Por engano, publiquei este "poema do domingo" no sábado. Qualquer dia é dia de ler poesia, é claro, mas como tradicionalmente publico os poemas no domingo, recoloco-o aqui...
VERSOS ÍNTIMOS
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
5 comentários:
Prezado Mister,
fico me perguntando qual estado de espírito te levou para os amargos versos de Augusto dos Anjos?
Excelentes, por sinal.
Alguma provação?
Delusion?
Trazendo-os, quiçá inapropriadamente, para o campo mais amplo(?) das relações entre os povos, duas linhas me parecem perfeitas para exemplificar o que se passa entre Israel e árabes palestinos:
"(...)Mora, entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera."
E assim mesmo, nem tão fera, como alardeiam os "humanistas" fascinados e focados quase que exclusivamente na "perversidade" israelense de hoje.
Difícil assistir tais retorcimentos de indignação ante crimes bem mais extensos e brutais, - talvez por mais distantes da midia, talvez por menores em importância geo-política, ou talvez porque os indignados não tenham contato algum com pessoas que pertençam aos povos envolvidos.
No entanto, nenhum desses "talvezes" satisfaz minhas dúvidas. O buraco parece estar mais embaixo.
Mister, não desistas do teu blog. Seu formato é atrativo e traz temas que interessam, - pelo, menos (modestamente) a mim.
Não tens um contador de freqüência? (Ops! Parece que o trema foi abolido nessa última reforma ortográfica). Não que precises exibi-lo, mas pro teu próprio controle, se não estiveres seguro do teu público, que a meu ver deve estar sendo razoável. Suponho que manter um blog dê um trabalhão, e às vezes o blogueiro pode sentir-se desanimado ante a falta de comentários, o que não implica em falta de leitores.
Fica o meu abraço
kkkkkkk Minha mãe vivia recitando este poema pela casa! Foi ótimo relembrar! :-)
Hahaha Oi kct! Na verdade lembrei do poema porque o Brancaleone (lá do blog do PD) diz que odeia poesia, e esse é o único poema que ele gosta. Gosto também! Tem certo humor negro.
Oi Cecilia,
Obrigado pelos comentários. Realmente devia colocar um counter.
O blog é útil para anotar a loucura cotidiana com alguns comentários. Às vezes desanima, é verdade, mas vou seguir enquanto tiver paciência. Leitoras como você ajudam! :-)
Pô!!!
Essa aí eu gosto!!
E olha que eu odeio poesia, odeio poetas e odeio que gosta de poesias...
Hahahahaha! Oi Brancaleone! :-D
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