domingo, 13 de janeiro de 2008

O horror, o horror!

Em um texto dramaticamente intitulado "Burocratas do horror", o blogueiro Marcos Guterman faz referência a uma notícia e editorial publicados no jornal esquerdista israelense Haaretz:

Os meninos palestinos Ahmed Samut, de dois anos, e Sausan Jaafari, de nove, foram com os pais ao posto de fronteira de Erez, na última terça-feira. As duas famílias de Gaza precisavam entrar em Israel porque os meninos, que sofrem de gravíssimos problemas cardíacos, tinham cirurgia marcada num hospital israelense – que oferecera a operação de graça para eles. Numa decisão absolutamente desumana, as autoridades no posto impediram que os pais das crianças entrassem em Israel, por serem jovens demais – perfil característico dos terroristas palestinos, segundo os critérios israelenses. Apenas Sausan e Ahmed tiveram permissão para passar.

Os meninos foram tirados dos braços de seus pais e tiveram de cruzar sozinhos o posto de fronteira, situação que causou estupor em Israel.

Que horror! Ou melhor: quelle horreur! Duas crianças palestinas foram tratadas DE GRAÇA em Israel sem a companhia dos pais. Já há nos comentários do blogueiro quem, com grande originalidade, compare as políticas de Israel às táticas nazistas.

Desnecessário dizer que as tais "táticas nazistas" incluiriam provavelmente oferecer tratamento de graça no spa de Auschwitz.

Mas é preciso retificar a notícia.

Em primeiro lugar, a informação de que uma criança de dois anos teve que cruzar até Israel "sozinha" é mentira, até porque seria impossível: um tio o acompanhou.

Em segundo lugar, por mais negatividade que se trate de dar à notícia, o que ela revela é: crianças de Gaza (uma entidade hostil) são tratadas de graça em Israel. Quando crianças judias forem tratadas pelos palestinos talvez haja alguma notícia mais inspiradora.

Em terceiro lugar, sim, há burocratas idiotas em todas as partes, e talvez nesse caso os responsáveis tenham demonstrado zelo em demasia. Mas é preciso esclarecer que as suspeitas não são de todo infundadas. Não é a primeira vez que pacientes palestinos tentam se explodir. Uma paciente (que já havia sido tratada em um hospital israelense) voltou para tratamento carregada de explosivos, e por sorte foi detida. Acham que ela se arrependeu? Vejam este vídeo...

Marcos Guterman é, acredito, judeu. O jornal Haaretz (que é onde foi publicado o editorial que Marcos apenas reproduziu) é israelense. Não é estranho que tenham uma postura crítica perante Israel. Afinal, o país é condenado a torto e a direito por todos os bem-pensantes do universo, e sair em sua defesa é uma coisa que pode ser bem complicada; até por que, muitas vezes, Israel efetivamente toma algumas medidas bastante drásticas.

O que não dá é pra cair no sensacionalismo: oferecer tratamento de graça a palestinos não é uma delas.

Será que esta é uma das crianças tratadas?

2 comentários:

Anônimo disse...

Mr. X,
muito oportuna sua intervenção lá no blog do "Melhor dos Homens". Como você apontou, a notícia saiu pela metade e perdeu atá a razão de ser postada, uma vez que um parente acompanhou as crianças. Do jeito que foi publicada, parecia que os pais impedidos de entrar, "deixaram as crianças no portão" e elas foram sozinhas e a pé até o hospital, quiçá a alguns a kms. de distância.
Fora disto, como poderia entrar em contato contigo? No teu blog não tem e-mail.
Um abraço,

Macabeu

Mr X disse...

Olá Macabeu.
Obrigado por suas palavras.
O email do blog é orbister@gmail.com.
Um abraço,