Ontem não tinha nada para fazer e decidi finalmente ver o "Munich" do Spielberg. Parafraseando aquela piada maldosa, o Spielberg quando não caga na entrada, caga na saída. Perdão pela expressão, mas, francamente - depois de ter estragado um conceito interessante do Kubrick em A.I. com um filme chorumela, ele ataca novamente: Munich até que tem cenas boas e poderia ser um ótimo thriller de espionagem se simplesmente se limitasse a fazer o seu trabalho. Mas aí Spielberg (ou o roteirista Tony Kushner) estraga tudo com um terço final chato, longo e irritante no qual explora a "ambiguidade moral" e o "sentimento de culpa" do personagem, tenta "mostrar os dois lados da questão", inclui uma cena de sexo gratuita intercalada com o massacre realizado pelos terroristas, não conclui o drama e deixa por isso mesmo.
Para piorar, o filme termina com um plano mostrando as torres gêmeas, dando a entender que o "ciclo de violência" continua. Eis o problema dos esquerdistas: não conseguem fazer um filme que não tenha alguma lição de moral "progressista" no final. O que o atentado às Torres Gêmeas realizado pelo grupo wahabista sunita Al-Qaeda tem a ver com a caçada israelense aos assassinos de seus atletas nacionais em Munique? Bem, talvez que os constantes atentados contra Israel e os atentados contra os EUA fazem parte da mesma jihad global contra os infiéis, mas não acho que era isso que Spielberg queria dizer.
Evidentemente, quase toda a história do filme foi absolutamente inventada; ninguém sabe como realmente ocorreram os assassinatos. Os agentes do Mossad certamente não ficavam chorando pelos terroristas que matavam, ou teriam se dedicado a outro trabalho mais gratificante. O informante mágico "Papà" e Louis são claramente delírios de Kushner, um judeu esquerdista e gay novaiorquino, mais conhecido como o autor de "Angels in America" (outro trabalho com moralizações esquerdistas de dar dó).
Alguna acharam que o filme faz "equivalência moral" entre os terroristas e os agentes do Mossad. É verdade, mas isso nem me incomodou tanto. Está até certo mostrar os tais "dois pontos de vista". O problema é que no fim das contas o filme de Spielberg parece não ter ponto de vista algum, fora a crítica ao "ciclo de violência", e termina como que no meio, sem concluir nada nem decidir nada.
O poeta Robert Frost disse certa vez que um liberal (na acepção americana do termo, ou seja, aqueles que hojem se auto-denominam "progressistas") - enfim, o poeta disse certa vez que um "progressista" é um sujeito tão mas tão imparcial que não consegue nem tomar o próprio lado numa briga.
No cinema, como na vida, o povo não gosta de um herói indeciso que fica se torturando. Já pensaram se o Capitão Nascimento a cada tortura ficasse pensando, "Xi, será que o tal do saco é moralmente ético ou não?"
O povo gosta é do herói dando porrada nos vilões.
O povo gosta é do agente bonzinho mandando bala no terrorista malvado.
O povo gosta de Charles Bronson.
O povo gosta de Clint Eastwood.
O povo gosta de Bruce Willis.
Se o filme não tivesse esse chato terço final, teria feito muito mais sucesso.
(Aqui uma crítica interessante ao filme, escrita por uma atleta israelense que conhecia os atletas assassinados e por pocuo não esteve nas Olimpíadas de 72 também).
2 comentários:
O filme não é uma maravilha. Mas é bom o suficiente para mostrar que aqueles acontecimentos foram vividos por pessoas, que erram e acertam. Alguns(terroristas) mais que outros(Mossad).
Pelo seu ponto de vista o melhor é fazermos filmes sem moral, rasos, planos, sem questionamentos. O lance é meter o pau em qualquer um que discorde do nosso ponto de vista.
Lamentável.
Deve ser por isso que não tenho "heróis". hehehe
Oi Arnoud!
Até acho bacana filme com questionamentos.
Porém, nesse caso, a fórmula era (ou começava) como thriller, e depois parece que quis virar drama, se perdeu, enrolou, ficou chato, daí a minha crítica, mais do que a motivos políticos.
Curioso que também tinha a história do bebê, talvez por isso relacionei com Tropa de Elite.
Nesse sentido, acho Tropa de Elite melhor: o personagem não se questiona, mas o espectador SIM questiona suas ações, por vezes brutais. Funciona melhor, acredito. Não concorda?
Abraço
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