Um dos comerciais políticos mais polêmicos recentes é o que mostra um professor chinês em 2030 falando a seus estudantes sobre o trágico fim do império americano. A idéia é que, a continuar gastando assim, o colosso americano logo vai estar na mão da China.
O comercial, de uma associação contrária ao aumento de impostos, teve efeito. Os progressistas odiaram e acusaram o vídeo de - adivinhem! - racista, acusação ridícula que apenas mostra o nível de seu desespero. É que, para os Democratas, a coisa não está indo bem. Ao contrário do toque mágico de Lula, nos EUA o apoio de Obama está virando uma maldição. Vários candidatos Democratas até tentam se afastar do presidente e suas políticas. Para se ter uma idéia do desgaste presidencial, Frank Caprio (sem relação com o Leonardo), candidato Democrata ao governo de Rodhe Island, até mandou Obama enfiar o seu apoio naquele lugar...
Do lado Republicano, surgem candidatos populistas, representantes da classe média branca e ferozes críticos das elites políticas, a quem consideram traidoras do ideal americano. Christine O'Donnel, à maneira de Sarah Palin, ostenta com orgulho seu ar de dona de casa e o fato de não ter se formado em Harvard. A engenheira de foguetes Ruth McClung garante ser uma trabalhadora e não uma política profissional. O comercial de um folclórico candidato Republicano no Alabama, de chapéu de caubói, cavalo e rifle, tornou-se viral. Bom, a verdade é que esse negócio de "não sou político profissional" já tivemos por aqui, e não funcionou direito. Porém, é o modo que os candidatos tem de se afastarem de uma elite política que responde apenas a si mesma e efetivamente tornou-se distante dos anseios da maioria da população.
(Depois, cada povo é diverso, e o povo brasileiro é diferente do povo americano. No Brasil, como o Fábio Marton observou, todo político precisa de certa forma se fingir de mais simplório do que realmente é para seduzir o povão, e em especial as classes baixas. Às vezes penso que o sucesso de Lula talvez tenha menos a ver com o bolsa-família do que com essa identificação a nível popular: Lula não precisa fingir: ele é tão burro, ignorante, malandro e ishperto como grande parte do povo brasileiro... Por outro lado, talvez essa seja uma visão elitista. A verdade é que, até há pouco mais de uma década atrás, pobre não gostava do Lula. Pedreiros, porteiros e empregadas tinham ojeriza ao PT. O tal "Partido dos Trabalhadores" era um fenômeno exclusivo da classe média. Mas é como diz o Olavão: o tal Partido dos Trabalhadores só virou isso uma vez no poder, retroativamente, construindo um fabuloso esquema de propinas e bolsas-auxílio. Mas voltemos aos EUA...)
Por aqui, entre os temas mais discutidos pelos candidatos estão o aumento de impostos e gastos públicos, a imigração ilegal, o desemprego. O aborto, discussão sempre presente nos EUA, curiosamente (e ao contrário do que ocorre no Brasil) desta vez passou a segundo plano frente a tantos problemas econômicos. Também está na pauta, assim como a legalização da maconha e o casamento gay, mas de forma menos intensiva. O que preocupa é o bolso.
Assim como ocorreu em 2008, o que mais motiva os eleitores é a situação econômica. Obama teve dois anos para resolver a situação: falhou miseravelmente. Em estados como a Califórnia, o desemprego já chega a 17% da população. (Mesmo assim, é provável que os californianos elejam um Democrata para seu governo, o jurássico Jerry Brown).
Seja quais forem os números exatos, é provável que os Republicanos obtenham a sonhada maioria do Congresso, efetivamente transformando Obama em um "pato manco". Porém, eles não devem cantar vitória antes de tempo, já que ainda há água para rolar. Quanto ao Brasil, quem sabe? Pelo desespero dos petistas, é possível que a coisa tampouco seja tão fácil.
Pato manco.