quinta-feira, 24 de julho de 2008

Obama para presidente do mundo

Obama discursou hoje em Berlim para um público de centenas de milhares de pessoas. Os alemães, até onde sei, não votam nas eleições americanas nem são demasiado confiáveis em suas preferências eleitorais: já elegeram Hitler.

Obama falou em paz, mudança, futuro, harmonia. Só faltou cantar. Mais do que qualquer outra já vista, a campanha de Obama parece a turnê de um rock star. McCain praticamente desapareceu: as eleições são um referendo, um confronto de Obama com seu próprio ego, e só pode perder para si mesmo.

É cada vez mais provável que vá ganhar as eleições, ao que se seguirá, naturalmente, um grande desencanto lá por meados de 2009. O homem do cavalo branco, ou seria preto, só pode manter as esperanças do povo acesas enquanto está ainda lá longe no horizonte.

Surpreende-me o número de pessoas que caem no conto de "hope" and "change", como se não tivessem sido repetidas milhares de vezes por políticos ao longo dos anos. Mas é assim mesmo: no fundo, queremos ser enganados, queremos crer que daqui pra frente, tudo vai ser diferente...

Vivemos em um mundo em que os políticos não mais representam os desejos dos cidadãos, se é que alguma vez representaram. Obama diz simplesmente o que o público quer ouvir. Mesmo que o público seja diverso. Diz uma coisa aos brancos e outra aos negros; uma coisa aos israelenses e outra a palestinos. Diz que é contra e ao mesmo tempo a favor das forças militares no Iraque. As contradições não importam. Obama é um símbolo. Obama será eleito ou não em base a como ele faz as pessoas se sentirem consigo mesmas, não em base às suas políticas:

A nação quer baixar o preço da gasolina; Obama promete aumentá-lo, mantendo o veto à abertura de novos poços de petróleo. A América quer ver os imigrantes ilegais pelas costas; Obama promete não somente anistiá-los, mas dar-lhes assistência médica com o dinheiro dos contribuintes. A nação quer menos impostos; Obama promete criar mais alguns. Se milhões de cidadãos americanos que pensam e querem o contrário de Obama juram votar nele para presidente, não é por causa do que ele promete, mas a despeito de ele lhes prometer até mesmo o inferno. A atração da imagem hipnótica é mais forte do que o cálculo de custo-benefício.

Já vimos essa operação ser realizada no Brasil, com base na imagem estereotipada do “presidente operário”, contra cujos crimes e perfídias já ninguém pode levantar uma voz audível, pois, arrastados pela chantagem psicológica, todos se acumpliciaram de algum modo ao ritual de sacrifício ante o altar do ídolo.



3 comentários:

Anônimo disse...

chose seu blog ta maneiro ! analises perfeitas ! tinha esquecido como vc é brilhante e...cinico !
a tournée européia de obama é o exemplo mesmo dessa "chantagem psicologica" que vc citou ! e o pessoal aplaude...em paris nao vai ter show, so almoço en petit comité...mas frances tem espirito de porco : nao aplaude e ainda duvida, cartesianamente...))
estive la na terra de obama...acho que ele nao ganha, pessoal lamenta hillary...so do I !

beijos xxx

Anônimo disse...

ela voltou....

Mr X disse...

Oi confetti!!! :-))))))))))))))

Esteve na terra de Obama? Onde é isso? Perto da terra de Marlboro?