's not obscene

Shit piss shit piss
How'll I end my song?
shit piss shit piss
Nature never wrong

Allen Ginsberg (1926-1997)

sábado, 17 de outubro de 2009

Roleta russa

Leio sobre um curioso acordo dos EUA obamístico com a Rússia:
As part of the next arms reduction treaty between superpowers, the United States has tentatively agreed to unprecedented Russian access to American nuclear missile sites. According to published accounts, Russian weapons inspectors will be given an open door to American nuclear sites in order to monitor the number of missiles and warheads. Russian Foreign Minister Sergei Lavrov is quite satisfied with the deal. Perhaps it is an error of omission, but there is no news of a similar concession from the Russian side.

Entenderam? Agentes russos poderão monitorar a destruição dos arsenais nucleares americanos. Americanos não poderão fazer a mesma coisa com os russos.

Somem essa notícia com esta outra, segundo a qual Obama pretende renunciar à possibilidade de realizar ataques preventivos de modo a afirmar definitivamente que ele "não é o Bush."

E colocai no caldo indigesto de vossos atuais pensamentos esta outra notícia, segundo a qual os russos afirmam que eles sim poderão realizar um ataque preventivo, até mesmo com armas nucleares, caso se sintam ameaçados.

E lembrem ainda que: a) o Irã, aliado da Rússia, afirmou pela milésima vez que não vai parar seu programa nuclear; b) a coisa está fervendo no Paquistão (outro país nuclear, não esqueçam, e aliado da China); c) agora até a Turquia praticamente declarou-se abertamente inimiga de Israel e EUA.

Eu achava que era mera paranóia, mas começo a achar que os blogueiros ensandecidos que publicaram a teoria têm razão: Obama quer que os EUA sejam atacados.

Boa noite de insônia.

Obama's got a gun.