quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Palestinos e curdos
Vejamos agora os palestinos: há 60 anos são subsidiados pela ONU e as grandes potências, são os queridinhos de grande parte da mídia internacional, e todos, de Bush ao mundo árabe, insistem no seu direito de ter um país. Não há, creio, povo pelo qual mais se tenha insistido no direito de ter um país próprio, de modo que às vezes parece que são mais os outros do que eles próprios que desejam um país. Israel, por seu lado, abandonou Gaza, não deixando lá um único judeu. Qual o resultado disso tudo? O que os palestinos chegaram a construir? Educação precária, economia quase inexistente, instituições em frangalhos, corrupção, fanatismo religioso, luta permanente entre Hamas e Fatah e foguetes diários contra Israel.
O que explica tal disparidade? Acredito que dois fatores. Um, os curdos tem uma longa história em comum, são uma etnia e uma cultura claramente diversificadas. Os palestinos, bem, esse termo só começou a ser utilizado a parir de 1967, após a vitória de Israel. Quando as mesmas terras estavam sob "ocupação" egípcia e jordana, não se falava em "palestinos", eram todos árabes. Além disso, as fações palestinas brigam todas entre si, em cenas que parecem saídas do filme "A Vida de Brian". A única coisa que lhes dá uma identidade comum, aparentemente, é a localização geográfica e o ódio a Israel.
Mas o fator mais importante talvez seja outro: os palestinos são como crianças mimadas. Tudo se lhe perdoa, menos caminhar com as próprias pernas e pagar o preço pelos próprios erros. Sustentados pela ONU, pelos EUA e pela Europa, não precisam desenvolver sua economia. E, no entanto, respondem com ingratidão: segundo pesquisas, odeiam os EUA, os europeus e a ONU em quase a mesma medida.
Poucos são os que os criticam por realizar atentados suicidas ou atirar foguetes: no outro dia, um professor de Oxford chegou a afirmar que os palestinos teriam o "direito moral" de realizar terrorismo.
E, no entanto, esses presuntos "defensores do povo palestino" não percebem que estão, na verdade, lhe causando um grande mal. São como os pais de uma criança mimada que, ao não lhe censurar nada nem deixá-la crescer, terminam por gerar um menino mal-educado, que logo (para sua grande surpresa!) se torna um adolescente rebelde e ingrato, e finalmente um jovem adulto drogado, violento, indolente e incapaz.
Como pais equivocados, que no fundo estão mais preocupados com os próprios sentimentos e em mostrar-se ao mundo como "bonzinhos" do que com o bem-estar e crescimento da criança, os piores inimigos dos palestinos são seus supostos defensores.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Conselho
Paradoxo
É mais difícil criticar Sudão, Arábia Saudita, Turcomenistão, Rússia, China, especialmente estando dentro desses países. Censura ou prisão são a norma, como recentemente aconteceu com o poeta de Mianmar que se atreveu a fazer uma brincadeira sobre um dos generais da junta.
Portanto, paradoxalmente, o fato de que haja maior número de críticas aos EUA e a Israel é, de fato, a prova da superioridade e da maior liberdade dessas sociedades.
Não consta que tenham havido passeatas contra Hitler e Stalin.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Um animal as terças
Já quase tinha esquecido do tradicional bicho às terças. Como não tenho tempo de pesquisar, deixo vocês com a já conhecida lula - não confundir com o Lula, já que a própria Wikipedia nos alerta no artigo sobre o animal:
Nota: Este artigo é sobre o molusco. Se procura o presidente do Brasil, consulte Luiz Inácio Lula da Silva.
De fato, o presidente do Brasil, apesar das aparências, não é um molusco, mas um mamífero (estatal), com as particularidades de ser nonadigitado e não saber jamais de nada.
Já a lula (loligo vulgaris) é um animal bastante inteligente e ágil. Como todos os cefalópodes, caracteriza-se por possuir cabeça diferenciada, simetria bilateral e tentáculos com ventosas. A lula tem dez tentáculos, dos quais dois se destacam. Tem ainda a capacidade de expelir tinta como resposta a uma ameaça. Move-se por intermédio de propulsão, ejetando grandes quantidades de água armazenadas na cavidade do manto, através de um sifão de grande mobilidade e capacidade de direcionamento dos jatos. Por esta razão as lulas, com seus corpos altamente hidrodinâmicos, são fortes rivais dos peixes no que se refere à habilidade de natação e manobrabilidade.
Música e literatura (Pausa para reflexão)
Romena filha de judeus sefarditas, viveu grande parte de sua vida em Paris, onde foi estudar música e acabou ficando. Em 1942, com a ocupação dos nazistas, emigrou para a Suiça, mas retornou após a guerra.
De caráter reservado, não gostava demasiado de de exibir no palco, e durante toda a vida teve problemas de saúde. Apesar do talento, viveu modestamente, tendo apenas no final de sua vida conseguido viver exclusivamente dos concertos e gravações.
Teve a sorte, no entanto, de contar com a ajuda de patronos das artes, como a Princesa de Polignac, Winaretta Singer, cuja vida daria um romance: filha do inventor da máquina de costura Singer, Issac Singer, nasceu em New York, viveu em Londres e finalmente instalou-se em Paris. Realizou um casamento de fachada com o nobre Edmonde de Polignac, em acordo beneficial a ambos: ele era homossexual e arruinado financeiramente, ela lésbica e riquíssima.
Entre os convidados aos salões da Princesa de Polignac encontrava-se - naturellement! - o escritor Marcel Proust, que publicou em 1903 uma nota sobre o salão dos Polignac na revista Figaro, e que possivelmente se inspirou no casal para compor algumas páginas de "Sodoma e Gomorra".
E, para fechar o círculo, um dos compositores preferidos de Proust era... Mozart.
Ambientalismo ou nacionalismo?
Vivemos em tempos nos quais, lamentavelmente, tudo é politizado, e com o ambientalismo não poderia ser diferente. Nem vou falar agora do tal "aquecimento global", sobre o qual ninguém parece chegar a consenso algum, salvo que Al Gore deveria consumir menos eletricidade e viajar menos de avião.
Na Argentina, já há algum tempo há protestos de supostos "ambientalistas" contra a construção de uma empresa de celulose no Uruguai, por parte dos finlandeses da Botnia, do outro lado do Rio de la Plata. Os ambientalistas argentinos alegam que a empresa poluiria o rio, que é dividido pelos dois países. A empresa já está em funcionamento e convidou os manifestantes a visitarem suas instalações. O convite foi, naturalmente, recusado.
O que chama a atenção é que o caso serviu acima de tudo para exaltar o nacionalismo mais do que o ambientalismo, fato aproveitado pelos governos para demagogia barata. Se a empresa tivesse sido construída em território argentino, duvido que houvessem tantos protestos. Até porque os níveis de contaminação das águas fluviais nas vizinhanças de Buenos Aires
chegaram a níveis absurdos. Há lixo acumulado até na chamada "reserva ecológica" da Costanera Sur. Nunca houve um protesto sequer.
O mais irônico de tudo é que a empresa Botnia utiliza talvez as tecnologias mais limpas atualmente existentes, que são recomendadas por lei pelo próprio governo argentino, enquanto grande parte das empresas argentinas polui sem seguir tais diretivas. Os "ambientalistas" (na realidade piqueteiros muitas vezes pagos pelo governo), no entanto, agem como se o Rio de la Plata, antes da instalação das papeleiras no Uruguai, fosse o rio mais limpo do mundo...
domingo, 27 de janeiro de 2008
Tapa-se sol com peneira, tratar com Mohammed
É a propaganda palestina realmente tão boa, ou há demasiada gente disposta a acreditar nas maiores enganações?
Vejam esta foto publicada pela Reuters com a legenda "parlamentares palestinos realizam sessão sob luz de velas durante blecaute".
Observem as janelas: é de dia, as cortinas fechadas mal conseguem tapar o abundante sol.
Não apenas as velas eram desnecessárias, como provavelmente toda a "sessão parlamentar", organizada com o único intuito de produzir imagens do parlamento "às escuras". Ou seja, era tudo mais uma encenação idiota, feita para uma mídia cúmplice.
Não é patético? E há quem acredite...
Poema do domingo
Por engano, publiquei este "poema do domingo" no sábado. Qualquer dia é dia de ler poesia, é claro, mas como tradicionalmente publico os poemas no domingo, recoloco-o aqui...
VERSOS ÍNTIMOS
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
sábado, 26 de janeiro de 2008
Política-corretamente imbecil
Após ter censurado "Os Três Porquinhos" por considerá-lo ofensivo a muçulmanos e trabalhadores da construção civil, os juízes britânicos estão de olho em "Chapeuzinho Vermelho", considerado ofensivo aos comunistas, e "O Pequeno Polegar", possivelmente ofensivo aos anões.
Considerou-se censurar "Branca de Neve" também, porém eles seguiram os sábios conselhos da Ministra da Igualdade Racial e do Cartão Corporativo do Governo Lula, Matilde Soares, segundo a qual racismo contra brancos não é racismo.
O veredito final dos juízes não foi publicado, pois poderia ser considerado ofensivo aos idiotas.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
O Ocidente está com Alzheimer
- Neta, como é mesmo o nome daquele alemão que me deixa louca?
- É Alzheimer, vó.
Só pra dar o contra, eu virei de "direita" (ou mais próximo ao conservadorismo e ao "neoliberalismo") quando o mundo inteiro estava se voltando para a esquerda. Não falo apenas da América Latina: a União Européia (chamada por alguns de EUSSR), com suas centenas de burocratas não-eleitos e seus milhares de regulamentos impositivos, é claramente uma idéia de inspiração marxista light; nos próprios EUA, nas eleições deste ano, não há um candidato realmente conservador: Hillary e Obama são os democratas mais à esquerda que já chegaram próximos do poder, e entre os conservadores McCain e Giuliani pouco têm de conservadores tradicionais.
A única parte do mundo que pende para o conservadorismo, ainda que um conservadorismo bem diverso, é o mundo islâmico, que se radicaliza mais e mais. O aumento da mentalidade de esquerda no Ocidente, paradoxalmente, insufla o islamismo cada vez mais, pois não consegue vê-los senão como "coitadinhos", "vítimas do Ocidente", uma "cultura diversa que temos que compreender" e, quem sabe, amar. Haja vaselina.
A mídia é imprestável. Cansei de ler matérias de jornal simpáticas aos terroristas palestinos, e, no Canadá, quando prenderam dez terroristas muçulmanos, sete ou oito deles com o nome Mohammed, saiu uma matéria no jornal local assegurando que a Polícia não tinha idéia do que aquele grupo tão diverso de pessoas tinha em comum. A foto de uma mulher em burca ilustrava a matéria. Não se tratava de ironia.
Ontem, juízes ingleses censuraram uma versão digital da clássica história dos "Três Porquinhos", pois "poderia ofender muçulmanos". Não só isso: como a história mostra porquinhos que constróem casas, os juízes politicamente corretos estavam preocupados também que pudesse ofender os trabalhadores da construção civil. Sério.
Nota: a Inglaterra é o mesmo país em que um hooligan que agride um velhinho de 96 anos cegando-o de um olho volta para casa com uma ligeira reprimenda verbal. Crimes punidos, só os de pensamento.
Enquanto os intelectuais criticam Bush, admiram os líderes socialistas. Enquanto a Coréia do Norte agoniza, Kim Jong Il tem uma fortuna na Suiça calculada em 5 bilhões, seis mansões na Europa, uma na Rússia e uma na China. Enquanto há fome e miséria no Zimbabwe, Robert Mugabe tem alguns milhões nas Ilhas Virgens. Cuba apodrece, e Fidel tem um patrimônio calculado em 900 milhões. Na Venezuela faltam alimentos: não se sabe quanto Chávez acumulou até agora, mas não é pouco, ainda mais agora que além do petróleo está metido no tráfico de cocaína.
Esses são os "heróis do povo". Esses são os líderes amados pela comunidade bacana, de Naomi Campbell a Sean Penn.
Às vezes penso que um véu de loucura desceu sobre o mundo. Dizia Sófocles: "aqueles a quem os deuses querem destruir, eles primeiro tornam loucos."
Talvez os deuses queiram nos destruir.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Crise humanitária
Some staggered back into Gaza carrying televisions, and others sported brand-new mobile phones. In Gaza City, prices of cigarettes - which had skyrocketed during the total blockade of the past week - fell by 70 per cent in a few hours.
Dizem que a falta de cigarros e televisões em Gaza chegou a níveis alarmantes. Foguetes Qassam ainda tem bastante.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
A face do mal
Não tenho idéia se quem está certo é a polícia portuguesa ou o casal britânico, mas espero que a menina esteja viva e possa reaparecer. Enquanto isso, analisando o retrato, o blogueiro português Kropotkine (anarca constipado) observa que "com uma caratonha destas só pode ser um criminoso sem coração sem remorso e dum filme dos irmãos Cohen."
Não sei, não. Acho que tá mais pra David Lynch:
Um bicho às terças
Em dezembro passado, o famoso urso Knut, do zoológico de Berlim, completou um ano de vida. Como se pode ver na foto, mudou bastante desde que era um pequeno ursinho de pelúcia. Hoje tem a pelagem mais escura e pesa mais de cem quilos.
O urso polar (Ursus maritimus) é um mamífero membro da família dos Ursídeos, típico e nativo do Ártico e atualmente o maior carnívoro terrestre conhecido.
Os machos desta espécie têm cerca de 600 kg, mas podem atingir 800 kg e medem até 2,60 m. As fêmeas são em média bem menores, com 200 a 300 kg de massa e 2,10 m de comprimento.
O urso-polar é um animal do hemisfério norte que habita o círculo polar ártico. Ele pode ser encontrado no Alasca, no Canadá, na Groenlândia, na Rússia e no arquipélago norueguês de Svalbard. O habitat natural do animal é a camada fina de gelo, e ele nada muito bem.
A foca é sua refeição preferida, como bem mostra este vídeo aqui:
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Pra quem acredita em numerologia
2006: Lula promete 171 bilhões em investimentos.
2007: 171 cadáveres recuperados após o acidente em Congonhas.
2008: "Secretária Especial de Políticas pela Promoção da Igualdade Racial" (!?) gasta 171 mil com cartão corporativo.
Pallywood
Finalmente alguém confessa publicamente o que já se sabia há tempos: foi tudo uma armação. Um jornalista francês que participou do evento, Charles Enderlin, confessou que:
Arafat não gostava de agulhas, por isso os médicos colocaram uma seringa próxima ao seu braço e agitaram um frasco de sangue enquanto os fotógrafos tiravam fotos.Além disso, é claro que Arafat não podia ser doador, já que tinha AIDS, como os próprios palestinos já admitiram (embora digam que o vírus tenha sido inoculado por agentes sionistas).
ATUALIZAÇÃO: A pedidos da Confetti, corrigi o texto. Enderlin não é fotógrafo, mas jornalista da TF1, e não se pode dizer que seja exatamente "anti-israelense", já que tem a cidadania israelense e mora lá há vinte anos. Não acompanho sua produção e não sei qual é o seu ponto de vista sobre o conflito. O resto das informações estão corretas. Sobre a AIDS de Arafat, a fonte é o seu médico pessoal, Al-Kurdi.
A vitória do Papa
Duzentas mil pessoas foram ontem à piazza San Pietro no Vaticano prestar solidariedade ao Papa. Como se sabe, sua visita à Università della Sapienza em Roma terminou sendo cancelada devido à intolerância de 67 professores que promoveram um abaixo-assinado contra a sua visita, bem como a um grupo de estudantes que iniciou protestos. Devem estar chocados ao descobrir que a maioria da população rejeita suas idéias "liberais". Um dos professores chega a reclamar: "Lamentavelmente os católicos ainda são muito numerosos na Itália".
Estes professores dizem que criticam o Papa em nome da "intromissão em uma instituição laica", mas uma instituição laica deveria, por definição, estar aberta a todas as idéias - inclusive as religiosas. Especialmente no caso de Bento XVI, que além de Papa é um grande acadêmico.
É curioso como esses "secularistas" de pacotilha jamais levantam um dedo para criticar a intimidação muçulmana e seu fanatismo onipresente, mas estão prontos a censurar o Papa na primeira ocasião que aparece. São os mesmos que posam de valentes e de defensores da "liberdade de expressão" quando apóiam a visita de Amadinehjad a Harvard que agora negam o direito de expressão ao pontífice católico. É claro: quem critica religiosos islâmicos corre o risco de ser perseguido com machetes. Criticar ou censurar católicos rende ao máximo uma manchete de jornal...
Similar cambada de idiotas úteis - todos de esquerda, claro, e todos "laicos" ou ateus - querem censurar autores israelenses em visita à Feira do Livro de Turim - autores importantíssimos como Amos Òz, Aharon Applefeld, David Grossman e Avraham Yeoshua - em nome da crítica ao "sionismo". Desnecessário dizer que muitos desses escritores são de esquerda ou pacifistas, ou que nada tem a ver com a política. Não importa: já que para certos críticos Israel não deveria existir, é natural que não deva existir tampouco uma literatura israelense.
A esquerda já foi contra a censura. Hoje, estranhamente, parece ser a favor do obscurantismo.
domingo, 20 de janeiro de 2008
Poema do domingo
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mário Quintana
sábado, 19 de janeiro de 2008
Privatização pública, estatização privada
Desde los años setenta para acá son tangibles los "logros" de las políticas estatistas, que mientras se expresan en fabulosos discursos para la tribuna en realidad han retirado al Estado de los pocos roles que debería cubrir.
Cuando yo iba al colegio, en los setenta, eran pocos los colegios privados. Treinta años después parece que se está produciendo una fuga en masa de la escuela pública.En los setenta, a pesar de la violencia subversiva, la seguridad estaba íntegramente en manos del Estado. Hoy la vigilancia privada no solo cubre empresas y negocios, sino barrios enteros (privados o no) y hasta dependencias estatales.
Falta que se generalice la justicia privada y los ejércitos privados y habrán demolido su propio proyecto por la vía del absurdo. Y después dicen que el neoliberalismo fomenta el sálvese quien pueda. Jé.
Evidentemente, o mesmo fenômeno se verifica no Brasil. Enquanto o Estado se mete em mais e mais negócios que não são de sua conta (controle de armas, "opção sexual", etc.), não consegue fornecer aqueles serviços dos quais deveria, ao menos em parte, se ocupar. O fato é que a educação, a saúde e especialmente a segurança proporcionadas pelo Estado são tão precárias, que o cidadão não tem outra saída se não apelar para meios privados. Isso não vale apenas para o pessoal da classe média, não. As milícias nas favelas são outro exemplo de privatização de um serviço que o Estado é incompetente demais para realizar.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
A decadência da justiça universal
Em Londres, Inglaterra, no ano passado, um velhinho de 96 anos levou uma porrada de um hooligan por ficar atravancando o seu caminho na subida ao trem. O velhinho perdeu um olho. O hooligan foi solto porque o juiz achou que "a sua prisão não contribuiria em nada para proteger a sociedade".
Na Itália, garotas influenciadas por um culto satanista mataram violentamente uma freira. Seis anos depois, estão todas soltas.
Na França, um famoso cantor espancou e matou a mulher em acesso de ciúmes. Está de novo em liberdade após meros quatro anos, tendo "saldado o seu débito com a Justiça."
No Brasil, há tempos os assassinos psicopatas menores de 18 anos são considerados "vítimas" e não podem ser presos. É ainda possível que Champinha volte às ruas.
Tudo isso é resultado de um modo distorcido de entender a Justiça: a noção rousseauniana e esquerdista de que o assassino é apenas uma "vítima da sociedade", de que as penas duras de nada contribuem, o que resulta em penas cada vez mais leves para os piores assassinos, o que resulta por sua vez (para perplexidade dos defensores de tal teoria) em cada vez mais e maiores crimes.
É por isso que eu gosto do Texas.
Dos perfis femininos
Cristina Kirchner é a presidenta da Argentina. Presidenta, note bem. Ela rejeita toda correspondência na qual venha chamada de "presidente".
Yulia Tymoshenko é a primeira-ministra da Ucrânia. Famosa por seu penteado e por ter liderado o país na célebre "Revolução Laranja", ela voltou ao cargo em dezembro de 2007.
Cristina, junto com o marido, está envolvida em diversos casos de corrupção, o mais recente o caso das malas de dinheiro venezolanas que ajudaram a pagar sua eleição. Diz que tudo é armação dos EUA.
Yulia já esteve presa acusada de fraude e contrabando, mas foi solta logo depois. Afirma que era tudo intriga do governo pró-Kremlim da época.
Cristina é a atual líder de um país tumultuado, repleto de pobreza, instituições frágeis e corrupção endêmica.
Yulia também.
Simpatizo com Yulia Tymoshenko. Com Cristina Kirchner, um pouco menos.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Al-Qaeda no Orkut
Justamente por questões de segurança o exército americano pensou por algum tempo em proibir aos soldados de usarem blogs ou serviços tipo MSN Spaces ou Orkut. Não sei como ficou essa história, mas acho que não prosperou: o mundo virtual já está demasiado presente na nossa vida para poder ser controlado.
No mesmo comentário, o blogueiro Wretchard observa que hoje em dia todo mundo tem uma "reputação online", e que é muito difícil apagar o "passado virtual". Sempre tem algum cache do Google ou alguma mensagem em fórum que fica vagando para sempre a nos assombrar... Quem sabe até alguma foto comprometedora com amantes, etc.
Além disso, o próprio anonimato é muito difícil de ser mantido. Muitos não sabem, mas, na realidade, o meu nome verdadeiro não é Mr X. Trata-se de um pseudônimo, ou mais exatamente um heterônimo, na realidade quase uma espécie de alter ego com características bastante diversas da minha personalidade real. Meu nome real não aparece em local nenhum deste blog. E no entanto, analisando uma série de pistas deixadas aqui e ali o longo do tempo, bem como informações de IP, e-mail, páginas visitadas, etc, não duvido que agentes da CIA ou até inimigos do lado negro da força conseguiriam facilmente me localizar e revelar ao mundo minha verdadeira identidade...
Ninguém está seguro em lugar nenhum. Muito menos no mundo virtual.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Um outro Chávez, vítima do terror
Os colunistas bem-pensantes terão farto material para se lamentar contra Israel estes dias, já que as forças armadas do país mataram 20 militantes do Hamas. Não é o propósito deste texto discutir tal operação, deixo isso para outros blogs.
Mais me interessa um detalhe que, na avalanche de protestas que se seguirá, fatalmente passará desapercebido: uma das razões para a incursão foi que, na mesma terça-feira, foi morto por atiradores palestinos o voluntário Carlos Andrés Mosquera Chávez.
Carlos, 21 anos, trabalhava como voluntário em um kibbutz. Não era israelense e nem mesmo judeu: era equatoriano. Eu não sabia, mas há um programa internacional de voluntariado nos kibbutz israelenses, que convida jovens de todo o mundo para participar da experiência; muitos jovens latino-americanos participam. Este ano, os equatorianos tinham o maior número de participantes. O kibbutz em que Carlos trabalhava ficava perto da faixa de Gaza, hoje controlada pelo Hamas. O jovem, que residia há cinco meses no kibbutz e devia ficar apenas mais um mês, estava ajudando a recolher tratores logo após um ataque com mísseis Kassam, frequentes na região. Achou que o perigo maior tinha passado. Levou um tiro. Morreu.
Os outros dois equatorianos que trabalham no mesmo kibbutz já afirmaram que vão permanecer lá.
p.s. Os equatorianos parecem ser um povo azarado: em dezembro de 2006, dois equatorianos que não tinham nada a ver com as picuinhas entre bascos e espanhóis morreram em um atentado do ETA. Agora um equatoriano morre no meio do conflito palestino-israelense...
Um bicho às terças
Este crustáceo de cerca de 60 cm foi encontrado nos esgotos subterrâneos da cidade de Sorocaba, interior de São Paulo, Brasil. A princípio confundido com um parente de Gregor Samsa, trata-se na verdade do isópodo gigante.
Aparentemente o homem que encontrou o animal foi mordido por ele e imediatamente o matou, estando este hoje exposto no zoológico da cidade (o bicho, não o ignorante que o matou achando que era uma barata mutante).
O isópodo gigante vive em águas profundas no oceano e pode ser encontrado nos mares de Santa Catarina, no Sul do Brasil. Não se sabe como foi parar nos esgotos de Sorocaba, e menos ainda como conseguiu sobreviver. Possui sete pares de pernas e, sendo necrófago, alimenta-se principalmente de cadáveres de peixes, mas também caça pequenos seres como esponjas e lulas. A espécie tem 160 milhões de anos, tendo sido portanto contemporânea dos dinossauros.
ATUALIZAÇÃO: O Darwinista alerta que a história de que o bicho tenha sido encontrado nos esgotos da cidade de Sorocaba é mera lenda urbana. O animal foi capturado no fundo do mar mesmo.
Falso bispo quer censurar a Internet
SÃO PAULO - O site Google Brasil foi condenado a tirar do ar as comunidades do Orkut que fazem ofensas ao fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Rede Record, Edir Macedo. A determinação, de 13 de dezembro, mas só divulgada agora, é do juiz Leandro de Paula Martins Constant, da 34 Vara Cível de São Paulo. Em caso de desobediência, o juiz impôs multa diária de R$ 1 mil para cada página com ofensas.Não sou especialista no tema, mas acredito que Dante colocaria o ¨bispo¨ no oitavo círculo do Inferno, junto com os hipócritas e os conselheiros fraudulentos.
No mais, é inútil. Por mais que tentem censurar, não há como ter controle sobre toda a rede, e muito menos eliminar completamente o passado. Vídeos como este continuarão a pipocar aqui e ali:
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
A Conexão Venezuela-FARC
Recentemente foram apreendidas em Portugal 9,4 toneladas de cocaína, camufladas em um carregamento de polvo congelado.
O carregamento vinha da Venezuela.
Junte-se com isso a informação de que o Chávez opera um narcosantuário para as FARC em seu próprio território (ver reportagem do El País que já linkei aqui), e com suas recentes declarações pró-FARC literalmente confessando que tem um relacionamento com as guerrilhas e que “consome pasta de coca todas as manhãs” (o que explica muita coisa…), e tem-se todos os ingredientes para um interessante filme de ação.
domingo, 13 de janeiro de 2008
O horror, o horror!
Os meninos palestinos Ahmed Samut, de dois anos, e Sausan Jaafari, de nove, foram com os pais ao posto de fronteira de Erez, na última terça-feira. As duas famílias de Gaza precisavam entrar em Israel porque os meninos, que sofrem de gravíssimos problemas cardíacos, tinham cirurgia marcada num hospital israelense – que oferecera a operação de graça para eles. Numa decisão absolutamente desumana, as autoridades no posto impediram que os pais das crianças entrassem em Israel, por serem jovens demais – perfil característico dos terroristas palestinos, segundo os critérios israelenses. Apenas Sausan e Ahmed tiveram permissão para passar.
Os meninos foram tirados dos braços de seus pais e tiveram de cruzar sozinhos o posto de fronteira, situação que causou estupor em Israel.
Que horror! Ou melhor: quelle horreur! Duas crianças palestinas foram tratadas DE GRAÇA em Israel sem a companhia dos pais. Já há nos comentários do blogueiro quem, com grande originalidade, compare as políticas de Israel às táticas nazistas.
Desnecessário dizer que as tais "táticas nazistas" incluiriam provavelmente oferecer tratamento de graça no spa de Auschwitz.
Mas é preciso retificar a notícia.
Em primeiro lugar, a informação de que uma criança de dois anos teve que cruzar até Israel "sozinha" é mentira, até porque seria impossível: um tio o acompanhou.
Em segundo lugar, por mais negatividade que se trate de dar à notícia, o que ela revela é: crianças de Gaza (uma entidade hostil) são tratadas de graça em Israel. Quando crianças judias forem tratadas pelos palestinos talvez haja alguma notícia mais inspiradora.
Em terceiro lugar, sim, há burocratas idiotas em todas as partes, e talvez nesse caso os responsáveis tenham demonstrado zelo em demasia. Mas é preciso esclarecer que as suspeitas não são de todo infundadas. Não é a primeira vez que pacientes palestinos tentam se explodir. Uma paciente (que já havia sido tratada em um hospital israelense) voltou para tratamento carregada de explosivos, e por sorte foi detida. Acham que ela se arrependeu? Vejam este vídeo...
Marcos Guterman é, acredito, judeu. O jornal Haaretz (que é onde foi publicado o editorial que Marcos apenas reproduziu) é israelense. Não é estranho que tenham uma postura crítica perante Israel. Afinal, o país é condenado a torto e a direito por todos os bem-pensantes do universo, e sair em sua defesa é uma coisa que pode ser bem complicada; até por que, muitas vezes, Israel efetivamente toma algumas medidas bastante drásticas.
O que não dá é pra cair no sensacionalismo: oferecer tratamento de graça a palestinos não é uma delas.
Poema do domingo
Quando Fores Velha
W. B. Yeats (Tradução de João Agostinho Baptista)
Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre o fogo incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
* * *
When You Are Old
When you are old and gray and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face among a crowd of stars.
sábado, 12 de janeiro de 2008
Dúvida
Enquanto o Chávez diz que as FARC não devem ser consideradas "grupos terroristas" (política que o PT já usava há tempos), e cria em seu próprio país um santuário para elas, anuncia-se um grande acordo militar entre Venezuela e Brasil. A fonte é a própria agência de imprensa do Governo Lula:
O acordo militar, desenvolvido sob rigoroso sigilo, começou a ser negociado pelos governos do Brasil e da Venezuela há cerca de um ano e meio.
[Pretende-se] a criação de um pacto militar em defesa de sua soberania sobre esse extenso território [Amazônia].
Dúvida: a soberania de quem? Do Brasil ou da Venezuela? Ou do neo-esquerdismo militante continental?
P.S. Por fortuna Clara Rojas não tem uma visão tão romântica das FARC, acusando-as de ser um grupo criminoso. Já o governo argentino, temendo futuras complicações, se distanciou das declarações polêmicas de Chávez. E o Lula?
Verde e Amarelo
Um espanhol morreu em Goiás, aparentemente vítima de febre amarela. Se confirmado, seria já o terceiro caso.
Turistas argentinos e uruguaios que pretendem passar o veraneio em Florianópolis já estão se vacinando aos milhares.
Mas nada temam: afinal, o ministro Temporão garantiu que está tudo sob controle! E depois voltou a trabalhar naquilo que é realmente urgente, isto é, a luta pela legalização do aborto.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Sobre o tribalismo na África
Muitos dizem que o problema que se vê hoje no Quênia, assim como em várias outras nações africanas, é o mero resultado do modo em que foram divididos os países africanos pelos europeus, "com uma régua" e sem levar em conta as realidades sociais e tribais. O grande Theodore Dalrymple argumenta que não é assim tão simples:
Essa explicação me parece demasiado fácil. Esquecem-se dois fatores: que os países africanos que realmente correspondem a realidades sociais, históricas e étnicas - como Burundi, Ruanda e Somália - não se deram muito melhor do que aqueles mais "artificiais". Além disso, na África, as realidades sociais são tão complexas que nenhum sistema de fronteiras poderia corresponder a elas. Por exemplo, existem 300 grupos tribais diversos apenas na Nigéria, muitas vezes intercalados em diferentes locais geográficos: somente um processo de balcanização seguido de limpeza étnica poderia criar o tipo de fronteiras desejado por aqueles que criticam os "criadores de mapas" europeus.
Na verdade, foi a imposição do modelo do Estado-nação europeu na África, para o qual o continente estava tão mal preparado, que causou tantos desastres. Sem ter lealdade à nação, mas apenas à família ou à tribo, aqueles que controlam o Estado só conseguem vê-lo como um instrumento de exploração.
Tal visão ficou patente mesmo recentemente, quando perguntaram a uns camponeses do Quênia se achavam que, caso o filho de quenianos Barack Obama fosse eleito presidente nos EUA, isso mudaria em algo sua situação. "Talvez seja bom só para a sua família e sua gente". Além do compreensível cinismo, há aí também um componente tribal: "sua gente" se refere à tribo de Obama (o pai de Obama era da tribo Luo).
De qualquer modo, cabe a pergunta inversa: por que é que o Obama efetivamente não ajuda a sua família, quem sabe trazendo a avó para os EUA? A imagem de vovó Obama naquela cabana no Quênia, temo, não ajuda muito a sua campanha. Por outro lado, talvez seja um bom método para mantê-la o mais longe possível das câmeras. Que segredos oscuros será que ela não poderia revelar sobre o pequeno candidato? ;-)
Alguém precisa matar Marx
Muitos, por exemplo, aceitam como verdadeira a noção de que "o capitalismo gera pobreza". Ainda não consegui que ninguém me explicasse como é que isso ocorre. Ora, antes do capitalismo por acaso não existiam os pobres? Consta-me que já nos tempos bíblicos havia os que tinham menos e os que tinham mais. No fim das contas, a "pobreza" nada mais é do que a ausência de riqueza, e a riqueza é algo que é (ou deve ser) constantemente gerado. A visão de que o "rico" estaria tirando do "pobre" é apenas ingênua: a riqueza não é uma quantidade X da qual necessariamente se tira de um para dar ao outro. É também por isso que a idéia de "distribuição de riqueza" é uma falácia. Você pode até "distribuir" entre todos os membros de uma sociedade a riqueza que existe hoje, mas vai dar muito pouco para cada um, e amanhã a tal igualdade já vai desaparecer (uns vão poupar, uns vão investir, outros vão gastar o dinheiro em cachaça, etc.)
Muitos ainda afirmam - sem comprovar - que o capitalismo deixaria os "ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres". Não é verdade: tanto ricos quanto pobres enriquecem com o capitalismo, o que acontece é que há alguns que enriquecem (muito) mais do que outros, e portanto gera-se uma tendência à desigualdade social. Mas, na realidade, o crescimento é geral:
De acordo com o Nobel Robert Fogel, a desigualdade social nos EUA caiu para um terço do que era entre 1870 e 1970. (...) Segundo um estudo de Michael Cox e Richard Alm, a proporção de pobres nos EUA caiu de 31% em 1949 para 13% em 1965 e chegou a 2% ao fim dos anos 80.
Devemos observar ainda que a pobreza é sempre relativa: um pobre nos EUA é diverso de um pobre na África. Mesmo no Brasil, um favelado médio de hoje tem televisão, fogão, microondas, telefone celular, etc.
Isso não quer dizer de modo algum que o capitalismo seja um sistema perfeito ou que não tenha os seus graves problemas. Pode até ser o responsável pela decadência cultural e moral atual do Ocidente. Observem o que argumenta o Olavo de Carvalho na sua última coluna:
O capitalismo não é uma cultura: é um conjunto de relações econômicas que se desenvolve dentro de uma cultura preexistente e a ela se adapta, renovando-a e fortalecendo-a. Se, ao contrário, ele busca sufocá-la e substituir-se a ela, é ele quem se atrofia e se torna indefeso ante a tentação socialista.
A história recente dos EUA confirma isso tanto quanto a sua história mais remota confirma os laços entre capitalismo e tradição. A debilitação da crença religiosa e das afeições comunitárias veio junto com o crescimento avassalador do Estado-babá que não se satisfaz com o controle da economia mas quer se meter em todos os assuntos da vida privada. Isso deveria bastar para ensinar aos liberais ateus que os belos ideais do seu iluminismo “científico”, se realizados, não conduzirão a nenhum paraíso de liberdade, mas apenas contribuirão para tornar a descrição marxista do capitalismo uma profecia auto-realizável. Lukács e Gramsci, por seu lado, estavam certíssimos ao notar que o principal obstáculo à revolução socialista não é a economia capitalista em si, mas as tradições culturais e religiosas que lhe servem de moldura protetiva.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Educação para o fracasso
Tal doutrinação não é nova. Como o próprio Theil observa, "similar ressentimento e doutrinação deu lugar a políticas auto-destrutivas e ao surgimento de líderes populistas na América Latina". A diferença é só que na América Latina já temos pelo menos uns 30 anos de doutrinação educacional e cultural marxista, e o populismo não é coisa nova. Mas na Europa, que acaba de sair (em termos históricos, como dizia o Gardel, "veinte años no es nada") do abraço de urso do comunismo, a coisa é algo mais surpreendente.
Evidentemente, o fato de que as políticas socialistas tenham fracasado rotundamente em todo o mundo é irrelevante. As pessoas querem acreditar que há alguma alternativa ao capitalismo, que poderão ter bem-estar para sempre com um sistema social seguro e que a imigração muçulmana é só um pesadelo passageiro.
Por outro lado, embora na teoria todos digam admirar o socialismo, na prática todos sabem que as coisas funcionam de outra forma. Os jovens europeus que querem trabalhar, por exemplo, vão para Londres, cidade onde o emprego é menos regulado e é portanto mais fácil de conseguir, ou vão diretamente para outros lugares fora da Europa como Ásia ou Austrália onde há menos empecilhos. Mas uma coisa que percebi é que é perfeitamente possível conciliar idéias abstratas socialistas com um modo capitalista de vida. Notei que em geral os comunistas mais radicais são os menos dispostos a farem concessões, dividirem seus bens e seguirem o modo socialista de vida. Duas das pessoas mais "socialistas" que já conheci (apóiam sem ressalvas Fidel, Chavez, as FARC, acreditam que tudo o que está errado na América Latina é culpa de uma conspiração mundial contra nós, e acham que é melhor viver em uma sociedade mais igualitária do que em uma sociedade livre), não por coincidência, vivem de rendas, alugando as propriedades que possuem, a preços bastante caros por sinal. E ai de você se não pagar em dia.
Como tal doutrinação marxista atinge hoje proporções mundiais, do Oiapoque ao Chuí, da Austrália aos EUA, há quem acredite (como o Olavo de Carvalho) que não se trata de mera coincidência, mas de estratégia das elites globalistas para a dominação mundial. Eu não tenho opinião formada a respeito: é verdade que, ao menos na Europa, toda a elite cultural e intelectual (as chamadas "chattering classes") é quem difunde essas idéias, e não a população em geral, que é quem sofre com suas conseqüências (aumento da imigração islâmica, cada vez mais restrições, falta de emprego, etc). Por outro lado, também acontece que, espontaneamente, as sociedades tenham a tendência às vezes auto-destrutiva a se apegar a certas idéias equivocadas ou fora de lugar.
Hillary não morreu
Hillary surpreendeu e deu a volta por cima em New Hampshire.
Não vou entrar nos méritos políticos da ex-primeira dama, mas sugiro que vejam aqui uma hilariante galeria de fotos da candidata, uma mais engraçada do que a outra.
Blogs de esquerda, blogs de direita
Há blogs de esquerda e blogs de direita, mas pese a tendência a caricaturizar os "adversários", nem todos são iguais.
Deixando de lado o debate sobre o que é "esquerda" e o que é "direita" (que é mais ou menos como aquele sábio juiz americano definiu o que é pornografia: "I know it when I see it"), podemos observar que existe uma imensa variedade de sub-tendências ao longo do espectro político.
O blog do Pedro Doria, por exemplo, é auto-declaradamente de esquerda, mas não chega ao extremo caricatural de um blog do Bourdokan. Bourdokan é anti-semita (alguns dirão anti-sionista, mas é a mesma coisa), Doria não. Entre os blogs ditos "de direita", há mais divisão ainda. Reinaldo Azevedo é católico praticante e castiga os petralhas. Pedro Sette Câmera, de O Indivíduo, é também um liberal católico (além de ter ótimos posts sobre poesia). Por outro lado, o Janer Cristaldo também critica a esquerda, mas é cínico e ateu e chama o Reinaldo de "tucano papista", e parece que já brigou com o Olavo de Carvalho, quepor sua vez critica os "liberais" que só se concentram na economia e é radicalmente contra o aborto. Diogo Mainardi parece ser a favor.
Em termos internacionais, o mais interessante é a cisão que se aprofundou com o tempo entre os blogueiros "neocons", os "paleocons" e os blogueiros da direita européia: a princípio todos unidos contra o problema do terrorismo islâmico, hoje eles debatem longamente sobre o melhor método para combatê-lo, bem como apresentam algumas marcantes diferenças ideológicas. Os neo-cons são claramente pró-Israel e da intervenção militar americana em terras longínquas. Os paleocons tendem para o isolamento dos EUA e (alguns) para o anti-semitismo e o anti-europeísmo. Os mais radicais dos direitistas europeus, por tradição, também caem no vício do anti-semitismo e (copiando a esquerda) do anti-americanismo.
Curiosamente a única coisa que parece unir a direita radical e a esquerda radical é o ódio aos judeus.
(Dito isso, há muitos bons blogs europeus de direita, talvez a maioria, que são a favor de Israel e nada tem de anti-semitas, ou mesmo de anti-islâmicos. O maior ódio a Israel vem da esquerda.)
E os blogs muçulmanos? Aí a coisa fica mais complicada ainda. O Egyptian Sandmonkey, por exemplo, é pró-americano, anti-fanático, irônico, e liberal. Critica tanto Mubarak quanto a Irmandade Muçulmana. No Iraque, os ótimos irmãos do Iraq the Model foram a favor da ocupação e chegaram até a ser acusados de ser uma montagem da CIA (hoje um dos irmãos estuda nos EUA). Há muitos blogs radicais pró-jihadistas ou pró-Hizballah. Há um blogger iraniano de esquerda que é contra o Amadinehjad (seu autor, é claro, atualmente mora bem longe do Irã).
E este blog? É de esquerda, é de direita? Você decide!
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Contradições
Enquanto o Obama arrasa nas primárias democratas nos EUA, sua família (que inclui uma avó) no Quênia assiste ao quebra-pau entre as tribos / facções eleitorais rivais.
E enquanto grande parte das pessoas no Quênia ainda mora em condições bem precárias, já há bons bloggers por lá, escrevendo em inglês e reportando as imagens da destruição para o mundo em direta.
Um bicho às terças
Na foto vemos a tartaruga gigante de Cantor, uma estranha tartaruga sem casco. Pode chegar a 1,80 m de comprimento e pesar mais de 50 quilos. Passa seus dias semi-submergida na lama ou na areia para se proteger de predadores. Sua pele parece uma borracha dura e suas costelas estão soldadas para proteger os órgãos internos. É encontrada no Cambodia, no Laos e no Vietnã, embora seja um animal bastante raro e talvez em perigo de extinção.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Bispo inglês dá o alarme
Em preparação a uma série de artigos que estou preparando sobre o problema da imigração na Europa, uma pequena notícia vinda do Reino Unido:
O bispo da Igreja Anglicana, Michael Nazir-Ali, causou polêmica ao publicar um artigo afirmando que há partes da Inglaterra que já se tornaram verdadeiros guetos islâmicos nos quais a presença de membros de outras religiões é hostilizada, inclusive com a violência física. Mulheres sem véu correm sério risco de estupro, e "infiéis" de espancamento.
Curiosamente, Nazir-Ali, como o nome indica, nasceu no Paquistão e é filho de um ex-muçulmano convertido ao cristianismo. Pelo jeito, a luta contra o fanatismo muçulmano na Europa é feito exclusivamente por imigrantes, como Hirsi Ali, este bispo, ou Magdi Allam... (As elites estão demasiado ocupadas criticando o Bush e cheirando cocaína.)
O multiculturalismo, ao contrário da prometida sociedade em que todas as comunidades vivem em paz, está na verdade gerando o renascimento de tensões éticas, de certa forma quase uma volta ao tribalismo. Argumenta Wretchard, do blog Belmont Club:
Os comentários do bispo são mais do que outro alarme contra a crescente presença do extremismo islâmico no Ocidente, são um sinal de que o espaço público livre possa estar acabando, ao menos em partes da Europa.
Tendo destruído a sensação de segurança que vem do fato de se pertencer a um "lar maior", o país, o multiculturalismo não deixou nada aos indivíduos se não um recuo à duvidosa segurança da seita, raça ou tribo.
(No Brasil, é claro, em partes cada vez maiores de nossas cidades já não há um "espaço público livre", a diferença é que tais zonas são controladas por criminosos e traficantes.)
Naturalmente, os muçulmanos já estão pedindo a cabeça do nosso amigo Nazir-Ali.
Esse pessoal não desiste...
Quer dizer, segundo esses brilhantes experts, 2008 vai ser "mais frio do que qualquer ano desde 2000, mas ainda assim estará entre os mais quentes desde 1850, e portanto não se deve acreditar que o aquecimento global está diminuindo."
A enganadora manchete reza: "Meteorólogos dizem que 2008 será um dos anos mais quentes", mas o que a notícia informa mesmo é que 2008 vai ser mais frio do que 2007, 2006, 2005, 2004, 2003 e 2001, e os meteorólogos estão com medo que por causa disso alguém ache que o "aquecimento global" não existe mais.
E depois ainda há quem acredite no que lê no jornal...
Sympathy for the FARC
Nos anos 60 os Rolling Stones cantavam "Sympathy for the Devil" (a música virou um hito da contracultura e uma gravação da música foi filmada por Godard). Hoje há quem tenha simpatia pelas FARC. Tal simpatia pode ser explícita, no caso de alguns elementos mais radicais (ou mais jurássicos) da esquerda radical, alguns dos quais chegam mesmo a negar, contra toda evidência, que as virtuosas FARC estejam pudessem estar envolvidas com o narcotráfico (embora apoiem suas ações violentas e sua ideologia marxista). Mas em geral trata-se de uma simpatia que é demonstrada de modo mais sutil, menos explícito.
Essas pessoas dirão, "Não apóio as FARC, mas..." - e segue-se um longo arrazoado de apoio às FARC, sublinhado por ocasionais críticas aos seus métodos (como se fosse possível criticar seus métodos sem criticar seu objetivo, isto é, a tomada do poder e a implantação de uma ditadura socialista).
Outras pessoas não manifestam apoio direto às FARC, mas criticam longamente o Uribe, dando a entender que as ações seu governo e a ação das FARC são exatamente a mesma coisa. Como se um não fosse um presidente eleito com apoio popular de 80% e o outro grupo um bando de marxistas radicais vivendo na total ilegitimidade e sem qualquer apoio popular (falo do povo, não de intelectuais esclerosados).
Outros ainda - os auto-proclamados realistas - insistem que não apóiam as FARC, mas que no entanto se deve ceder território a elas, já que "é impossível vencê-las". Bem, também havia quem dizia que "era impossível vencer o Sendero Luminoso", e hoje quem ouve falar desse grupo de perdedores?
Uma das diferenças entre a esquerda européia e a esquerda latino-americana é que a esquerda européia ao menos não tem essas ilusões revolucionárias de araque. Tendo sobrevivido ao terrorismo marxista nos anos 70 (bem como ao próprio socialismo no Leste Europeu), há pouco interesse em reviver tais épocas. Mesmo um jornal 100% pró-Zapatero como El Pais vai escrever uma matéria sobre as FARC que fica a anos-luz de qualquer coisa publicada aqui por nossa imprensa covarde e burocrática. E, como vimos, mesmo o Zapatero vai apoiar seu adversário de direita quando enfrentado com um bufão como Chávez. É uma das diferenças entre a esquerda de lá e a esquerda de cá (embora a esquerda de lá também tenha suas políticas negativas, como veremos em posts a seguir).
ATUALIZAÇÃO: Ótimo artigo do já citado El Pais, que mostra como os idiotas simpatizantes das FARC são em sua maioria mauricinhos estrangeiros que moram muito longe da Colômbia.
domingo, 6 de janeiro de 2008
Poema do domingo
Yehuda Amichai (*)
A escrita hebraica e a escrita arábica vão do leste para o oeste
A escrita latina do oeste para o leste.
Linguagens são como gatos:
Não se deve alisar o pêlo em direção contrária.
As nuvens vêm do mar, o vento quente do deserto,
As árvores dobram-se ao vento,
E pedras voam aos quatro ventos,
Em todos os quatro ventos. Eles jogam pedras,
Jogam esta terra, uns nos outros,
Mas a terra sempre cai de volta à terra.
Jogam a terra, querem se livrar dela,
Suas pedras, seu solo, mas não podem se livrar dela.
Jogam pedras, jogam pedras em mim
Em 1936, 1938, 1948, 1988,
Semitas jogam em semitas e anti-semitas em anti-semitas,
Homens maus jogam, justos jogam,
Pecadores jogam e tentadores jogam,
Geólogos jogam e teólogos jogam,
Arqueólogos jogam e arqui-hooligans jogam,
Rins jogam pedras e bexigas jogam,
Pedras cabeças e pedras frontispícios e o coração de uma pedra,
Pedras na forma de uma boca aos gritos
Pedras que se ajustam nos seus olhos
Como um par de óculos,
O passado joga pedras no futuro,
E todas elas caem no presente.
Pedras em pranto e risonhas pedras do cascalho
Até Deus na Bíblia jogou pedras,
Até o Urim e o Tumim foram jogados,
E ficaram presos na couraça da justiça
E Herodes jogou pedras e saiu daí um Templo.
Oh, o poema da tristeza da pedra
Oh, o poema jogado nas pedras
Oh, o poema de pedras jogadas.
Existe nesta terra
Uma pedra que nunca foi jogada
E nunca construída e nunca revirada
E nunca descoberta e nunca recoberta
E que nunca gritou de um muro
E nunca foi recusada pelos construtores
Nem colocada em cima de uma tumba
Nem embaixo de um casal de amantes
E nunca se tornou fundamental?
Por favor não atirem mais pedras,
Vocês estão rojando a terra
A terra sagrada, plena, aberta,
Vocês estão rojando a terra ao mar
E o mar não a aceita
O mar diz, em mim não.
Por favor, joguem pedras pequenas,
Fósseis de caramujos, joguem cascalho,
Justiça ou injustiça das pedreiras de Migdal Tsedek,
Joguem pedras macias, joguem doces torrões,
Joguem limo, joguem lama,
Joguem areia da praia, poeira do deserto,
Joguem crosta,
Joguem solo, joguem vento,
Joguem ar, joguem coisa nenhuma
Até que as mãos fiquem cansadas
A guerra fique cansada
E mesmo a paz fique cansada e fique.
(*) Poeta israelense, 1924-2000 (tradução de Millôr Fernandes)
sábado, 5 de janeiro de 2008
Que medo!
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Emmanuel Rojas
a) O pessoal das FARC prometeu o que não tinha;
b) O Chávez prometeu o que não podia entregar (ou levou gato por lebre das FARC, alguns dizem que tendo pagado mais de US$ 10 milhões);
c) O Uribe já sabia disso com antecedência e enganou tanto Chavez quanto as FARC.
Boa jogada!
Lamentavelmente, isso também provavelmente quer dizer que, se as FARC mentem sobre um refém, podem estar mentindo sobre os outros também, e é bem possível que Clara Rojas e a outra seqüestrada já estejam mortas e enterradas.
Mais sobre o "aquecimento global"
Como o post sobre o aquecimento global foi um dos poucos que gerou algum tipo de discussão (ou mais de 10 comentários), e como é um tema certamente "quente" e que acende "calorosas discussões" (perdão pelos trocadilhos idiotas), volto ao tema, apenas para indicar uma coluna do Robert J. Samuelson. Ele, que é de centro (acho), não toma posição sobre a questão científica, mas observa que a questão da luta contra o "aquecimento global" é acima de tudo uma questão técnica, de engenharia e pesquisa de novas formas de obtenção de energia (bem como de tecnologias que minimizem o impacto do aquecimento), e não uma plataforma política para ser usada a torto e a direito pelos moralistas de plantão. É muito bacana falar que "temos que cortar 40% da emissão de gases que geram efeito-estufa", mas o fato é que como a maioria das economias mundiais dependem disso, a população mundial cresce e países como a China se desenvolvem cada vez mais, é claramente impossível chegar a tais patamares sem impor miséria e falta de luz, água e comida a milhões de pessoas.
A solução, se houver (e se existir tal coisa chamada "aquecimento global antropogênico" na escala em que falam), passa pela tecnologia, não pelo alarmismo ou pelo retorno ao tacape ou a um Éden ambientalista que, vamos combinar, jamais existiu.
Quem é Obama?
Mas quem é Obama? Quais são suas políticas? Sabe-se surpreendentemente pouco sobre suas atuais propostas, embora esta página ajude. É a favor do aborto, do aumento de impostos, do controle de armas e de todas as causas típicas dos "liberals" americanos, mas sua política externa é uma incógnita (um dia disse que se encontraria com Amadinehjad e Chávez, no outro afirmou que os EUA deviam sair do Iraque... e invadir o Paquistão).
Pode até chegar a ser o candidato dos Democratas nestas eleições. Mas seria surpreendente se chegasse à presidência, tendo tão pouca experiência e prometendo políticas intragáveis para a metade mais conservadora do país.
Decadência sem elegância
A líder do grupo das mães da Plaza de Mayo, Hebe de Bonafini, podia ser respeitada enquanto a sua luta era a favor dos desaparecidos durante o regime militar. Hoje, no entanto, sua organização se transformou num MST local, e ela virou uma figura quase tão folclórica quanto o Maradona quando se mete a falar de políticia.
Ontem, chamou o Uribe de "filho da puta" e afirmou que "ninguém fala que ele tem 500 reféns das FARC". (Terá querido dizer prisioneiros, imagino.)
Disse ainda: "Estamos com nossos companheiros das FARC, estamos com o Chávez, estamos com o nosso presidente que foi à Colômbia." (terá querido dizer ex-presidente, embora neste caso a confusão seja explicável, já que não há muita diferença entre o governo do marido e da mulher).
Não foi a primeira declaração polêmica: em ocasiões anteriores já havia apoiado o presidente iraniano na sua busca por armas nucleares, feito declarações anti-semitas, e festejado a destruição das torres gêmeas de NY, dizendo que ¨ficou feliz" e que "sentiu que o sangue de tantos caídos era finalmente vingado".
Nessas horas é que se sente a falta de um rei para perguntar: "por que no te callas?"
p.s. Não confundir a associação das Madres de la Plaza de Mayo com a organização Abuelas de la Plaza de Mayo, que parece ser mais séria, ou ao menos dedicar-se mais à identificação de netos de desaparecidos criados por outras famílias do que à instituição de um regime maoísta.