segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Sympathy for the FARC




Nos anos 60 os Rolling Stones cantavam "Sympathy for the Devil" (a música virou um hito da contracultura e uma gravação da música foi filmada por Godard). Hoje há quem tenha simpatia pelas FARC. Tal simpatia pode ser explícita, no caso de alguns elementos mais radicais (ou mais jurássicos) da esquerda radical, alguns dos quais chegam mesmo a negar, contra toda evidência, que as virtuosas FARC estejam pudessem estar envolvidas com o narcotráfico (embora apoiem suas ações violentas e sua ideologia marxista). Mas em geral trata-se de uma simpatia que é demonstrada de modo mais sutil, menos explícito.

Essas pessoas dirão, "Não apóio as FARC, mas..." - e segue-se um longo arrazoado de apoio às FARC, sublinhado por ocasionais críticas aos seus métodos (como se fosse possível criticar seus métodos sem criticar seu objetivo, isto é, a tomada do poder e a implantação de uma ditadura socialista).

Outras pessoas não manifestam apoio direto às FARC, mas criticam longamente o Uribe, dando a entender que as ações seu governo e a ação das FARC são exatamente a mesma coisa. Como se um não fosse um presidente eleito com apoio popular de 80% e o outro grupo um bando de marxistas radicais vivendo na total ilegitimidade e sem qualquer apoio popular (falo do povo, não de intelectuais esclerosados).

Outros ainda - os auto-proclamados realistas - insistem que não apóiam as FARC, mas que no entanto se deve ceder território a elas, já que "é impossível vencê-las". Bem, também havia quem dizia que "era impossível vencer o Sendero Luminoso", e hoje quem ouve falar desse grupo de perdedores?

Uma das diferenças entre a esquerda européia e a esquerda latino-americana é que a esquerda européia ao menos não tem essas ilusões revolucionárias de araque. Tendo sobrevivido ao terrorismo marxista nos anos 70 (bem como ao próprio socialismo no Leste Europeu), há pouco interesse em reviver tais épocas. Mesmo um jornal 100% pró-Zapatero como El Pais vai escrever uma matéria sobre as FARC que fica a anos-luz de qualquer coisa publicada aqui por nossa imprensa covarde e burocrática. E, como vimos, mesmo o Zapatero vai apoiar seu adversário de direita quando enfrentado com um bufão como Chávez. É uma das diferenças entre a esquerda de lá e a esquerda de cá (embora a esquerda de lá também tenha suas políticas negativas, como veremos em posts a seguir).

ATUALIZAÇÃO: Ótimo artigo do já citado El Pais, que mostra como os idiotas simpatizantes das FARC são em sua maioria mauricinhos estrangeiros que moram muito longe da Colômbia.

3 comentários:

Pax disse...

Interessante. Mas calma lá, não esqueça que pouco tempo atrás havia vários movimentos na Europa que cometiam barbaridades, como o Bader na Alemanha, pra dar um único exemplo.

Sim, a América Latina é um tanto atrasada até nisso é, mas vamos devagar nas pedras nessas análises poluídas pelo anacronismo vermelho-azul.

Anônimo disse...

tudo de origem na KGB..

Anônimo disse...

Mr.X:

Gostaria de dizer que as FARC não enganam mais ninguém...

Mas aí me recordo do último Forum Social Mundial, para o qual a guerrilha mandou representantes oficiais, aplaudidíssimos, como seria de se esperar.

O Oliver Stone, por sua vez, diz que são "um grupo de camponeses lutando por terras".

Incrível que um bando terrorista de traficantes ainda consiga encantar tão amplos setores da esquerda, a despeito da indigência intelectual da canhotada...

Cordialmente,

RAdS.