Petistas e nouveau-riches

Esse escândalo dos cartões corporativos demonstra mais uma vez que os petistas são uma espécie de nouveau-riche da burocracia. Deslumbrados com o poder e o gasto ilimitado de dinheiro público, eles passam a falar uma besteira atrás da outra e a tomar Romané Conti com canudinho.

Matilde andava de carro alugado e motorista em pleno feriadão, quando não tinha agenda. E por que ela fazia isso? Ora, porque podia. Tem de ser demitida, sim. Mas é evidente que ela se transformou num bode expiatório. Observem: a mulher é uma inexperiente naquilo em que os petistas são profissionais. Ela deixava rastro, a bobalhona. Tivesse sacado o dinheiro na boca do caixa, como aqueles que gastaram R$ 45 milhões, e ninguém saberia de nada. Matilde só fez o que viu fazer à sua volta. Sua causa, ideologicamente, é puro ludíbrio, mas ela, pobrezinha, padece daquela inocência do deslumbramento, de quem cai de boca no pote de melado.

Mas o que chama mais a atenção no caráter do petista é sua arrogância e desfaçatez: o fato dele jamais se arrepender ou mesmo admitir que cometeu um erro. Se eventualmente o faz, é meramente por questões midiáticas, porque sujou demais a barra - mas no fundo todos estão convencidos de ter agido bem. É nos momentos espontâneos que se revela a sua personalidade: quem não lembra da dança de Ângela Guadagnin durante a pizza do mensalão, ou do gesto infame do top-top Garcia? Retomo aqui coluna antiga do Diogo Mainardi, que mostra outro gesto espontâneo e revelador de um petista:

Luiz Moyses perdeu a mulher na tragédia da TAM. Na tragédia do Aeroporto de Congonhas. Na tragédia do Airbus. Na tragédia da Anac. Na tragédia da Infraero. Na tragédia de Lula. Chame do jeito que quiser.

Luiz Moyses era de Porto Alegre. Depois do acidente, a TAM o acomodou no Hotel Blue Tree, em Moema, perto de Congonhas. Em 31 de agosto de 2007, à noite, ele estava no bar do hotel, acompanhado por dois outros familiares de vítimas do Airbus. No mesmo dia, ocorrera a abertura do III Congresso Nacional do PT. Mais de 150 delegados do partido também estavam hospedados no Hotel Blue Tree. O PT sempre se deu bem com o Hotel Blue Tree. Um dos delegados petistas foi confraternizar com Luiz Moyses, imaginando que ele fosse um correligionário. Luiz Moyses repeliu-o dizendo que Lula era o culpado pela morte de sua mulher. O delegado petista tentou agredi-lo. Insultou-o. Disse que os parentes dos mortos da TAM estavam chorando demais. O agressor só foi contido pelo deputado baiano Joseph Bandeira e pelos guarda-costas do partido.

A vitória do PT é a vitória dos boçais. De sujeitos que se julgam donos da verdade. O perfil típico do petista é de um sujeito com pouca educação (em ambos os sentidos), que substitui a noção de moral e ética com a noção de "politicamente correto", e que mascara o narcisismo e a hipocrisia com clichês sobre a "luta das classes populares". É a vitória daqueles que prometeram ética quando não conseguem diferenciar o certo do errado, ou melhor, tem uma noção do "certo" e do "errado" que se resume a: "certo" é quando ajuda os "companheiros", "errado" é quando os prejudica. É uma ótica similar à do crime organizado.

Matilde é peixe pequeno. Um mero candiru em um mar de tubarões.