Muitos, por exemplo, aceitam como verdadeira a noção de que "o capitalismo gera pobreza". Ainda não consegui que ninguém me explicasse como é que isso ocorre. Ora, antes do capitalismo por acaso não existiam os pobres? Consta-me que já nos tempos bíblicos havia os que tinham menos e os que tinham mais. No fim das contas, a "pobreza" nada mais é do que a ausência de riqueza, e a riqueza é algo que é (ou deve ser) constantemente gerado. A visão de que o "rico" estaria tirando do "pobre" é apenas ingênua: a riqueza não é uma quantidade X da qual necessariamente se tira de um para dar ao outro. É também por isso que a idéia de "distribuição de riqueza" é uma falácia. Você pode até "distribuir" entre todos os membros de uma sociedade a riqueza que existe hoje, mas vai dar muito pouco para cada um, e amanhã a tal igualdade já vai desaparecer (uns vão poupar, uns vão investir, outros vão gastar o dinheiro em cachaça, etc.)
Muitos ainda afirmam - sem comprovar - que o capitalismo deixaria os "ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres". Não é verdade: tanto ricos quanto pobres enriquecem com o capitalismo, o que acontece é que há alguns que enriquecem (muito) mais do que outros, e portanto gera-se uma tendência à desigualdade social. Mas, na realidade, o crescimento é geral:
De acordo com o Nobel Robert Fogel, a desigualdade social nos EUA caiu para um terço do que era entre 1870 e 1970. (...) Segundo um estudo de Michael Cox e Richard Alm, a proporção de pobres nos EUA caiu de 31% em 1949 para 13% em 1965 e chegou a 2% ao fim dos anos 80.
Devemos observar ainda que a pobreza é sempre relativa: um pobre nos EUA é diverso de um pobre na África. Mesmo no Brasil, um favelado médio de hoje tem televisão, fogão, microondas, telefone celular, etc.
Isso não quer dizer de modo algum que o capitalismo seja um sistema perfeito ou que não tenha os seus graves problemas. Pode até ser o responsável pela decadência cultural e moral atual do Ocidente. Observem o que argumenta o Olavo de Carvalho na sua última coluna:
O capitalismo não é uma cultura: é um conjunto de relações econômicas que se desenvolve dentro de uma cultura preexistente e a ela se adapta, renovando-a e fortalecendo-a. Se, ao contrário, ele busca sufocá-la e substituir-se a ela, é ele quem se atrofia e se torna indefeso ante a tentação socialista.
A história recente dos EUA confirma isso tanto quanto a sua história mais remota confirma os laços entre capitalismo e tradição. A debilitação da crença religiosa e das afeições comunitárias veio junto com o crescimento avassalador do Estado-babá que não se satisfaz com o controle da economia mas quer se meter em todos os assuntos da vida privada. Isso deveria bastar para ensinar aos liberais ateus que os belos ideais do seu iluminismo “científico”, se realizados, não conduzirão a nenhum paraíso de liberdade, mas apenas contribuirão para tornar a descrição marxista do capitalismo uma profecia auto-realizável. Lukács e Gramsci, por seu lado, estavam certíssimos ao notar que o principal obstáculo à revolução socialista não é a economia capitalista em si, mas as tradições culturais e religiosas que lhe servem de moldura protetiva.
Um comentário:
Marx já está morto, esqueceram foi de enterrar.
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