quarta-feira, 22 de abril de 2009

A traição dos intelectuais

Por que os intelectuais gostam tanto do comunismo e de outros modelos autoritários?

Com este artigo no Ordem Livre, fica bastante claro. O ódio ao burguês, grito de guerra dos intelectuais - épater la bourgeousie - durante os vários movimentos modernistas, é o ódio e a inveja à superioridade econômica da classe capitalista por excelência, o industrial, o comerciante, o homem de negócios.

O intelectual quer o que todo mundo quer: dinheiro, prestígio e mulheres. Não o tendo por meios naturais, precisa obtê-lo à força. O melhor modo é através de um governo burocrático no qual ele seja a grande autoridade:

Em uma sociedade socialista, em dúvida, seriam os intelectuais forjadores de palavras que nutririam as burocracias governamentais, que indicariam a política a seguir e supervisionariam sua execução. Uma sociedade socialista, pensam os intelectuais, é aquela em que eles governariam, idéia que lhes parece atraente, o que não é nenhuma surpresa (recordemos que Platão, na República, define a sociedade ideal como aquela em que governam os filósofos.)

Em 1927 Julien Benda escreveu um livro chamado La Trahison des Clercs, que poderia ser traduzido como A traição dos intelectuais. Segundo Benda, os intelectuais europeus da época estariam sendo seduzidos por movimentos autoritários como o fascismo e o comunismo, ao lugar de defender os valores clássicos vindos do mundo greco-romano e da moral judaico-cristã; daí, a traição.

Bem, essa traição continuou ao longo de quase todo o século XX, com os vários intelectuais fãs de carteirinha de Stalin, e hoje se apresenta na forma da crítica contínua aos valores tradicionais, bem como a defesa de Obama, da ONU, do multilateralismo e do multiculturalismo.

Há hoje, segundo alguns, uma grande aliança entre intelectuais, yuppies esquerdistas e uma nova subclasses de minorias (imigrantes ilegais, etc.) contra a classe trabalhadora e classe média.

Por que ocorreria isso? Por que, para essa elite cultural e econômica, o modelo mais conveniente é uma espécie de feudalismo, em que há claramente uma classe superior aristocrática, e uma classe de servos, formada por imigrantes ou minorias dependentes do Estado, que não ameaça de modo algum o seu poder econômico e político.

Se isso é real ou mera fantasia paranóica, não sei. O que sei é que a maioria dos intelectuais continua não gostando do capitalismo, e segue tentando desesperadamente buscar alternativas a ele. Algumas já vistas que terminaram em tragédia, e outras novas que provavelmente terminarão da mesma forma.

15 comentários:

Gunnar disse...

"todo mundo"?

Fale por você. Eu não quero dinheiro nem prestígio, e mulher só no singular.

Chesterton disse...

Quer sim, Gunnar, é humano. A falta de vaidades aparentes é prova de vaidades muito maiores.
Mr X, seu blog ainda vai dar o que falar.Muito bom esse post.

Anônimo disse...

Não é nenhuma fantasia paranóica, é real mesmo...

Felipe Flexa disse...

Leia a biografia da sra. Marx, "Jenny Marx". É um tanto quanto mal escrita, mas lá vê-se que Marx, apesar de seu furor revolucionário e a favor do proletariado, gostava mesmo era de conforto, vinhos caros, roupas mais caras ainda. É aquilo: socialismo é sempre pros outros.

Felipe Flexa disse...

A autora da biografia é Françoise Giroud.

Diogo disse...

Eu SÓ quero dinheiro. Para todas as outras existe ...

confetti* disse...

adailton,

"jenny marx ou la femme du diable" mal escrita ?? bem, françoise giroud era uma das mais respeitadas "plumas" da imprensa francesa...vc deve estar lendo alguma traduçao mal feita...

Gunnar disse...

Chesterton, quem é você para me dizer o que quero? Tenho ambições sim, mas elas não incluem dinheiro (exceto o mínimo pra viver) e muito menos prestígio.

Aliás, o que é prestígio? Ser admirado pelos outros? E se eu desprezo os outros a ponto de considerar a opinião deles não só irrelevante, mas mesmo um mal sinal?

E dinheiro, bom, eu já acho (sinceramente) que ganho mais do que devia. Quando minha chefe me chamou e contou que eu seria promovido, quase lhe pedi que, em vez de aumentar meu salário, diminuísse minha carga horária... mas isso não só não funcionaria como ainda seria mal visto e contaria pontos negativos pra mim.

Mas o fato é que valorizo muito mais meu tempo livre do que dinheiro, do qual, aliás, já tenho mais do que suficiente.

Se você baseia sua vida em coisas medíocres como dinheiro e prestígio, problema seu. Só não projete isso nos outros. Admita que existem pessoas com valores mais nobres.

Mr X disse...

Bom, digamos assim. Todo mundo quer alguma coisa, que - acho - pode ser sintetizada sim na maioria dos casos nesses três aspectos: dinheiro (posses materiais), prestígio (seja acadêmico, literário, cientíico, ou na forma de fama, status, etc - mas todo mundo gosta de ser apreciado pelos seus pares) e sexo.

Alguns querem mais, outros contentam-se com menos.

Fora isso, estariam os ascetas que buscam a Iluminação (o conhecimento espiritual). Rejeição dos valores mundanos e materiais.

O que existe além disso, algo de intermediário?

Ter filhos, escrever um livro, plantar uma árvore. Ok.

Mr X disse...

Eu quero dinheiro. :-)

Mr X disse...

Podem depositar no dízimo aí ao lado. ;-)

Felipe Flexa disse...

Confetti, oportuna sua observação. O problema pode ser exatamente este...

Gunnar disse...

Bom, sexo é bacana, mas eu não pego ninguém mesmo, então deixa pra lá...

Agora, dinheiro e prestígio, definitivamente, não.

Tem tanta coisa que é mais subjetiva e mais pessoal, tipo... desenvolver o corpo. Hm.. tá, aqui poder-se-ia argumentar que é pra "pegar mulher".

E que tal tornar-se bom em alguma atividade física (no meu caso, ciclismo)? Não para competir, mas só pelo prazer de superar os próprios limites. É algo que só eu mesmo vejo e saberia valorizar. Não envolve nem dinheiro nem prestígio...

Ou então acumular conhecimento, lendo, pesquisando, etc. Também é algo que, se não utilizado na esfera pública na forma de algum tipo de atividade visível ou rentável, não garante nem dinheiro nem prestígio.

Gunnar disse...

AMIZADES!

Amizades não envolvem nem dinheiro nem prestígio nem mulheres. É doação mútua gratuita de carinho, afeto, cumplicidade e bons momentos.

E acho que é isso que realmente importa na vida.

Mr X disse...

Tem razão o Gunnar, as melhores coisas do mundo o dinheiro não pode comprar.

...para as outras existe Mastercard... hmpf.. :-/