terça-feira, 20 de maio de 2008

Negociar ou não negociar?

Acho que existe uma grande confusão com essa história de "negociar" com o Irã, Hamas, Síria, etc. O fato é que o próprio ato de "negociar" parece estar sendo considerado por Obama, pela mídia e pelos especialistas de plantão como um ato moralmente correto e elogioso em si mesmo - independentemente daquilo que se negocie.

E o problema é que pessoas como os pacifistas mais radicais não fazem diferença entre "amigos" e "inimigos", ou entre "meu país" e o "país que me ameaça". O que lhes importa basicamente é que "não haja guerra". Mas se o Irã se dá melhor na negociação, ou os EUA se dá melhor, não parece lhes importar. E esse é o grande erro.

Há vários modos de negociar, depende qual é o meu objetivo. Se meu objetivo é apenas "não quero guerra", vou me dobrar as exigências do outro, e isso sem ter qualquer garantia que ele vá cumprir sua parte do tratado. Foi o que aconteceu com Hitler, com Saddam, com o Hamas, e com praticamente qualquer outro ditador com o qual se tentou dar aquilo que ele queria a troco de meras promessas de paz. Se a ameaça de força é recompensada, naturalmente que esta vai continuar. Seria insanidade esperar o contrário. Se Hitler conseguiu a Sudetenland com uma mera ameaça, porque não invadiria a Polônia?

Agora, se o meu objetivo é "não quero que o Irã tenha armas nucleares", aí ao menos já começamos de um outro patamar. Podemos dizer, sei lá, "você não desenvolve armas nucleares e nós compramos seu petróleo". Mas como garantir que o outro realmente não produza armas nucleares, não use a conversa como mera forma de ganhar tempo? Apenas com a ameaça de força. "Se os reatores não forem desmantelados agora, vamos lançar bomba". Tal ameaça, naturalmente, precisa ter credibilidade. As conversas da ONU e da UE com o Irã não deram em nada porque - o que a ONU pode fazer se o Irã não cumprir sua parte? Mandar uma carta ameaçadora? Enviar os cascos azuis para que estuprem algumas criancinhas iranianas?

Mas há ainda outro problema, que é: você precisa conferir que o outro cumpra a sua parte do tratado. Isso é particularmente difícil no caso do Irã e dos regimes ditatoriais em geral, onde não há acesso à informação completa sobre o que eles realmente estão fazendo. A Coréia do Norte, por exemplo, obteve sua bomba após um famoso acordo com o governo Clinton.

Finalmente, está o caso de que o outro lado não queria negociar, ou que seu projeto seja tão radical que não haja como obter um acordo. O Irã diz que quer destruir Israel. Isso talvez seja negociável para a Europa ou até mesmo para os EUA de Obama, mas definitivamente não o é para Israel.

Ou o Hamas, com o qual analistas europeus e obamistas americanos acham que podem "negociar". É claro, é fácil negociar quando você não é a vítima direta dos ataques. Mas leiam dois breves trechinhos da cartilha do Hamas:
Hamas has been looking forward to implement Allah’s promise whatever time it might take. The prophet, prayer and peace be upon him, said: The time will not come until Muslims will fight the Jews (and kill them); until the Jews hide behind rocks and trees, which will cry: O Muslim! there is a Jew hiding behind me, come on and kill him!

I swear by that who holds in His Hands the Soul of Muhammad! I indeed wish to go to war for the sake of Allah! I will assault and kill, assault and kill, assault and kill!

Às vezes é melhor bombardear primeiro e negociar depois.

2 comentários:

Daniel F. Silva disse...

É duro, mas é verdade.

Mr X disse...

Vivemos em tempos bem curiosos... Vamos ver no que tudo isso vai dar.