Esquerda e direita são - dizem muitos - conceitos ultrapassados. E democracia e ditadura? Ainda é possível diferenciar um de outro?
Enquanto Chávez celebra a "vitória democrática", Evo quer copiar. Daniel Ortega também. Lula morre de vontade de entrar na jogada. Todos insistem que é perfeitamente democrático ficar para sempre no poder, desde que o povo vote tantas vezes quantas for requisitado, até dizer sim.
Ora, uma democracia não é feita apenas de eleições. Vota-se em Cuba. Vota-se no Irã. Até na União Soviética havia eleições, ainda que de partido único, e no Iraque Saddam costumava ser reeleito com 99% dos votos. São democracias?
Façamo-nos uma pergunta honesta - se Chávez, Fidel, Mugabe, Evo, e toda essa cambada quer permanecer no poder pelo maior tempo possível, o que isso diz sobre eles? Que são altruístas que querem dedicar toda a sua vida ao povo humilde? Ou simplesmente que o poder lhes confere uma série de benesses que não querem abandonar de jeito nenhum, e farão todo o possível para ficar no trono o maior tempo possível?
Se não podemos mais diferenciar entre esquerdistas e direitistas, ou entre ditadores e democratas, atenhamo-nos a uma divisão mais simples: coletivistas e individualistas.
Coletivistas são aqueles que enxergam tudo em grupos: não se importam com os direitos do indivíduo - sagrados para os individualistas - mas com conceitos como "igualdade" ou "justiça social". Se é preciso pisar nos direitos individuais para "melhorar a sociedade", que assim seja. Coletivistas são aqueles que, em nome do povo, querem concentrar cada vez mais poder e dinheiro nas mãos, enquanto os individualistas são aqueles que tendem a querer diminuir o poder nas mãos do governo e recolocá-lo nas mãos do indivíduo. Os individualistas, hoje, são poucos. Os coletivistas são legião.
Nazismo e comunismo são extremos do coletivismo. Chávez, Perón, Fidel, Mussolini, Getúlio Vargas: todos coletivistas. Todos líderes que, em nome das massas, tratam de concentrar cada vez maior poder nas próprias mãos.
Ou, nas palavras de Robert A. Heinlein: "Etiquetas políticas - como monarquista, comunista, democrata, populista, fascista, liberal, conservador, etc. - nunca são critérios básicos. A raça humana se divide politicamente entre aqueles que querem que o povo seja controlado e aqueles que não tem esse desejo."
Um exemplo muito claro no vídeo abaixo:
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34 comentários:
Eu entendo isso como os partidos que aceitam a revolução burguesa iluminista e os que, de uma forma ou de outra, querem reinstituir o antigo regime - Marx, estou olhando pra você.
esse assunto é muito difícil. Concordo que os ditos esquerdistas são parecidos hoje com os aristocratas de antigamente, e só querem eles mesmos ser os ~eleitos~pelo divino....
De fato, muito boa a discussão, escolhesse bem o tema.
As vezes penso que seu blog perde um pouco o rumo [pelo menos no meu entendimento, o que não quer dizer nada, enfim].
Mas, uma pergunta indecente: Bush Filho era um coletivista, ou individualista?
Pois é, mas tem o imbróglio do quiquiprocó... os ditos "direitistas", a priori seriam considerados individualistas - exceto por algumas questões, nas quais não só toleram mas EXIGEM rígido controle. Por exemplo, no caso de algumas drogas (maconha, por exemplo) ou nos tabus morais (meramente tocar no assunto "homossexualidade" é considerado apologia e deve ser banido), etc. Como fica?
Me atenho só numa questão:
Extremos da esquerda e da direita são absolutamente iguais se você multiplicar qualquer deles por -1.
Idênticos.
Pois é, X. Já deve ter dado pra perceber que esta sua divisão é problemática, para dizer o mínimo.
Isto porque o sujeito pode ser coletivista num ponto e individualista em outro.
Eu, por exemplo, sou a favor da descriminalização da maconha e a favor dos direitos iguais para homossexuais. Acho que o Estado não deve se intrometer naquilo que o indivíduo bota para dentro do seu corpo (o duplo sentido é intencional). Nesse ponto, sou individualista.
Aliás, sou um individualista ferrenho quando o assunto é o resguardo da intimidade -- acho um absurdo o patriot act de Bush, não importa as justificativas -- e a liberdade de expressão. Não aceito ninguém me censurando, nem rasgando a constituição para invadir a minha vida.
Por outro lado, sou coletivista no que diz respeito a assuntos como saúde, educação e segurança. Acho que é dever do Estado provê-los de maneira satisfatória. Não consigo imaginar uma polícia terceirizada, controlada por uma empresa. Tampouco não consigo conceber o sistema de saúde apenas em mãos privadas.
E agora, carapálida? Como é que vc vai me rotular, me estereotipar? Como é que vc vai reduzir a complexidade de minhas posições a um fla-flu equivocado e retrógrado?
Como diria o Marco, fora isso, tudo bem.
ACT
Gunnar,
Bom, aí é outra questão, por isso existe a divisão entre os "conservadores sociais" e os "conservadores fiscais". De fato, uma parte do pessoal de direita também quer impor limites ao indivíduo, no sentido de coisas consideradas imorais como homossexualismo, aborto, drogas, etc.
Não tenho uma opinião definitiva sobre isso: meus impulsos libertários friedmanianos se chocam com um certo confessado "moralismo" (ou caretismo mesmo) em certos temas específicos como aborto ou drogas pesadas: mas acho que concordo com John Adams, que o controle moral tem que vir idealmente, não por força opressora do Estado, mas de dentro do próprio indivíduo - só que aí você precisa da religião. Com o cristianismo em crise, isso fica mais difícil.
“Men, in a word, must necessarily be controlled either by a power within them or by a power without them; either by the word of God or by the strong arm of man: either by the Bible or by the bayonet.” (John Quincy Adams, um dos pais fundadores)
Na prática, acho que algumas coisas precisam ser proibidas mesmo, por motivos de bem-estar social. Maconha é uma delas? Hummm.... Não sei, talvez sim, talvez não. Mais sobre isso em novo post mais adiante.
ACT, na mosca: Saúde, Educação e Segurança Pública.
Privatizar, deixar na mão do individual como business e achando que é o melhor caminho é um crime contra o bom senso e a inteligência de qualquer um.
Ué. Como é que a Educação, a Saúde e a "Cegorança" Pública estão hoje no Brasil, heim Pax?
Pois é...
Mas nos comentários do post anterior falei mais de minha opinião sobre isso.
Estão um borrada só, Mr X, caro desengonçado de 2,12m de altura e um blog que é desalmado, um periscópio descalibrado, mas que a gente gosta. Parece com política que parece com ânus, é nojento, mas a gente gosta.
No Brasil tá uma josta, mas em outros países está bem melhor, Canadá, Inglaterra e outros sociais democracias.
Ainda vou ver o desengonçado segurando a bandeira da social democracia. Água mole em pedra dura, tanto bate até que calibra o periscópio.
Respondi lá também. Tá querendo me deixar zonzo ou ganhar pageviews?
Eu, por exemplo, sou a favor da descriminalização da maconha e a favor dos direitos iguais para homossexuais.
chest- peraí, Antonio, qual direito os homossexuais não tem hoje no Brasil?
Chest, nao conheço a legislação. mas tenho a impressão de que eles nao podem casar (papel passado, cartorio etc.), nem adotar criancas.
querem veu e grinalda? Que ridículo. Os gays antigamente eram a vanguarda da sociedade, agora querem casar na Igreja Católica? Que façam como eu fiz, um contrato civil particular.
Conheço mais de um homossexual que adotou crianças.
Chesterton, velho e bom Chesterton,
No seu comentário acima deixou margem a uma pergunta que não quer calar:
ele é carinhoso?
:-)
tanto, mas tanto que em vez de uma piroca agressiva tem um órgão sexual feminino...que coisa, né, até minha porção mulher é sapatão....
Acho que é mais simples fazer essa divisão. Pergunte-se se o espírito das leis é expressar a vontade da maioria (à Rosseau) ou se é proteger da inconstância da turba a minoria (à Locke).
otima reflexao, chose, perfeita !
assunto dificil como disse chest, e vasto...divido o comentario de act sobre individualismo e colectivismo !
Fabio Marton
Lei não tem espírito. Lei é o resultado de um acordo entre um determinado grupo de indivíduos que, pelo menos idealmente, conta com a anuência da maioria da população para representar seus interesses.
Mas Tocqueville já nos precavia quanto aos perigos da tirania da maioria -- a democracia depende também da garantia dos direitos das minorias.
Daí que a fragilidade do argumento de Mr X persiste. Certas leis devem necessariamente acatar ou expressar a vontade geral. Outras devem tratar de proteger as minorias, ou os direitos individuais.
Esta é uma condição básica para a existência de uma democracia. Coletivismo e individualismo não são antagônicos, são complementares.
Aliás, só são antagônicos para os velhacos comunistas e reacionários empedernidos. O restante do mundo já aprendeu a lição.
ACT
Bom ponto, mas vou inverter a ordem, pra que fique cronológica:
Locke (1632 a 1704): propunha o liberalismo e o constitucionalismo, partidário do absolutismo da autoridade política. O poder público nasce do livre contrato entre os homens. O direito natural, a liberdade pessoal e a propriedade não devem ser arrebatadas pelo Estado, cujo ofício é manter e defender os direitos do indivíduo. Pede a separação do Legislativo e do Executivo sendo o Legislativo supremo e residente em todo o povo, que elege seus representantes. O rei não está sobre a lei, mas submetido à ela e se a viola pode ser privado pelo povo de seu poder.
Rousseau (1712 a 1778): Se esforça em fundamentar as doutrinas sociais e políticas nos princípios da liberdade e igualdade universais. Defende uma república democrática e a soberania do povo. Esta soberania nunca morre, mas a maneira de ser exercida, ou a forma do regime, pode variar. O poder executivo só pode ser exercido por poucos e estes poucos dependem da vontade popular (estabelece uma distinção entre "volonté générale e volonté de tous) que sempre tem por fim o bem comum.
Lembro também que no O Contrato Social, Rousseau defendia que o soberano só age por meio das leis e as leis são fixadas pelo povo reunido que elege magistrados. E que estabelece também assembléias onde o povo pode mudar, se necessário, tanto leis quanto magistrados, se não me falha a memória.
Resumo: nenhum dos dois estava totalmente certo, nem totalmente errado, e já se passaram 300 anos dessas idéias que foram realmente iluminadoras. Mas o mundo girou e a Lusitana rodou e hoje é claro que um deslocamento de ambas as posições e um aprofundamento dos modelos são mais que necessário.
Não sou contra a propriedade privada, mas discordo da premissa de Locke sobre o ensino particular sendo melhor que o ensino público, mas ainda assim admitiria alguma variação sobre o tema. Já com relação à Saúde e Segurança, de forma nenhuma, no meu entender são atribuições do Estado sim senhor, que deve obedecer às leis e que essas leis constituintes sejam definidas pela vontade da maioria. O problema é que essa maioria precisa pelo menos saber pensar para conseguir produzir algo que preste.
Aí entra a grande questão: como a grande maioria vai ter baldrame para subir as construções legais se não lhe é dado direito básico da Educação?
Insisto no meu ponto de vista, o meio termo é bem mais lógico. O Estado deve garantir as liberdades individuais e a propriedade privada, não sendo dono dos meios de produção como apregoam as internacionais socialistas, ao mesmo tempo em que garante que a maioria tenha uma base educacional, de saúde e segurança (liberdade) igualmente distribuída, ou pelo menos com o mínimo aceitável de diferença. E, vejam, aqui há um bom ponto também, ao admitirmos enormes desigualdades sociais podemos admitir razoável tranqüilidade e segurança? Mesmo que sim, na base da porrada e força bruta, isso é razoável e perene? Acho que não.
Social democracia já! Mr X, desengonçado, já providencio umas bandeiras para você empunhar pelas ruas de L.A. Avante Mr X! Envio pelos Correios?
Confetti, bom te ver de volta !!!!
Mr. Equis, excelente discussao. Volte a postar com mais frequencia.
Falando nisso, e ai, turma ! Vamos contribuir para o dizimo do Mr. X ? Ele so arrecadou miseros $5 ....
Pax, só os anarco-capitalistas querem a segurança fora do Estado. Quanto à educação, a maioria dos liberais defende vouchers, que é o financiamento estatal aos estudantes pobres na rede privada, assim como que o SUS devia ser só para quem não pode pagar e não precisa ter hospital próprio, seria um plano de saúde como qualquer outro. Qual é o problema que você vê nisso?
O problema para mim não é existirem planos de caridade - o ideal seria que fossem todos privados e voluntários, mas talvez isso seja politicamente inviável. Concordo com Ronald Reagan: o sucesso de um programa social se mede não pelo número de pessoas que aderem a ele, mas pelo número de pessoas que abandonam ele.
Inaceitável é a idéia de que a função do Estado é sustentar e eternizar subclasses, por meio programas sociais sem limite de tempo ou quaisquer outras contrapartidas. Vide Trainspotting.
Simplesmente porque não funciona, Fabio. O resultado é sempre o mesmo, as classes menos favorecidas não têm acesso nem à escola nem à saúde de forma razoável.
Volto a pergunta: o que você vê de incompatível com o modelo social democrata?
Veja, as liberdades permanecem, o Estado não é dono dos meios de produção, não inibe nem desestimula os individualismos e propriedades privadas.
O imposto é mais alto, mas é - ou deveria ser e é em casos mais consolidados - voltado para o coletivo de forma indiscriminada. Educação e Saúde são de excelente qualidade e de acesso a todos indiscriminadamente. E, veja, ainda permite uma ou outra iniciativa privada também.
Aqui chegaremos em opiniões e todos temos direito a tê-las, mas fico com a minha até prova e convenciento em contrário.
Nenhum modelo neoliberal se provou melhor, que eu saiba.
E essa história de sustentar subclasses com programas sociais, da forma que você coloca, me parece bastante reacionária.
Primeiro gostaria de saber qual é a definição de subclasse para você. Espero, sinceramente, que não seja parecida com subraça.
Segundo, devolto também uma colocação: imagine um estado onde todos têm acesso à educação primária e secundária de melhor qualidade, onde mesmo há espaço para algo chamado de subclasse? Um operário de chão de fábrica na Suécia, Dinamarca etc ganha o suficiente para que não caia nesse categoria, se é que consegui entender o que você quer dizer. Veja, as diferenças e desigualdades sociais são mitigadas e, consequentemente, inúmeros outros problemas, inclusive de segurança. E há os que querem mais, que procuram mais, que querem empreender, ou querem ser líderes nas empresas que trabalha. E esses também têm espaço.
O que pode existir, aí sim, é vagabundo que não gosta de trabalhar.
E aí não consigo definir como uma classe social. De forma alguma.
Mas Pax, nosso modelo já é esse. O que falta para nossa saúde e educação e saúde serem excelentes? Mais um pouquinho de carga tributária? No Brasil?
Subclasse é uma grupo cuja cultura bloqueia as saídas da própria miséria e que passa adiante essa mentalidade. Qualquer cultura que não valoriza a educação acaba virando subclasse no mundo atual.
Não sou contra a propriedade privada, mas discordo da premissa de Locke sobre o ensino particular sendo melhor que o ensino público.
chest- Pax, o ensino estatal é sempre totalitário.
ao admitirmos enormes desigualdades sociais podemos admitir razoável tranqüilidade e segurança?
chest- aqui, Pax, há uma distorção de sua parte. A desigualdade social não é causa de insegurança, é consequencia. A insegurança contra os pobres impede que acumulem capital, enquanto os ricos contratam particular, sacou? Sei que você vai estranhar esse conceito, ams pense um pouco....
Simplesmente porque não funciona, Fabio. O resultado é sempre o mesmo, as classes menos favorecidas não têm acesso nem à escola nem à saúde de forma razoável.
chest- exatamente, porque o aluno não tem segurança para ir e voltar da escola e o médico não tem segurança para subir no morro e tratar os carentes em postos de saude. A segurança é o ítem numero 1.
o que você vê de incompatível com o modelo social democrata?
chest- o Brasilo já é uma social democracia, cada vez mais social e cxada vez menos democracia. É só ver a carga tributária.
E, veja, ainda permite uma ou outra iniciativa privada também.
chest- você fala como se fosse um pecado, necessarioa, mas inerentemente mau.
Nenhum modelo neoliberal se provou melhor, que eu saiba.
chest- modelos liberais permitem a criação de riqueza, porque o resultado do trabalho fica com quem fez. O teu modelo distribui a riqueza, até que ela diminui e aí passa a distribuir pobreza. Você nega que o regime global liberal criou riqueza e retirou massas de milhões de pessoas da miséria? A crise vai acabar e o ciclo vai ser retomado, não se iluda.
Se o Brasil é o modelo de social democracia que vocês querem pegar de exemplo não dá pra continuar a discussão.
Aqui não é, longe de ser. Vamos estudar o que já andou. Mal saímos de uma ditadura militar e já entramos na ditadura da corrupção.
Amanhão com calma volto a ver item por item.
Se o Brasil é o modelo de social democracia que vocês querem pegar de exemplo não dá pra continuar a discussão.
chest- ninguem disse que quer, eu disse que é. O Brasil é o típico lugar onde o dinheiro de quem produz (os pobres principalmente) é sequestrado pelo governo que tira uma comissão enorme e entrega o resto a quem não produz(incapazes, aposentados, pensionistas, sindicalistas, macomunados, politicos, ongs).
Pax, bom carnaval, devo voltar só na quarta feira.
ACHO ERRONEO COMPARAR NS COM O COMUNIXO E ROTULAR DE "COLETIVISTAS", AFINAL OS NS´S ERAM GRUPALISTAS COMO PREGA A PROPRIA NATUREZA DOS BANDOS DE ANIMAIS, TRIBOS DE PESSOAS E AFINS..!!
OS ÚNICOS ANTI-NATURAIS AKI SÃO O CUPITALIXO INDIVIDUALISTA E O COMUNIXO COLETIVISTA..!!
AMBOS KEREM EXTINGUIR OS GRUPOS; BASTA VER O KE FAZEM CONTRA AS RAÇAS MAIS PURAS..!!
*GRUPOS MAIS NATURAIS
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