Assistindo um documentário sobre os "pobres seringueiros oprimidos" durante a época da economia da borracha, deparei-me com narrador e intelectuais entrevistados lamentando a exploração e o sofrimento dos pobres trabalhadores, "vítimas do sistema capitalismo e da exploração desenfreada do homem pelo homem".
Imediatamente, no entanto, seguia-se uma entrevista com ex-trabalhadores dos seringais, os quais, contradizendo os intelectuais anteriores, diziam adorar o trabalho e ter saudades daquela época em que trabalhavam nos seringais. Os criadores do documentário parecem não ter-se dado conta dessa contradição, continuando a seguir a discussão sobre os "pobres trabalhadores oprimidos".
Não é a primeira vez que observo esse curioso fenômeno. Percebi que é uma coisa que ocorre freqüentemente e pode ser vista em muitos documentários, mesmo documentários esquerdistas: os intelectuais falando do sofrimento das pobres classes trabalhadoras, mas, estas, quando entrevistadas, parecem estar satisfeitas com o seu trabalho, o qual aliás não trocariam por nada.
Não sei bem como interpretar o fenômeno. Por um lado pode ser simplesmente que, para esses intelectuais, acostumados a empregos públicos e bolsas do governo, trabalhar braçalmente doze horas por dia nada mais é uma forma brutal de exploração (e talvez seja mesmo). Não conseguem entender como para um pobre seja melhor trabalhar em um emprego "explorador" do que morrer de fome, cair na prostituição ou viver de esmola (ou bolsa-família).
Ou talvez seja simplesmente que o intelectual esquerdista tem horror ao batente.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
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8 comentários:
Isso é básico. Junte isso ao fato de ele ser geralmente um bem nascido de má copnsciência....
Eles tem consciência? ;-)
O sistema de aviamento, que era o processo pelo qual se dava a relação entre seringueiros (trabalhadores) e seringalistas (donos dos seringais), era algo que beirava a escravidão.
É verdade, não era nada bacana. Evidentemente, não estou defendendo a escravidão ou as más condicoes de trabalho do ciclo da borracha, talvez eu tenha pego o exemplo errado.
Mr.x e amigos, aqui vai um excelente texto sobre a laborofobia (é isso?) dos esquerdopatas.
http://ordemlivre.org/textos/541
Eu não gosto de trabalhar, assim como não gosto de pagode. Isso faz de mim um esquerdista?
Gosto é gosto, pô, vou fazer o que?
Gunnar você não está só. Sinta-se em cassa. O Chester e o X também não gostam de trabalhar, mas não são esquerdistas.
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